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ISSN 1983-392X

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Gramatigalhas
José Maria da Costa

Redação jurídica – Pode ser em primeira pessoa?


quarta-feira, 1 de abril de 2020

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A leitora Mariana Bergamini envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Tenho uma dúvida e não consigo encontrar a resposta adequada. Quando vou fazer
um parecer jurídico, qual a pessoa que devo usar? Posso escrever em primeira
pessoa? Atenciosamente."
fomentadores
Envie sua dúvida

1) Uma leitora, não conseguindo encontrar resposta adequada, indaga se pode escrever um
parecer jurídico em primeira pessoa.

2) Ora, em suas diversas modalidades (petições, pareceres, arrazoados ou trabalhos


acadêmicos), a redação jurídica deve obedecer a determinados critérios, que é oportuno
observar.

3) Num primeiro aspecto, lembra-se que o Direito é uma ciência, de modo que o profissional
da área produz textos científicos, cuja linguagem deve ser técnica e precisa.

4) Por isso, já em resposta direta à indagação da leitora, anota-se que a linguagem do


Direito, exatamente por ser científica, deve ser impessoal.

5) Isso quer significar que, com a exceção representada pela expressão final de um parecer
("É o que me parece, salvo melhor juízo [ou, de modo abreviado, s. m. j.]" – o que também
pode ser dito de outra forma objetiva e impessoal ["É o que parece, salvo melhor juízo])", um
parecerista, assim como todo e qualquer autor de petição, arrazoado ou trabalho acadêmico,
deve empregar, na redação que produz, a terceira pessoa (e não a primeira, quer do singular,
quer do plural).

6) Fica, assim, muito mais adequado dizer, em uma fundamentação, "Quando se busca uma
interpretação convincente..." do que "Quando eu busco (ou buscamos) uma interpretação
convincente...". Deve-se proceder de modo idêntico nas conclusões: "Conclui-se que..." fica
muito melhor do que "Concluo que..." ou mesmo "Concluímos que...", ainda que essa última
expressão tenha por pretexto um plural de modéstia.

7) Aproveitando a oportunidade, outras observações podem ser acrescidas para o


aperfeiçoamento da redação jurídica: a) é inconveniente, de um modo geral, substituir termos
técnicos e locuções por sinônimos, a pretexto de evitar repetições e de buscar uma pretensa
linguagem literária (assim, não se deve substituir, ao longo de um texto, por exemplo, petição
inicial por peça Cadastre-se
inaugural, petição
para receber
de introito,
o informativo
preambular
gratuitamente  b)
ou vestibular); em nome
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sobriedade e da objetividade próprias da linguagem científica, deve-se evitar uma
adjetivação desnecessária (como clara e indefectível Justiça, digna Autoridade Policial, douta
Procuradoria de Justiça ou ilustrado Órgão do Ministério Público, bastando dizer Justiça,
Autoridade Policial, Procuradoria de Justiça ou Órgão do Ministério Público); c) devendo a
linguagem jurídica ser sóbria e parcimoniosa, clara, correta e persuasiva, são perfeitamente
dispensáveis pedidos de licença para alguma afirmação mais contundente ou divergente
(como, por exemplo, data venia, ou venia concessa, ou similares).

Outras Edições

José Maria da Costa, é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no


concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito
pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São
Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na
Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia
Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e
José Maria da Costa Sociedade de Advogados.

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