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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ


Comarca de Fortaleza
3ª Vara Cível (SEJUD 1º Grau)
Rua Desembargador Floriano Benevides Magalhaes, nº 220, Água Fria - CEP 60811-690, Fone: (85) 3492 8254,
Fortaleza-CE - E-mail: for03cv@tjce.jus.br

DECISÃO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0235187-45.2020.8.06.0001 e código 6BFC8A5.
Processo nº: 0235187-45.2020.8.06.0001
Apensos:
Classe: Arrolamento Comum
Assunto: Rescisão do contrato e devolução do dinheiro
Arrolante: Alexsandro Dourado Cardoso e outro
Arrolado: Mvc Férias Empreendimentos Turísticos e Hotelaria Ltda

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CID PEIXOTO DO AMARAL NETO, liberado nos autos em 30/06/2020 às 10:11 .
Tratam os autos de Ação Anulatória de Cláusulas Contratuais Abusivas, com
rescisão contratual com restituição de quantias pagas e pedido de tutela de urgência, proposto
por Alexsandro Dourado Cardoso e Marcelânia Régia Pinto e Silva Dourado, em desfavor de
MVC Férias Empreendimentos Turísticos e Hotelaria Ltda, todos devidamente qualificados
na exordial.
Afirmam os autores que foram surpreendidos por funcionários da empresa
requerida a adquirir um de seus empreendimentos, qual seja Beverlly Hills Residence, o
mesmo através de uma apresentação. Ademais, os requerentes forneceram seus dados para
ganhar um voucher em restaurante na cidade.
Mencionam que após a exaustiva apresentação e após a insistente e convincente
proposta, prometidos que iriam receber diversas vantagens se assinassem o contrato no
momento, os demandantes firmaram o acordo com a entrada no valor de R$ 3.600,00 (três mil
e seiscentos reais) pagos no cartão de crédito.
O acordo compreendia programa de férias em que poderiam usufruir do uso de
imóveis no empreendimento “Beverlly Hills Residence”, ou mesmo poderia obter
lucratividade com o referido negócio, através da locação dos seus períodos fracionados com a
utilização de terceiros com montante de R$ 68.400,00 (sessenta e oito mil e quatrocentos
reais).
Aludem os autores que devido a pandemia restaram-se impedidos de continuar
com o contrato, fato que os fizeram procurar a requerida para efetivar o distrato, considerando
que esta afirmara poder ser feito a qualquer momento. No entanto as tentativas de reaver os
valores pagos e rescindir o contrato foram infrutíferas, tendo em vista que a ré somente juntou
memorial de calculo dos valores já pagos pelos requerentes. Ademais, os demandantes
afirmam que os requeridos dificultaram o pagamento da 5° parcela referente ao contrato.
Antes o exposto, vem os requerentes em sede de tutela de urgência suscitar
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para que sejam suspensos os efeitos do contrato, inclusive as taxas de manutenção e, por

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conseguinte, que a requerida se abstenha de inscrever os requerentes nos cadastros restritivos
ao crédito, além de impedir protestos de títulos, bem como a imediata restituição dos valores
incontroversos, tudo sob pena de aplicação de multa diária de R$1.000,00 (mil reais) em caso
de descumprimento.

Este é o breve relatório. Passo a decidir e fundamentar.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CID PEIXOTO DO AMARAL NETO, liberado nos autos em 30/06/2020 às 10:11 .
Defiro a gratuidade judiciária requestada, com fulcro no art.98 CPC.
Como bem se sabe, com o advento do Código de Processo Civil de 2015, a
concessão de tutela de urgência, na forma do artigo 300, caput, seja cautelar ou satisfativa,
exige o preenchimento dos seguintes pressupostos: (i) a presença de elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e (ii) perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo. Observe-se:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir
caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa
vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação
prévia.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando
houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Sobre o tema, elucidativa é a lição dos Professores Terresa Arruda Alvim


Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogério Licastro
Torres de Mello: "O caput do artigo 300, traz os requisitos para a concessão da tutela de
urgência (cautelar ou satisfativa), quais sejam, evidência da probabilidade do direito e o
perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo" (Primeiros Comentários ao Novo
Código de Processo Civil Anotado. Pág. 498).
Pois bem. Diante da narrativa dos fatos e o que consta do processo em face dos
citados requisitos para o deferimento da tutela de urgência, verifico o preenchimento de tais
pressupostos. Explico!
Analisando o que consta nos autos até o presente momento em sede de
cognição sumária, entendo que os fatos articulados pela parte autora encontram respaldo
probatório. Digo isto, pois, do cotejo das provas, verifico a existência de elementos que as
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partes possuem relação contratual, como se verifica às fls.30/38, bem como da memória de

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cálculo enviada pela requerida às fls.42.
Por sua vez, quanto ao pressuposto – perigo de dano ou risco ao resultado útil
do processo, este se encontra presente na medida em que permanecendo as cobranças mesmo
diante da manifestação pelo distrato dos autores, poderá ensejar prejuízos financeiros.
No mais, registro que a presente medida é agasalhada pela reversibilidade, o
que atende ao parágrafo terceiro, do artigo 300, do Código de Processo Civil de 2015.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CID PEIXOTO DO AMARAL NETO, liberado nos autos em 30/06/2020 às 10:11 .
Logo, preenchido os requisitos, o deferimento da tutela de urgência antecipada é medida de
justiça.
Pelo exposto, defiro parcialemente o pedido de tutela provisória de urgência
antecipada, determinando a suspensão do contrato firmado entre as partes, bem como que o
requerido se abstenha de incluir o autor em órgãos de proteção ao crédito sobre o instrumento
da presente ação, até ulterior deste juízo. Quanto ao pedido de imediata restituição dos valores
incontroversos, indefiro a medida, por entender que as ora já deferidas suprem o caráter da
tutela pleiteada.
Diante do cenário mundial de pandemia provocada pelo vírus coronavírus
(COVID-19), foram editadas as Resoluções Nº 313/2020, 314/2020 e 318/2020 bem como a
Portaria Nº 79/2020 – CNJ e as Portarias Nº 497/2020, 612/2020, 648/2020, 679/2020,
725/2020, 775/2020 e 825/2020 – TJCE, que suspendem o trabalho presencial no Poder
Judiciário até o dia 30 de Junho de 2020 bem como todas as audiências e sessões presenciais
até a mesma data.
Buscando evitar maiores prejuízos às partes bem como dar celeridade
processual, hei por bem neste momento em deixar de designar a audiência prevista no art. 334
do CPC, o que tão logo retorne à normalidade deverão às partes manifestar-se acerca da
realização do ato conciliatório.
Cite-se o réu, por carta com aviso de recebimento, para, querendo, apresentar
contestação no prazo de 15, cujo termo inicial será a data prevista no art. 231, de acordo com
o modo como foi feita a citação, art. 335, III, CPC.
Intime-se a parte autora via DJe.
Fortaleza/CE, 29 de junho de 2020.
Cid Peixoto do Amaral Neto
Juiz

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