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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA 1ª VARA CIVIL DA COMARCA DE

ATENÇÃO-SC.

Autos nº XXXXXXXXXXXX

GILBERTO, já qualificado na AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAS E MORAIS em


epígrafe, movida por JULIANO, já qualificado, por seu procurador abaixo assinado, com escritório
na Rua XXXXXXXX, nº XXX, Bairro XXXXXX, neste mesmo município, e-mail:
XXXXXXXXX.adv@gmail.com , vêm, com fundamento nos artigos 335 e 343, do Código de Processo
Civil, propor

CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO

pelos fatos e fundamentos expostos em sequência:

I. SÍNTESE FÁTICA

O Requerente ajuizou ação de indenização por danos materiais e morais, alegando que
teria ocorrido acidente automobilístico na data 20 de dezembro de 2022 por culpa exclusiva do
Requerido.

Alegou, para tanto, que o Requerido que estava como o motorista da Camioneta, agiu com
imprudência, pois teria alternado de faixa sem sinalização prévia, desta foma pedido dano moral
que está postulando no montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais) e danos materiais no valor de
R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), em razão da perda total do seu veículo (sem seguro).

Razão, porém, não lhe assiste, porquanto toda a narrativa distorce a realidade dos fatos,
invertendo a responsabilidade das partes, tendo em vista que era uma noite chuvosa, com grande
volume de água na pista, diferente do alegado, após o acidente, o Requerente tambem proferiu
diversas palavras de baixo calão contra o Requerido, causando sofrimento psicológico, conforme
presenciado pelas testemunhas Ana e José, que estavam no veículo com Gilberto e mais Rubens e
Maria que passaram pelo local logo após o acidenteante.

Ademais, a presente contestação com reconvenção é tempestiva, nos termos do art. 335,
I, do CPC/15, que concede o prazo de 15 (quinze) dias úteis para sua apresentação, tendo como
início o dia seguinte à audiência conciliatória do dia 19/09/2018.

II. GRATUITADADE DA JUSTIÇA

Com fulcro no art. 5º, LXXIV, da CRFB/88, e do art. 98, do CPC/15, o Requerido faz jus à
concessão do benefício da gratuidade da justiça, pois não detêm recursos suficientes para arcar
com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejudicar a sua subsistência ou a de sua
família.

III. TEMPESTIVIDADE

Cumpre, primeiramente, demonstrar a tempestividade desta contestação. Em regra, o


prazo para apresentação da contestação é de 15 dias, nos termos do art. 335, caput, do CPC.

Tempestiva, pois, a presente contestação c/c reconvenção.

IV. PRELIMINARES

IV.I. DA INDEVIDA CONCESSÃO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Pelo que se depreende da documentação juntada à inicial, o Autor declarou ser pobre nos
termos da lei para auferir os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita.

Ocorre que a declaração de pobreza gera presunção relativa acerca da necessidade da


concessão, cabendo ao Réu impugnar e ao Julgador verificar outros elementos para decidir acerca
do cabimento do benefício.

No presente caso, há inúmeras evidências de que o requerente é uma pessoa conhecida


na cidade por ter vários imóveis alugados, tendo condições de pagar as custas do processo, sendo
indevido o pedido que ele fez para concessão do benefício de gratuidade de justiça.

Esse entendimento expresso no art. 99 § 2º do Código de Processo Civil, afirma que:


Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial,
na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido


poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não
suspenderá seu curso.

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade,
devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do
preenchimento dos referidos pressupostos.

Predomina também nos Tribunais devendo ser indeferido o benefício pleiteado:

APELAÇÃOCÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE COBRANÇA


IMPUGNAÇÃO À AJC. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. AJC. NECESSIDADE. A
Constituição Federal, art 5º, LXXIV, inclui entre os direitos e garantias
fundamentais e o de assistência jurídica na forma integral e gratuita pelo Estado
aos que comprovarem insuficiência de recursos.Não faz juz ao benefício quem
dispõe de significativo recursos líquidos de modo a poder recolher as despesas
judiciais e pagar honorários advocatícios ao seu advogado sem comprometer a
subsistência própria ou de sua família. - Circunstância dos autos em que se
impõe manter a sentença. RECURSO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº
70067204073, Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
João Moreno Pomar, Julgado em 26/11/2015)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PASSAGEM FORÇADA. ASSISTÊNCIA JUÍIDICA


GRATUÍTA. A declaração de pobreza firmada pela parte gera presunção relativa,
podendo ser verificados outros elementos no processo para a análise da
necessidade de a parte obter AJC. Não juntando o recorrente cópia da última
declaração do imposto de renda, para se aferir a real impossibilidade de arcar
com as despesas processuais, vai mantida a determinação para a juntada no
juízo de origem. NEGADO SEGUIMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA. (Agravo de
Instrumento Nº 70068508795, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Walda Maria Melo Pierro, Julgado em 07/03/2016).

Desta forma percebe-se que o juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos
elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade,
devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos.

IV.II. DA INOCORRÊNCIA DE LICITUDE

O Requerido aqui representado, não praticou qualquer ato ilícito contra o Requerente,
sendo inexistente o nexo causal entre a conduta do Requerido e o dano sofrido pelo Requerente,
não havendo o seu dever de reparar os valores pleiteados nesta inicial.

Portanto, a responsabilidade civil diz que, AQUELE QUE CAUSA O DANO tem o dever de
reparar, tanto no caso de reparação de danos morais como de danos materiais, é culpa do
Requerente, desta forma se configura a obrigação de indenizar o responsavel pelo ocorrido.

No presente caso concreto, quem causou os danos materiais e morais foi o próprio
requerente, por sua conduta imprudente. Vejamos o art. 186 do Código Civil.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.

Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

V. MÉRITO

V.I. DANO MORAL

V.I.I.INOCORRÊNCIA DE DANO MORAL

Por sua vez, a alegação de ocorrência de dano moral do Autor não merece prosperar, pois não foi
demonstrado o efetivo dano sofrido. Trata-se, ao contrário, de mero aborrecimento, não havendo
que se falar em dano in re ipsa.

Veja-se decisão recentíssima do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), que declara que
acidentes de trânsito faz parte dos riscos do dia-a-dia:
[...] "'Não se nega que o envolvimento em acidente de trânsito provoca um
certo abalo momentâneo pelo "susto" da colisão, porém os transtornos e
aborrecimentos normais à situação não configuram dano moral. A ocorrência
de sinistros de trânsito faz parte dos riscos a que estamos sujeitos no dia-a-dia
e, inexistentes maiores consequências, como lesões de natureza grave, não há
falar em indenização por danos morais. (Apelação Cível n. 2007.050494-9, rel.
Des. César Abreu, j. 11-11-2010)." (TJSC, Apelação Cível n. 2013.057638-9, de
Caçador, rel. Des. Stanley da Silva Braga, j. 24-06-2014)". [...].[2] [Grifo nosso]
Por esse motivo, o argumento de dano moral não merece acolhimento.
V.I.II. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

O Requerente, de má fé, postulou a inicial, apresentou a este juízo “apenas parte” do


ocorrido e anda alterou os fatos, para o que lhe interessava, conforme se o informado na inicial,
omitindo dolosamente os reais acontecimentos.
Neste diapasão, a Requerente agiu em “ litigância de má-fé”, atentou contra o principio da
Boa fé , dignidade da pessoa humana e a dignidade da justiça, nos termos dos art. 5 ao art. 8 do
CPC. In verbis

Art. 5. Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de


acordo com a boa-fé.
Art. 6. Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha,
em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
Art. 7. É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à
aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Art. 8. Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às
exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa
humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a
publicidade e a eficiência.

Nem sequer de longe conseguiu provar os alegados danos morais, confusos nos valores
pleiteados, Desta forma na inicial do Requerente as pretensões estabelecidas não merecem ser
acolhida, pois ausentes os motivos fáticos e jurídicos que autorizem o reconhecimento da
procedência desse pedido. Quem deu causa, ao litigio foi o Requerente.

V.II. DANO MATERIAL

Está amplamente assegurado na Constituição Federal de 1988 o direito relativo à


reparação de danos materiais:

Art. 5. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
X -São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito à indenização por dano material ou moral
decorrente de sua violação.

Excelência, com a narração dos fatos, restou evidente os prejuízos matérias causados pelo
Requerente ao Requerido.
Portanto, responsabiliza-se o Requerente pelos danos causados ao Requerido, a obrigação
de indenizar de acordo com os mandamentos legais.
Vejamos o que diz o Código Civil Brasileiro nestes termos:

"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito”.

Art. 927. “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo”.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de


culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.

Não pretende o Requerido obter lucro algum com esta indenização, deseja somente a
recomposição material pelo dano sofrido.

No caso em tela, a Requerente tem a obrigação de indenizar, pois resta claro o prejuízo
financeiro causado pelo seu ato ao Requerido
VI. RECONVENÇÃO

Nos termos do artigo 343 do Novo Código de Processo Civil, o Requerido propõe,
juntamente com a contestação, reconvenção
O artigo 343 diz o seguinte:

Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar


pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da
defesa.
§ 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu
advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o
exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à
reconvenção. [...]

Conforme amplamente demonstrado nos tópicos da contestação, é evidente que o


Requerido não foi responsável e não pode ser responsabilizado pelo acidente automobilístico
sofrido pelo Requerente.
Aliás, pelo contrário, na via inversa, o Requerido deve ser indenizado material e
moralmente pelo Requerente, tendo em vista que, conforme pode ser verificado nas provas
explanadas no processo, além de que logo após o acidente, o Requerente proferiu diversas
palavras de baixo calão contra o Requerido, na frente de diversas testemunhas do acidente,
causando um sofrimento psicológico.
Ou seja, não bastasse ter danificado o seu veiculo (na lateral), o Requerente ainda achou-
se no direito de xingar e julgar o Requerido, como se culpa tivesse pelo acidente.
Numa análise detalhada e conversando com testemunhas do acidente, o Requerido
verificou que, além de não ter sido responsável pelo acidente, foi o Requerente que deu causa a
ele. Ora, num dia chuvoso, em alta velocidade, como pode ser verificado no depoimento das
testemunhas, desta forma tem-se que o Requerente agiu com extrema imprudência.
Nesse passo, o Requerente pode e deve indenizar material e moralmente o Requerido.

VII. PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se

a) Seja realizada a audiência de conciliação do artigo 334 do Novo Código de Processo


Civil;

b) Sejam produzidas todas as provas permitidas por direito, em especial a oitiva de


testemunhas e perícia no local, ainda que tardia;

c) Seja afastado o pedido de dano moral;

d) Seja o Autor intimado para corrigir o valor do dano material e para que comprove a
necessidade da justiça gratuita;

e) Ao final e no mérito, sejam julgados improcedentes os pedidos formulados pelo Autor,


condenando-o a arcar com os ônus sucumbenciais e honorários advocatícios;

f) Ainda, sejam julgados totalmente procedentes os pedidos formulados pelo Requerido,


em sede de reconvenção, a fim de condenar o Autor a indenizar material e moralmente o
Requerido.

Dá-se à reconvenção o valor de R$ xxxxxxxxxxxxxxx (xxxxxxxxxxxxx).

Nesses termos, pede deferimento.


Joaçaba/ SC, 04 de abril de 2023.

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