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Também temos presenciado alguns educadores colocando que crianças de favelas são
incapazes de aprender, que seu aluno não aprende porque seu pai também era “burro” na época
em que estudou naquela escola, e que quando entram na sala de aula precisam, infelizmente,
baixar o nível de suas explicações, pois do contrário, os seus alunos não aprendem. Estas e
outras conversas absurdas são colocadas nas salas dos professores. Perguntamos, então, por
que não buscar soluções e trocar experiências com os colegas ao invés de rotular os seus
alunos? É fácil atribuir a uma criança uma deficiência cognitiva a partir de uma resposta
imprópria que ela dá num teste, mas se o sujeito fosse um adulto bem colocado socialmente,
respondendo do mesmo jeito, a interpretação seria bem diferente. Isso sem falar das crianças
excepcionais e lesadas cerebrais, que para muitos educadores parecem ser incapazes de
aprender e que não passam de meros cascalhos. A meu ver, na verdade, são pedras preciosas,
que na sua simplicidade e alegria nos ensinam a viver, e quando acreditamos no seu potencial e
na sua capacidade cognitiva, elas aprendem.
O que precisamos entender é que todas as pessoas possuem algum tipo de dificuldade de
aprendizagem por muitas razões e causas diferentes. Essas dificuldades aparecem em função
do que se tem para fazer, em maior ou menor grau. Um adulto tem dificuldade para lidar com um
computador, embora na universidade seja um respeitável cientista ou um homem culto. Já o seu
filho, utiliza-o sem maiores problemas. Partimos do princípio de que, dificilmente, as crianças são
iguais, que a diferença entre os indivíduos de um certo grupo é fundamental, pois sem essa
desigualdade não seria possível a troca e, consequentemente, o alargamento das capacidades
cognitivas pelo esforço partilhado na busca de soluções comuns.
Problemas de aprendizagem sempre existirão, e isto é maravilhoso! Porque por trás do erro de
um aluno, está a oportunidade de descobrirmos como ele organiza o seu pensamento. O erro
proporciona vida dentro de uma sala de aula, pois alguns alunos, aqueles que erram, pensam
diferente dos demais, e isso, pode não parecer, mas é ótimo, pois proporciona uma riqueza
cognitiva à disposição do professor. Aquele aluno que decora, não aprende com o real
significado, mas aquele que erra nos mostra que está pensando, elaborando o seu
conhecimento, construindo o seu saber.
O professor precisa, ao defrontar com os erros de seus alunos, questionar o porquê daquela
resposta, e assim, começará a entender como eles pensam. É assim que nós, educadores,
temos a oportunidade de aprendermos mais sobre nossos alunos. Temos, também, a chance de
construirmos novos caminhos para solucionar os problemas que nos são apresentados.