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EXMO.(A) SR.

(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ____ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE


BETIM/MG

ATAIDE ALVES DE ANDRADE, brasileiro, casado, guarda, portador do RG MG-3.218.368


SSP/MG, inscrito CPF sob o nº 375.194.256-49, sem endereço eletrô nico, residente e
domiciliado na Rua Edcionina André Ferreira, nº 174, casa 1, Bairro Jardim Brasília,
Betim/MG, CEP 32.671-486, neste ato representado por seus Procuradores e Advogados
(procuraçã o em anexo), contato (31) 97559-4420, situados na Rua Ouro Preto, nº 340,
Sala 203, Barro Preto, Belo Horizonte/MG, CEP 30.170-040, onde recebem suas
intimaçõ es, vêm respeitosamente perante Vossa Excelência, nos termos do art. 318 e
seguintes do CPC propor , ajuizar a presente

AÇÃO Declaratória de nulidade de CONTRATO C/C RESTITUIÇÃO DE QUANTIAS PAGAS

em face de BANCO BMG S.A, CNPJ nº 61.186.680/0001-74, endereço eletrô nico


suporteprodutosbmg@bancobmg.com.br, com sede na Avenida Brigadeiro Faria de Lima,
nº 3477, 9º andar, bairro Itaim Bibi, na cidade de Sã o Paulo/SP, CEP: 04.538-133, sob os
fatos e fundamentos de direito que a seguir se expõ e:

Praça Tiradentes, nº 97, sala 302, Betim/MG – CEP: 32.600-028


Fone/Fax: (31) 9 7564-9826 – email: fernandocortezzi@yahoo.com.br
DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA
A Gratuidade de Justiça é assegurada por lei, conforme o artigo 5º, LXXIV, da
Constituiçã o Federal, que concebe que “o Estado prestará assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos” (BRASIL,1988). Ademais, é
assegurado também pela Lei 13105/2015, em seu artigo 98 que:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.
1o A gratuidade da justiça compreende:
I - as taxas ou as custas judiciais; II - os selos postais;
III - as despesas com publicação na imprensa oficial,
dispensando-se a publicação em outros meios;
IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada,
receberá do empregador salário integral, como se em serviço
estivesse;
V - as despesas com a realização de exame de código genético -
DNA e de outros exames considerados essenciais;
VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do
intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em
português de documento redigido em língua estrangeira;
VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando
exigida para instauração da execução;
VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso,
para propositura de ação e para a prática de outros atos processuais
inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório;
IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em
decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato
notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à continuidade
de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido .
(BRASIL, 2015).

O Requerente nã o possui condiçõ es de arcar com as custas processuais sem


prejuízo de sua subsistência e de sua família, assim requerendo lhe seja deferido o

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Benefício da Gratuidade da Justiça, declarando para os devidos fins ser pobre, nã o tendo
como arcar com o pagamento de custas processuais e demais despesas.

DA TUTELA ANTECIPADA
O Autor requer nos termos dos arts. 294, 300, “caput”e §3º do CPC, sejam
ANTECIPADOS OS EFEITOS DA TUTELA PLEITEADA, determinando a suspensã o imediata
de quaisquer cobranças indevidas até o julgamento final da lide, uma vez que preenche os
requisitos autorizados de tal instituto.

A credibilidade das alegações do Autor é inquestionável, pois caso continua


sofrendo descontos em sua folha de pagamento, junto ao seu empregador pode
colocar em risco eminente sua subsistência e de sua família sustando, desta forma
demonstrada a verossimilhança exigida.

O NCPC permite tutela de urgência, o que é o caso, diante da demanda já ajuizada.

Vejamos o art:

Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou


evidência.
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou
antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou
incidental.(GRIFOS NOSSOS)

A tutela de urgência ora pleiteada encontra guarida na expressa dicçã o do artigo


300, do Novo CPC, que diz:

“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.”

A situaçã o narrada pelo Autor, bem como a necessidade da suspensã o dos


descontos em sua folha da pagamento, sob pena de perecimento do Autor e sua família,
que ora encontram-se privadas do bá sico para o sustento.

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Tais cobranças sã o ABUSIVAS e nã o devem prosperar, pois se ainda fossem legais
tais cobranças, já se passaram meses da “ú ltima parcela”, entã o nã o faz sentido o Autor
continuar sofrendo descontos.

Com efeito, inegá vel que os descontos efetuados podem comprometem a


subsistência do Autor, uma vez que consomem parcela significativa do que recebe a título
de salá rio, sendo imprescindível a SUSPENSÃ O, conforme pleiteado.

Do contrá rio, haverá flagrante desrespeito aos princípios constitucionais da


dignidade da pessoa humana, bem como do artigo 7º, inciso X, da Carta Magna, que prevê a
proteçã o salarial.

Logo, reputa-se razoá vel o pedido da concessã o da tutela de urgência para que tais
descontos sejam SUSEPENSOS nos vencimentos líquidos do devedor e que sejam
suspensos até o final da presente açã o.

O perigo de dano ou risco do resultado ú til do processo consiste em que talvez a


demora de suspensã o dos descontos possa ocorrer danos ao Autor.

O §3º do art. 300 do CPC trata do perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisã o,
pois bem.

No presente caso a suspensã o dos descontos nã o ocasionará perigo algum, sendo


possível a sua reversã o, caso seja nã o seja reconhecido os direitos do Autor, o mesmo
poderá ser compelido a pagar com correçã o.

Em face do exposto, o Autor requer a apreciaçã o da tutela de urgência em cará ter


antecedente, sendo concedida a presente pleiteada, SUSEPENDENDO os descontos na
forma pretendida, até o deslinde do feito, bem como seja suspenso até o final da lide.

DOS FATOS

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O Requerente afirma que em meados de 2011 celebrou contrato de concessã o de
crédito pessoal com o banco Requerido, tendo por objeto o valor de R$1.353,30.

Conforme em anexo, o Autor somente apó s acionar o PROCON teve acesso ao


contrato.
De fato, um contrato de forma consignada conforme documentaçã o anexa. O
Requerente servidor pú blico, ele e vá rios outros servidores também celebraram contrato
de adesã o com o Requerido.
Porém, os descontos consecutivos mensais com variá veis nos valores de R$5,00 até
R$130,00 continuam até os dias de hoje na folha de pagamento do Requerente. Sendo
assim, o valor total descontado é de R$7.286,78.
É notó ria a intençã o do Requerido em coagir o Requerente aos pagamentos de
encargos abusivos, eis que, realiza contrato de adesã o mediante clá usulas prontas e
acabadas para os contratantes. Ainda mais, o contrato nã o foi preenchido na sua
integralidade.
Resta clara, no mínimo a falta de cuidados da instituiçã o financeira Requerida que
forneceu o crédito nessas condiçõ es, o que a torna responsá vel pelos prejuízos causados a
parte Requerente.
Além do mais, o Autor somente assina o seu nome, nã o tem qualquer noçã o do que
foi feito.
Desta feita, nã o restando outra, senã o esta para ver seu direito satisfeito e a
correta medida de justiça aplicada.

DO DIREITO
DOS CONTRATOS EM GERAL
Os contratos pressupõ em, antes de tudo, um negó cio jurídico vá lido e de acordo
com a forma prescrita em lei.

Nos dizeres de CAIO MÁ RIO DA SILVA PEREIRA:

(...)“Os negócios jurídicos são declarações de vontade destinadas à


produção de efeitos jurídicos queridos pelo agente”.

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Destarte, o negó cio jurídico vá lido requer forma prescrita em lei, a teor do disposto
nos artigos 104 a 114 do Có digo Civil. Feito o negó cio jurídico, surge o contrato para
regular e sacramentar a manifestaçã o de vontade das partes.
As normas gerais dos contratos, prescritas no Có digo Civil, aplicam-se a todo tipo
de contrato que se faça em territó rio brasileiro.
No caso em espécie, estamos tratando de um contrato de empréstimo direto ao
consumidor, ou seja, um contrato de adesã o.
Celebrado, entã o, o contrato, surge o negó cio jurídico perfeito e acabado, com
todas as suas implicaçõ es legais.

CONTRATOS DE ADESÃO E O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.


CLÁUSULAS ABUSIVAS.
Diante do contrato de adesã o no valor de R$1.307,99 é clara a incidência de juros
abusivos. É necessá rio a revisã o desses valores, devendo as parcelas do contrato serem
calculadas através da fó rmula de amortizaçã o através dos juros simples, bem como a
nulidade das clá usulas contratuais abusivas. Devem ser aplicadas ao caso em tela as
disposiçõ es do Có digo de Defesa do Consumidor CDC que permitem revisã o contratual no
caso de clá usulas contratuais consideradas abusivas.
No trato negocial, os negó cios jurídicos formalizam-se de regra por adesã o, com
clá usulas e condiçõ es prefixadas pelas empresas.
No contrato direto ao consumidor, o procedimento nã o é diferente.
O 1º Requerido, com efeito, entrega aos clientes contratos sob fó rmula
previamente preparada, cabendo ao outro figurante apenas apor sua assinatura, aderindo
inteiramente ao seu teor, ou recusá -lo, com o que, contrato nenhum haveria. O consumidor
limita-se a aceitar as condiçõ es impressas no contrato.
Resulta evidenciado, por conseguinte, que nã o há efetiva manifestaçã o volitiva,
pois:

“como dizer que há liberdade se o outro contratante sequer tem a


possibilidade de discutir as cláusulas? A pressão econômica e a
necessidade do dinheiro são tanta que a parte não vê escolha senão
acolher a série de cláusulas que, na verdade, constituem nada mais

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que uma armadilha para o desastre ou a derrocada econômica do
contratante”.
(ARNALDO RIZZARDO, Revistas dos Julgados do TARGS, nº
(80:316).

Quem contrata com instituiçõ es financeiras só tem a possibilidade de aceitar em


bloco as condiçõ es impostas ou recusá -las em sua totalidade, deixando de celebrar o
contrato.
Digamos: ou adere à s condiçõ es, ou nã o contrata. Nã o pode, entretanto, modificá-
las ou pretender discuti-las.
O CDC é claro ao definir em seu artigo 54, o contrato de adesã o como:

Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido


aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o
consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu
conteúdo.
§ 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de
adesão do contrato.
§ 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde
que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se
o disposto no § 2° do artigo anterior.
§ 3° Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos
claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte
não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão
pelo consumidor.
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor
deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil
compreensão.

Assim, mostra-se injurídico interpretá -los contra o economicamente mais fraco e a


favor do mais forte, que os elaborou. Segundo entendimento da aplicaçã o da regra de
hermenêutica, os pactos devem ser interpretados a favor do contratante que se obrigou
por adesã o. Aqueles que contratam com instituiçõ es financeiras nã o o fazem numa

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situaçã o de igualdade, mas em verdadeiros contratos de adesã o, em nítida inferioridade,
sendo preciso recompor o equilíbrio.
Essa é, inclusive, a premissa expressa no ART. 47 do CÓ DIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR:

“Art. 47 – As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira


mais favorável ao consumidor”.

Ainda devemos ressaltar que tais taxas abusivas ferem diretamente e Lei de Usura,
É desnecessá rio afirmar que taxas de juros nesses patamares, praticadas regularmente no
mercado, constituem vantagem exagerada à quele que concede o crédito, pois ofendem
princípios fundamentais do direito e revelam-se excessivamente onerosas ao mutuá rio. E
conclui que "com fundamento do Decreto 22.626 /33, no Có digo Civil Brasil, art. 591, e no
Có digo de Defesa do Consumidor, entendo que a taxa dos juros contratuais, sejam
morató rios, sejam remunerató rios, nã o pode ser superior a 12% ao ano, sob pena de
reduçã o".
Concomitantemente à questã o apresentada acima, os contratos contêm clá usulas
que nã o possibilitam a percepçã o e o entendimento por parte do cliente. Sã o cláusulas
normalmente iníquas ou abusivas, desfavorá veis ao cliente, que disseminadas no extenso e
compacto conteú do do contrato, sugerem a nã o leitura.
A Lei nº 8.078/90 dispõ e em seu ART. 46, que:

“Art. 46 – Os contratos que regulam as relações de consumo não


obrigarão os consumidores, (...) se os respectivos instrumentos forem
redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e
alcance”.

Já , em nosso Direito, o PARÁ GRAFO 4º DO ART. 54 DO CDC preconiza que


as clá usulas que implicarem limitaçã o ao direito do consumidor (cliente) deverã o ser
redigidas em destaque permitindo sua fácil e imediata compreensã o. Ressalte-se que em
caso de dú vida, as cláusulas deverem ser interpretadas contra a parte que as ditou.
A Lei de proteçã o ao consumidor, a par da desigualdade, combate o uso de termos
dú bios, ambíguos, rebuscados, que fujam à compreensã o do homem comum. O

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PARÁ GRAFO 3º DO MESMO ART. 54 determina que os contratos de adesã o sejam
redigidos claros e em caracteres ostensivos e legíveis.
Desta forma, é insuficiente que a clá usula esteja inserta no instrumento contratual,
pois, embora ali materializada, a lei exige como requisito para seu regular cumprimento, o
real e integral conhecimento do conteú do do contrato celebrado pelo consumidor, o que
só se pode conseguir com redaçã o clara, direta e objetiva, abstendo-se de verbalismos
técnicos e rebuscados, bem como de expressõ es idiomá ticas, ou seja, o instrumento
contratual deve ser redigido num linguajar em que o popular mediano possa entender.
O desrespeito a esta premissa torna as cláusulas que estabeleçam obrigaçõ es
abusivas, oriundas da má fé, nulas de pleno direito.
Assim, as clá usulas dos contratos que criem uma disparidade exagerada entre os
sujeitos do contrato sã o consideradas nulas, já que estabelecem pleno desequilíbrio na
relaçã o contratual.

DO PAGAMENTO DE OBRIGAÇÕES NULAS RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO


A par das explanaçõ es acima, o Requerente possui crédito a seu favor cujo valor se
apresenta demonstrado na planilha abaixo:

Valor do empréstimo em 31/05/2011: R$1.353,30


Parcelas variá veis de R$5,00 até R$130,00

Período de maio/2013 até dezembro/2018: 5 anos e 08 meses


Cá lculo do valor pago neste período pelo Requerente:
68 meses das parcelas variá veis (em anexo) = R$7.286,78

Tal montante DEVERÁ SER RESTITUÍDO EM DOBRO e atualizado segundo índices


de correçã o monetá ria e juros legais desde a sua cobrança até o efetivo pagamento, por se
tratar de cobrança indevida pela ré, nos termos do art. 42, pará grafo ú nico do CÓ DIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR c/c art. 940 do CÓ DIGO CIVIL DE 2002.
Destaque-se que no caso em apreço, há anulabilidade cominada por expressa
disposiçã o de lei. O CÓ DIGO CIVIL DE 2002 é taxativo em determinar que:

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Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável
o negócio jurídico:
I- por incapacidade relativa do agente;
II- por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão
ou fraude contra credores.

Por sua vez, o art. 39, inciso V, e art. 51, inciso IV, ambos do CÓ DIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR dispõ em sobre a inexigibilidade das clá usulas abusivas.
Consoante ao exposto a Resoluçã o nº 1.271 de 29 de março de 2006, prevê que:

“a) Proibir a cobrança de taxa de abertura de crédito – TAC e


demais taxas administrativas (...)” (RES. 1.272/06 – CONSELHO
NACIONAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL).

O artigo 42, pará grafo ú nico do CDC prevê a repetiçã o de indébito, quando o
consumidor é cobrado indevidamente.
Vale ressaltar, decisã o do TJRN – Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte:

A juíza Divone Maria Pinheiro condenou um banco a ressarcir um


cliente no montante de R$ 2.570,46 a título de repetição de indébito.
A juíza também declarou declarou quitado o contrato de
financiamento firmado entre as partes após declarar abusiva a
incidência de capitalização de juros e a aplicação da comissão de
permanência, devendo as prestações dos contratos serem calculadas
através da fórmula de amortização através dos juros simples. O
banco também deverá se abster de inscrever o nome do autor em
órgãos de restrição ao crédito – SPC, SERASA, CADIN e outros,
desde que o débito seja relativo aos contratos discutidos
judicialmente. O autor ajuizou uma Ação de Revisão de Contrato c/c
Repetição de indébito contra o Banco Gerador S/A, alegando, em
suma, a prática abusiva pela empresa ré na cobrança das prestações
mensais de financiamento, firmado através de um contrato de
adesão. Afirma que celebrou contrato de concessão de crédito
pessoal com o banco requerido, tendo por objeto o valor de R$
3.170,39, cujo pagamento seria feito em 36 parcelas de R$ 170,25,

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totalizando R$ 6.129,00. O empréstimo foi feito com consignação em
folha de pagamento. O autor alegou que há prática de juros acima da
taxa legal, existência de anatocismo e a previsão de incidência de
comissão de permanência em cumulação com os juros moratórios.
Pediu a declaração de nulidade das cláusulas contratuais abusivas,
declarando-se a extinção da obrigação com os depósitos efetivados
nos autos, abstenção de inscrever seu nome em cadastro de
inadimplentes, manutenção de posse e repetição de indébito. Juntou
aos autos o comprovante da quitação do contrato junto ao banco,
com o adimplemento de todo o valor contratado. Ao analisar
os autos, a juíza Divone Pinheiro considerou que devem ser aplicadas
ao caso as disposições do Código de Defesa do Consumidor (CDC)
que permitem revisão contratual no caso de cláusulas contratuais
abusivas. A magistrada verificou que o contrato firmou taxa contratual
em 3,20% ao mês, mas de 45,9339% ao ano. “Observa-se,
primeiramente, que se inclui nesse último percentual a capitalização
mensal dos juros, pois a simples soma das taxas mensais resultaria
em percentual de juros menor que a taxa de juros anual”. Ela realizou
o exame da constitucionalidade da MP 2.170/2000, que autoriza a
capitalização de juros, por meio do controle difuso, considerando-a
inconstitucional. “Prevalecem, então, o Código Civil e a Lei de Usura,
que não permitem a capitalização mensal de juros. No presente caso,
restou devidamente demonstrado que o sistema de amortização dos
saldos devedores adotado fora o sistema francês, denominado
Price”. Constata-se que na fórmula de Price os juros são elevados ao
número de meses do financiamento, ou seja, os juros são
multiplicados por ele mesmo, tantas vezes quantas forem as
prestações a serem pagas. Assim, a Tabela Price nada mais é que
uma modalidade de capitalização mensal, pois calcula juros sobre
juros em progressão geométrica e não aritmética, em claro exemplo
de anatocismo. “Sendo assim, demonstrada a impossibilidade de
capitalização e tendo em vista ser ela provocada pela adoção da
Tabela Price como fator de amortização, verifico que deve ser
afastada a sua aplicação, devendo ser substituída pela amortização a
juros simples, para todo o período do contrato, considerando para
tanto a aplicação dos demais encargos”. Aplicando os juros simples, a

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magistrada verificou que o valor total do financiamento é de R$
4.843,77. “Considerando que o contrato já foi quitado, no valor
contratado de R$ 6.129,00, verifica-se que o autor pagar a maior o
montante de R$ 1.285,23”. Considerando a disposição do artigo 42 do
CDC que prescreve que o “o consumidor cobrado em quantia
indevida tem direito à repetição de indébito, por valor igual ao dobro
do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros
legais, salvo hipótese de engano justificável”, entendeu que ficou
comprovada a cobrança indevida determinando o ressarcimento de
R$2.570,46. (Processo nº 0106765-09.2013.8.20.0001)
Fonte: TJRN – Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte

O Requerente encontra-se em situaçã o de vulnerabilidade, e o contrato de


empréstimo está maculado de vícios, logo, com juros abusivos.

Dos Danos Morais


O Requerente, por tratar-se de pessoa idô nea, cumpridora de suas obrigaçõ es e
deveres se viu humilhada e desrespeitada pelo ilícito praticado pelo Requerido.
A Constituiçã o da Repú blica de 1988 reconhece o cabimento do dano moral em seu
art. 5°, incisos V e X, nos respectivos termos:

(...)“V - É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,


além da indenização por dano material, moral ou à imagem”.
(...)
“X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação.”(...)

No que se refere ao quantum referente à indenizaçã o ressaltasse o grau da lesã o e


a capacidade financeira do ofensor, devendo esta cumprir também sua funçã o punitiva
evitando a reincidência dos fatos ocorridos.
Diante dos requisitos da obrigaçã o de indenizar presentes no caso em tela, diga-se,
o ato ilícito da reclamada, o dano moral experimentado pela autora e o nexo de
causalidade entre a conduta e o dano, e com fundamento no artigo 5º, inciso V e X, da

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CF/88, devera o Réu ser condenado a reparar o dano moral causado, em montante de
R$7.000,00.

DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Por todo o exposto, requer:
I- Requer o Benefício da Assistência Judiciá ria Gratuita, por nã o ter condiçõ es de
arcar com as despesas do processo;

II- O deferimento da LIMINAR em tutela antecipada para o fim de determinar o


Município de Betim/MG que suspenda qualquer futuro descontos, até o
julgamento final da lide, sob pena de multa diária;

III- Que seja convertida em definitivo a tutela antecipada para suspender qualquer
tipo de desconto na folha de pagamento o Autor;

IV- Oficie-se ao Município de Betim/MG determinando suspensão de quaisquer


futuros descontos, sob pena de multa diária;

V- Que se conceda a inversão do ônus da prova, de acordo com o art. 6º, VIII, do CDC;

VI- A notificaçã o do Requerido para comparecimento a audiência, e querendo


contestar os termos da presente, sob pena de revelia e confissã o, até o final,
quando deverá ser JULGADA PROCEDENTE a presente com a condenaçã o ao
pagamento do principal, acrescido de juros, correçã o monetá ria, custas e
demais cominaçõ es legais;

VII- Condenar a pagar, a parte autora, uma indenizaçã o por danos morais (art. 5º.
CF/88 c/c arts. 6º, inciso VI, e 14 do CDC), em montante a ser arbitrado por
este juízo, sugerindo-se, com base na capacidade financeira das partes e no
grau e extensã o do dano, o valor correspondente a R$7.000,00, como
parâmetro mínimo;

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VIII- Que seja reconhecida a NULIDADE DO CONTRATO, DIANTE DOS VÍCIOS
APRESENTADOS, que seja reconhecida a abusividade dos valores pagos
indevidamente, conforme narrado acima, CONDENANDO O REQUERIDO A
RESTITUIR OS VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE a serem apurados,
CONFORME REGRA DE REPETIÇÃ O DE INDÉ BITO NOS TERMOS DO ARTIGO
42, PARÁ GRAFO Ú NICO DO CÓ DIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E ARTIGO
940 DO CÓ DIGO CIVIL DE 2002 no montante total de R$14.573,56;

IX- Que seja reconhecida a nulidade das clá usulas abusivas de juros exorbitante;

X- A condenaçã o do Demandado ao pagamento de todas as despesas processuais


e de honorá rios advocatícios;

DAS PROVAS
Protesta e requer provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em
direito, em especial a juntada de novos documentos, tudo desde já requerido.

Para fins de alçada dá-se a presente o valor de R$21.573,56.

Nestes termos;
Pede deferimento.

Betim, 21 de março de 2019.

Fernando de Paula Cortezzi Filho


OAB/MG 146.829

Praça Tiradentes, nº 97, sala 302, Betim/MG – CEP: 32.600-028


Fone/Fax: (31) 9 7564-9826 – email: fernandocortezzi@yahoo.com.br

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