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Imperatriz - MA
2022
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Imperatriz - MA
2022
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Dante Alighieri
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ABSTRACT
Introduction: Pornography addiction or pornography dependence is the compulsive pursuit of sexual
pleasure that can be achieved through autoeroticism and/or through viewing pornographic material.
Objective: To analyze pornography addiction from an interdisciplinary approach involving
neuroscience, psychology, and psychoanalysis. Methodology: The research is classified as a
qualitative, exploratory study in which the interpretative theoretical analysis of the protagonist Jon of the
film "How Not to Lose This Woman" will be performed, grounded in neuroscience, being divided into
four stages to obtain data. Results: The film was realized from an interdisciplinary approach between
psychology and neuroscience and psychoanalysis. The first observation regarding the character is that
he suffers from satyriasis (hyperactive sexual disorder), a disorder that presents itself in both men and
women. Moreover, based on neuroscience, the character can be analyzed in the light of the
sensitization-incentive theory, which according to Terry Robinson and Kent Berridge is based on the
concepts of "liking" and "wanting. The literature research also showed that porn addicts idealize their
partner's body, which refers to the objectification theory. The relentless pursuit of pleasure in
pornography can also be explained from a behaviorist approach and the limbic reward system.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7
2 MÉTODO................................................................................................................ 10
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 11
3.1 UMA ANÁLISE DO FILME “COMO NÃO PERDER ESSA MULHER” ................. 12
3.2 MEIOS DE TRATAMENTO...................................................................................19
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 21
REFERÊNCIAS..........................................................................................................22
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1 INTRODUÇÃO
característica e atratividade pelo prazer causado pela pornografia que, para muitos, é
relevante e superior a outras atividades e/ou emoções. Essa atratividade está ligada
à disponibilidade infinita e imediata de material pornográfico. As dependências sexuais
são muito pouco discutidas, ficando o dependente em pornografia apenas em seu
desespero, vergonha e falta de autoestima, afinal se fala de todos os tipos de
dependência, mas ninguém fala por aí dessa que parece ser mais constrangedora do
que dizer ser adicto de drogas ilícitas (PIFER, 2018).
Desde que surgiu a pandemia COVID-19 e com ela o isolamento social,
intensificou-se um problema que atinge uma parcela da população (principalmente
homens): a visualização pornografia. Uma pesquisa realizada pela Netskope Security
Cloud, empresa americana de software de segurança, apontou que no primeiro
semestre de 2020 houve um aumento de 600% visitas a sites pornográficos, em
relação ao mesmo período em 2019. O relatório foi realizado com base em dados
anônimos coletados pela Netskope (ARAN, 2021).
Assim, a dependência em pornografia, geralmente, acomete pessoas menos
extrovertidas, com menos impulso instintivo sexual, mas com uma libido contida, que
acaba sendo direcionada de forma mais fácil para o imaginário (ITO, 2020).
Além disso, a pornografia está presente na sociedade, bastando que o
indivíduo acesse a internet onde o conteúdo pornográfico pode ser acessado com
mais facilidade e anonimamente. Com tecnologias, como internet, chats, redes sociais
e smartfones e aliada à facilidade de acesso, ao anonimato do mundo virtual e à
variedade de expressões sexuais retratadas on-line, o uso de pornografia por meio da
web tornou-se muito popular (BAUMEL et al.2019).
Relatos de psicólogos e psiquiatras especializados em sexualidade humana,
assim como a experiência em consultório, trazem indivíduos entre 25 e 30 anos
representando a maior faixa etária de incidência dessa dependência (FILHO, 2022).
O canal a cabo Sexy Hot, é um dos canais pornográficos que busca traçar um
perfil de quem consome pornografia no país por meio de uma pesquisa interna. Os
resultados apresentaram que, no Brasil, 22 milhões de brasileiros admitem consumir
pornografia – 76% são homens e 24% são mulheres. A maior parte é jovem (58% têm
menos de 35 anos), de classe média alta (49% pertencem à classe B) e está em um
relacionamento sério (69% são casados ou estão namorando) (MURARO, 2018).
Você já se perguntou quantos pequenos momentos felizes temos em nossa
vida diária, desde acordar até ir para a cama? Desde o beijar a pessoa por quem você
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se sente atraído, até o aviso que seu salário caiu na sua conta. Então você pode se
perguntar: como sentimos essa alegria e quem a “traduziu” para nós? (PORPHIRIO,
2020).
Dentro do cérebro existe o córtex, que é, uma fina camada de massa cinzenta
que cobre o cérebro, e tem uma forte influência sobre "querer coisas". Uma das
regiões mais importantes do sistema nervoso central (SNC), recebe impulsos de todas
as vias sensoriais e interpreta as respostas de todas essas mensagens. Artigos na
literatura mostram que o uso de drogas ilícitas e até mesmo estímulos naturais como
comer, beber, ouvir música e fazer sexo são reconhecidos pelo corpo como prazer.
São enviados na forma de substâncias químicas que serão recebidas pelos
neurotransmissores para serem usadas como interações entre os neurônios, levando
uma mensagem de recompensa, como a dopamina, que alivia a dor e regula as
emoções, assim como a serotonina e a norepinefrina - que regulam o apetite, humor
e dormir, assim como o glutamato, que possui função excitatória, formam alguns dos
responsáveis que estão presentes no sistema de recompensa. Desde aquele café
diário até comer doces, que inclui o orgasmo na hora do sexo e a adrenalina causada
pelas drogas estimulantes, podem ser entendidos como prazer (PORPHIRIO, 2020).
As estruturas centrais da via de recompensa cerebral são encontradas no sis-
tema límbico, um conjunto de estruturas no cérebro humano. A função do sistema
límbico é monitorar a homeostase interna, mediar memória, e experiência emocional.
Também aborda aspectos importantes do comportamento sexual, motivação e hábitos
alimentares.
Os núcleos primários do sistema límbico incluem o hipotálamo, amígdala, hi-
pocampo, núcleos septais e giro cingulado anterior. Também importantes para o fun-
cionamento do sistema límbico são o corpo estriado límbico, que inclui o núcleo ac-
cumbens, o núcleo caudado ventral e o putâmen. O Nucleus accumbens (NA) é listado
como o componente mais importante do sistema de recompensa cerebral porque as
drogas de são direcionadas a ele. Outras estruturas importantes na recompensa ce-
rebral incluem a amígdala e a Área Tegmental Ventral (ATV). (LENT, 2008; POR-
PHIRIO, 2020).
Diante do exposto, questiona-se o que acontece no cérebro dependente de
pornografia? O estudo justifica-se pelas seguintes razões: No campo da psicologia:
pelas contribuições que neurociência podem trazer para o combate ao vício em
pornografia; na esfera acadêmica; se reveste de importância pelas contribuições que
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2 MÉTODO
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
as meninges do cérebro.
A partir de uma abordagem neurocientífica com relação ao vício em pornografia
do personagem Don, Lent (2008) explica que a teoria mais aceita é a da
sensibilização-incentivo que foi proposta por dois cientistas com origem norte-
americana Terry Robinson e Kent Berridge. Essa teoria é utilizada empregada para
explicar o vício de substâncias entorpecentes, embora também possa ser adaptada
para explicar outros vícios como da pornografia. Os autores propõem duas vertentes
que são o “gostar” e o “querer” que são regulados por mecanismos diferentes.
Os autores explicam que o uso continuado das drogas não traz aumento de
prazer, mas o que elas causam o “gostar”, ocorrendo inclusive a diminuição do prazer,
pois as drogas induzem a tolerância embora aumentem o desejo intenso com relação
ao consumo, que está associado ao “querer”. Dessa maneira, o processo acontece
pelo chamado mecanismo de sensibilização que está associado aos efeitos
motivacionais de incentivo, que são desencadeados pelos estímulos provenientes do
consumo da droga. Essa é a sensibilização comportamental, que já foi muito estudada
com relação ao uso de psicoestimulantes como a anfetaminas e a cocaína pois
ocasionam modificações plásticas na ATV, e o recrutamento posterior do núcleo
acumbente.
Tylka (2015) Relata que indivíduos que fazem uso da pornografia tem grande
insatisfação com sua imagem corporal que estavam mais propensos a se engajar em
atividades físicas para perder peso. Aliás, o consumo de pornografia estava
relacionado também com a idealização do formato de corpo mesomorfo.
Por conseguinte, Tylka e Van Diest (2014) comentam que diversos muitos
estudiosos têm relatado a relação entre a pressão por uma autoimagem perfeccionista
diante da influência dos meios de comunicação e da propaganda que focam no tipo
mesomorfo como idealizado. Esse biotipo tem sido utilizado pelos meios de
propaganda como uma forma de idealização do corpo ideal para o homem. Em seu
estudo com a participação de 359 indivíduos foi feita uma correlação entre o consumo
de pornografia e a influência das relações interpessoais e da publicidade e
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propaganda com relação a idealização do biotipo mesomorfo sendo tido como o tipo
de corpo ideal associado a masculinidade, embora estivesse associado ainda
ansiedade e relacionamentos amorosos fragmentários.
É importante também recapitular que o comportamento de Jon lembra a teoria
da objetificação. Conforme Szymanski, Moffitt e Carr (2011) essa teoria procura
compreender a mulher enquanto objeto de prazer, no contexto da cultura de massa,
na qual corpo humano virou um objeto, uma vez que é utilizado pela pornografia que
primeiramente começou nas tradicionais tecnologias de comunicação, com as revistas
pornográficas, e que atualmente tem alcançado um grande faturamento que a
utilização das tecnologias digitais.
Gwinn et al.,(2013) e Albright (2008) explicam que a pornografia é
frequentemente e glorifica um corpo idealizado que não existe bem como tamanhos,
formas e proporções. Além disso, diversos estudos científicos têm demonstrado que
viciados em consumo de pornografia torna-se insatisfeitos com seus relacionamentos,
pois os seus parceiros sexuais não se encaixam nas suas expectativas que são irreais,
uma vez que são baseadas no consumo de pornografia. Ainda conforme os autores,
os indivíduos que consomem pornografia apresentam um grau maior de insatisfação
com seus parceiros do que com aqueles indivíduos que não fazem uso da pornografia
para a satisfação sexual.
caso da ressaca, que está associada ao consumo de álcool etílico, podendo ser
compreendido como sintoma de síndrome de abstinência. Posteriormente a isso, o
indivíduo pode experimentar efeitos adversos como irritabilidade, ansiedade,
depressão ou ainda fixação pela substância que lhe traz o vício.
Cena 4: Jon ao conhecer Esther (Julianne Moore), ela o alertou sobre sua
dependência em pornografia; a partir da quinta semana Jon parou de ver pornografia
e tentou se masturbar sem a visualização de conteúdos eróticos, durante sete dias, e
não conseguiu ejacular.
mudança com relação aos estímulos que agem no sistema de recompensa. Isso faz
com que um indivíduo só se sinta sexualmente estimulado ao consumir pornografia,
modo que maneira, o sexo estimulado a partir de um parceiro passa e cada vez menos
estimulante para o viciado em pornografia.
Com relação ainda a essa cena Park et al., (2018) comentam que em um estudo
feito de corte seccional foram relatados diversos casos de disfunção sexual
associados à pornografia. Chamou a atenção, o caso de um dos estudados com 20
anos de idade se nenhuma doença crônica ou distúrbio mental que consumia
pornografia há muitos anos e com alta frequência, cerca de 1 a 2 vezes por dia.
Como passar do tempo, o indivíduo relatou que passou do consumo de
pornografia tradicional para outras formas que poderiam envolver a violência sexual e
a pedofilia. O seu mecanismo de recompensa ficou tão deteriorado que ele passou
usar uma vagina artificial e que segundo o qual lhe fazia chegar ao orgasmo muito
mais rápido, uma vez que tinha dificuldades em manter a ereção durante a relação
sexual quando sua parceira.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme escrito no início deste trabalho, o objetivo geral foi de fazer uma
análise do filme “Como Não Perder essa Mulher” com base em um enfoque
interdisciplinar que envolvesse a neurociência, a psicologia com relação a
dependência em pornografia. Dessa maneira, a partir do material pesquisado pode-
se dizer que esse objetivo foi alcançado com relação as perguntas elaboradas para
análise do filme.
Outrossim, foi abordado neste trabalho a temática do vício em pornografia, que
é caracterizada pelo consumo de materiais disponíveis na internet. O indivíduo que
tem o vício em material pornográfico busca assim alcançar o prazer por meio do
autoerotismo. Um Outro fator apontado para o consumo de pornografia foi a pandemia
da covid-19, por conta de isolamento social em que muitos indivíduos se encontraram.
A temática do vício pornografia é bastante complexa e ampla com relação a
material disponível na bibliografia. Diante de tudo aquilo que foi pesquisado é possível
a propositura de novas reportagens com relação ao tema envolvendo a neurociência
e a psicologia, que pode ser feita em um momento posterior por acadêmicos do curso
de Psicologia, ou ainda em uma pós-graduação.
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