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EXMO(A). SR(A). DR(A).

JUIZ(A) DE DIREITO DA
VARA DA CÍVEL DA COMARCA DE SALVADOR - BA

FELLIPE CARDOZO VICHIETT SILVA, brasileiro, casado, 1


advogado, portador da OAB/BA 25.703 e do CPF nº 008.669.799-48,
residente e domiciliado à Rua Dra Praguer Froes, nº 60,
apartamento 601, Barra, Salvador-BA – CEP: 40130-020, neste ato
representado por seu procurador in fine, vem perante V. Exa.
propor a presente, por seu procurador in fine, Dr. Delton
Pedroso Bastos Junior, OAB/RJ 131592, (CUJO ENDEREÇO ELETRÔNICO
PARA INTIMAÇÕES É bastosjuris@bastosjuris.com.br), vem à ilustre
presença de V. Exa., propor a presente:

AÇÃO DE REVISÃO E EXPURGO DE JUROS C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS C/ TUTELA PROVISÓRIA

Em face de BANCO ITAUCARD S/A, pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 17.192.451/0001-70,
com endereço na Alameda Pedro Calil, 43 – Vila das Acácias –
Poá/SP, CEP 08557-105, cujo endereço eletrônico é
(unidadedeatendimentoafiscalizacao@correio.itau.com.br), pelos
fatos e fundamentos que passa a expor:
DA TRAMITAÇÃO EM SEGREDO DE JUSTIÇA
Excelência, compulsando os autos, verifica-se que a
presente demanda, conterá e versará a cerca do sigilo bancário
do Autor.

Há ainda, para comprovação de rendimentos, a


juntada de declaração de Imposto de Renda, trazendo assim
informações que não devem ser públicas.

Acerca do segredo de justiça, dispõe o Código de


Processo Civil:

Art. 189. Os atos processuais são públicos,


todavia tramitam em segredo de justiça os processos:
...
III - em que constem dados protegidos pelo 2
direito constitucional à intimidade;
...
§ 1º O direito de consultar os autos de
processo que tramite em segredo de justiça e de
pedir certidões de seus atos é restrito às partes e
aos seus procuradores.

Requer-se, desta forma, sejam os autos distribuídos


sob a égide do segredo de justiça.

DO NÃO INTERESSE EM AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO


Em virtude do disposto no inc. VII, do artigo 319,
do Código de Processo Civil, vem o Autor respeitosamente
perante Vossa Excelência, informar que não possui
interesse na designação e posterior realização da
Audiência de Conciliação ou Mediação.
PRELIMINARMENTE
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Inicialmente, faz-se necessário o


informar que
Autor não dispõe de condição financeira que o
possibilite arcar com custas processuais e taxas
judiciárias, haja vista que o mesmo encontra-se em estado
financeiro precário, devendo ainda realizar o pagamento do
contrato, objeto da presente demanda, o que demais dificulta o
recolhimento das custas.

Conforme pode-se verificar, o valor da causa,


correspondente aos contratos celebrados entre as partes, perfaz
o montante de R$ 151.769,85 (cento e cinquenta e um mil e
setecentos e sessenta e nove reais e oitenta e cinco
centavos), ou seja, somente a taxa judiciária daria um
valor aproximado de R$ 5.093,54 (cinco mil e noventa e
três reais e cinquenta e quatro centavos) o que abrange 3
boa parte da capitação mensal da empresa no atual cenário
econômico do país.

Posto isto, requer o Benefício da Gratuidade de


Justiça, com base na Lei 1060/50, pois é pessoa hipossuficiente
e não têm condições de arcar com custas e honorários sem que
ocorra prejuízo de seu sustento e de sua família, juntando para
tanto aos autos declaração de hipossuficiência.
Dispõe o artigo 99, do Novo CPC:

“Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça


pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro
no processo ou em recurso.”.

Portanto, requisito essencial para a concessão do


benefício da gratuidade de justiça é a comprovação de situação
econômica da parte Requerente que fora feita através de
afirmação de que não dispõe de condições a arcar com as custas
do processo e honorários de advogado, sem prejuízo de seu
próprio sustento e de sua família.
Deve ser destacado ainda, entendimento recente
proferido em precedente do STJ, no Resp 463.231/RS, do Relator
Félix Fischer, onde é externado o entendimento de que é
suficiente a simples afirmação do estado de pobreza para a
obtenção do benefício. Vejamos:

“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ARTS. 4º DA


LEI Nº 1.060/65 E 334 DO CPC. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.
ALEGAÇÃO DE FALTA DE RECURSOS PARA ARCAR COM AS
DESPESAS DO PROCESSO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 07/STJ.
Não há como serem recolhidas as custas processuais,
cujo pagamento é por demais oneroso à empresa
Autora que, inclusive, assina declaração de
pobreza, demonstrando estar impossibilitados do
recolhimento, sob as penas da lei.
I – O recurso especial não deve ser conhecido
quanto à questão que não foi especificamente
enfrentada pelo e. Tribunal a quo, dada a ausência
de prequestionamento. Incidência das Súmulas 282 e
356/STF.
II - A assistência judiciária gratuita pode ser
pleiteada a qualquer tempo, desde que comprovada a 4
condição de necessitado. É suficiente a simples
afirmação do estado de pobreza para a obtenção do
benefício, ressalvado ao juiz indeferir a
pretensão, se tiver fundadas razões.
III – Tendo sido o pleito negado por entender o e.
colegiado a quo, com apoio no material cognitivo
constante dos autos, que a postulante não fazia jus
à gratuidade por possuir situação financeira
compatível com os gastos processuais, analisar
pretensão em sentido contrário implicaria em
reexame de provas, o que é vedado em sede de
recurso especial, conforme o que dispõe o enunciado
da Súmula 07/STJ. Recurso não conhecido.”.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Trata-se aqui de relação de consumo, onde pode-se
fazer facilmente a distinção entre o fornecedor de produtos ou
serviços e o consumidor.
O Requerente é parte manifestamente hipossuficiente
na presente situação, cabendo, portanto, a utilização da
inversão da responsabilidade de provar os fatos em seu proveito,
posto que para o Requerido a produção de provas se torna muito
mais facilitada por seu poder econômico.

Evitando-se quaisquer tipos de alegações de


nulidade posteriores, requer, juntamente com a exordial, seja
apreciada a inversão do ônus da prova.

DA CONCESSÃO DE TUTELA PROVISÓRIA

DA NÃO NEGATIVAÇÃO

A concessão de tutela provisória na presente 5


situação torna-se mais que necessária, haja vista que atualmente
o Requerente tem total interesse em quitar o seu débito, mas tão
somente o seu débito e não a quantia exorbitante que o banco Réu
vem lhe cobrando.

Assim, com a intervenção do Poder Judiciário, faz-


se necessária a imposição para que o banco Requerido, se
abstenha de inscrever o nome do Requerente nos cadastros
restritivos de crédito até o desfecho da presente demanda, ou
caso já tenha inscrito, retire imediatamente, haja vista que tal
restrição prejudica em muito o seu cotidiano, tendo em vista que
não possui crédito em qualquer estabelecimento bancário em razão
da restrição indevida de seu nome.

Encontram-se presentes os princípios de fumus


boni iuris e periculum in mora, além de demonstradamente
incontroversos os fatos alegados pelo Requerente, que prova que
tentou solucionar amigavelmente o problema e, ainda
assim, está sendo submetido à cobrança infinita de valores não
correspondentes ao pactuado.
É perfeitamente legal e sensata a concessão de
tutela provisória em situações idênticas à presente, vez que a
Autora teve sua situação financeira agravada pelo próprio
Requerido que lhes impôs a cobrança de valores acima do
contratado, o que os levou a deixarem de honrar com seu
compromisso inicialmente, compromisso este que vêm tentando
cumprir mas o Banco Réu insiste em ser intransigente.

Determina a jurisprudência:

AÇÃO REVISIONAL. CARTÃO DE CRÉDITO. AS ATIVIDADES


QUE ENVOLVEM CRÉDITO BANCÁRIO SE CONSTITUEM RELAÇÃO
DE CONSUMO. ARTIGO 3º, PARÁGRAFO 2º DO CDC. JUROS
REMUNERATÓRIOS LIMITADOS A 12% AO ANO.
CAPITALIZAÇÃO ANUAL. CORREÇÃO MONETÁRIA PELO IGP-M.
EXPURGO DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. MULTA MORATÓRIA
DE 2%. EM EXISTINDO DISCUSSÃO A RESPEITO DO
CRÉDITO, JUSTIFICA-SE A MEDIDA PARA EVITAR A
INSCRIÇÃO DO CLIENTE NOS ORGÃOS DE CADASTRO DE
DEVEDORES INADIMPLENTES, ATÉ O TRÂNSITO EM JULGADO
DA DEMANDA PRINCIPAL. ADMITIDA A COMPENSAÇÃO E A
RESTITUIÇÃO SIMPLES, ENTRE DÉBITOS E CRÉDITOS SE
HOUVER SALDO A MAIOR EM FAVOR DE UMA DAS PARTES. 6
ARTIGO 1009 DO CÓDIGO CÍVIL. ENTENDIMENTO DO
COLEGIADO. E DEVER DA EMPRESA QUE EFETUA O CADASTRO
DO DEVEDOR EM BANCO DE DADOS DE INADIMPLENTES,
COMÚNICAR PRÉVIAMENTE O REGISTRO, AO CONSUMIDOR.
DANO MORAL INDEVIDO. APELO PROVIDO, EM PARTE. (TJRS
- AC Nº 70004816617. 5ª CC - Relª. Desª. Ana Maria
Nedel Scalzilli - J. 05.09.2002). (grifo nosso).

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL


- PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA CONCEDIDO -
REQUISITOS AUTORIZADORES DA MEDIDA PREENCHIDOS -
VEDAÇÃO DE INSCRIÇÃO DO NOME DO DEVEDOR NOS
CADASTROS DE INADIMPLENTES E EXIBIÇÃO DE CONTRATOS
BANCÁRIOS PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - DECISÃO
MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO. Vedada é a inscrição
do nome do devedor nos cadastros de inadimplentes
enquanto pendente de discussão o valor do débito. A
exibição de documentos - contratos bancários - é
obrigação decorrente de lei, não podendo a
instituição financeira se esquivar de apresentá-
los, ou exigir o pagamento de custas para o
cumprimento da obrigação. Preenchidos os requisitos
do artigo 273, caput, e inciso I, do Código de
Processo Civil, deferida deve ser a tutela
provisória requerida. (TJSC - AI 2004.004597-2 - 3ª
C.Dir.Com. - Rel. Des. Fernando Carioni - DJSC
01.06.2004). (grifo nosso).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. Contrato bancário. Revisão


de cláusulas c/c consignação em pagamento. Depósito
incidental dos valores incontroversos. Inscrição do
nome do devedor em cadastros restritivos do
crédito. Vedação. Tutela antecipada, para tanto,
deferida. Decisão incensurável. Reclamo recursal
desatendido. I - Em ação de revisão de cláusulas de
contrato financeiro c/c consignação em pagamento,
admissível é o depósito incidental, pelo mutuário,
dos valores incontroversos do débito. É que, em
caso tal, a tutela deferida mantém a sua
característica principal de antecipação dos efeitos
da sentença de procedência esperada, com o
reconhecimento, como lídimos, dos valores pelos
quais, desde já, o devedor se propõe a cumprir a
avença celebrada. II - A consignação incidental dos 7
valores incontroversos das parcelas de contrato de
mútuo bancário, suspende os efeitos da mora
'debitoris', cuja caracterização ou não se vincula
ao teor da sentença que vier a ser proferida na
ação revisional de cláusulas contratuais ajuizada
pelo devedor. E essa suspensão, suprimindo as
condições jurídicas que legitimam a aplicação dos
efeitos da inadimplência, desautoriza o
encaminhamento do nome do mutuário aos cadastros de
negativação do crédito. (TJSC - AI 20050038822 - 2ª
C. Dir. Com. - Rel. Des. Trindade dos Santos - DJSC
02.08.2005). (grifo nosso).

AGRAVO DE INSTRUMENTO - TUTELA ANTECIPADA - AÇÃO DE


REVISÃO DE CLÁUSULAS DE CONTRATOS E DÉBITO BANCÁRIO
COM AJUIZAMENTO DE AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
DOS VALORES QUE A AUTORA ENTENDE DEVIDOS -
Abstenção pelo Credor da inscrição do nome do
devedor em cadastros negativos. Tutela que, na
verdade se caracteriza como medida protetiva ao
devedor, enquanto, pendente discussão sobre
validade de cláusulas contratuais e valor do
débito. Possibilidade de vedação, na espécie, do
protesto de título ligado ao contrário sub judice,
diante de ter a devedora manifestação a intenção de
adimplir o contrato, com a consignação de valores
que entende devidos, tendo, ainda, pago parte das
parcelas sob discussão. Não demonstração pelo
credor de efetivo perigo de dano diante da medida
concedida. Requisitos do artigo 273 da Lei de Ritos
presentes, na hipótese. Decisão mantida. Agravo
improvido. (TJRJ - AI 2034/2002 - 17ª C. Cív. -
Relª Desª Maria Inês Gaspar - DORJ 16.05.2002).
(grifo nosso).

Portanto, mais que pacificado é o entendimento que,


em havendo manifesta vontade do devedor de saldar seu débito,
deve ser a tutela provisória concedida no sentido de protegê-lo
de sofrer lesões que agravem a situação sofrida, até que haja, o
julgamento e o trânsito em julgado da sentença.

DESTA FORMA, DEVE SER CONCEDIDA TUTELA


PROVISÓRIA, INAUDITA ALTERA PARS, PARA QUE O 8
REQUERIDO SE ABSTENHA DE INSCREVER O NOME DO
AUTOR NOS CADASTROS RESTITIVOS DE CRÉDITO, OU,
PROCEDA IMEDIATAMENTE À BAIXA DOS MESMOS, CASO
JÁ OS TENHA INSCRITO, SOB PENA DE MULTA DIÁRIA A
SER ARBITRADA POR V. EXA.

DO DEPÓSITO JUDICIAL
O Requerente move a presente ação para que sejam
cobrados juros condizentes com os contratos celebrados entre as
partes.

Portanto, ainda que passe a existir o débito, deve-


se ressaltar que o Réu não pode arbitrar juros a seu bel prazer,
conforme já explicitado anteriormente.
Sendo assim, torna-se necessária a realização de
depósito judicial para que o Banco Réu proceda ao
levantamento de tais valores.

O Requerente gasta mensalmente valores


exorbitantes para quitar o débito com o banco Requerido
dos contratos discutidos nesta demanda.
Acerca do depósito judicial, dispõe o Código de
Processo Civil:

“Art. 330. A petição inicial será indeferida


quando:
...
§ 2o Nas ações que tenham por objeto a
revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de
financiamento ou de alienação de bens, o autor terá
de, sob pena de inépcia, discriminar na petição
inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas
que pretende controverter, além de quantificar o
valor incontroverso do débito. 9
§ 3o Na hipótese do § 2o, o valor
incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo
e modo contratados.”

Desta forma, desejando de forma alguma o Autor


restar inadimplente ou ter seu nome inscrito nos cadastros
restritivos de crédito, apresenta a planilha abaixo com base na
dívida real existente entre as partes, observando o contrato que
ainda encontra-se vigente. Ressalte-se que a taxa de juros
utilizada tem por base 1% ao mês:

PROPOSTA – DEPÓSITO JUDICIAL


TAXA DE JUROS 1,0
QUANTIDADE DE MESES 72
VALOR INCONTROVERSO R$ 143.981,67
VALOR PRESTAÇÕES R$ 2.814,87
O Requerente não possui condição financeira
de arcar com quantias altas, por tais fatos, requer
seja deferido a mesma à possibilidade de proceder a
depósitos mensais no valor de R$ 2.814,87 (dois mil e
oitocentos e quatorze reais e oitenta e sete centavos),
para amortização do débito, que corresponderia ao
valor devido, qual seja, R$ 143.981,67 (cento e
quarenta e três mil e novecentos e oitenta e um reais e
sessenta e sete centavos).

Dispõe a legislação pátria:

Código de Processo Civil:

Art. 893 - O autor, na petição inicial,


requererá:
I - o depósito da quantia ou da coisa devida,
a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados
do deferimento, ressalvada a hipótese do § 3º do
10
artigo 890;
II - a citação do réu para levantar o
depósito ou oferecer resposta. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994).

Código Civil:

Art. 335. A consignação tem lugar:


...
V - se pender litígio sobre o objeto do
pagamento.

Portanto, requer O Autor seja deferido o


depósito judicial da quantia de R$ 2.814,87 (dois mil
e oitocentos e quatorze reais e oitenta e sete
centavos) mensais, no dia 15 (quinze) de cada mês,
devendo ser o Banco Requerido citado para proceder ao
levantamento do depósito e oferecer resposta no período
legal.
DOS FATOS
Diante da crise econômica que assola o nosso país,
no dia 13/10/2017, o Autor junto à empresa Requerente, celebrou
3 (três) contratos de Crédito denominados ITAÚ SOB MEDIDA,
através dos números: 000000133565200; 000000022301998 e
000000209495480, perfazendo uma quantia total de
R$156.241,37 (cento e cinquenta e seis mil e duzentos e
quarenta e dois reais e trinta e sete centavos)

O Autor já pagou aproximadamente a


exorbitante quantia de R$ 37.541,49 (trinta e sete mil e
quinhentos e quarenta e um reais e quarenta e nove centavos).

Tal situação em muito vem prejudicando o Autor,


principalmente em razão de atitude lesiva praticada pelo banco
Requerido.

Para piorar seu caso, o Autor vem passando por 11


grave crise econômica, o que, por conseguinte,
transforma totalmente o seu cenário econômico.

Assim, não vê o Autor outra forma que não seja a


interposição da presente demanda judicial para que seja o Réu
punido na medida de suas atitudes.

DO DETALHAMENTO DO CONTRATO
Excelência, é importante
inicialmente,
deixar claro que, algumas das informações
constantes da demanda, na realidade, podem não
representar a exatidão de valores, já que o
Requerido negou-se a apresentar extrato dos
pagamentos e dívidas dos contratos.
DO CONTRATO ITAU SOB MEDIDA
Nº000000133565200
Passamos a analisar o CONTRATO ITAU SOB MEDIDA – Nº
000000133565200, entabulado entre as partes e que é objeto da
presente demanda, com início em 10/07/2017, para que possa ser
evidenciada a prática de anatocismo, dentre outras cláusulas
abusivas.

Conforme se verifica dos documentos que acompanham


à presente, o Requerente tratou de verificar, diretamente
junto ao site do Banco Central do Brasil, que é a fonte
oficial de dados financeiros a embasar os contrato bancários, a
correção das condições contratadas com o banco Requerido.

A verificação efetuada por meio da Calculadora do


Cidadão, disponibilizada no sítio eletrônico do Banco Central,
dá conta de que, à despeito do ITAU SOB MEDIDA Nº
000000133565200 constar que teriam sido contratados juros na
base de 2,36 ao mês, em verdade a taxa efetiva praticada neste
contrato é 4,30% ao mês. 12

Só neste particular, já se percebe que o banco


Requerido falta com seu dever de transparência e de informação
clara, e que também falta com a observância dos deveres
emergentes da boa-fé objetiva, que remete à ética nas relações
contratuais.

No entanto, Excelência, as irregularidades vão


além. Conforme se verifica da consulta à base de dados do Banco
Central, que é a autoridade monetária brasileira, no mês de
OUTUBRO/2017, a taxa média praticada pelo mercado era
de 34,21% ao ano e 2,04% ao mês.
Ora, compulsando a taxa de juros que vem sendo de
fato imposta ao Requerente com a taxa de juros média do mercado,
se observa uma variação para mais da ordem de 13,65%.
Vejamos:
TAXA INFORMADA NO CONTRATO 66,60% 4,30%

TAXA REAL, CONFORME BACEN 39,62% 2,36%

TAXA MÉDIA MERCADO 34,21% 2,04%

VARIAÇÃO 13,65% 13,65%

Logo, uma das planilhas de cálculo que instruem a


presente, denominada PROJEÇÃO DO SALDO DEVEDOR, aponta que,
acaso o Requerente efetuasse o pagamento de todas as parcelas
originalmente contratadas com o banco Requerido, ao final do
contrato, teria pago a maior a importância de R$ 44.966,98
(quarenta e quatro mil e novecentos e sessenta e seis
reais e noventa e oito centavos).

É pacífica a jurisprudência pátria, no sentido de


vedar a prática de juros remuneratórios acima da taxa
média de mercado.

Se é verdade que as instituições financeiras não


estão sujeitas aos limites legais de taxas de juros que são 13
impostas aos negócios feitos entre particulares, nossos
tribunais estabelecem balizas dentro das quais as operações
devem se realizar, como forma de oferecer algum grau de proteção
aos consumidores dos serviços bancários.

E a baliza está justamente em que os bancos devem


observar a taxa média de juros estabelecida pelo Banco
Central do Brasil. As operações que extrapolam este patamar
são consideradas abusivas, e as suas taxas de juros devem
então ser readequadas, por meio da intervenção estatal do
Estado-juiz nos pactos particulares.

VALOR DEVIDO SALDO DEVEDOR


QUANTIDADE VALOR PARCELAS
CONTRATO VALOR TAXA TOTAL PAGO NA DATA DE RECONHECIDO
PARCELAS PARCELAS PAGAS
INADIMPLÊNCIA PELO AUTOR
133.565.200 R$ 92.199,80 4,3 72 R$ 2.609,37 7 R$ 18.265,59 R$ 106.003,31 R$ 87.737,72

Senão vejamos o entendimento do Superior


Tribunal de Justiça:
PROCESSUAL CIVIL E BANCÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
REVISIONAL. EMPRÉSTIMO PESSOAL. JUROS
REMUNERATÓRIOS. ABUSIVIDADE. CONSTATAÇÃO. LIMITAÇÃO
À TAXA MÉDIA DE MERCADO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.
NÃO CONFIGURAÇÃO.
- Cabalmente demonstrada pelas instâncias
ordinárias a abusividade da taxa de juros
remuneratórios cobrada, deve ser feita sua redução
ao patamar médio praticado pelo mercado para a
respectiva modalidade contratual. (...) (STJ, 3a.
Turma, REsp 1036818 / RS, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, em 20.06.2008).

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA


E APREENSÃO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. JUROS
REMUNERATÓRIOS LIMITADOS À TAXA MÉDIA DE MERCADO.
1.- Mantém-se a limitação dos juros remuneratórios
à taxa média de mercado quando comprovada, no caso
concreto, a significativa discrepância entre a taxa
pactuada e a taxa de mercado para operações da 14
espécie. 2.- Agravo Regimental improvido.
(STJ - AgRg no REsp: 1423475 SC 2013/0401171-1,
Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data de
Julgamento: 11/02/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data
de Publicação: DJe 13/03/2014).

Com efeito, a referida matéria é objeto da Súmula


296 do STJ. Vejamos:

“Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a


comissão de permanência, são devidos no período de
inadimplência, à taxa média de mercado estipulada
pelo Banco Central do Brasil, limitada ao
percentual contratado”. (Grifamos)

Logo, a toda evidência, o banco Requerido, de forma


abusiva e valendo-se da qualidade de hipossuficiência e
necessidade dos Requerentes, aplicou ao contrato discutido o
percentual acima da média de mercado, conforme já
demonstrado acima nesta peça.
É sabido ainda que a maioria dos contratos de
consumo, são contratos de adesão, onde a parte fornecedora de
bens e de serviços já possui um contrato padrão, por ela
previamente elaborado, tendo o Consumidor somente duas
alternativas: não aceitar aquele “acordo” pré-redigido, ou
aceitá-lo em bloco, sem poder discuti-lo, ou, em virtude do
bem ou do serviço oferecido pelo fato de o predisponente
ser de tanta valia para o consumidor, que ele não tem outra
senão adquiri-lo naquelas condições previamente fixadas.

Desta torna-se
forma, necessária a
Revisão Contratual no sentido de que sejam
abatidos os valores cobrados a título de seguro
e taxa de abertura de crédito, bem como para
excluir a possibilidade de cobrança cumulativa
da taxa de mora com a taxa de inadimplência e a
capitalização de juros, aplicando-se a taxa de
média de mercado de 2,04% ao mês, pura e
simples, reconhecendo-se a dívida em junho de 15
2018 no valor de R$ 87.737,72 (oitenta e sete
mil e setecentos e trinta e sete reais e setenta
e dois centavos).
DO CONTRATO ITAU SOB MEDIDA
Nº00000022301998
Passamos a analisar o CONTRATO ITAU SOB MEDIDA – Nº
00000022301998, entabulado entre as partes e que é objeto da
presente demanda, com início em 10/07/2017, para que possa ser
evidenciada a prática de anatocismo, dentre outras cláusulas
abusivas.

Conforme se verifica dos documentos que acompanham


à presente, a Requerente tratou de verificar, diretamente
junto ao site do Banco Central do Brasil, que é a fonte
oficial de dados financeiros a embasar os contrato bancários, a
correção das condições contratadas com o banco Requerido.
A verificação efetuada por meio da Calculadora do
Cidadão, disponibilizada no sítio eletrônico do Banco Central,
dá conta de que, à despeito do ITAU SOB MEDIDA Nº
0000022301998 constar que teriam sido contratados juros na
base de 2,36 ao mês, em verdade a taxa efetiva praticada neste
contrato é 4,30% ao mês.

Só neste particular, já se percebe que o banco


Requerido falta com seu dever de transparência e de informação
clara, e que também falta com a observância dos deveres
emergentes da boa-fé objetiva, que remete à ética nas relações
contratuais.

No entanto, Excelência, as irregularidades vão


além. Conforme se verifica da consulta à base de dados do Banco
Central, que é a autoridade monetária brasileira, no mês de
OUTUBRO/2017, a taxa média praticada pelo mercado era
de 34,21% ao ano e 2,04% ao mês.
Ora, compulsando a taxa de juros que vem sendo de
fato imposta aos Requerentes com a taxa de juros média do
mercado, se observa uma variação para mais da ordem de 16
13,65%. Vejamos:

TAXA INFORMADA NO CONTRATO 66,60% 4,30%

TAXA REAL, CONFORME BACEN 39,62% 2,36%

TAXA MÉDIA MERCADO 34,21% 2,04%

VARIAÇÃO 13,65% 13,65%

Logo, uma das planilhas de cálculo que instruem a


presente, denominada PROJEÇÃO DO SALDO DEVEDOR, aponta que,
acaso os Requerentes efetuassem o pagamento de todas as parcelas
originalmente contratadas com o banco Requerido, ao final do
contrato, teriam pago à maior a importância de R$ 106.581,89
(cento e seis mil e quinhentos e oitenta e um reais e
oitenta e nove centavos).
É pacífica a jurisprudência pátria, no sentido de
vedar a prática de juros remuneratórios acima da taxa
média de mercado.

Se é verdade que as instituições financeiras não


estão sujeitas aos limites legais de taxas de juros que são
impostas aos negócios feitos entre particulares, nossos
tribunais estabelecem balizas dentro das quais as operações
devem se realizar, como forma de oferecer algum grau de proteção
aos consumidores dos serviços bancários.

E a baliza está justamente em que os bancos devem


observar a taxa média de juros estabelecida pelo Banco
Central do Brasil. As operações que extrapolam este patamar
são consideradas abusivas, e as suas taxas de juros devem
então ser readequadas, por meio da intervenção estatal do
Estado-juiz nos pactos particulares.

VALOR DEVIDO SALDO DEVEDOR 17


QUANTIDADE VALOR PARCELAS
CONTRATO VALOR TAXA TOTAL PAGO NA DATA DE RECONHECIDO
PARCELAS PARCELAS PAGAS
INADIMPLÊNCIA PELO AUTOR
22.301.998 R$ 42.303,91 4,3 72 R$ 1.819,01 7 R$ 12.733,07 R$ 49.886,13 R$ 37.153,06

Senão vejamos o entendimento do Superior


Tribunal de Justiça:
PROCESSUAL CIVIL E BANCÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
REVISIONAL. EMPRÉSTIMO PESSOAL. JUROS
REMUNERATÓRIOS. ABUSIVIDADE. CONSTATAÇÃO. LIMITAÇÃO
À TAXA MÉDIA DE MERCADO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.
NÃO CONFIGURAÇÃO.
- Cabalmente demonstrada pelas instâncias
ordinárias a abusividade da taxa de juros
remuneratórios cobrada, deve ser feita sua redução
ao patamar médio praticado pelo mercado para a
respectiva modalidade contratual. (...) (STJ, 3a.
Turma, REsp 1036818 / RS, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, em 20.06.2008).
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA
E APREENSÃO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. JUROS
REMUNERATÓRIOS LIMITADOS À TAXA MÉDIA DE MERCADO.
1.- Mantém-se a limitação dos juros remuneratórios
à taxa média de mercado quando comprovada, no caso
concreto, a significativa discrepância entre a taxa
pactuada e a taxa de mercado para operações da
espécie. 2.- Agravo Regimental improvido.
(STJ - AgRg no REsp: 1423475 SC 2013/0401171-1,
Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data de
Julgamento: 11/02/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data
de Publicação: DJe 13/03/2014).

Com efeito, a referida matéria é objeto da Súmula


296 do STJ. Vejamos:

“Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a


comissão de permanência, são devidos no período de
inadimplência, à taxa média de mercado estipulada
pelo Banco Central do Brasil, limitada ao 18
percentual contratado”. (Grifamos)

Logo, a toda evidência, o banco Requerido, de forma


abusiva e valendo-se da qualidade de hipossuficiência e
necessidade dos Requerentes, aplicou ao contrato discutido o
percentual acima da média de mercado, conforme já
demonstrado acima nesta peça.

É sabido ainda que a maioria dos contratos de


consumo, são contratos de adesão, onde a parte fornecedora de
bens e de serviços já possui um contrato padrão, por ela
previamente elaborado, tendo o Consumidor somente duas
alternativas: não aceitar aquele “acordo” pré-redigido, ou
aceitá-lo em bloco, sem poder discuti-lo, ou, em virtude do
bem ou do serviço oferecido pelo fato de o predisponente
ser de tanta valia para o consumidor, que ele não tem outra
alternativa senão adquiri-lo naquelas condições previamente
fixadas.
Desta torna-se
forma, necessária a
Revisão Contratual no sentido de que sejam
abatidos os valores cobrados a título de seguro
e taxa de abertura de crédito, bem como para
excluir a possibilidade de cobrança cumulativa
da taxa de mora com a taxa de inadimplência e a
capitalização de juros, aplicando-se a taxa de
média de mercado de 2,04% ao mês, pura e
simples, reconhecendo-se a dívida em junho de
2018 no valor de R$ 37.153,06 (trinta e sete mil
e cento e cinquenta e três reais e seis
centavos).

DO CONTRATO ITAU SOB MEDIDA


Nº000000209495480
19
Passamos a analisar o CONTRATO ITAU SOB MEDIDA – Nº
000000209495480, entabulado entre as partes e que é objeto da
presente demanda, com início em 10/07/2017, para que possa ser
evidenciada a prática de anatocismo, dentre outras cláusulas
abusivas.

Conforme se verifica dos documentos que acompanham


à presente, a Requerente tratou de verificar, diretamente
junto ao site do Banco Central do Brasil, que é a fonte
oficial de dados financeiros a embasar os contrato bancários, a
correção das condições contratadas com o banco Requerido.

A verificação efetuada por meio da Calculadora do


Cidadão, disponibilizada no sítio eletrônico do Banco Central,
dá conta de que, à despeito do ITAU SOB MEDIDA Nº
000000209495480 constar que teriam sido contratados juros na
base de 2,36 ao mês, em verdade a taxa efetiva praticada neste
contrato é 4,30% ao mês.
Só neste particular, já se percebe que o banco
Requerido falta com seu dever de transparência e de informação
clara, e que também falta com a observância dos deveres
emergentes da boa-fé objetiva, que remete à ética nas relações
contratuais.

No entanto, Excelência, as irregularidades vão


além. Conforme se verifica da consulta à base de dados do Banco
Central, que é a autoridade monetária brasileira, no mês de
OUTUBRO/2017, a taxa média praticada pelo mercado era
de 34,21% ao ano e 2,04% ao mês.
Ora, compulsando a taxa de juros que vem sendo de
fato imposta aos Requerentes com a taxa de juros média do
mercado, se observa uma variação para mais da ordem de
13,65%. Vejamos:

TAXA INFORMADA NO CONTRATO 66,60% 4,30%

TAXA REAL, CONFORME BACEN 39,62% 2,36%

TAXA MÉDIA MERCADO 34,21% 2,04% 20


VARIAÇÃO 13,65% 13,65%

Logo, uma das planilhas de cálculo que instruem a


presente, denominada PROJEÇÃO DO SALDO DEVEDOR, aponta que,
acaso os Requerentes efetuassem o pagamento de todas as parcelas
originalmente contratadas com o banco Requerido, ao final do
contrato, teriam pago à maior a importância de R$ 54.766,66
(cinquenta e quatro mil e setecentos e sessenta e seis
reais e sessenta e seis centavos).
É pacífica a jurisprudência pátria, no sentido de
vedar a prática de juros remuneratórios acima da taxa
média de mercado.

Se é verdade que as instituições financeiras não


estão sujeitas aos limites legais de taxas de juros que são
impostas aos negócios feitos entre particulares, nossos
tribunais estabelecem balizas dentro das quais as operações
devem se realizar, como forma de oferecer algum grau de proteção
aos consumidores dos serviços bancários.
E a baliza está justamente em que os bancos devem
observar a taxa média de juros estabelecida pelo Banco
Central do Brasil. As operações que extrapolam este patamar
são consideradas abusivas, e as suas taxas de juros devem
então ser readequadas, por meio da intervenção estatal do
Estado-juiz nos pactos particulares.

VALOR DEVIDO SALDO DEVEDOR


QUANTIDADE VALOR PARCELAS
CONTRATO VALOR TAXA TOTAL PAGO NA DATA DE RECONHECIDO
PARCELAS PARCELAS PAGAS
INADIMPLÊNCIA PELO AUTOR
209.495.480 R$ 21.737,66 4,3 72 R$ 934,69 7 R$ 6.542,83 R$ 25.633,72 R$ 19.090,89

Senão vejamos o entendimento do Superior


Tribunal de Justiça:
PROCESSUAL CIVIL E BANCÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
REVISIONAL. EMPRÉSTIMO PESSOAL. JUROS
REMUNERATÓRIOS. ABUSIVIDADE. CONSTATAÇÃO. LIMITAÇÃO
À TAXA MÉDIA DE MERCADO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.
NÃO CONFIGURAÇÃO.
- Cabalmente demonstrada pelas instâncias
ordinárias a abusividade da taxa de juros 21
remuneratórios cobrada, deve ser feita sua redução
ao patamar médio praticado pelo mercado para a
respectiva modalidade contratual. (...) (STJ, 3a.
Turma, REsp 1036818 / RS, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, em 20.06.2008).

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA


E APREENSÃO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. JUROS
REMUNERATÓRIOS LIMITADOS À TAXA MÉDIA DE MERCADO.
1.- Mantém-se a limitação dos juros remuneratórios
à taxa média de mercado quando comprovada, no caso
concreto, a significativa discrepância entre a taxa
pactuada e a taxa de mercado para operações da
espécie. 2.- Agravo Regimental improvido.
(STJ - AgRg no REsp: 1423475 SC 2013/0401171-1,
Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data de
Julgamento: 11/02/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data
de Publicação: DJe 13/03/2014).

Com efeito, a referida matéria é objeto da Súmula


296 do STJ. Vejamos:
“Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a
comissão de permanência, são devidos no período de
inadimplência, à taxa média de mercado estipulada
pelo Banco Central do Brasil, limitada ao
percentual contratado”. (Grifamos)

Logo, a toda evidência, o banco Requerido, de forma


abusiva e valendo-se da qualidade de hipossuficiência e
necessidade dos Requerentes, aplicou ao contrato discutido o
percentual acima da média de mercado, conforme já
demonstrado acima nesta peça.

É sabido ainda que a maioria dos contratos de


consumo, são contratos de adesão, onde a parte fornecedora de
bens e de serviços já possui um contrato padrão, por ela
previamente elaborado, tendo o Consumidor somente duas
alternativas: não aceitar aquele “acordo” pré-redigido, ou
aceitá-lo em bloco, sem poder discuti-lo, ou, em virtude do
bem ou do serviço oferecido pelo fato de o predisponente 22
ser de tanta valia para o consumidor, que ele não tem outra
alternativa senão adquiri-lo naquelas condições previamente
fixadas.

Desta torna-se
forma, necessária a
Revisão Contratual no sentido de que sejam
abatidos os valores cobrados a título de seguro
e taxa de abertura de crédito, bem como para
excluir a possibilidade de cobrança cumulativa
da taxa de mora com a taxa de inadimplência e a
capitalização de juros, aplicando-se a taxa de
média de mercado de 2,04% ao mês, pura e
simples, reconhecendo-se a dívida em junho de
2018 no valor de R$ 19.090,89 (dezenove mil e
noventa reais e oitenta e nove centavos).
DO VALOR INCONTROVERSO
O artigo 330, do CPC assim dispõe:

“Art. 330. A petição inicial será indeferida


quando:
...
§ 2o Nas ações que tenham por objeto a
revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de
financiamento ou de alienação de bens, o autor terá
de, sob pena de inépcia, discriminar na petição
inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas
que pretende controverter, além de quantificar o
valor incontroverso do débito.”

Diante disso, vamos à elucidação do valor que


entende a parte Autora Incontroverso.

Dos Referidos contratos, o Requerente já efetuou o 23


pagamento de 7 (sete) parcelas em cada contrato, perfazendo um
valor total de R$ de R$ 37.541,49 (trinta e sete mil e
quinhentos e quarenta e um reais e quarenta e nove centavos).

Todavia, refazendo-se o cálculo pela calculadora do


cidadão, bem como abatendo-se as parcelas já pagas, o montante
referente aos 3 (três) contratos, remete-se à quantia de
R$143.981,67 (cento e quarenta e três mil e novecentos
e oitenta e um reais e sessenta e sete centavos).

Há ainda os valores referentes a cobranças


indevidas sofridas pelo Requerente e que deverão ser abatidos do
montante do débito.

Logo, estamos
diante de cobrança indevida,
reconhecendo-se como tal, nos termos do Art. 42 do
Código de Defesa do Consumidor, deverá ocorrer sua
devolução em dobro.
Assim o
sendo,valor incontroverso
entendido pelo Requerentes correspondente ao
valor de R$ 143.981,67 (cento e quarenta e três
mil e novecentos e oitenta e um reais e sessenta
e sete centavos).

DO FATO SUPERVENIENTE À FORMAÇÃO DO CONTRATO

As revisões dos contratos, notadamente revelam o


avanço do direito contratual no sentido de suavizar os rigores
da supremacia da vontade, reconhecendo aos contratantes o
direito de modificarem ou revisarem cláusulas contratuais caso
haja desequilíbrio decorrente de circunstâncias posteriores ao 24
momento da formação do liame contratual.

Nesta esteira, o Art. 5º. , XXXV, da CF/1988 já


enunciava: “alei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Logo, cabe ao Poder Judiciário, o papel de
corretamente enfrentar estes desafios, adequando-se aos novos
tempos do direito contratual.

Isto, impõe reconhecer o que se deve funcionalizar


as relações contratuais, preservando-se, sempre que possível,
adequando a vontade das partes.

Sendo assim, a Revisão Contratual é a solução que


de modo mais acertado atente a função social do contrato, à boa-
fé, à dignidade humana, ao solidarismo constitucional, à justiça
contratual, e ao princípio da conservação do contrato entre
muitos outros pilares contratuais e do direito do consumidor.
Quando se trate de obrigações de largo prazo ou
trato sucessivo e, durante o tempo de cumprimento, altere-se
fundamental e gravemente o conteúdo econômico da obrigação ou a
proporcionalidade entre as prestações por haver sobrevindo
circunstancias imprevistas que tornem extraordinariamente
oneroso o cumprimento para uma das partes, poderá esta solicitar
a revisão judicial para que se modifique a obrigação em termos
de equidade.

Se houve evento superveniente que gerou um


posterior desequilíbrio da relação contratual, onerando
excessivamente o consumidor, isto é, imputando-lhe um sacrifício
no cumprimento do avençado, devendo haver a revisão contratual,
pela aplicação da Teoria da Onerosidade Excessiva.

Logo, resta claro que o Requerente enquadra-se nos


critérios supramencionados, tendo em vista que os mesmo
enfrentam circunstâncias alheias as suas vontades, quais sejam, 25
grave crise econômica, que enseja um aumento
significativo de débitos trabalhistas e tributários, o
que, por conseguinte, transforma totalmente o cenário
econômico.

Requer-se desta forma, em decorrência da


modificação econômica da parte, seja determinada a
modificação de cláusula que estabelece a taxa de juros
para o valor de 1% (um por cento) ao mês, considerando-
se a dívida reconhecida de R$ 143.981,67 (cento e
quarenta e três mil e novecentos e oitenta e um reais e
sessenta e sete centavos), perfazendo o pagamento em 72
(setenta e duas) parcelas mensais de R$ 2.814,87 (dois
mil e oitocentos e quatorze reais e oitenta e sete
centavos).
DA REVISÃO CONTRATUAL COM BASE EM
CLÁUSULAS NULAS OU ABUSIVAS

A fim de ensejar a revisão contratual, basta haver


a superveniente excessiva da prestação, independentemente de
qualquer argüição a respeito da impessoalidade do devendo.

Logo, deve-se observar que nos contratos


celebrados, em diversas cláusulas, a parte Autora fica exposta a
condições abusivas que já estão pacificamente condenadas por
nossos egrégios tribunais.

Primeiramente, podemos citar a capitalização de


juros prevista mensalmente, matéria esta que será tratada
detalhadamente a seguir, no tópico acerca do evidente anatocismo
praticado pelo Banco Requerido.
26
Também merece destaque a cobrança indevida da
comissão de permanência em conjunto com juros
remuneratórios, prevista nos Contratos em referência.

Por vezes já decidiu o Superior Tribunal de


Justiça, inclusive registrando a matéria através da Súmula
472, pacificando o entendimento de que a cobrança de comissão
de permanência não pode coexistir com juros
remuneratórios, multa contratual ou outro encargo desta
natureza.
Cobrança de comissão de permanência

Súmula 472: "A cobrança de comissão de permanência


– cujo valor não pode ultrapassar a soma dos
encargos remuneratórios e moratórios previstos no
contrato – exclui a exigibilidade dos juros
remuneratórios, moratórios e da multa contratual".
Neste diapasão, cumpre trazer a baila alguns
entendimentos jurisprudenciais neste sentido:

AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 557.073 - MS


(2014/0189491-4) VOTO O EXMO. SR. MINISTRO RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA (Relator): A irresignação não
merece prosperar. Os argumentos expendidos nas
razões do regimental são insuficientes para
autorizar a reforma da decisão agravada, que deve
ser mantida por seus próprios fundamentos: "(...) A
insurgência merece prosperar em parte. A cláusula
contratual que prevê a cobrança da comissão de
permanência calculada pela taxa média de mercado
apurada pelo Banco Central do Brasil, de acordo com
a espécie da operação, tendo como limite máximo o
percentual contratado - não é potestativa (Súmula
nº 294/STJ). Referida cláusula é admitida apenas no
período de inadimplência, desde que pactuada e não
cumulada com os encargos da normalidade (juros
remuneratórios e correção monetária) e/ou com os
encargos moratórios (juros moratórios e multa
contratual), de acordo com as Súmulas nº 30 e nº
296 do STJ. Nesse sentido, o REsp nº 1.058.114/RS, 27
da relatoria do Ministro João Otávio de Noronha
(relator para o acórdão), submetido ao regime dos
recursos repetitivos, julgado pela Segunda Seção,
com a seguinte ementa: (...) O acórdão recorrido,
portanto, está em dissonância com a jurisprudência
deste Sodalício, que possibilita a cobrança da
comissão de permanência, no período de
inadimplência, desde que pactuada e não cumulada
com quaisquer outros encargos e limitada à taxa do
contrato, calculada de acordo com a média do
mercado. O julgamento do REsp nº 973.827/RS,
submetido à sistemática dos recursos repetitivos,
restou decidido que nos contratos firmados após
31/3/2000, data da publicação da Medida Provisória
nº 1.963-17, admite-se a capitalização dos juros em
periodicidade inferior a um ano, desde que pactuada
de forma clara e expressa, assim considerada quando
prevista a taxa de juros anual em percentual pelo
menos doze vezes maior do que a mensal, consoante
se colhe da ementa de referido julgado: (...) Na
hipótese dos autos, consignando a instância de
origem que a taxa anual de juros (36,72%) é
superior ao duodécuplo da mensal (3,06%), revela-se
legal a incidência da capitalização mensal de
juros. No tocante aos juros remuneratórios não há
interesse recursal, já que a Corte de origem
manteve as taxas contratadas. Por fim, as matérias
referentes à TR e repetição do indébito não foram
objeto de debate pelas instâncias ordinárias e não
foram opostos embargos declaratórios com a
finalidade de sanar omissão porventura existente.
Por esse motivo, ausente o requisito do
prequestionamento, incide o disposto na Súmula nº
282 do STF: 'É inadmissível o recurso
extraordinário, quando não ventilada, na decisão
recorrida, a questão federal suscitada'
Ante o exposto, conheço do agravo e dou parcial
provimento ao recurso especial a fim de
possibilitar a cobrança da comissão de permanência,
no período de inadimplência, desde que pactuada no
contrato e não cumulada com quaisquer outros
encargos e limitada à taxa do contrato, calculada
de acordo com a média do mercado e da capitalização
mensal de juros, devendo o recorrido arcar com a 28
integralidade dos ônus sucumbenciais. (fls.
295/298).” (Grifo nosso)

"AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


AÇÃO REVISIONAL. CONTRATO BANCÁRIO. PROVA PERICIAL
DESNECESSÁRIA. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO.
DEMONSTRAÇÃO CABAL DO ABUSO. NECESSIDADE. SÚMULA
382 DO STJ. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. JUROS
COMPOSTOS. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. SÚMULAS 30, 294
E 472 DO STJ. (...) 4. É legal a cobrança da
comissão de permanência na fase de inadimplência,
desde que não cumulada com correção monetária,
juros remuneratórios, multa contratual e juros
moratórios (Súmulas 30, 294 e 472 do STJ). (...) 6.
Agravo regimental a que se nega provimento." (AgRg
no AREsp n. 264.054/RS, Relatora Ministra MARIA
ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em
18/12/2014, DJe 6/2/2015.)(Grifo nosso)
abuso cometido pelo Banco Requerido
Outro
que merece destaque é a incidência de tarifas e
emolumentos sem a discriminação exata do valor a ser
cobrado, o que representa uma total violação às regras
consumeristas, inclusive aos princípios de proteção ao
consumidor estipulados na Resolução 3919 do Banco Central.

Desta maneira, além de todos os fundamentos de fato


e de direito a seguir expostos, somente estes 03 (três)
elementos descritos acima já ensejariam a anulação dos
Contratos, tendo em vista a evidente situação lesiva em que foi
exposta a Empresa Autora.

enorme quantidade de encargos,


Mediante a
tais como juros capitalizados, comissão de permanência,
taxas de administração, a cobrança destes não pode ser 29
realizada de maneira indiscriminada, com sobreposição de
valores cobrados, levando a um estado necessário de confusão e
obscuridade por parte do consumidor.

Por estas razões deve ocorrer a revisão


contratual no sentido de que sejam devolvidos os valores
pagos indevidamente e para que possa excluir as
cláusulas que possibilitem:

a) A capitalização de juros mensalmente;

b) Cobrança da comissão de permanência;

c) Cobrança de taxas e tarifas não


especificadas
DA OFENSA AO ROL DE CLÁUSULAS ABUSIVAS DO DEC.
2181/1997 E DAS PORTARIAS DA SDE/MJ
O Dec. 2181/1997, que dispõe sobre a organização do
Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), além de
enumerar no seu art. 22 um rol de cláusulas abusivas
que desfavorecem em demasia o consumidor, traz, ainda, em
seu art. 56, a previsão de divulgação, pela Secretaria de
Direito Econômico do Ministério da Justiça, de um rol
anual de cláusulas abusivas.

Observando algumas das Portarias já publicadas


neste sentido, cumpre observar que algumas delas estão ligadas
diretamente à atividade financeira e bancária e, no
caso em tela, resta evidente que houve flagrante
desrespeito a parte destas disposições. 30

Destacamos abaixo os itens das Portarias que não


foram observados e, portanto, tem o condão de ensejar a anulação
e/ou revisão contratual:

 Item 06 da Portaria 4/1998 – “são


abusivas as cláusulas contratuais que estabeleçam
sanções, em caso de atraso ou descumprimento da
obrigação, somente em desfavor do consumidor” – No
Contrato em tela existe tão somente a previsão de
penalidades à Empresa Autora em caso de inadimplência
com relação às suas obrigações, não havendo nenhuma
menção às conseqüências do descumprimento das obrigações
por parte do Banco Requerido;
 Item 07 da Portaria 4/1998 – “são
abusivas as cláusulas contratuais que estabeleçam
cumulativamente a cobrança de comissão de permanência e
correção monetária – A cláusula Décima Oitava (18ª) do
Contrato está em total discordância com este item da
Portaria.
Desta forma, requer-se a exclusão do contrato
de todas as cláusulas de multa existentes, já que tais
cláusulas dispõem tão somente com relação a ônus ao
aderente, jamais em face da instituição financeira e,
assim, violando os ditames da Secretaria de Direito
Econômico do Ministério da Justiça.

DA CAPITALIZAÇÃO DE JUROS E A PRÁTICA DE


ANATOCISMO
Quanto à capitalização de juros, são existentes no
ordenamento jurídico inúmeras possibilidades respeitáveis e
jurídicas de interpretação da legislação federal em prol do
consumidor, como, por exemplo, a aplicação do art. 591, do
CC/02, que veda a capitalização mensal.

Ademais, em recente decisão, transitada em julgado


em 03 de maio de 2017, o STJ firmou entendimento, em sede de
Recurso Repetitivo, através do tema nr. 953, de tese no seguinte 31
sentido. Senão vejamos:

A cobrança de juros capitalizados


Tese Firmada nos contratos de mútuo é permitida
quando houver expressa pactuação.

Ou seja, não havendo a expressa


Excelência,
pactuação acerca da capitalização dos juros, o que por
certo é o caso dos autos, esta forma obtusa de contar
os juros não pode ser empregada.

Esta circunstância, como é por demais conhecida,


influencia decisivamente na fixação do montante devido, trazendo
as obrigações para patamares civilizados.

Autor vem sendo cobrado


Assim, temos que o
por valores em desacordo ao avençado, fazendo
com que seu débito torne-se impagável.
Ora, Excelência, há na presente situação clara
prática de anatocismo, vez que o Banco Réu cobra
juros muito acima do estabelecido na legislação
vigente, além de mês a mês incidir juros sobre
os juros que já foram cobrados.
Vejamos, pois, alguns pensamentos de doutrinadores
pátrios:

Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery,


Código Civil Anotado e legislação extravagante, 2ª edição:

Taxa convencional. Os juros de mora podem ser


fixados por convenção das partes até o índice
máximo de 12% ao ano.
Lei da usura (D 22626/33). A LU 1° veda a
estipulação de juros superiores ao dobro da taxa
legal. A taxa legal é de 1% ao mês, isto é, de 12%
ao ano. A aplicação da LU 1°, o que equivaleria a
24% ao ano de juros, ofenderia a CF 192 §3º, que 32
delimita o teto dos juros em 12% ao ano.
Conseqüentemente, é inaplicável a LU 1° aos
contratos civis e comerciais. (grifou-se).
Juros compensatórios. Decorrem da compensação pela
utilização consentida do capital alheio.
Juros legais e convencionais. Tanto os juros
compensatórios quanto os moratórios podem ser
convencionados, com ou sem taxa fixa. Os
convencionais podem chegar a até 12% ao ano. Se
não houver convenção das partes, os juros legais
são de 1% ao mês.
Juros compostos (anatocismo). É o cálculo feito de
juros sobre juros, ou seja, são os juros
calculados sobre o capital já acrescido dos juros
que dele decorreram, incorporados ao capital
periodicamente. A LU 4° proíbe expressamente o
anatocismo, permitindo, entretanto, a
capitalização anual, no mesmo sentido da permissão
da norma ora comentada. (Grifos nossos).

Da mesma forma, a legislação nacional estabelece:


Código Civil:

Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos,


presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de
redução, não poderão exceder a taxa a que se refere
o art. 406, permitida a capitalização anual.

LEI Nº 1.521, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1951

Art. 4º. Constitui crime da mesma natureza a usura


pecuniária ou real, assim se considerando:
a) cobrar juros, comissões ou descontos
percentuais, sobre dívidas em dinheiro superiores à
taxa permitida por lei; cobrar ágio superior à taxa
oficial de câmbio, sobre quantia permutada por
moeda estrangeira; ou, ainda, emprestar sob penhor
que seja privativo de instituição oficial de
crédito;
b) obter, ou estipular, em qualquer contrato,
abusando da premente necessidade, inexperiência ou
leviandade de outra parte, lucro patrimonial que
exceda o quinto do valor corrente ou justo da
prestação feita ou prometida.(grifou-se). 33
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa, de cinco mil a vinte mil cruzeiros.

Súmula 121 do STF:

A proibição legal alcança também as instituições


financeiras, sob pena de infringir-se a garantia
constitucional da isonomia, da função social do
contrato, da função social da empresa e a cláusula
geral de boa-fé objetiva, notadamente se a
capitalização dos juros, em período inferior a um
ano, caracterizar juros reais acima do permitido
constitucionalmente. Restou sem aplicação o STF
596.

A jurisprudência nacional também tem sido bem clara


neste sentido e, pedimos vênia para abaixo transcrever:

Anatocismo. Instituição financeira. Contrato de


financiamento. A orientação desta Câmara acolheu o
entendimento de que a taxa de juros encontra
limitação fundada na auto-aplicabilidade da norma
da CF 192 §3°, como pela incidência da legislação
infraconstitucional. Se assim não pudesse ser
entendido – isto é, afastando-se a incidência da
norma constitucional e da Lei da Usura (D
22626/33), por depender a primeira de
regulamentação e a segunda por não se aplicar às
instituições financeiras -, assim mesmo não
poderia o banco apelado exigir taxa de juros
superiores a 12% ao ano, pois não comprovou nos
autos tenha autorização do CMN para praticar taxas
superiores. Precedentes no STJ. A limitação da
taxa de juros encontra amparo, ainda nas
disposições do CDC. Vedada, por outro lado, a
possibilidade de prática de anatocismo, vedação
que persiste mesmo quando convencionada, conforme
se encontra assentado no STF 121. Precedentes no
STJ (TJRS, 13ª Câm. Cív., Ap 70002553535, rel.
Des. Marco Aurélio de Oliveira Canosa, j.
12.9.2002). (grifou-se).

Contrato de abertura de crédito. Capitalização de


juros. Inadmissibilidade. É proibida a 34
capitalização de juros nos contratos de abertura
de crédito (STJ, 3ª T., Resp 263029-RS, rel. Min.
Carlos Alberto Menezes Direito, j. 29.5.2001,
v.u., DJU 20.8.2001, p. 460).(grifou-se).

Portanto, pela prática de anatocismo, deve o Banco


Réu proceder à devolução em dobro dos valores indevidamente
cobrados, a serem apurados após realização de perícia contábil.

DAS RELAÇÕES DE CONSUMO


O presente caso versa, indubitavelmente, sobre
relação de consumo, haja vista a natureza do serviço prestado
pelo banco Requerido, que se amolda exatamente no disciplinado
pelo texto legal do art. 3º, caput e § 2°, do Código de Defesa
do Consumidor.
Por sua vez, o Requerente se encaixa perfeitamente
na definição de consumidor, de acordo com a lição do art. 2º,
caput, do CDC.

Pedimos vênia para abaixo transcrever alguns itens


necessários à elucidação deste R. Juízo:

O Código de Defesa do Consumidor determina:

Artigo 6º - “São direitos básicos do


consumidor:
...
IV. a proteção contra a publicidade enganosa
e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou
desleais, bem como contra práticas e cláusulas
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e
serviços;
V. a modificação das cláusulas contratuais
que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua
revisão em razão de fatos supervenientes que as
tornem excessivamente onerosas;
VI. a efetiva prevenção e reparação de danos 35
patrimoniais e morais...”;
VII. o acesso aos órgãos judiciários e
administrativos, com vistas à prevenção ou
reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos ou difusos, assegurada a
proteção jurídica, administrativa e técnica aos
necessitados;
VIII. a facilitação da defesa de seus
direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a
critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiência; (Grifo nosso).

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação de serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.(Grifo nosso).
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos
ou serviço, dentre outras práticas abusivas:
IV. prevalecer-se da fraqueza ou ignorância
do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde,
conhecimento ou condição social, para impingir-lhe
seus produtos ou serviços;
V. exigir do consumidor vantagem
manifestamente excessiva;
XI. aplicar fórmula ou índice de reajuste
diverso do legal ou contratualmente estabelecido;
(Grifo nosso).

Art. 42.... Parágrafo único. O consumidor


cobrado em quantia indevida tem direito à repetição
do indébito, por valor igual ao dobro do que se
pagou em excesso, acrescido de correção monetária e
juros legais, salvo hipótese de engano
justificável. (Grifo nosso).

Art. 46. Os contratos que regulam as relações


de consumo não obrigarão os consumidores, se não
lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento
prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos 36
instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensão de seu sentido e alcance. (Grifo
nosso).

Art. 47. As cláusulas contratuais serão


interpretadas de maneira mais favorável ao
consumidor. (Grifo nosso).

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre


outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
...
IV – estabeleçam obrigações consideradas
iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a
boa fé ou a equidade. (Grifo nosso).

A aplicação do CDC aos contratos bancários


pacificado pela edição da Súmula 297 do STJ. Vejamos:
Súmula 297: “O Código de Defesa do Consumidor é
aplicável às instituições financeiras”. (Grifamos)

Portanto, claro está tratar-se a presente de


relação de consumo, devendo ser julgada sob a égide do Código de
Defesa do Consumidor.

DO PEDIDO
Face o exposto, requer a V. Exa.:

a) Seja o feito distribuído sob segredo de justiça;

b) O deferimento do benefício da gratuidade de justiça;

c) A inversão do ônus da prova;

d) A concessão da tutela provisória pleiteada e sua


manutenção ao final da presente;
37
e) Seja deferida a realização de depósito judicial;

f) A citação do banco Requerido, na pessoa de seu


representante legal, para querendo, responder aos
termos da presente sob pena de revelia;

g) Seja feita a perícia contábil do contrato celebrado,


expurgando-se os juros excessivamente cobrados,
permitindo ao Autores o pagamento do débito nos
termos legais;

h) Seja realizada a revisão do contrato objeto da lide,


no sentido de que sejam abatidos os valores cobrados
a título de seguro e taxa de abertura de crédito, bem
como excluir a possibilidade de cobrança cumulativa
da taxa de mora com a taxa de inadimplência,
aplicando-se a taxa de juros de 2,04% ao mês, pura e
simples, reconhecendo-se a dívida em junho de 2018 no
valor de R$ 143.981,67 (cento e quarenta e três mil e
novecentos e oitenta e um reais e sessenta e sete
centavos);
i) Seja feita a revisão do contrato, com base na
realidade financeira da parte, arbitrando-se a
incidência de juros mensais à ordem de 1% (um por
cento) considerando-se a dívida reconhecida de
R$143.981,67 (cento e quarenta e três mil e
novecentos e oitenta e um reais e sessenta e sete
centavos), perfazendo o pagamento em 72 (setenta e
duas) parcelas mensais de R$2.814,87 (dois mil e
oitocentos e quatorze reais e oitenta e sete
centavos); dos contratos renegociados;

j) À sentença proferida sejam acrescidos juros e


atualização monetária desde a citação, bem como faça-
se constar da mesma que, ao trânsito em julgado,
proceda o Réu a seu cumprimento voluntário nos termos
do Art. 523, caput, do CPC, sob pena de incidir a
multa prevista no § 1º do mesmo artigo;

k) A condenação do Réu ao pagamento das custas


processuais e honorários advocatícios;

l) A juntada dos documentos que instruem a presente e a


produção de todos os tipos de prova em direito 38
admitidas.

Caso não seja acolhida a inversão do ônus da prova, o


que não se espera, pretende a produção de provas documentais.

Dá à causa o valor de R$ 156.241,37 (cento e


cinquenta e seis mil e duzentos e quarenta e um reais e trinta
e sete centavos).

Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.

Salvador, 11 de junho de 2018.

Delton Pedroso Bastos Junior


OAB/RJ 131592

Caio Correa de Carvalho


OAB/RJ 216705

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