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Tribunal de Justiça da Paraíba

PJe - Processo Judicial Eletrônico

23/10/2019

Número: 0828288-78.2019.8.15.2001
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 6ª Vara de Fazenda Pública da Capital
Última distribuição : 03/06/2019
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: GRATIFICAÇÃO INCORPORADA / QUINTOS E DÉCIMOS / VPNI
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
FRANCISCO LOBO PORTO (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
GERALDO CORREIA GUEDES (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
GILBERTO GONDIM CABRAL (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
FERNANDO ANTONIO DE ALMEIDA NOBREGA (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
GILVANDRO DA SILVA BRANDAO (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
MARIA DE FATIMA FERREIRA MARIBONDO (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
ROMULO BARROS DE ALENCAR (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
GUILHERME JORGE DE ALMEIDA PERRUCI (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
MARINEIDE DE OLIVEIRA SILVA MEIRA (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
SEBASTIAO FLAVIO DE ARAUJO (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
ROBERTO DA COSTA VITAL (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
JUAREZ DOS REIS OLIVEIRA (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
JOSE CLARCK PORTO COELHO (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
FRANCISCO LUCAS DE SOUZA RANGEL NETO (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
RUY BEZERRA CAVALCANTI JUNIOR (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
FRANCISCO AUGUSTO BARBOSA (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
SERGIO PRADO MACHADO (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
ROBSON REGIS SILVA ALBUQUERQUE (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
RUY FREIRE DUARTE (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
ARNALDO SOARES DE OLIVEIRA (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
MARIA DE FATIMA LINS DE MENEZES (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
EDUARDO JOSE TORREAO MOTA (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
PARAIBA GOVERNO DO ESTADO (RÉU)
PARAIBA PREVIDENCIA (RÉU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
24541 18/09/2019 15:38 Contestação Contestação
234
EXMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 6ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE
JOÃO PESOA - PB

Processo n.º 0828288-78.2019.8.15.2001

ESTADO DA PARAÍBA, pessoa jurídica de direito público interno, por meio de sua
Procuradoria Judicial, ora representada pelo procurador ao final assinado, com endereço na Avenida
Epitácio Pessoa, número 1.457, 4º andar, no bairro dos Estados (CEP.: 58.030-001), local onde recebe
intimações, vem, perante Vossa Excelência para, tempestivamente, oferecer a presente resposta, sob a
forma de CONTESTAÇÃO à AÇÃO ORDINÁRIA, ajuizada pelo FRANCISCO LOBO PORTO e
outros, o que faz com esteio nos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:

I – DOS FATOS

A parte Autora, composta em litisconsórcio por um grupo de Engenheiros, Arquitetos,


Engenheiros Agrônomos e Geógrafo, todos ESTATUTÁRIOS, dentre eles constando aposentados e
pensionistas, ajuizaram demanda objetivando, em resumo, a condenação do Estado da Paraíba a lhes
pagar, retroativamente (diferenças) e pro futuro a mesma remuneração percebida por um grupo de 64
Engenheiros CELETISTAS.

Afirmam que, por aplicação do princípio da legalidade, a situação remuneratória daqueles


64 Engenheiros, outrora CELETISTAS, deveria ser observada também para eles, o que importaria em
aumento de vantagens doravante e direito à percepção das diferenças retroativas.

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São os fatos, em epítome.

II - DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. DA PRETENSÃO DE EQUIPARAÇÃO


REMUNERATÓRIA ENTRE SERVIDORES ESTATUTÁRIOS E ENGENHEIROS
CELETISTAS. GANHOS REMUNERATÓRIOS OBTIDOS POR TERCEIROS EM DEMANDA
ESPECÍFICA PERANTE A JUSTIÇA DO TRABALHO. IMPOSSIBILIDADE DE
EQUIPARAÇÃO (ART. 37, XIII, DA CF/88). OFENSA À COISA JULGADA E AO PRINCÍPIO
DA RESERVA LEGAL (ART. 37, X, DA CF/88). REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO. DA
EXISTÊNCIA DE PLANO DE CARGOS E CARREIRAS ESPECÍFICO. OFENSA AO
CONTEÚDO DAS SÚMULAS VINCULANTES 04 E 37. PRETENSÃO DE AUMENTO
REMUNERATÓRIO POR VIA OBLÍQUA.

Em apertada síntese, os autores pleiteiam equiparação entre servidores que possuem regime
jurídico diametralmente opostos, aumentando vencimentos por decisão judicial e fixando-os com base em
múltiplos de salário mínimo nacional.

Pois bem.

Não se demanda maiores esforços hermenêuticos para aferir o teor do art. 37, II, da CF:

Art. 37. Omissis.

XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies


remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;

Sejamos vejamos o que entendem os Ministros Luiz Fux e Dias Toffoli sobre a
questão específica deste processo:

(RCL 34290 MC/PB; Min. Luiz Fux)

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“Destarte, o cerne da questão reside em verificar se a extensão aos servidores
estatutários de benefícios salariais emanados de acordo celebrado por servidores
celetistas, na Justiça do Trabalho, violaria o enunciado vinculante em evidência.

In casu, nesta análise ainda perfunctória da controvérsia e sem prejuízo de um


exame mais apurado do caso quando do recebimento das informações, entendo
assistir razão ao reclamante. É que o Tribunal de origem, ao assentar como
correta a extensão dos benefícios à título de isonomia, trouxe incremento aos
vencimentos do servidor e atuou como verdadeiro legislador positivo, ofendendo
o teor da Súmula Vinculante 37.

Com efeito, ao analisar a medida liminar pleiteada na Reclamação 31.214, cujo


objeto envolvia questão idêntica a dos presentes autos, figurando como
reclamante também o Estado da Paraíba, o Ministro Dias Toffoli, na qualidade
de Presidente desta Corte, entendeu pela ocorrência de violação à Súmula
Vinculante 37...”

RCL 31.214 MC/PB; Min. Dias Toffoli

“No presente caso, a decisão atacada estendeu a servidores estatutários


benefícios que servidores celetistas da mesma categoria haviam obtido na Justiça
laboral.

Em princípio, assim, parece que atuou o Poder Judiciário local em afronta ao


enunciado da referida Súmula, sob o fundamento da isonomia, fato a recomendar,
ao menos em uma análise perfunctória, a suspensão dos efeitos dessa decisão,.

Nesse sentido, ainda, anotem-se os seguintes precedentes: Rcl nº 30.941/SP, Rel.


Min. Ricardo Lewandowski, DJe de 29/6/28; Recl. nº 23.801/DF-MC, Rel. Min.
Edson Fachin DJe de 7/10/16; Rcl nº 23.709/GO, Rel. Min. Luiz Fux , DJe de
19/8/16; Rcl nº 22.324/DF, DJe de 29/6/2016, Rel. Min. Cármen Lúcia ; Rcl nº
24.469/DF, DJe de 29/6/2016, Rel. Min. Gilmar Mendes e Rcl nº 24.272/DF, DJe
de 14/06/2016, Rel. Min. Celso de Mello e, por fim, Recl. nº 25.528-AgR/RS, de
minha relatoria, Segunda Turma, DJe de 26/10/17, assim ementado:

“Agravo regimental na reclamação. Súmulas Vinculantes nºs 10 e 37.


Lei nº 10.698/03. Reajuste remuneratório de servidor público sem
previsão legal. Princípio da isonomia. Agravo regimental não
provido. 1. É defeso ao Poder Judiciário conceder, sem a devida

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previsão legal, reajuste remuneratório com fundamento no princípio
da isonomia, sob pena de violar o conteúdo da Súmula Vinculante nº
37. 2. Agravo regimental não provido”.

Não se pode olvidar que o próprio Ministério Público do Estado da Paraíba, em parecer
anexado aos autos do referido IRDR, foi contra a tese aqui esposada (doc. anexo), a reforçar a
necessidade de revisão do entendimento ou, ao menos, que seja provocado o STF a fazê-lo. Vejamos o
entendimento do MPPB no IRDR:

(...)

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Os autores pretende a extensão dos efeitos da coisa julgada para terceiros estranhos à lide
processual trabalhista (autores), como, também, a desconsideração da substancial diferença entre a
natureza do regime jurídico estatutário (autores) e o celetista (trabalhadores paradigmas).

Não convém ao Judiciário fazer às vezes do legislador positivo e ampliar a incidência


normativa, tampouco lhe convém se imiscuir no mérito administrativo e implementar promoção dos
servidores autores sem que os mesmos tenham demonstrado o preenchimento dos requisitos mínimos
constantes do Plano de Cargos e Carreiras.

Como se sabe, a remuneração dos agentes públicos sujeita-se a critérios pessoais e


particulares previamente estabelecidos em lei e que não necessariamente estão afetos ao patrimônio
jurídico de toda a carreira, ainda que seus membros desempenhem idêntica função. A esse propósito
imagine-se, exempli gratia, que um grupo de magistrados lotados na primeira entrância postulassem a
equiparação salarial com os magistrados pertencentes à terceira entrância, que enseja uma remuneração
maior. Embora seja induvidosa que a atividade judicante exercida pelos magistrados das diferentes
entrâncias é, em essência, a mesma, não como negar que a diferença remuneratória é plenamente
justificável. É, resguardadas as proporções, o caso dos autos.

Douto julgador, os servidores estatutários e celetistas (empregados públicos) são espécies


do gênero agentes públicos, encerrando vínculos completamente diversos com a Administração,
porquanto aqueles são regidos pelas normas de direito público, ao passo que estes são albergados pela
legislação aplicável aos demais trabalhadores da iniciativa privada.

Nesse sentido, o sempre homenageado mestre Hely Lopes Meirelles:

“Os empregados públicos são todos os titulares de emprego publico (não de


cargo público) da Administração direta e indireta, sujeitos ao regime jurídico da
CLT, daí serem chamados também de “celetistas”. Não ocupando cargo público e
sendo celetistas, não têm condição de adquirir a estabilidade constitucional (CF,
art. 41), nem podem ser submetidos ao regime de previdência peculiar, como os
titulares de cargo efetivo e os agentes políticos, sendo obrigatoriamente
enquadrados no regime geral de previdência social, a exemplo dos titulares de
cargo em comissão ou temporário. Salvo para as funções de confiança e de
direção, chefia e assessoramento, a serem previstas à luz dos princípios de
eficiência e razoabilidade nos respectivos quadros de pessoal das pessoas
jurídicas da Administração indireta (na Administração direta, autárquica e
fundacional as funções de confiança só podem ser exercidas por ocupantes de
cargo efetivo – art. 37, V), os empregados públicos devem ser admitidos mediante
concurso ou processo seletivo público, de modo a assegurar a todos a
possibilidade de participação” (MEIRELLES, Ely Lopes. Direito administrativo
brasileiro. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2010.p. 440).

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Por óbvio, já que os servidores estatutários são regidos pelas leis editadas pela
Administração, e os empregados públicos celetistas são regulados pela Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), é expressamente proibida a aplicação de normas de um regime a outro, sob pena de
violação ao princípio da legalidade.

Nesse sentido:

“EX-SERVIDORES CELETISTAS. CONVERSÃO DO REGIME JURÍDICO


CELETISTA PARA O ESTATUTÁRIO - LEI 10.254/1990 - REAJUSTE
CONCEDIDO PARA CELETISTAS - INAPLICABILIDADE DA LEI PARA
OS SERVIDORES ESTATUTÁRIOS. RECURSO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO "IN SPECIE". - Não há que se falar em afronta ao princípio
da irredutibilidade salarial quando a concessão de vantagens pecuniárias sob a
égide da CLT não é transferida para o regime estatuário, posto possuírem
naturezas completamente distintas e inconciliáveis os instrumentos que vinculam
o trabalhador juridicamente ao empregador.” (TJMG; Processo: AC
10024073850356001 MG; Orgão Julgador: Câmaras Cíveis / 7ª CÂMARA
CÍVEL; Publicação: 23/05/2014; Julgamento: 20 de Maio de 2014; Relator:
Belizário de Lacerda)

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. MUNICÍPIO DE


BARRA MANSA. BENEFÍCIOS INSTITUÍDOS NAS LEIS MUNICIPAIS Nº
2.176/88 E 2698/74. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AOS TRABALHADORES
SUJEITOS À CLT. SERVIDOR PÚBLICO ESTATUTÁRIO. EXTENSÃO
PREVISTA NA LEI Nº 2.379/91 DECLARADA INCONSTITUCIONAL PELO
ÓRGÃO ESPECIAL. ART. 5º DA LEI Nº 2.699/94. INAPLICABILIDADE AO
SERVIDOR ESTATUTÁRIO. DESPROVIMENTO DO RECURSO. 1. O
funcionário público estatutário não pode ser beneficiado por legislação
aplicável a servidores celetistas, especialmente quando a lei municipal que
estendia os benefícios dessa legislação aos estatutários foi declarada
inconstitucional por meio da Representação por Inconstitucionalidade nº 54/92,
julgada pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. 2.
Impossibilidade de coexistência de normas que regulamentam o regime jurídico
único do servidor municipal e as destinadas aos trabalhadores celetistas, uma
vez que preveem acréscimos pecuniários não cumuláveis. 3. Manutenção da
sentença de improcedência que se impõe. 4. Desprovimento do recurso.” (TJRJ;
Processo: APL 00015510420148190007 RJ 0001551-04.2014.8.19.0007; Orgão
Julgador: DÉCIMA SÉTIMA CAMARA CIVEL; Publicação: 12/06/2015 00:00;
Julgamento: 10 de Junho de 2015; Relator: DES. ELTON MARTINEZ
CARVALHO LEME)

“SERVIDORPÚBLICO. EMBARGOS INFRINGENTES. MUNICÍPIO DE


PORTO ALEGRE. REPOSIÇÃO AO ERÁRIO. SERVIDOR ESTATUTÁRIO.
LEGALIDADE DOS DESCONTOS. INAPLICABILIDADE DAS NORMAS
DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO . AFRONTA AOS
PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO, ALÉM DE

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NÃO DEMONSTRADA, NÃO É OBJETO DA LIDE. 1. O pedido formulado na
inicial, originariamente distribuída na Justiça do Trabalho, limita-se à devolução
dos valores que a parte autora entendeu indevidamente descontados. A pretensão
veio estribada no caput do art. 462 da Consolidação das Leis do Trabalho . 2.
Quando foi declinada a competência os autos foram remetidos à Justiça Comum,
tendo sido oportunizada a emenda à inicial, para adequação do pedido, que
restou mantido. Diante de contexto, a CLT revela-se inaplicável ao embargado,
que é servidor público municipal regido por vínculo institucional, portanto,
estatutário. 3. Os descontos realizados na espécie encontram guarida na
legislação de regência, na doutrina e na jurisprudência. Em momento algum a
legalidade ou o procedimento que redundou nos mesmos foram questionados,
razão porque não se cogita ofensa aos princípios do contraditório e da ampla
defesa. EMBARGOS INFRINGENTES ACOLHIDOS.” (TJRS; Embargos
Infringentes Nº 70053963534, Segundo Grupo de Câmaras Cíveis, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Nelson Antônio Monteiro Pacheco, Julgado em
10/05/2013)

“APELAÇÃO CÍVEL. SERVIDOR PÚBLICO. AÇÃO DE COBRANÇA DE


VALORES EVENTUALMENTE DEVIDOS PELO ENTE PÚBLICO.
MUNICÍPIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA. DISSÍDIO COLETIVO.
INAPLICABILIDADE. SERVIDOR ESTATUTÁRIO. MATÉRIA
PACIFICADA NESTE TRIBUNAL. RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇA
MANTIDA. 1-Alega a Recorrente que houve prática de inconstitucionalidade ao
se permitir que o ente público aplicasse o PCCS (Plano de Cargos e Salários dos
Servidores) para uns e o negasse para outros, rogando pelo cumprimento do
disposto no art. 37 , X da CF . 2-Compulsando os autos, infere-se da inicial que o
fundamento de direito é o acordo objeto da Ação de Cumprimento das parcelas
deferidas no Dissídio Coletivo nº 801.90.0164-30, que tramitou na Justiça do
Trabalho, não sendo cumprido pelo Município, e o pedido é o de pagamento das
parcelas deferidas acordadas no Dissídio e definidas na Ação de Cumprimento,
conforme passou a ser pago aos sindicalizados, igualando-os, ou equiparando-os.
3-Observa-se que não há qualquer menção ao pagamento de salário estabelecido
na Lei Municipal 422/87, modificando o autor a causa de pedir e o pedido, o que
é vedado em sede de recurso, em face do que dispõem os arts. 515 e 517 do CPC ,
e por não se tratar de questão a ser apreciada de ofício, conforme observado na
jurisprudência sobre o tema transcrita adiante. 4- Assim, trata-se de pedido com
base em Dissídio Coletivo, o que não é cabível para os servidores municipais,
por serem regidos pelo regime estatutário e não celetista, além do que toda e
qualquer modificação nos salários, cargos e funções neste regime é através de
lei e não de dissídio coletivo, como bem asseverou a sentença. 5- No mérito, em
situação semelhante, a matéria foi apreciada por este Tribunal de Justiça,
conforme se observa na ementa da Apelação Cível nº. 4208-6/2000, adiante
transcrita. 3- NEGA-SE PROVIMENTO ao apelo, mantendo-se a sentença de
primeiro grau” (TJBA; Processo: APL 00086146520028050274 BA
0008614-65.2002.8.05.0274; Orgão Julgador: Segunda Câmara Cível; Publicação:
16/11/2012; Julgamento: 24 de Janeiro de 2012; Relator: Gesivaldo Nascimento
Britto)

“RECURSO DE REVISTA. LICENÇA-MATERNIDADE DE 180 DIAS.


SERVIDORA PÚBLICA CELETISTA. LEI ESTADUAL. LIMITAÇÃO DO
DIREITO À SERVIDORA PÚBLICA ESTATUTÁRIA. REGIMES
JURÍDICOS DISTINTOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA.

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INAPLICABILIDADE 1. O art. 4º da Lei Complementar nº 1.054 /2008 do
Estado de São Paulo prevê licença-maternidade de 180 dias à servidora da
administração direta e das autarquias submetidas ao regime estatutário. 2.
Inviável estender-se o benefício à servidora estadual regida pela Consolidação
das Leis do Trabalho , prorrogando-se o prazo da licença-maternidade de 120
para 180 dias, por ausência de previsão legal, bem assim porque a
Administração encontra-se adstrita ao princípio da legalidade. 3. Hipótese que
não comporta a invocação do princípio da isonomia, haja vista tratar-se de
regimes jurídicos distintos. Além do mais, a mescla de direitos pretendida,
transpondo-se benefícios de um regime para o outro, em última análise,
desnaturaria o regime jurídico próprio. 4. De outra parte, decisão contrária
pressuporia declaração de inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 1.054
/2008 do Estado de São Paulo, sob pena de afronta ao princípio da reserva de
plenário e à Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal Federal. 5. Recurso
de revista da Reclamante de que se conhece e a que se nega provimento.” (TST;
Processo: RR 11674120115020081; Orgão Julgador: 4ª Turma; Publicação: DEJT
23/10/2015; Julgamento: 30 de Setembro de 2015; Relator: João Oreste Dalazen)

Em última instância, o que pretende os autores, sob o frágil argumento da isonomia, é


justamente obter, por via transversa, os mesmos benefícios remuneratórios que os Engenheiros
CELETISTAS obtiveram nos autos do processo trabalhista nº 00864.1985.002.13.001, e que o Supremo
Tribunal Federal já disse não lhes ser aplicáveis, conforme decisão:

EMENTA: - Direito Constitucional e Processual Civil. Jurisdição.


Competência. Justiça do Trabalho e Justiça Comum. Servidores celetistas e
estatutários do Estado da Paraíba. Transação celebrada com este, perante a
Justiça do Trabalho. Jurisdição: art. 142 da Emenda Constitucional nº 1, de
1969. Estabilidade: art. 100 da mesma Emenda. 1. Não competia a Justiça do
Trabalho, já sob a egide da E.C. nº 1/69, mesmo em processo de Reclamação
Trabalhista, homologar transações celebradas entre servidores estatutários e o
Estado a que vínculados (art. 142). 2. Sob a vigência da mesma norma
constitucional (art. 142) já era da competência da Justiça do Trabalho processar
Reclamações apresentadas por servidores celetistas contra o Estado a que
vínculados, podendo, pois, homologar transações celebradas entre tais partes
sobre o objeto da ação. 3. Não se aplicava aos celetistas, ao tempo da E.C. nº
1/69, a norma do art. 100, por força da qual se tornavam "estáveis, após dois
anos de exercício, os funcionários nomeados por concurso". Mas, sim, a do art.
165, XIII, não focalizada, porém, no Recurso Extraordinário. 4. R.E. conhecido,
em parte, e, nessa parte, provido, para se julgar procedente a Ação Rescisória a
fim de ficar desconstituída, apenas, a transação celebrada entre o Estado da
Paraíba e os servidores estatutários, restando, quanto a eles, anulado e trancado
o processo da Reclamação Trabalhista, por incompetência da Justiça do
Trabalho. 5. Não focalizando o R.E. norma constitucional, que possa justificar
a desconstituição da transação celebrada pelo Estado com os celetistas, esta
subsiste porque homologada por Justiça competente (a do Trabalho). 6. R.E.
conhecido, em parte, e, nessa parte, provido, nos termos do voto do Relator. 7.
Votação unânime. (RE 163566, Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES, Primeira
Turma, julgado em 27/02/1996, DJ 29-03-1996 PP-09352 EMENT
VOL-01822-04 PP-00668) (Destacamos)

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A Administração Pública, na espécie, está se valendo justamente do princípio da isonomia,
tomado em seu aspecto formal, ou seja, tratando desigualmente os desiguais, já que aos servidores
estatutários não pode ser dispensado o mesmo tratamento remuneratório dos servidores celetistas, muito
menos estender àqueles, benesses obtidas por estes em razão de sua condição particular (vínculo
celetista), malferindo a reserva legal exigida para fins de incremento remuneratório.

Nesse sentido, a Carta da República:

CAPÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:
(...)
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do
art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a
iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na
mesma data e sem distinção de índices; (Destacamos)

Com base no princípio da legalidade, e em especial no da reserva legal para fins de


aumento remuneratório dos servidores, é que foi editada, inclusive, a SÚMULA VINCULANTE .º 37 do
EXCELSO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, a qual se afigura plenamente aplicável ao caso
trazido à cognição de Vossa Excelência:

SÚMULA VINCULANTE Nº 37

Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.

Os precedentes que deram origem ao supracitado enunciado sumular vinculante se


encaixam como uma mão na luva ao presente caso, de modo que outra solução não pode ser aplicada ao
caso. Vejamos os precedentes que culminaram com a edição do entendimento acima:

A questão central a ser discutida nestes autos refere-se à possibilidade de o Poder


Judiciário ou a Administração Pública aumentar vencimentos ou estender
vantagens a servidores públicos civis e militares, regidos pelo regime estatutário,
com fundamento no princípio da isonomia, independentemente de lei.
Inicialmente, salienta-se que, desde a Primeira Constituição Republicana, 1891,
em seus artigos 34 e 25, já existia determinação de que a competência para
reajustar os vencimentos dos servidores públicos é do Poder Legislativo, ou seja,
ocorre mediante edição de lei. Atualmente, a Carta Magna de 1988, artigo 37,

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X, trata a questão com mais rigor, uma vez que exige lei específica para o
reajuste da remuneração de servidores públicos. A propósito, na Sessão Plenária
de 13.12.1963, foi aprovado o enunciado 339 da Súmula desta Corte, (...). Dos
precedentes que originaram essa orientação jurisprudencial sumulada, resta
claro que esta Corte, pacificou o entendimento no sentido de que aumento de
vencimentos de servidores depende de Lei e não pode ser efetuado apenas com
suporte no princípio da isonomia. (...) Registre-se que, em sucessivos julgados,
esta Corte tem reiteradamente aplicado o Enunciado 339 da Súmula do STF,
denotando que sua inteligência permanece atual para ordem constitucional
vigente." (RE 592317, Relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento em
28.8.2014, DJe de 10.11.2014, com repercussão geral - tema 315)

"Ressalto que, segundo entendimento pacificado no Supremo Tribunal Federal,


não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia, conforme
preceitua o Enunciado n. 339 da Súmula desta Corte, nem ao próprio legislador é
dado, segundo o art. 37, XIII da Constituição Federal, estabelecer vinculação ou
equiparação de vencimentos." (ARE 762806 AgR, Relator Ministro Gilmar
Mendes, Segunda Turma, julgamento em 3.9.2013, DJe de 18.9.2013)

Tenta a parte autora convencer este órgão judicante que os Engenheiros Celetistas
estariam, por força do acordo celebrado com a Administração nos autos da demanda trabalhista
(30/11/2010), automaticamente incursos no regime estatutário, o que levaria ao alegado tratamento não
isonômico.

Impossível!

Nenhum acordo judicial tem o condão de converter servidores celetistas em


estatutários. Somente a lei poderia fazê-lo, e desde que abarcasse apenas servidores estáveis ou
concursados (pena de violação ao princípio do concurso público).

Nesse sentido o Supremo Tribunal Federal:

“Ação direta de inconstitucionalidade, §§ 3º e 4º do artigo 276 da Lei 10.098, de


03.02.94, do Estado do Rio Grande do Sul. - Inconstitucionalidade da expressão
"operando-se automaticamente a transposição de seus ocupantes" contida no § 2º
do artigo 276, porque essa transposição automática equivale ao aproveitamento
de servidores não concursados em cargos para cuja investidura a Constituição
exige os concursos aludidos no artigo 37, II, de sua parte permanente e no § 1º do
artigo 19 de seu ADCT. - Quanto ao § 3º desse mesmo artigo, é de dar-se-lhe
exegese conforme à Constituição, para excluir, da aplicação dele, interpretação
que considere abrangidas, em seu alcance, as funções de servidores celetistas
que não ingressaram nelas mediante concurso a que aludem os dispositivos
constitucionais acima referidos. - Por fim, no tocante ao § 4º do artigo em causa,
na redação dada pela Lei estadual nº 10.248/94, também é de se lhe dar exegese
conforme à Constituição, para excluir, da aplicação dele, interpretação que

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considere abarcados, em seu alcance, os empregos relativos a servidores
celetistas que não se submeteram a concurso, nos termos do artigo 37, II, da
parte permanente da Constituição ou do § 1º do artigo 19 do ADCT. Ação que se
julga procedente em parte, para declarar-se inconstitucional a expressão
"operando-se automaticamente a transposição de seus ocupantes" contida no
artigo 276, § 2º, da Lei 10.098, de 03.02.94, do Estado do Rio Grande do Sul, bem
como para declarar que os §§ 3º e 4º desse mesmo artigo 276 (sendo que o último
deles na redação que lhe foi dada pela Lei 10.248, de 30.08.94) só são
constitucionais com a interpretação que exclua da aplicação deles as funções ou
os empregos relativos a servidores celetistas que não se submeteram ao
concurso aludido no artigo 37, II, da parte permanente da Constituição, ou
referido no § 1º do artigo 19 do seu ADCT.” (ADI 1150, Relator(a): Min.
MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 01/10/1997, DJ 17-04-1998
PP-00001 EMENT VOL-01906-01 PP-00016)

O que fez a Administração em 30/11/2010 foi acordar com os servidores celetistas, em


juízo, que seus reajustes futuros não mais seriam realizados com base na legislação federal, mas, sim, com
base nos mesmos índices utilizados pelos engenheiros estatutários.

Utilizar do PCCR dos Engenheiros, Arquitetos e Geógrafos como espelho para um


acordo judicial com servidores celetistas, relativamente a seus reajustes futuros, não implica
transformar estes em servidores estatutários (até porque somente a lei poderia fazê-lo), muito
menos autoriza os servidores estatutários a postular, com base em isonomia, a obtenção de ganhos
remuneratórios obtidos por aqueles celetistas, em processo que tramitou na Justiça do Trabalho e
teve por eficácia subjetiva da coisa julgada um rol limitado de 64 (sessenta e quatro) pessoas.

Deferir aos Promoventes os reajustes obtidos pelos Engenheiros Celetistas, no bojo da ação
trabalhista nº 00864.1985.002.13.001, seria o mesmo que ignorar a natureza de seus vínculos
(estatutários), a eficácia subjetiva da coisa julgada, o princípio da reserva legal (art. 37, X, da CF/88) e o
próprio princípio da isonomia em sua acepção formal, ou aristotélica, promovendo a vedada atividade
jurisdicional legiferante estampada na súmula vinculante nº 37 do STF.

Não fosse por isso, o pleito dos autores, ainda encontra outro óbice, qual seja, a não
recepção da norma invocada como fundamento da pretensão (remuneração atrelada a múltiplos de salário
mínimo pela Lei Federal nº 4.950-A/66) pela ordem constitucional vigente.

O Diploma legal em comento ostenta a seguinte redação:

“Art . 1º O salário-mínimo dos diplomados pelos cursos regulares superiores


mantidos pelasEscolas de Engenharia, de Química, de Arquitetura, de Agronomia
e de Veterinária é o fixado pela presente Lei.

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Art . 2º O salário-mínimo fixado pela presente Lei é a remuneração mínima
obrigatória por serviços prestados pelos profissionais definidos no art. 1º, com
relação de emprêgo ou função, qualquer que seja a fonte pagadora.

Art . 3º Para os efeitos desta Lei as atividades ou tarefas desempenhadas pelos


profissionais enumerados no art. 1º são classificadas em:

a) atividades ou tarefas com exigência de 6 (seis) horas diárias de serviço;

b) atividades ou tarefas com exigência de mais de 6 (seis) horas diárias de


serviço.

Parágrafo único. A jornada de trabalho é a fixada no contrato de trabalho ou


determinação legal vigente.

Art . 4º Para os efeitos desta Lei os profissionais citados no art. 1º são


classificados em:

a) diplomados pelos cursos regulares superiores mantidos pelas Escolas de


Engenharia, de Química, de Arquitetura, de Agronomia e de Veterinária com
curso universitário de 4 (quatro) anos ou mais;

b) diplomados pelos cursos regulares superiores mantidos pelas Escolas de


Engenharia, de Química, de Arquitetura, de Agronomia e de Veterinária com
curso universitário de menos de 4 (quatro) anos.

Art . 5º Para a execução das atividades e tarefas classificadas na alínea a do art.


3º, fica fixado o salário-base mínimo de 6 (seis) vêzes o maior salário-mínimo
comum vigente no País, para os profissionais relacionados na alínea a do art. 4º,
e de 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo comum vigente no País, para os
profissionais da alínea b do art. 4º.

Art . 6º Para a execução de atividades e tarefas classificadas na alínea b do art.


3º, a fixação do salário-base mínimo será feito tomando-se por base o custo da
hora fixado no art. 5º desta Lei, acrescidas de 25% as horas excedentes das 6
(seis) diárias de serviços.

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Art . 7º A remuneração do trabalho noturno será feita na base da remuneração do
trabalho diurno, acrescida de 25% (vinte e cinco por cento).

Art . 8º Esta Lei entrará em vigor na data da sua publicação, revogadas as


disposições em contrário.” (sem grifos no original).

Emerge da dicção dos preceitos legais supra transcritos que a sistemática de reajuste
remuneratório por eles implementada, levada a efeito mediante a vinculação do piso salarial das
categorias profissionais por eles contempladas a múltiplos do salário mínimo, culmina por estabelecer
uma sistemática de aumento automático da remuneração em favor de tais servidores públicos,
consubstanciado no reajuste automático dos vencimentos da aludida categoria de servidores estaduais a
partir do seu atrelamento ao salário mínimo, em total contrariedade ao mandamento constitucional de
conteúdo proibitivo esculpido no inciso IV do art. 7º da Constituição da República, assim redigido:

“[...]

IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a


suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim;”

No ponto, sobreleva consignar que o Colendo Supremo Tribunal Federal pacificou a sua
jurisprudência no sentido da impossibilidade de vinculação de piso salarial a múltiplos do salário mínimo,
não admitindo a utilização do salário mínimo como fator de reajuste automático da remuneração de
servidores públicos, sob pena de transgressão ao que disposto no art. 7º, IV, da Constituição da República,
consoante evidenciam os arestos adiante transcritos:

“EMENTA: 1. Argüição de descumprimento de preceito fundamental ajuizada


com o objetivo de impugnar o art. 34 do Regulamento de Pessoal do Instituto de
Desenvolvimento Econômico-Social do Pará (IDESP), sob o fundamento de
ofensa ao princípio federativo, no que diz respeito à autonomia dos Estados e
Municípios (art. 60, §4o , CF/88) e à vedação constitucional de vinculação do
salário mínimo para qualquer fim (art. 7º, IV, CF/88). 2. Existência de ADI
contra a Lei nº 9.882/99 não constitui óbice à continuidade do julgamento de
argüição de descumprimento de preceito fundamental ajuizada perante o
Supremo Tribunal Federal. 3. Admissão de amicus curiae mesmo após terem sido
prestadas as informações 4. Norma impugnada que trata da remuneração do
pessoal de autarquia estadual, vinculando o quadro de salários ao salário
mínimo. 5. Cabimento da argüição de descumprimento de preceito fundamental
(sob o prisma do art. 3º, V, da Lei nº 9.882/99) em virtude da existência de
inúmeras decisões do Tribunal de Justiça do Pará em sentido manifestamente
oposto à jurisprudência pacificada desta Corte quanto à vinculação de salários a
múltiplos do salário mínimo. 6. Cabimento de argüição de descumprimento de
preceito fundamental para solver controvérsia sobre legitimidade de lei ou ato
normativo federal, estadual ou municipal, inclusive anterior à Constituição
(norma pré-constitucional). 7. Requisito de admissibilidade implícito relativo à

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relevância do interesse público presente no caso. 8. Governador de Estado detém
aptidão processual plena para propor ação direta (ADIMC 127/AL, Rel. Min.
Celso de Mello, DJ 04.12.92), bem como argüição de descumprimento de preceito
fundamental, constituindo-se verdadeira hipótese excepcional de jus postulandi.
9. ADPF configura modalidade de integração entre os modelos de perfil difuso e
concentrado no Supremo Tribunal Federal. 10. Revogação da lei ou ato
normativo não impede o exame da matéria em sede de ADPF, porque o que se
postula nessa ação é a declaração de ilegitimidade ou de não-recepção da norma
pela ordem constitucional superveniente. 11. Eventual cogitação sobre a
inconstitucionalidade da norma impugnada em face da Constituição anterior, sob
cujo império ela foi editada, não constitui óbice ao conhecimento da argüição de
descumprimento de preceito fundamental, uma vez que nessa ação o que se
persegue é a verificação da compatibilidade, ou não, da norma pré-constitucional
com a ordem constitucional superveniente. 12. Caracterizada controvérsia
relevante sobre a legitimidade do Decreto Estadual nº 4.307/86, que aprovou o
Regulamento de Pessoal do IDESP (Resolução do Conselho Administrativo nº
8/86), ambos anteriores à Constituição, em face de preceitos fundamentais da
Constituição (art. 60, §4º, I, c/c art. 7º, inciso IV, in fine, da Constituição Federal)
revela-se cabível a ADPF. 13. Princípio da subsidiariedade (art. 4o ,§1o, da Lei
no 9.882/99): inexistência de outro meio eficaz de sanar a lesão, compreendido
no contexto da ordem constitucional global, como aquele apto a solver a
controvérsia constitucional relevante de forma ampla, geral e imediata. 14. A
existência de processos ordinários e recursos extraordinários não deve excluir, a
priori, a utilização da argüição de descumprimento de preceito fundamental, em
virtude da feição marcadamente objetiva dessa ação. 15. Argüição de
descumprimento de preceito fundamental julgada procedente para declarar a
ilegitimidade (não-recepção) do Regulamento de Pessoal do extinto IDESP em
face do princípio federativo e da proibição de vinculação de salários a múltiplos
do salário mínimo (art. 60, §4º, I, c/c art. 7º, inciso IV, in fine, da Constituição
Federal)” (STF – Tribunal Pleno – ADPF 33/PA – Rel. Min. Gilmar Mendes – DJ
27.10.2006) (grifo nosso).

“EMENTA: ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO


FUNDAMENTAL. ARTIGO 2º DO DECRETO N. 4.726/87 DO ESTADO DO
PARÁ. ATO REGULAMENTAR. AUTARQUIA ESTADUAL. DEPARTAMENTO
DE ESTRADAS DE RODAGEM. REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES.
VINCULAÇÃO AO SALÁRIO MÍNIMO. NÃO-RECEBIMENTO DO ATO
IMPUGNADO PELA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. AFRONTA AO
DISPOSTO NO ARTIGO 7º, INCISO IV, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.
1. A controvérsia posta nestes autos foi anteriormente examinada por esta Corte
quando do julgamento da ADPF n. 33. 2. Decreto estadual que vinculava os
vencimentos dos servidores da autarquia estadual ao salário mínimo. 3.
Utilização do salário mínimo como fator de reajuste automático de remuneração
dos servidores da autarquia estadual. Vedação expressa veiculada pela
Constituição do Brasil. Afronta ao disposto no artigo 7º, inciso IV, da CB/88. 4.
Liminar deferida por esta Corte em 7 de setembro de 2.005. 5. Argüição de
descumprimento de preceito fundamental julgada procedente para declarar o
não-recebimento, pela Constituição do Brasil, do artigo 2º do decreto n. 4.726/87
do Estado do Pará.” (STF – Tribunal Pleno – ADPF 47/PA – Rel. Min. Eros
Grau – DJe 18.04.2008) (grifo nosso).

“EMENTAS: 1. RECURSO. Extraordinário. Vinculação de salário profissional a


múltiplos do salário mínimo. Impossibilidade. Precedentes. Esta Corte já

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assentou sua jurisprudência no sentido da impossibilidade de vinculação de
salário profissional a múltiplos do salário mínimo. 2. RECURSO. Agravo de
instrumento. Ausência de cópias da petição inicial e da sentença de primeiro
grau. Art. 544, §3º, do CPC. Desnecessidade. Outras fontes de convencimento.
Não se exige, para fins de provimento do agravo, cópia da exordial e da sentença
de primeira instância, desde que, por outros documentos, seja possível aferir a
exata dimensão da quaestio iuris.” (STF – Segunda Turma – AI 277835 AgR/PR –
Rel. Min. Cezar Peluso – DJe 26.02.2010) (destaque nosso).

“EMENTA Agravos regimentais em agravo de instrumento. Preclusão


consumativa do segundo agravo. Piso salarial. Vinculação ao salário mínimo.
Impossibilidade. Precedentes. 1. Interpostos 2 (dois) agravos regimentais contra
a mesma decisão, incide, quanto ao último, a preclusão consumativa. 2.
Impossibilidade de vinculação de piso salarial a múltiplos do salário mínimo. 3.
Agravo regimental não provido.” (STF – Primeira Turma – AI 620193 AgR/PE –
Rel. Min. Dias Toffoli – DJe 09.03.2012) (destaque nosso).

“Ementa: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA. SERVIDORA PÚBLICA.


ART. 7º, IV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PREQUESTIONAMENTO.
EXISTÊNCIA. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 5º DA LEI 4.950-A/66.
PRECEDENTES DO STF. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA
PROVIMENTO.” (STF – Segunda Turma – RE 480244 AgR/PI – Rel. Min. Teori
Zavascki – DJe 28.02.2013) (grifo nosso).

“Ementa: CONSTITUCIONAL. TRABALHO. REMUNERAÇÃO. LEI


4.950-A/1966. PISO SALARIAL. MÚLTIPLOS DO SALÁRIO-MÍNIMO.
IMPOSSIBILIDADE. OFENSA AO ART. 7º, IV, DA CF. SÚMULA
VINCULANTE 4. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I
– A jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que a fixação do piso salarial
em múltiplos do salário mínimo ofende o artigo 7º, IV, da Constituição.
Precedentes. II - O entendimento desta Corte, consubstanciado na Súmula
Vinculante 4, é de que, salvo nos casos previstos na Constituição, o salário
mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de
servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial. III -
Agravo regimental a que se nega provimento.” (STF – Segunda Turma – ARE
689583 AgR/RO – Rel. Min. Ricardo Lewandowski – DJe 05.06.2014) (grifo
nosso).

“Agravo regimental em agravo de instrumento. 2. Direito do Trabalho. Piso


salarial. Salário mínimo. Lei 4.950-A/66. 3. Reajuste automático do piso salarial
indexado ao salário mínimo. Impossibilidade. Precedentes. 4. Ausência de
argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 5. Agravo regimental a que
se nega provimento.” (STF – Segunda Turma – AI 841685 AgR/PE – Rel. Min.
Gilmar Mendes – DJe 25.09.2014) (grifo nosso).

E, ressalte-se, sublinhando e não apenas de passagem, que esse entendimento já havia sido
firmado pelo Pretório Excelso sob a égide do ordenamento constitucional pretérito, inclusive com a

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declaração de inconstitucionalidade da Lei Federal nº 4.950-A/66, conforme se depreende da leitura dos
seguintes julgados, emblemáticos quanto à problemática em tela:

“REPRESENTAÇÃO. SALARIO DOS ENGENHEIROS, ARQUITETOS E


AGRONOMOS, NA BASE DO SALARIO MINIMO, SUA FIXAÇÃO EM LEI.
SUA CONSTITUCIONALIDADE PARCIAL. A LEI QUE FIXA
VENCIMENTOS A SERVIDORES PUBLICOS DEPENDE DE INICIATIVA
DO PODER EXECUTIVO. SALARIO MOVEL NÃO SE CONCILIA COM
ESSA EXIGÊNCIA CONSTITUCIONAL, PORQUE ESTA SUJEITO A
MODIFICAÇÃO AUTOMÁTICA, EM FUNÇÃO DO SALARIO MINIMO, A
REVELIA DA INICIATIVA DO PODER EXECUTIVO. APLICAÇÃO DA LEI A
QUANTOS SE ACHAM SUBORDINARDOS AO SEU REGIME, SERVIDORES
PUBLICOS OU AUTARQUICOS OU EMPREGADOS DE EMPRESAS
PRIVADAS. RECEBIDA EM PARTE A REPRESENTAÇÃO PARA JULGAR
INCONSTITUCIONAL A LEI, SOMENTE EM RELAÇÃO AOS SERVIDORES
PUBLICOS E AUTARQUICOS NÃO SUJEITOS A CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS
DO TRABALHO E CONSTITUCIONAL AQUELES A ELA SUBORDINADOS.”
(STF – Tribunal Pleno – Rp 745/DF – Rel. p/ Acórdão Min. Themístocles
Cavalcanti – DJ 24.05.1968) (destaque nosso).

“REPRESENTAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SALARIO MINIMO E


REMUNERAÇÃO DO TRABALHO NOTURNO DE PROFISSIONAIS
DIPLOMADOS EM ENGENHARIA, QUIMICA, ARQUITETURA, AGRONOMIA
E VETERINARIA. PEDIDO PREJUDICADO, COM REFERENCIA A
REMUNERAÇÃO MINIMA DE ENGENHEIROS, ARQUITETOS E
ENGENHEIROS AGRONOMOS, EM FACE DO JULGAMENTO DA
REPRESENTAÇÃO N. 745, EM 13.03.1968. PROCEDENCIA DA
REPRESENTAÇÃO, PARA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
DA L. 4.950-A, DE 24.04.1966.” (STF – Tribunal Pleno – Rp 716/DF – Rel. Min.
Eloy da Rocha – DJ 13.03.1970) (grifo nosso).

Registre-se que, por força da declaração de inconstitucionalidade proferida nos autos da


Representação nº 716/DF, o Senado Federal suspendeu, por inconstitucionalidade, a aplicação da Lei
4.950-A em relação aos servidores estatutários, conforme a redação da Resolução Senatorial nº 12/71:

“Faço saber que o Senado Federal aprovou, nos termos do art. 42, inciso VII, da
Constituição, e eu, Petrônio Portella, Presidente, promulgo a seguinte

RESOLUÇÃO N. 12 – DE 1971

Suspende, por inconstitucionalidade, a execução da Lei nº 4.950-A, de 22 de abril


de 1966, em relação aos servidores públicos sujeitos ao regime estatutário.

Art. 1º – É suspensa, por inconstitucionalidade, nos termos da decisão definitiva


proferida pelo Supremo Tribunal Federal, em 26 de fevereiro de 1969, nos autos
da Representação nº 716, do Distrito Federal, a execução da Lei nº 4.950-A, de
22 de abril de 1966, em relação aos servidores públicos sujeitos ao regime
estatutário.

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Art. 2º – Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Senado Federal, em 7 de junho de 1971. – Petrônio Portella, Presidente do


Senado Federal.

Publicada no DCN (Seção II) de 8-6-71”

Quadra assinalar que a questão assumiu tamanha relevância e repercussão, que na sessão
do dia 30 de abril de 2008, o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, com base no permissivo contido no
art. 103-A, da Constituição Federal, editou a SÚMULA VINCULANTE Nº 4, vedando a vinculação da
remuneração de servidores públicos – estatutários ou celetistas – a múltiplos de salários mínimos,
incidindo essa vedação quanto a diplomas normativos e decisões judiciais.

É o teor da Súmula:

“SALVO NOS CASOS PREVISTOS NA CONSTITUIÇÃO, O SALÁRIO


MÍNIMO NÃO PODE SER USADO COMO INDEXADOR DE BASE DE
CÁLCULO DE VANTAGEM DE SERVIDOR PÚBLICO OU DE
EMPREGADO, NEM SER SUBSTITUÍDO POR DECISÃO JUDICIAL.”

Na linha dos precedentes supra transcritos, depreende-se que o entendimento assente na


jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que o reajuste automático da
remuneração de servidores públicos estaduais, tomando por base a vinculação a múltiplos do salário
mínimo, atenta contra a autonomia política dos Estados-membros e desrespeita frontalmente a proibição
constitucional da vinculação do salário mínimo para qualquer fim, a teor do que preconiza o comando
normativo inserto no art. 7º, IV, da Constituição da República, sendo forçoso o reconhecimento de que a
Lei Federal nº 4.950-A/66 não restou recepcionada pela ordem constitucional vigente.

Em verdade, acolher a pretensão dos autores implicaria estender a implantação do


piso salarial previsto na Lei Federal nº 4.950-A/66, concedida a um restrito grupo de servidores
celetistas por força de uma transação judicial celebrada entre os aludidos servidores e o Estado da Paraíba
ao arrepio da Constituição Federal, porquanto a avença teve por objeto assegurar a implantação do piso
salarial de 8,5 (oito e meio) salários mínimos com fundamento em regramento normativo desprovido de
validade jurídico-constitucional, posto que flagrantemente incompatível com o texto constitucional
atual, nos termos do art. 7º, IV, da Constituição da República.

Registre-se, outrossim, não haver falar em desrespeito à Lei Ordinária Estadual nº


8.428/2007, que instituiu o Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração dos servidores civis de nível
superior da Área Tecnológica SAT-1900, uma vez que o aludido Diploma legal, diferentemente da
previsão contida na Lei Federal nº 4.950-A/66, em nenhum momento determina o pagamento de
remuneração vinculada a múltiplos do salário mínimo, contendo tabelas com valores fixos
correspondentes às remunerações dos diversos cargos por ela contemplados.

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Número do documento: 19091815383897400000023757794
Ressoa evidente de tais considerações a improcedência da pretensão autoral de implantação
do piso salarial com base em múltiplos do salário mínimo em favor de um pequeno grupo de servidores
integrantes do Grupo Ocupacional a que pertencem os autores, com base em Lei Federal não
recepcionada pela Constituição Federal de 1988, devendo a ação ser julgada improcedente.

III – DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, comprovado que inexiste qualquer fundamento fático e jurídico no pedido
formulado pela parte demandante, o Estado da Paraíba requer a Vossa Excelência que:

a) no mérito, se digne a julgar improcedentes os pedidos formulados pela parte autora,


em face dos elementos de fato e de direito trazidos à lume, com a consequente condenação
da parte adversa ao pagamento das custas e honorários advocatícios;

b) na hipótese de condenação, a plena observância dos índices do art. 1.º-F da Lei n.º
9.494/1997;

Protesta pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente juntada
de documentos.

Pede deferimento.

João Pessoa, 18 de setembro de 2019.

IGOR DE ROSALMEIDA DANTAS

Procurador do Estado

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