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DIFICULDADES E PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM

Trabalho apresentado à disciplina de Psicologia


e Educação, do curso de Psicologia da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais -
Campus Coração Eucarístico.
Sumario

Sumario.....................................................................................................3

Introdução ................................................................................................4

Objetivo Geral...........................................................................................5

Objetivo Especifico....................................................................................5

Justificativa................................................................................................6

O que são dificuldades e problemas de aprendizagem ?.........................7

Quem são os culpados?............................................................................9

Transtornos de aprendizagem..................................................................12

Aumento dos diagnósticos.......................................................................14

Considerações finais................................................................................17

Referências bibliográficas........................................................................18

2
INTRODUÇÃO

Podemos chamar de aprendizagem o processo humano de adquirir


conhecimento, habilidades, atitudes e valores, podendo ser assimilado não apenas
em sala de aula, mas em todos os estímulos que se encontram ao redor do sujeito.
No ambiente escolar, este é o maior objetivo a ser alcançado, todavia nem sempre
assim ocorre. Ainda temos conjunturas que concebem padrões a serem obtidos pelos
alunos, que por inúmeras razões alguns não se inserem nos modelos atribuídos.
Por vezes, constatamos estudantes que compreendem e se desenvolvem
melhor em uma matéria enquanto em outras não, alunos que não se interessam por
aquilo que está sendo passado em sala ou que apresenta bloqueios para acompanhar
o andamento do conteúdo. E algumas destas resistências estariam ligadas a
dificuldades e problemas de aprendizagem.
As dificuldades e problemas de aprendizagem podem estar entrelaçadas a
outros impasses como, fisiológicos ou emocionais, todavia com um grande aumento
de diagnósticos em crianças principalmente de cunho comportamental, começa-se a
questionar os responsáveis por estas resistências e como seria a intervenção nestes
casos.
Desta forma, o presente trabalho busca por meio de uma discussão teórica,
articular assuntos sobre os problemas e dificuldades de aprendizagem, de forma a
descrever quem seriam os culpados por isto, os transtornos e o aumento maciço de
diagnósticos e perspectivas de intervenção.

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OBJETIVO GERAL:

Conhecer os fatores que caracterizam a dificuldade de aprendizagem, para assim


reposicionar a nossa postura a fim de obter futuras intervenções mais eficientes,
transformando a educação para estudantes com dificuldades, para principalmente,
ser capaz de acompanhar seus colegas de classe.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Definir o que é a dificuldade de aprendizagem;

Refletir acerca dos verdadeiros culpados;

Compreender os transtornos de aprendizagem no DSM e CID;

Discutir acerca do aumento massivo de diagnósticos;

Identificar possibilidades de intervenção.

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JUSTIFICATIVA

As escolas brasileiras enfrentam um grande desafio quanto às dificuldades e


problemas de aprendizagem de alguns alunos, o que torna o ensino desigual dentro
de sala de aula.
Dessa forma, desenvolver estudos voltados a essa área se desataca com uma
fundamental importância, uma vez que a educação pode ser entendida como base
primária no desenvolvimento humano.
Dito isso, trazer para o centro das discussões em Psicologia da Educação as
condições que constituem tal situação se expressa com grande relevância, pois uma
vez compreendidos, analisados e discutidos, propostas de intervenção podem ser
definidas a fim de proporcionar uma educação adaptada a todos estudantes.

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O QUE SÃO DIFICULDADES E PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM?

Quando falamos em dificuldades de aprendizagem, estamos nos referindo


especificamente a alguns tipos de desordens que impedem uma pessoa de aprender
no mesmo ritmo de quem não apresenta o problema — e não à dificuldade normal
que todos temos em aprender um determinado tema. Segundo Smith (2002), essas
desordens normalmente afetam a capacidade do cérebro em receber as informações
e processá-las, comprometendo o aprendizado e deixando-o mais lento em
comparação do que o normal. Elas podem estar relacionadas tanto a fatores externos
quanto a alguns tipos de problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro
para entender, recordar ou comunicar informações. Ano após ano, muitos jovens são
erroneamente qualificados como pouco inteligentes, insolentes ou preguiçosos. Eles
são constantemente instados, por adultos ansiosos e preocupados com seu
desempenho acadêmico, a se corrigir ou a se esforçar.
Consideradas raras no passado, as dificuldades de aprendizagem
supostamente afetam, hoje, pelo menos 5% da população americana (ou mais de 15
milhões de pessoas). Muitas autoridades pensam que o número de indivíduos
afetados é, na verdade, muito maior, e os especialistas concordam que muitas
crianças não estão indo tão bem quanto poderiam na escola em virtude de dificuldades
que não foram identificadas. (SMITH, 2012, P.11).
O termo dificuldades de aprendizagem refere-se não a um único distúrbio, mas
a uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho
acadêmico. Na realidade, as dificuldades de aprendizagem são normalmente tão
sutis que essas crianças não parecem ter problema algum.
Smith (2002), considera que o que as crianças com dificuldades de
aprendizagem têm em comum é o baixo desempenho inesperado. Na maior parte do
tempo, elas funcionam de um modo consistente com o que seria esperado de sua
capacidade intelectual e de sua bagagem familiar e educacional, mas dê-lhes certos
tipos de tarefas e seus cérebros parecem “congelar”. Como resultado, seu
desempenho na escola é inconsistente: acompanham ou mesmo estão à frente de
seus colegas de classes em algumas áreas, mas atrás em outras.
Muitas crianças com dificuldades de aprendizagem também lutam com

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comportamentos que complicam suas dificuldades na escola. O mais conhecido deles
é a hiperatividade, uma inquietação extrema que segundo a autora, afeta cerca de
25% das crianças com dificuldades de aprendizagem. Alguns outros comportamentos
problemáticos em geral observados em pessoas jovens com dificuldades de
aprendizagem são os seguintes:

• Fraco alcance da atenção: A criança se distrai com facilidade, perde


rapidamente o interesse por novas atividades, pode saltar de uma atividade
para outra e, frequentemente, deixa projetos ou trabalhos inacabados.
• Dificuldade para seguir instruções: A criança pode pedir ajuda repetidamente,
mesmo durante tarefas simples (“Onde é mesmo que eu devia colocar isto? ”
“Como é mesmo que se faz isto? ”). Os enganos são cometidos porque as
instruções não são completamente entendidas.
• Imaturidade social: A criança age como se fosse mais jovem que sua idade
cronológica e pode preferir brincar com crianças menores.
• Dificuldade com a conversação: A criança tem dificuldade em encontrar as
palavras certas ou fala sem parar.
• Inflexibilidade: A criança teima em continuar fazendo as coisas à sua própria
maneira, mesmo quando suas tentativas não funcionam; ela resiste a
sugestões e a ofertas de ajuda.
• Planejamento e habilidades organizacionais deficientes: A criança não parece
ter qualquer noção de tempo e, com frequência, chega atrasada ou
despreparada. Se várias tarefas são dadas (ou uma tarefa complexa com
várias partes), ela não tem a mínima ideia de por onde começar ou como dividir
o trabalho em segmentos manejáveis.
• Distração: A criança frequentemente perde a lição, as roupas e outros objetos
seus; esquece-se de fazer as tarefas e trabalhos e/ ou tem dificuldade em
lembrar de compromissos ou ocasiões sociais.
• Falta de destreza: A criança parece desajeitada e sem coordenação; em geral,
deixa cair as coisas, as derrama, ou pega os objetos e depois deixa cair; pode
ter uma caligrafia péssima; é vista como completamente inapta para esportes
e jogos.
• Falta de controle dos impulsos: A criança toca tudo (ou todos) que chama seu
interesse, verbaliza suas observações sem pensar, interrompe ou muda
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abruptamente de assunto em conversas e/ou tem dificuldade para esperar sua
vez de falar. Esses comportamentos, conforme Smith (2002), surgem a partir
das mesmas condições neurológicas que causam problemas de
aprendizagem. Infelizmente, quando eles não são compreendidos como tais,
só́ ajudam a convencer os pais e os professores de que a criança não está́
fazendo um esforço para cooperar ou não está́ prestando a devida atenção.

QUEM SÃO OS CULPADOS?

As dificuldades de aprendizagem podem ser derivadas de aspectos fisiológico,


patológico, mas também devindo de estímulos provenientes do ambiente onde esse
aluno está inserido, é preciso compreender que a criança não é constituída apenas
do biológico, mas que o social/cultural afetam na estrutura da mesma, igualmente fica
o questionamento, quando esse problema não é derivado de um transtorno, quem são
os culpados dessas dificuldades? Quais são os papeis da família, escola, até mesmo
o governo quanto a isto?
O aluno que começa a apresenta problemas ou dificuldades de aprendizagem
normalmente são rotuladas como mais desatentos, agitado, desinteressado, e por isso
a escola em um modo de tentar chamar atenção do aluno, acaba por reafirmar ainda
mais estas características, de forma a diminuir a autoestima deste sujeito. Segundo
Weiss (2016) cita uma sequência de queixas escolares que apareceram na clínica
pedagógica

1 Grande exigência familiar e/ou escolar em exercícios, provas, jogos livres,


atividades esportivas etc.
2 Impossibilidade de responder à altura do que o próprio aluno espera em
relação àquilo que acha que pode realmente produzir, responder, vencer -
envolve a questão da autoestima, do autoconceito.
3 Ansiedade causada pela frustração de não conseguir o que acha que pode,
que sabe - ansiedade agravada pela baixa resistência à frustração.
4 Aumento gradativo da ansiedade — envolve o fato de pais e professores
não perceberem o que está acontecendo no início do processo.
5 Nível de ansiedade insuportável.
6 Autodefesa em relação a essa grande ansiedade, gerando uma “ fuga ” da
situação ameaçadora pela diminuição do foco de atenção, dispersão,
fantasias variadas, agitação, ac arretando a saída do próprio lugar ou da sala
de aula, mexida com os colegas mais próximos e outros “ mecanismos de
defesa”. (WEISS, 2016, P. 16 e 17)

Quando o profissional que está atuando na sala de aula não compreende as


particularidades do sujeito e principalmente não busca entender o porquê daquelas

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objeções, pode haver exclusões, punições, repressões e rejeições por parte do
professor a este aluno, pois este agente o vê apenas com os estigmas dirigidos a ele,
acerca de bagunceiro, desagradável e perturbador, desconsiderando que este sujeito
é afetado também por suas dificuldade de aprendizado, de forma a criar as queixas
citas acima, estes sintomas podem se dar por um silenciamento do mesmo, que não
consegue compreender o seu obstáculo e percebe que as pessoas que estão a sua
volta também não assentem sobre isto. Machado (1993) afirma que

O processo de interação professor-aluno que se estabelece em sala de aula


é inadequado e perpetuador das condições dessas crianças podendo ser
descrito da seguinte forma: o professor percebe características dessas
crianças não condizentes com suas exigências, desenvolve expectativas a
respeito das mesmas e age em função destas expectativas cristalizando os
comportamentos que detectou. Verifica-se que não há, geralmente, uma
preocupação em considerar as possibilidades destas crianças, em verificar
suas dificuldades ou se produzir mudanças de ação e dar outras
oportunidades a elas na tentativa de quebrar o círculo vicioso que se forma.
(MACHADO, 1993, P. 18)

A escola encontra-se em um papel de formadora cultural, contemplando


valores, normas e direitos, sendo um local em que o aluno possa interagir com os
outros, para que se possa constituírem socialmente, se preparando e planejando para
seus projetos futuros. Mas este mesmo local pode não estar preparado para lidar com
esses sujeitos que apresentam particularidades no processo de aprendizagem, muitas
vezes falta recursos e profissionais capacitados para atendê-los.
A afetividade pode ser um fator que influencia o aluno no seu processo de
aprendizagem, tanto na família quanto na escola, esses dois espaços devem
proporcionar um vínculo com esta criança pois, a mesma terá mais confiança para
compartilhar os sentimentos que os envolve. Osti (2004) afirma que

Acredita-se que todas as relações são permeadas pela afetividade, e que o


aluno estando motivado e interessado, a aprendizagem ocorrerá quase que
espontaneamente. Essa afetividade, portanto, influencia a aprendizagem e a
construção de novos conhecimentos, mas está subordinada à relação
estabelecida em sala de aula, por exemplo, se o professor motiva seus alunos
e incita a descoberta, a curiosidade, permitindo ser questionado, dando
espaço para que o aluno se expresse, ter-se-á um ambiente propicio à
aprendizagem. (OSTI, 2004, P. 43)

Por isso, deve-se dar uma grande importância ao ambiente em que o aluno
está inserido, seja ele escolar ou familiar. Um ambiente escolar rico de estímulos,
afetos, onde está criança tem uma atenção redobrada, se terá mais possibilidades de
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superar estes problemas e dificuldades, assim proporcionando um maior
desenvolvimento do sujeito.
A família é um grupo social, podendo estar ligado por laços de sangue ou
afetivos, e por sua vez é o mais importante na vida do sujeito, igualmente tem o papel
fundamental na descoberta e no processo de acompanhamento das dificuldades e
problemas de aprendizagem. A criança pode permanecer por anos sem que seja
diagnosticada e consequentemente sem acompanhamento, se mantendo nas
limitações das dificuldades nas escolas. Torres et. all. (2016) afirma que

Neste processo de descoberta, adequação e acompanhamento os pais são


elementos fundamentais para o progresso dos filhos na escola, caso o
desempenho escolar não esteja ocorrendo normalmente, pois a dificuldade
na fala, o atraso para pronunciar as primeiras palavras, dificuldade para
montar quebra-cabeça, lidar com talheres, reconhecer formas e letras ou
contar, valendo ressaltar que nem sempre um simples atraso nestes aspectos
signifique necessariamente um problema de dificuldades de aprendizagem.
(TORES et. all. 2016, P. 120).

Há varias constituições de família, famílias mais privilegias de recursos outras


menos, pais que acompanham assiduamente a vida escolar de seus filhos e outros
que são mais imprudentes quanto a isto. Pais que participam da vida escolar terão
mais possiblidades de observar as mudanças de comportamento ocasionadas por um
transtornos e crianças que estão situam-se em um círculo familiar mais afetivo terão
uma menor possibilidade de adquirir dificuldades de aprendizagem pelo meio
social/cultural.
Contudo, pais que não acompanham sua vida acadêmica de seus filhos, não
buscam saber como eles estão neste processo de aprendizagem terão uma
probabilidade menor de perceber as mudanças que ocorrem a eles, e alunos que
estão se encontram em um círculo social/cultural mais frágil acabam por terem uma
chance maior de adquirir problemas de aprendizagem por essa restrição tanto de afeto
e até mesmo por terem falta de recursos.
Alguns fatores sociais podem ajudar a produzir estes problemas e dificuldades
de aprendizagem como falta de estimulação adequada nos pré-requisitos de
aprendizagem, fome, desinteresse dos pais, violência familiar. Conseguinte, estes
aspectos não têm apenas um culpado, família e escola devem interagir para um bem
maior do aluno. Kauark e Silva (2008) citam algumas práticas a serem colocadas em
pratica pelos pais para um maior contato com a vida escolar de seu filho
10
De maneira mais generalizada, algumas práticas podem ser realizadas pelos
pais de forma a estabelecer uma relação de confiança e colaboração com a
escola, a exemplo: escute mais o seu filho; informe aos professores sobre os
progressos feitos em casa em áreas de interesse mútuo; estabeleça horários
para estudar e realizar as tarefas de casa; sirva de exemplo, mostre seu
interesse e entusiasmo pelos estudos; desenvolva estratégias de modelação,
por exemplo, existe um problema para ser solucionado, pense em voz alta;
aprenda com eles ao invés de querer ensinar somente. Aproveite o momento
do acompanhamento da tarefa para ser cúmplice, parceiro e propor
descobertas de respostas, ao invés de entregá-las prontas ao seu filho;
valorize sempre o que o seu filho faz, mesmo que não tenha feito o que você
pediu e em nível do que você esperava; disponibilize materiais para auxiliar
na aprendizagem; é preciso conversar, informar e discutir com o seu filho
sobre quaisquer observações e comentários emitidos sobre ele. E se você
não dispõe desse tempo com seu filho, não deixe de recomendar que as
atividades que vão para casa sejam acompanhadas e (re) ensinadas pela
professora do reforço, ou por um parente, não esqueça de reservar um
tempinho para saber dele como vai na escola, quais as dificuldades e em que
área ele precisa desprender maior esforço. E nunca, o subestime. (Kauark,
Silva, 2008. P 268 e 269).

Portanto, é perceptível que não existe apenas um culpado, quanto aos


problemas e dificuldades de aprendizagem, principalmente quando são derivados do
meio social/cultural onde o aluno está inserido. A escola, o professor e a família tem
seu fragmento de responsabilidade quanto a isto, e não devemos esquecer que existe
regências maiores neste problema, as escolas muitas vezes não têm recursos para
administrar ao aluno, os professores são mal remunerados, as famílias de baixam
rendam precisam trabalhar dois turnos para sustentar-se, assim se não houver
mudanças por parte do governo, outras mudanças não conseguiram ser efetivas.

TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

O Transtorno de aprendizagem, mesmo errôneo, muitas vezes confundido com


a dificuldade de aprendizagem, compreendem uma inabilidade específica, como
leitura, escrita ou matemática, em indivíduos que apresentam resultados
significativamente abaixo do esperado para o seu nível de desenvolvimento,
escolaridade e capacidade intelectual. Determinado transtorno apresenta descrições
em manuais que garantem o diagnóstico homogêneo em diferentes países.

Atualmente, a descrição dos Transtornos de Aprendizagem é encontrada em


manuais internacionais de diagnóstico, tanto no CID-10, elaborado pela
Organização Mundial de Saúde (1992), como no DSM-V, organizado pela
Associação Psiquiátrica Americana (2013). Ambos os manuais reconhecem
a falta de exatidão do termo "transtorno", justificando seu emprego para evitar
problemas ainda maiores, inerentes ao uso das expressões "doença" ou
"enfermidade" (FONTES, M.A, 2007)
11
Esses manuais apresentam descrições que estruturam e permitem o
diagnóstico do transtorno evidenciando suas causas, reunido em uma única categoria
os três tipos de transtornos e, sua forma de tratamento. No quesito
“descrição” encontramos diferente forma para diagnóstico dos manuais os quais
seguimos. De acordo com o DSM-V o transtorno de aprendizagem

É diagnosticado diante de déficits específicos na capacidade individual para


perceber ou processar informações com eficiência e precisão. Esse
transtorno do neurodesenvolvimento manifesta-se, inicialmente, durante os
anos de escolaridade formal, caracterizando-se por dificuldades persistentes
e prejudiciais nas habilidades básicas acadêmicas de leitura, escrita e/ou
matemática. (DSM-V, p. 32)

Enquanto o CID-10 esclarece que a etiologia dos Transtornos de


Aprendizagem não é conhecida, mas que há "uma suposição de primazia de fatores
biológicos, os quais interagem com fatores não-biológicos".
Reúne-se em uma única categoria as três inabilidades que podem ser
diagnosticadas como Transtorno de aprendizagem, que são elas leitura, expressão
escrita e matemática. A caracterização geral destes transtornos não difere muito entre
os dois manuais. O
Transtorno na leitura, alternativamente conhecido como dislexia, se classifica como
problemas de identificação no reconhecimento das palavras, decodificação e
ortografia;

O DSM-V classifica como critérios diagnósticos para o Transtorno da Leitura:


• Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço (p. ex., lê
palavras isoladas em voz alta, de forma incorreta ou lenta e hesitante,
frequentemente adivinha palavras, tem dificuldade de soletrá-las).
• Dificuldade para compreender o sentido do que é lido (p. ex., pode ler o
texto com precisão, mas não compreende a seqüência, as relações, as
inferências ou os sentidos mais profundos do que é lido). (FONTES, M.A,
2007)

Em consequência, o transtorno de expressão escrita são problemas voltados


para a construção da ortografia e caligrafia, precisão gramatical e da pontuação e,
clareza ou organização da expressão escrita;

O Transtorno da Expressão Escrita, de acordo com os critérios diagnósticos


do DSM-V, são:
• Dificuldades para ortografar (ou escrever ortograficamente) (p. ex., pode
adicionar, omitir ou substituir vogais e consoantes).
• Dificuldades com a expressão escrita (p. ex., comete múltiplos erros de
gramática ou pontuação nas frases; emprega organização inadequada de
parágrafos; expressão escrita das ideias sem clareza). (FONTES, M.A, 2007)

12
Em combinação com os transtornos citados anteriormente, o Transtorno da
matemática, também conhecido como discalculia, não está relacionado à falta total da
habilidade matemática na vida da criança, mas na maneira que o pequeno associa
esse conhecimento com o mundo em que está inserida. Relaciona-se sim, ao déficit
no sentido numérico, memorização de factos aritméticos, calculo preciso ou fluente,
raciocínio matemático preciso;

O Transtorno da Matemática, segundo o DSM-V, é caracterizado por:


• Dificuldades para dominar o senso numérico, fatos numéricos ou cálculo (p.
ex., entende números, sua magnitude e relações de forma insatisfatória;
conta com os dedos para adicionar números de um dígito em vez de lembrar
o fato aritmético, como fazem os colegas; perde-se no meio de cálculos
aritméticos e pode trocar as operações).
• Dificuldades no raciocínio (p. ex., tem grave dificuldade em aplicar
conceitos, fatos ou operações matemáticas para solucionar problemas
quantitativos). (FONTES, M.A, 2007)

Após a identificação ou suspeita, inicia-se uma avaliação para obtenção do


diagnóstico de um transtorno, após confirmação do mesmo dá-se continuidade ao
tratamento que envolve uma intervenção psicopedagógica, que irá desenvolver
estratégias para adequação e inclusão da suposta criança que apresenta tais
sintomas e que necessitam de uma atenção e auxilio maior para obter uma melhoria
nos seus resultados individuais; juntamente com uma intervenção fonoaudiológica que
auxiliara na “promoção da saúde, prevenção, avaliação e diagnóstico, orientação,
terapia (habilitação e reabilitação) e aperfeiçoamento dos aspectos fonoaudiológicos
da função auditiva periférica e central, da função vestibular, da linguagem oral e
escrita” (CREFONO) etc, entre outros pontos que ele possa ajudar positivamente para
um melhor desempenho Neurofuncional.

O Fonoaudiólogo Especialista em Fonoaudiologia Neurofuncional realiza


avaliação, diagnóstico, prognóstico, habilitação e reabilitação
fonoaudiológicos de pessoas em diferentes ciclos de vida com alterações
neurofuncionais, atuando nas sequelas resultantes de danos ao sistema
nervoso central ou periférico. (CREFONO)

Porém, existem casos em que o grau do transtorno exige que a criança passe
por programas educativos individuais e intensivos. E existem também, casos mais
sérios em que é necessário o tratamento farmacológico com o uso de medicamentos,
sendo indicado, por exemplo, em casos nos quais as capacidades de atenção e
concentração da criança encontram-se debilitadas.

AUMENTO DOS DIAGNÓSTICOS

13
As dificuldades de aprendizagem podem decorrer por diversos motivos, como fatores
orgânicos, intrínsecos ao indivíduo e extrínsecos, ou seja, contextuais ou mesmo
emocionais, bem como pela combinação destes. É importante que sejam descobertos
o quanto antes, a fim de auxiliar o desenvolvimento no processo educacional, e é
muito importante que todos os envolvidos no processo educativo fiquem atentos a
essas dificuldades, observando se são momentâneas ou se persistem ao longo do
tempo. Assim, podemos classificar os problemas da aprendizagem em duas
categorias dificuldades e transtornos, o que foi definido anteriormente.

Nesse sentido, os transtornos de aprendizagem, tais como disgrafia, disortografia,


dislexia, discalculia e com um destaque cTDAH, teve um expressivo crescimento
desde a ultima década, assim os estudos consideram que a prevalência brasileira para
TDAH gira em torno de 5,1%, não divergindo de dados encontrados mundialmente.

Um diagnóstico não somente esclarece sobre uma doença, como também a produz,
e põe em destaque cadeias significantes que servirão para dar consistência e
significar o sujeito, como por exemplo, com um diagnóstico de TDAH, o sujeito carrega
com sigo todas as noções do déficit como incapacidade e disfunções atencional,
motora e do controle da impulsividade, como um rótulo que lhe foi dado junto ao
diagnóstico, assim qualquer atitude da criança pode ser interpretada a qualquer sinal
de uma personalidade patológica, o que segundo LACET e ROSA(2017) deve ser
neutralizada por medidas que associam a reeducação, psicoterapia e, a partir dos 6
anos, administração de medicação psicotrópica, tal abordagem determinista, baseada
num raciocínio de causalidade linear assim os fatores de risco são colocados em
primeiro plano e a prevenção é tomada como prognóstico.

Contudo Untoiglich(2006,p. 64) em um documento dirigido ao Ministério da Saude da


Argentina em 2005, alerta

Assim rotula-se reduzindo a complexidade da vida psíquica a um


paradigma simplificador. No lugar de um psiquismo em estruturação, em
crescimento contínuo, em que o conflito é fundante e em todo efeito é
complexo, se supõe exclusivamente um déficit neurológico
Untoiglich(2006,p. 64).
Nesse sentido LACET e ROSA(2017) comentam que documento aponta para o fato
de que o diagnóstico de TDAH, assim como outros déficits é dado muitas vezes sem
se considerar o contexto familiar, escolar e sociocultural em que a criança vive,
14
atribuído muitas vezes a crianças com quadros psicóticos e até vítimas de violência,
sejam essas sexual, física, psicológica entres outras. Os meios de comunicação, por
vez tratam os déficits como epidemia, banalizando os diagnósticos e recursos
medicamentosos e terapêuticos.

Com tamanha demandas e altos índices de diagnósticos os transtornos ganham o


estatuto de doença, o que afirma LACET e ROSA(2017)

Na medida em que é resinificado no campo médico, começa a buscar-


se uma causa para esse risco (em geral algo que atrapalha o
desempenho); uma pesquisa etiológica balizada por estudos estatísticos
que apontaram para uma grande probabilidade de associação dessa
causa a alterações genéticas e disfunções neuroquímicas. Há nessa
lógica discursiva um tratamento “natural” para normalizar esses
comportamentos e igualar o sujeito aos demais, sendo a medicação o
dispositivo que normaliza o corpo do indivíduo e da população LACET e
ROSA(2017 p. 241).
Por fim, o aumento no crescente no diagnósticos de transtornos pode se justificar
pelos prognósticos dados aos primeiros sinais dados pela criança, sem investigações
deliberadas com avalições psicoterápicas considerando os contextos familiar, escolar
e sociocultural em que a criança está inserida, o que pode causar problemas de
aprendizagem, assim considerando que a criança pode apresentar dificuldades de
aprendizagem e não apenas transtornos.

15
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muito se tem estudado sobre o aumentos dos diagnósticos de diversos transtornos e


sobre as dificuldades de aprendizagem na atualidade, o que provavelmente mudará o
rumo das condições atuais.

Com tudo, o presente trabalho caracterizou as diferenças e entre dificuldades e


problemas de aprendizagem, os culpados pelas dificuldades, em um conhecido “jogo
de empurra” onde ninguém assume papel de culpado, as definições sobre os
transtornos ou déficits que atrapalham o aprendizado e o aumento maciço de
diagnósticos desses transtornos.

Assim, o desenvolvimento do trabalho nos permitiu observar claramente a importância


do conhecimento das diferenças entre transtornos e dificuldades de aprendizagem, e
demonstra a epidemia nos diagnósticos, o que nos traz uma reflexão a cerca do
assunto.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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