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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 14ª VARA CIVEL DA

COMARCA DE JOÃO PESSOA - PB.

MARIA JOSÉ DA SILVA FIGUEIREDO, IDOSA, aposentada, casada,


inscrita no CPF: 123.695.274-04 e RG: 266427 SSDDS/PB. residente e domiciliada na Av. 12
de Outubro nº 261 bairro: Jaguaribe, CEP n. 58015-330, nesta capital, João Pessoa-PB, e
JURANDIR RAFAEL DE FIGUEIREDO, IDOSO, brasileiro, casado, aposentado, portador
do RG n. 92716 SSP/PB, inscrito no CPF sob n. 023.834.974-87, residente e domiciliado na Av.
12 de Outubro nº 261 bairro: Jaguaribe, CEP n. 58015-330, nesta Capital João Pessoa-PB,
através de seus advogados legalmente constituídos (procuração anexa), vem, perante Vossa
Excelência, com fulcro nos artigos 186,187, 940 e outros do Código Civil, nos artigos 6º,
incisos VI, VII e VIII, 14 e seguintes do Código de Defesa do Consumidor, e 300, 319 e
seguintes do Código de Processo Civil, propor:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C DANOS MORAIS E


PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA DE URGÊNCIA

Em face da CREDPAGO SERVIÇOS DE COBRANÇA SA, inscrita no CNPJ


25.027.928.0001-90, com endereço na Rua Visconde do Rio Branco, 1488, Conj. 501
UNIVERSE LIFE SQUARE, CEP 80420-210, e-mail controladoria@credpago.com, fone 41
31486006, WhatsApp 55 41 9286- 0576, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos :, pelas
razões de fato e de direito que passa a expor:

1 – PRELIMINARMENTE
1.1 – Da Justiça Gratuita

Inicialmente, requer os Autores os benefícios da justiça gratuita, em razão de


não possuirem recursos suficientes para arcar com as custas e despesas processuais, haja vista
expressa previsão no Código de Processo Civil, se não vejamos:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou


estrangeira, com insuficiência de recursos para
pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios tem direito à gratuidade
da justiça, na forma da lei.
§ 1o A gratuidade da justiça compreende:
I - as taxas ou as custas judiciais;

Impende salientar, ainda, que não há nenhuma incoerência em requerer o


benefício proveniente da justiça gratuita e constituir Advogado, uma vez que não há presunção
da condição financeira da parte Autora pelo mero pagamento de honorários advocatícios
indispensáveis para o exercício, in casu, do acesso à justiça. Nesse sentido já havia
jurisprudência consolidada e, mais recentemente, Lei Federal autorizadora para sanar eventuais
dúvidas. Citamos:

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode


ser formulado na petição inicial, na contestação,
na petição para ingresso de terceiro no processo
ou em recurso.
[...]
§ 4o A assistência do requerente por advogado
particular não impede a concessão de gratuidade
da justiça.

É importante frisar que o mesmo artigo citado anteriormente traz expressa


previsão quanto à declaração de insuficiência de recurso que presta a pessoa natural, se não
vejamos:

§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de


insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural.

Destarte, pelas razões fáticas e jurídicas trazidas, requer a concessão da


gratuidade da justiça por uma questão de democratização do efetivo acesso à justiça em
obediência a disposições legais expressas no ordenamento jurídico vigente.

DOS FATOS
Em meados do dia 18/05/2022, a sra MARIA JOSE DE FIGUEIREDO,
compareceu a imobiliária Execut, pois foi informada por sua filha que seria necessário o
comparecimento que a mesma para ser fiadora de sua filha no contrato de locação de
imóvel residencial da primeira ré.

Por conseguinte, após a verificação que não seria possível realizar a


formalização do contrato em nome de sua filha como locatária foi –lhe sugerido, que a
mesma configura-se como locatária no contrato do bem imóvel, e a imobiliária teria uma
opção na assinatura do contrato, e entrega das chaves do imóvel, sua filha e genro
passaram a residir no imóvel durante o período de vigência do contrato de locação
normalmente conforme acordado.

Porém, excelência a documentação referente a contas não percebeu


que teria assinado o documento, como locatária do imóvel.

Sendo lhe dito, e informado pela imobiliária que a mesma seria fiadora no
contrato de locação do imóvel residencial, para moradia de sua filha.

Pois bem, casal de idosos, foram induzidos a erro, sobre a vontade de


contratar, ou seja, a manifestação da vontade não correspondendo com o íntimo desejo dos
mesmos...

Ocorre que no dia, eis que em momento algum, detinha conhecimento de que o
documento que lhe fora apresentado para assinatura teria o condão de modificar a sua situação
na relação contratual.

O erro é o vicio de consentimento no qual há uma falsa percepção da realidade


pelo agente, seja no tocante à pessoa, ao objeto ou ao próprio negócio jurídico, sendo que para
render ensejo à desconstituição de um ato haverá de ser substancial e real, bem como, que é erro
essencial o erro que, dada sua magnitude, tem o condão de impedir a celebração da avença, se
dele tivesse conhecimento um dos contratantes, desde que relacionado a natureza do negócio, ao
objeto principal da declaração de vontade, a qualidades essenciais do objeto ou pessoa.

sendo vítima do abuso e descaso da empresa ré, a qual está cobrando por
serviços nunca solicitados e tampouco contratados por eles.

Por consequência do relato exposto, viemos perante o presente juízo,


requerer reparação da honra e moral de seu nome pela cobrança indevida e por se sentir
constrangido, vem a este juízo requerendo uma indenização por danos morais “In Re Ipsa”.

DO DIREITO

DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DE URGÊNCIA


No que tange à antecipação dos efeitos da tutela, preceitua o artigo 300, do
código de Processo Civil:

Art. 300 A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perido de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.

No caso em tela encontra-se preenchidos todos os requisitos exigidos para a


concessão da tutela de urgência, quais sejam a probabilidade do direito e o fundado receio
de dano irreparável ou de difícil reparação.

A probabilidade do direito no sentido de que, verifica-se que o direito do


autor à tutela satisfativa é plausível, líquida e certa haja vista a demonstração, através das
provas anexadas, de que seu nome foi negativado junto ao SPC/SERASA indevidamente.

Já o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação resulta no


fato de que não, concedida à tutela específica antecipadamente, ao requerente acarretará
sérios prejuízos que, certamente, não poderão ser evitados no final do processo com a coisa
julgada. Visto que, além de ter a sua moral maculada por culpa da requerida, não consegue
efetuar compras a prazo, tendo ainda sim, modificação negativa em seu score.

Ressalta-se que o autor nada deve, razão pela qual a negativação de seu
nome é totalmente descabida, motivada de mero descontrole administrativo por parte da
empresa requerida.

Destarte, mister a concessão de medida liminar de antecipação de tutela,


consoante o art. 300 do novo Código de processo Civil, de modo a conceder o beneficio
pleiteado pelos autores.

DO DANO MORAL IN RE IPSA

Em decorrência dessa cobrança indevida, os autores idosos estão sendo


submetidos a uma injusta aflição que vem lesando suas finanças e seu equilíbrio emocional,
tão necessário para a realização de suas atividades diárias, bem como, ao bom convívio
familiar de forma a prestigiar com atenção e carinho sua família.

Ao longo deste período, em que tais cobranças indevidas, vêm sendo feitas
de forma maldosa e sorrateira, ilícitas e amparados na desatenção e boa fé dos cidadãos que
consomem estes serviços, que na grande maioria dos casos não sabem a quem recorrer e
acabam se perfazendo vítimas parasitais dos procedimentos maquiavélicos da empresa
requerida.

Das atitudes da demandada é indubitável a necessidade de fixação de


indenização por danos morais, eis que atingindo o bem-estar social dos demandantes e
maculadas a sua imagem perante a sua família, face ao desconforto emocional gerado ao
logo deste período, atingindo a tranquilidade dos autores. Os efeitos dos danos, por sua
gravidade, exorbitam o mero aborrecimento diário, violando a dignidade dos idosos, sendo
cabível, portanto, a postulação de condenação à indenização por dano mora in re ipsa,
caracterizado pela excessiva e indevida cobrança, o que é justo e pedagógico em razão da
requerida.

Constitui o dano moral in re ipsa, o fato que independe de provas para que
seja verificado o dano. Logo, entre as hipóteses que ensejam esta modalidade danosa está a
negativação do nome em cadastros de proteção ao crédito, onde não haverá necessidade de
se provar um eventual constrangimento para que esteja configurado o dano. Conforme
leciona Roberto Lisboa:

“A prova do dano moral decorre, destarte, da mera demonstração dos fatos


(damnum in re ipsa). Basta a causação adequada, não sendo necessária a indagação acerca
da intenção do agente, pois o dano existe no próprio fato violador. A presunção da
existência do dano no próprio fato violador é absoluta (presunção iure et de iure), tornando-
se prescindível a prova do dano moral. (LISBOA, 2009, p. 251) ”

Contudo, resta salientar que de fato ocorreu uma situação frustrante com os
requerentes, tendo em vista sem o consentimento da realização da adesão do serviço com a
empresa ré, e ainda sim, pura má fé da empresa, acabou por estar com uma inscrição nos
cadastros de proteção ao crédito.

A partir de uma análise constitucional, é relevante mencionar o art. 5, X da


CF, uma vez que a cobrança indevida por um serviço que não foi prestado, nem sequer
solicitado, constituem violação direta a alguns direitos da parte autora como a honra, a
imagem e o nome. Dispõe o referido mandamento constitucional:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação. ”

Também acerca do dano moral, dispõem os artigos 186 e 927 do atual


Código Civil Brasileiro:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito. ”

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo. ”

Sendo assim, é visível que os autores estão sofrendo e tiveram um grande


prejuízo e abalo emocional, visto que nunca tiveram a vontade, ou seja, o consentimento de
realizar quaisquer contrato com a empresa ré.
A indenização por danos morais é a medida cabível na referida situação,
conforme dispõe o art. 6º, VI do CDC:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor

VI - A efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,


individuais, coletivos e difusos;

A título de exemplo, a jurisprudência do TJMG em casos semelhantes é no


sentido de que o dano moral se comprova pela inscrição indevida em cadastros de maus
pagadores:

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL – APELAÇÃO CÍVEL-


AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO
C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS- ACORDO
PARA PAGAMENTO DE DÍVIDA – QUITAÇÃO-
NEGATIVAÇÃO INDEVIDA – DANOS MORAL
CONFIGURADO- QUANTUM – CRITÉRIOS – Tratando-se
de inscrição indevida em cadastros de maus pagadores, a
exigência de prova do dano moral se satisfaz com a
demonstração do próprio fato da inscrição – Na fixação do
montante indenizatório dos danos morais, utiliza-se como
parâmetro: a condição econômica do ofensor; a condição
econômica do ofendido; a gravidade da lesão e sua
repercussão; e as circunstâncias fáticas do caso. Inexistindo
prova de má-fé, a cobrança e pagamento indevido, ensejam
repetição de indébito de forma simples (TJMG – Apelação
Cível XXXXX-2/001, Relator (a): Des. (a) Domingos Coelho,
12ª CÂMARA CIVEL, julgamento em 16/06/2020).

Portanto, diante da recente jurisprudência que se assemelha ao caso em tela,


ampara o autor, na melhor forma de direito, e como ponderação, pelos danos causados à
moral, ao seu bom nome e á sua imagem, sua pretensão a fim de que seja requerida
condenada a lhe pagar, a titulo de indenização por danos morais, o valor de R$ 15.000,00
(quinze mil reais).

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

A presente demanda trata-se de relação de consumo, sendo amparada pela


Lei n. 8.078/90, que trata especificamente das questões em que fornecedores e
consumidores integram a relação jurídica, principalmente no que concerne a matéria
probatória.
Tal legislação faculta ao magistrado determinar a inversão do ônus da prova
em favor do consumidor, conforme o art. 6º do consumidor, conforme o art. 6º, VIII:

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

[...]

VIII- A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do


ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.

Trata-se de medida necessária para que haja a promoção dos direitos básicos
do consumidor, constantes no art. 6º do CDC, dentre eles, a efetiva prevenção e reparação
de danos morais sofridos, uma vez que a parte autora dessa demanda jamais efetuou a
adesão do serviço que supostamente teria sido prestado.

III - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a TOTAL PROCEDÊNCIA dos pedidos iniciais,


bem como;

1. A concessão das benesses da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos do art. 5º


LXXIV, da Constituição Federal, e art. 98 do Código de Processo Civil, por não ter
condições financeiras de arcar com as despesas processuais sem prejuízo ou de sua
família;

2. A antecipação dos efeitos da tutela, com fulcro no art. 300 do NCPC, no sentido de
excluir os dados pessoais dos autores dos sistemas de proteção ao crédito ou outro
órgão semelhante, sendo-lhe imposta multa por cada dia de inadimplemento da
requerida em sua obrigação de fazer, ou outra sanção que V. Exa. Entenda
adequada;

3. A citação da requerida para no prazo legal, querendo responder ao feito, sob as


penas da revelia;

4. A condenação da requerida ao pagamento de indenização, de cunho compensatório


e punitivo, pelos danos morais causados aos autores, em valor pecuniário, pelos
danos causados aos autores, em valor pecuniário justo e condizente com o caso
apresentado em tela, de R$ 15.000,00 (quinze mil reais):

5. A Inversão do ônus da prova, conforme art. 6º, VIII, da Lei. 8.078/90 – Código de
defesa do Consumidor;

6. Que seja declarada a Inexistência do débito, sendo expedido oficio para que o nome
da autora seja retirado em definitivo dos sistemas SPC/SERASA.

7. Que seja a ré condenada ao pagamento das custas processuais e honorários


advocatícios sucumbenciais;

Protesta provar o alegado mediante todos os meios de prova em Direito


admitidas, conforme Art. 369 do Código de Processo Civil, especialmente prova
documental.

Dá à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais)

Nestes termos,
Pede deferimento.
João Pessoa-PB, 19 de fevereiro de 2024.

Martinho da Cunha Melo Filho Hérika Coeli


OAB/PB 11.086 OAB/PB 18.925

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