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Aula 01

PC-RJ (Delegado) Reta Final - 2021


(Pós-Edital) Em PDF

Autor:
Isabella Pires

15 de Setembro de 2021

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Isabella Pires
Aula 01

Sumário

Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 4

Legislação Penal Especial ................................................................................................................................... 4

1 - Pílulas Estratégicas de Doutrina ............................................................................................................... 5

1. Considerações............................................................................................................................................................... 5

2. Porte e Cultivo de Droga............................................................................................................................................... 6

3. Da repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas ..................................................................... 12

4. Tráfico Ilícito de Drogas .............................................................................................................................................. 14

5. Vedações Gerais ......................................................................................................................................................... 20

6. Figuras equiparadas ao tráfico de drogas................................................................................................................... 21

7. Induzimento, instigação ou auxílio ao uso de drogas ................................................................................................. 23

8. Cessão gratuita e eventual de drogas para consumo compartilhado ........................................................................ 23

9. Tráfico privilegiado de drogas .................................................................................................................................... 24

2 - Vade-Mécum Estratégico – ..................................................................................................................... 26

3 – Questões Comentadas............................................................................................................................ 39

Direito Civil ....................................................................................................................................................... 40

1 - Pílulas Estratégicas de Doutrina ............................................................................................................. 41

1. Vigência ...................................................................................................................................................................... 41

2. Conflitos ...................................................................................................................................................................... 45

3. Interpretação .............................................................................................................................................................. 46

4. Integração ................................................................................................................................................................... 49

5. Fontes do Direito ........................................................................................................................................................ 50

6. Espécies de normas .................................................................................................................................................... 53

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2 - Vade-Mécum Estratégico ........................................................................................................................ 54

3 – Questões Comentadas............................................................................................................................ 62

Criminologia ..................................................................................................................................................... 64

1 - PÍLULAS ESTRATÉGICAS DE DOUTRINA.............................................................................................................. 65

1. Introdução .................................................................................................................................................................. 65

2. História da Criminologia ............................................................................................................................................ 68

3. A Evolução do Direito de Punir .................................................................................................................................. 68

3.1. Período de Vingança ............................................................................................................................................... 69

3.2. Período Humanista ................................................................................................................................................. 69

3.3. Período Científico.................................................................................................................................................... 70

4. As Fases da Criminologia ........................................................................................................................................... 70

4.1. Fase Pré-Científica .................................................................................................................................................. 71

4.2. Fase Científica: O surgimento do movimento científico da criminologia ............................................................. 74

4.2.1. Período da Antropologia Criminal ....................................................................................................................... 75

4.2.2. Período da Sociologia Criminal ............................................................................................................................ 76

4.3. Escolas Penais no Movimento Científico ............................................................................................................... 76

5. A Dogmática Penal ..................................................................................................................................................... 78

5.1. Direito Penal ........................................................................................................................................................... 79

5.3. Criminologia ............................................................................................................................................................ 80

2.4.1. Classificação da Criminologia ............................................................................................................................... 81

6. A criminologia como ciência ...................................................................................................................................... 84

6.2. Finalidades da Criminologia enquanto ciência ...................................................................................................... 85

6.3. Métodos da Criminologia: Empirismo .................................................................................................................... 85

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7. Modelos Teóricos da Criminologia ............................................................................................................................ 86

8. Objetos de Estudo da Criminologia ........................................................................................................................... 87

2 – QUESTÕES COMENTADAS.............................................................................................................................. 90

Considerações Finais ........................................................................................................................................ 94

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RETA FINAL PCERJ
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Olá, queridas alunas e queridos alunos! Como estão os estudos por aí?

Continuaremos nossa caminhada rumo à sua aprovação!!

Hoje, nosso PDF abordará as seguintes matérias:

MATÉRIA ASSUNTO MOTIVAÇÃO

Legislação Lei de Drogas – Parte I. - Incidência baixa


Penal Especial
-bom custo-benefício.
Direito Civil Introdução ao Direito. LINDB (Até o art. - Incidência alta.
18. A parte de Direito Público foi alocada
em Direito Administrativo).

Criminologia Noções Fundamentais. -Incidência altíssima.

Vamos lá?

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL


Nosso foco de estudo, de hoje será o seguinte ponto do edital:

PONTO 1: Lei de Drogas (Lei n° 11.343/2006).

No nosso primeiro estudo de Leis Penais Extravagantes para o concurso de Delegado da Polícia Civil do Rio
de Janeiro, trouxemos de imediato a Lei de Drogas (11.343/06), a lei mais cobrada para a carreira (12% das
questões tratam sobre a Lei n.º 11.343).

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Entendemos que os conceitos aqui apresentados deverão desde já ser compreendidos pelo futuro delegado
de polícia, revisando por este PDF ou pelas questões sempre que houver dúvidas.

Iremos abordar os tópicos mais relevantes da Lei, nesse primeiro momento, até o art. 33 – deixando os
aspectos processuais para um segundo momento.

Dessa forma, apenas a leitura desse conteúdo por aqui no pós-edital já se mostra suficiente. Ademais, o
estudo do assunto também poderá te ajudar na confecção da peça processual. Atenção, portanto, para os
números dos artigos.

Conforme o nosso estudo estratégico, esse tema já foi cobrado em 24 questões objetivas nos últimos 5 anos
de prova para o concurso de Delegado.

Em razão das características do ponto em comento, o estudo contará com Pílulas Estratégicas de Doutrina,
Excertos do Vade-mécum Estratégico e Questões Comentadas que já dão a base suficiente para enfrentar
as questões da prova objetiva.

1 - PÍLULAS ESTRATÉGICAS DE DOUTRINA

Faremos nosso estudo de Reta Final a partir da Aula 04, do Curso Regular de Legislação Penal e Processual
Especial do Professor Vitor de Luca, extraindo conceitos, classificações e o instrumental teórico necessário
à compreensão e melhor assimilação (e memorização) dos diplomas normativos.

Chamo a atenção de vocês para o fato de que, eventuais observações ou considerações a serem feitas por
mim, estarão identificadas com a presente formatação sombreada.

1. Considerações

Droga é toda substância que é capaz de gerar dependência, isto é, que contenha o chamado princípio ativo
ou toda substância especificada em lei ou relacionada em lista atualizada periodicamente pelo Poder
Executivo da União.

Caso uma substância seja excluída do rol de drogas da Portaria 344/98, haverá a retroatividade
da regra complementar mais benéfica ao agente, de forma que o fato se tornará atípico
(abolitio criminis).

O art. 2º da Lei de Drogas impõe uma proibição, em todo o território nacional, do plantio, da cultura, da
colheita e da exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas,
preconizando, entretanto, duas exceções a essa proibição:

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▪ Plantas de uso estritamente ritualístico-religioso, nos moldes definidos na Convenção de Viena;


▪ Quando existir autorização legal ou regulamentar para fins medicinais ou científicos;

O art. 2º não autoriza, por si só, o cultivo de plantio de uso ritualístico. Em outras palavras, o
plantio dessas plantas necessitará de autorização legal ou regulamentar, consoante art. 31 da
Lei 11343/06.

Compete à União Federal, através da ANVISA, autorizar não só o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais
para fins medicinais e científicos, bem como realizar a sua fiscalização. Em caso de desvio de finalidade, a
própria autarquia encaminhará os fatos para o MP.

2. Porte e Cultivo de Droga

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às penas:

I – advertência sobre os efeitos das drogas;

II – prestação de serviços à comunidade;

III – medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

Aqui nos deparamos com o instituto da despenalização, aplicando-se penas adversas às privativas de
liberdade (descarcerização) para o delito. Atenção que o fato por si só ainda é penalizado! Não houve, pois,
a descriminalização.

A objetividade Jurídica do art. 28 é a tutela da saúde pública. É crime de perigo abstrato.

O delito de porte de drogas NÃO É CAPAZ DE GERAR REINCIDÊNCIA.

Veja trecho do julgado que justifica tal afirmativa:

(...) se a contravenção penal, punível com pena de prisão simples, não configura reincidência,
resta inequivocamente desproporcional a consideração, para fins de reincidência, da posse de
droga para consumo próprio, que conquanto seja crime, é punida apenas com "advertência sobre
os efeitos das drogas", "prestação de serviços à comunidade" e "medida educativa de
comparecimento a programa ou curso educativo", mormente se se considerar que em casos tais

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não há qualquer possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade pelo


descumprimento, como no caso das penas substitutivas. 5. Recurso improvido. (REsp
1672654/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em
21/08/2018, DJe 30/08/2018)

▪ Sujeito Ativo: crime comum, qualquer um pode figurar no polo ativo


▪ Sujeito Passivo: A coletividade. O crime é punido em razão da potencialidade lesiva que pode causar
ao meio social, e não em virtude da proteção à saúde do próprio usuário, pois não há que se falar em
punição decorrente da autolesão em prol do princípio da ofensividade.

Repare ainda que o tipo penal em estudo não incrimina o uso de drogas, mas sim
condutas ligadas ao uso de substância entorpecente. Assim, o uso pretérito de
substância entorpecente é considerado fato atípico, ainda que exame de sangue
ateste que determinada pessoa fez uso de droga. Verifica-se, assim, que o objetivo
da norma penal incriminadora é punir alguém pelo perigo social causado pela detenção atual da substância
entorpecente, que simplesmente deixa de ser censurável quando essa droga já foi consumida.

➔ A título de curiosidade, o militar que traz consigo droga para dentro da Organização Militar responde
por crime militar (art. 290) do CPM, afastando a incidência da 11.343/06.

FIGURA EQUIPARADA – Art. 28º, §1º

Às mesmas medidas submetem-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas
destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência
física ou psíquica.

• Se o agente cultiva uma média ou grande quantidade de droga, superior ao necessário para o
consumo pessoal, responderá pelo crime do art. 33, § 1º, inciso II, da Lei de Drogas (tráfico por
equiparação).

Questão: Por qual delito responde o agente que cultiva pequena quantidade de planta com o objetivo de
preparar droga para ser consumida de modo compartilhado?

Demonstrado que a intenção não é a venda da droga e demonstrado que o plantio é destinado à preparação
de pequena quantidade, a conduta do agente deve ser censurada nos termos do art. 33, §3º, da Lei 11343/06
(Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a

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consumirem. Pena – detenção, de 6 meses a 1 ano, e pagamento de 700 a 1.500 dias multa, sem prejuízo
das penas previstas no art. 28.

Repare que todas as condutas típicas descritas no art. 28 da Lei 11343/06 também constam
do art. 33, caput, da Lei 11343/06 (tráfico de drogas). Pois bem. O que diferenciará esses
delitos é justamente a intenção do agente→ Comprou com a intenção de consumi próprio?
Crime de porte de drogas.

Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da
substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e
pessoais, bem como a conduta e aos antecedentes do agente.

Analisando o elemento do crime, temos definido que:

Objeto material: é a droga, ou seja, a substância entorpecente ou que determine dependência física ou
psíquica.

Elemento normativo do tipo: Está consubstanciado nos termos “sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar”. Lembre-se que o emprego, exploração, cultivo de drogas, em
situações excepcionais, são permitidos no Brasil, sobretudo para fins medicinais e científicos. É o caso de
médicos e pesquisadores.

Consumação: Na modalidade adquirir o delito é instantâneo, pois se consuma quando existe concordância
entre o vendedor e o comprador. Já nas modalidades trazer consigo, guardar, ter em depósito e transporte
o crime é permanente (a consumação se prolonga no tempo por vontade do agente – não admitido
tentativa).

Questão: É cabível o princípio da insignificância ao delito de porte de entorpecente?

Primeiramente, devemos reforçar que para o reconhecimento do Princípio da Insignificância o STF traçou 4
vetores:

M – mínima ofensividade da conduta

A – ausência de periculosidade social da ação

R – reduzido grau de reprovabilidade do comportamento

I – inexpressividade da lesão jurídica.

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Constatados todos os requisitos no caso concreto, poderá incidir o Princípio?

Posição STJ: não se aplica o princípio da insignificância, ainda que ínfima a quantidade de droga apreendida,
em virtude de o crime de porte de entorpecente ser de perigo abstrato e, além disso, a pequena quantidade
da droga ser característica própria do tipo penal de porte de drogas para consumo pessoal.

Posição STF: o assunto ainda é dividido, sobretudo por notar-se uma sinalização de alteração de
entendimento, da 1ª Turma, que já colaciona alguns precedentes no sentido de adotar o primado da
insignificância ante a ínfima quantidade de drogas apreendida com o agente usuário.

Das Penas do art. 28

I. Advertência sobre os efeitos da droga: o magistrado designa audiência específica (audiência


admonitória) para tal, sendo imprescindível a presença do advogado, sob pena de nulidade absoluta.
II. Prestação de Serviço à comunidade: serão prestados preferencialmente para entidades sem fins
lucrativos que se ocupem da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários. Possui o prazo
máximo de 5 meses, mas poderá chegar até 10 meses nos casos de reincidência1.

O descumprimento injustificado da prestação de serviços à comunidade não pode resultar


na conversão da pena em restritiva de liberdade. De acordo com o art. 28, §6º, em caso de
descumprimento injustificado dessa pena, o magistrado poderá se valer da admoestação
verbal e multa.

III. Medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo: comparecimento do agente


a fim que ele receba orientações de profissionais em assunto voltado à questão do uso de drogas.
Essa medida educativa terá o prazo máximo de 5 meses, porém se reincidente poderá ter o prazo
máximo de 10 meses.

1
Quando o § 4º fala em reincidência, quer se referir à nova prática do mesmo crime previsto no caput
do art. 28, sendo o caso de reincidência específica. STJ. 6ª Turma. REsp 1.771.304-ES, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 10/12/2019 (Info 662) * entendimento da doutrina é que pode ser reincidência
genérica (Brasileiro)

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Conforme o art. 27 da Lei de Drogas, essas penas podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem
como substituídas, umas pelas outras, a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor. Tais
penas somente podem ser aplicadas em sentença, depois de produzida toda a instrução probatória.

Medidas de Coerção

Mesmo não sendo possível converter as penas em restritivas de liberdade, em caso do seu não cumprimento,
temos instrumentos com meios de coerção, que devem ser aplicadas em caso de recusa injustificada das
penas e de forma sucessiva.

As medidas de coerção são:

I. Admoestação verbal
II. Multa.

Tanto a admoestação verbal como a multa não são penas, mas sim medidas de coerção, que visam compelir
o acusado ao cumprimento das penas previstas no art. 28. Essas medidas são aplicadas sucessivamente:
primeiro, a admoestação, depois, a multa.

❖ Admoestação verbal: efetivada em audiência designada para esse fim, com a presença de advogado
e do Ministério Público. Caso o agente não compareça à admoestação verbal, o magistrado poderá
aplicar a multa coercitiva

O não comparecimento a essa audiência admonitória não configura o delito de


desobediência - art. 330 do CP -, pois a própria lei estabeleceu a possibilidade de aplicação
de multa coercitiva, sem realizar qualquer ressalva sobre a responsabilidade criminal do
citado crime.

❖ Multa: o magistrado, atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, em


quantidade nunca inferior a 40 nem superior a 100 dias-multa, atribuindo depois a cada dia, segundo
a capacidade econômica do agente, o valor de um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior
salário mínimo.
 Destinatário do valor aplicado como multa: Fundo Nacional Antidrogas

Assim, não confunda:

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Advertência sobre
os efeitos da
droga

Prestação de
Pena serviço à
comunidade

Comparecimento
a programa ou
curso educativo

Admoestação
Verbal
Medidas de
Coerção
Multa

Prescrição do art. 28

Prazo é de 2 anos (prazo específico pelo art. 30 e não se submete aos prazos prescricionais do Código Penal)
e refere-se à prescrição da pretensão punitiva e à prescrição da pretensão executória.

OBS: No tocante ao termo inicial do prazo prescricional e às causas interruptivas e suspensivas do prazo
prescricional devem ser observadas as mesmas regras do Código Penal.

Questão: Menor que pratica um ato infracional análogo ao delito de porte de entorpecente (art. 28, caput)
pode ser privado da liberdade com aplicação de medidas socioeducativa de internação ou semiliberdade?

A resposta é negativa, porquanto o art. 28 da Lei de Drogas não prevê pena privativa de liberdade. Logo, não
faz sentido punir de forma mais grave na seara da persecução socioeducativa.

Competência

A competência para o processamento e julgamento do delito previsto no art. 28 da Lei 11343/06 será do
Juizado Especial Criminal no âmbito da Justiça Estadual (art. 48, §1º, da Lei 11343/0620), salvo se houve

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concurso com crime mais grave. Todavia, se esse crime for praticado a bordo de navio (com potencial
deslocamento para aguas internacionais) ou aeronave, a competência é do Juizado Especial Federal.

Procedimento

O agente que for surpreendido praticando o tipo penal do art. 28 da Lei de Drogas não estará sujeito a prisão
em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente 2, ou, na falta
deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado.

Em audiência preliminar o MP poderá oferecer a proposta de transação penal, podendo inclusive propor as
penas restritivas de direito do art. 28 na transação.

Todavia, se o autor dos fatos recusar a proposta de transação penal ou de modo injustificado não
comparecer à audiência preliminar ou se não estiverem presentes os pressupostos dessa medida
despenalizadora, o Ministério Público poderá oferecer, de modo verbal, a denúncia (art. 77 da Lei
9099/95), sendo deflagrada ação penal que adotará o procedimento sumaríssimo.

3. Da repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas

Segundo o Art. 31 da Lei 11343/06, é indispensável a licença prévia da autoridade competente (ANVISA) para
produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar,
reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer
fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua preparação, observadas as demais exigências legais.

Já o art. 32 da Lei 11343/06 determina que as plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo
delegado de polícia na forma do art. 50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo
lavrando auto de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as
medidas necessárias para a preservação da prova.

2
Considerando-se que o termo circunstanciado não é procedimento investigativo, mas sim uma mera peça informativa com
descrição detalhada do fato e as declarações do condutor do flagrante e do autor do fato, deve-se reconhecer que a possibilidade
de sua lavratura pela autoridade judicial (magistrado) não ofende os §§ 1º e 4º do art. 144 da Constituição, nem interfere na
imparcialidade do julgador. As normas dos §§ 2º e 3º do art. 48 da Lei nº 11.343/2006 foram editadas em benefício do usuário
de drogas, visando afastá-lo do ambiente policial quando possível e evitar que seja indevidamente detido pela autoridade
policial. (STF. Plenário. ADI 3807, Rel. Cármen Lúcia, julgado em 29/06/2020 - Informativo 986 – clipping).

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I. Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a plantação, observar-se-á, além das cautelas
necessárias à proteção ao meio ambiente, o disposto no Decreto no 2.661, de 8 de julho de 1998, no
que couber, dispensada a autorização prévia do órgão próprio do Sisnama.

Caso a plantação seja encontrada e não tenha ocorrido a prisão em flagrante, a destruição das drogas se
dará por incineração, no prazo de 30 dias a contar da apreensão – com a nova redação do art. 50-A em 2019,
tem-se que não mais é necessária a autorização judicial para se proceder com a destruição das drogas
apreendidas sem prisão em flagrante.

Caso a plantação seja encontrada e o agente seja preso em flagrante, a destruição das drogas se dará no
prazo de 15 dias, sendo executada diretamente pelo delegado competente, na presença do MP e da
autoridade sanitária.

Expropriação

As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas
de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas
em lei.

▪ Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de


entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo
especial com destinação específica, na forma da lei.

De acordo com posição firmada pelo STF, a expropriação recai sobre todo o imóvel (e não
apenas sobre a parte destinada ao cultivo) vez que a expressão “gleba” utilizada no art. 243
da Constituição Federal deve ser interpretada como propriedade na qual sejam localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas.

Essa expropriação-sanção pode atingir bem de família?

A resposta é positiva. Segundo o professor Gabriel Habib é bem verdade que a lei 8009/1990 trata de
impenhorabilidade do imóvel que se constitua bem de família. Porém, no art. 3º da lei há exceções, entre elas
a do inciso VI (‘por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória
a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens’).

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4. Tráfico Ilícito de Drogas

É delimitado pelo art. 33:

Art. 33, caput, da Lei 11343/06: Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar. Pena – reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500 a 1.500 dias-multa.

Desde já devemos lembrar que o tráfico de drogas é um crime equiparado a hediondo (art. 5º, XLIII, da
Constituição Federal), sofrendo os rigores da Lei 8072/90. Em prestígio ao princípio da especialidade, as
regras descritas na Lei dos Crimes Hediondos somente serão aplicadas naquilo em que não conflitarem com
a Lei de Drogas.

A lei não delimitou, por meio de nomen juris específico, o alcance da expressão tráfico de drogas. Todavia, o
art. 443, caput, da Lei 11343/0626 estabeleceu uma série de vedações aos crimes descritos nos arts. 33,
caput e §1º, e 34 a 37 da Lei de Drogas, de modo a concluir que tais delitos seriam os equiparados a
hediondos.

Dois delitos merecem uma anotação importante:

Art. 35: Art. 33, §4º: NÃO são


Associação Tráfico equiparados
para o tráfico Privilegiado à hediondos

3
“Os crimes previstos nos arts. 33, caput e §1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de
sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de
direitos.

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Em recente julgado, o Superior Tribunal de Justiça asseverou que o delito de associação para o tráfico não
é um crime equiparado a hediondo. Eis o acórdão:

1. A jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça reconhece que o crime de associação


para o tráfico de entorpecentes (art. 35 da Lei n. 11.343/2006) não figura no rol de delitos
hediondos ou a eles equiparados, tendo em vista que não se encontra expressamente previsto
no rol taxativo do art. 2º da Lei n. 8.072/1990. (HC 429.672/SP).

No mesmo sentido, vale destacar o teor do art. 112, §5º, da LEP, com redação pela Lei nº 13.964/19, que
assevera o tráfico privilegiado de drogas (art. 33, §4º, da Lei nº 11,343/06) como crime não hediondo para
os fins de progressão de regime.

Objetividade Jurídica da tipificação do crime de tráfico de drogas: Proteção da Saúde Pública. Crime de
perigo abstrato

Sujeito Ativo: O delito é comum, exceto para o núcleo “prescrever”, que só pode ser realizado por médicos
ou dentistas.

Caso a receita seja prescrita culposamente, o delito será do art. 384 da Lei de Drogas).

*Se o agente pratica o delito de tráfico de drogas prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de
função de educação, poder familiar, guarda ou vigilância, a pena será aumentada de um sexto a dois terços.

Sujeito passivo: É a coletividade. Cuida-se de crime vago (o sujeito passivo é um ente destituído de
personalidade jurídica).

4
Art. 38, 11343: Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente,
ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Pena:
detenção, de 6 meses a 2 anos, e pagamento de 50 a 200 dias multa

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Devemos chamar a atenção para o fato que, para esse crime consumar-se, não é
fundamental que a droga seja de propriedade do agente. Exemplo: O agente que guarda em
sua residência droga pertencente a outrem responde por tráfico de drogas.

Objeto Material: é a droga, definida no art. 1º, parágrafo único, da Lei 11.343 + Portaria da ANVISA (por ser
norma penal em branco heterógena). Não existe crime de tráfico quando a droga não consta na Portaria
da ANVISA.

Todavia, produtos fora desse rol (ex: bebidas alcoólicas, cola de sapateiro, etc.) entregues a
criança ou adolescente configurará o crime descrito no art. 243 do ECA.

Vender, fornecer, ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma a criança ou a


adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam
causar dependência física / psíquica: Pena – detenção de 2 anos a 4 anos, e multa, se o fato não
constitui crime mais grave

Elemento normativo do tipo: Está consubstanciado nos termos “sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar”.

Consumação: O delito de tráfico de drogas (art. 33) consuma-se quando o agente realiza a conduta típica.
Observem que esse tipo penal possui algumas condutas típicas caracterizadoras de crimes instantâneos e
outras de crimes permanentes. Exemplos de condutas geradoras de crimes instantâneos: vender, adquirir e
oferecer. Ex. de condutas de crimes permanentes: trazer consigo, guardar, transportar, expor à venda, ter
em depósito.

▪ Consequências jurídicas do crime permanente: possível prisão em flagrante enquanto durar a


permanência; violação domiciliar independente de ordem judicial (dia ou noite).

No tocante ao flagrante preparado para ocorrer a venda do tráfico de drogas, a ação


típica de “vender” torna o flagrante nulo, pois as autoridades tomaram todas as
providências para que o delito não se consumasse. Todavia, devemos lembrar que o
delito de tráfico de drogas é um crime de ação múltipla, contendo 18 verbos. Assim, é
possível o agente ser preso em flagrante delito por outras condutas típicas, v.g, trazer consigo, guardar,

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oferecer, ter em depósito, condutas que demonstram ser o delito permanente e, portanto, preexistentes à
atividade policial.

Se praticado no mesmo contexto fático, o delito de tráfico de drogas absorve as figuras


típicas descritas nos arts. 33, §1º e 34, da Lei de Drogas, com base no princípio da consunção.
Nesse sentido é a posição do STF:

(...)3. Os arts. 33, § 1º, I, e 34 da Lei de Drogas - que visam proteger a saúde pública, com a ameaça
de produção de drogas - tipificam condutas que podem ser consideradas mero ato preparatório.
Assim, evidenciado, no mesmo contexto fático, o intento de traficância do agente (cocaína),
utilizando aparelhos e insumos somente para esse fim, todo e qualquer ato relacionado a sua
produção deve ser considerado ato preparatório do delito de tráfico previsto no art. 33, caput,
da Lei 11.343/06. Aplica-se, pois, o princípio da consunção, que se consubstancia na absorção do
delito meio (objetos ligados à fabricação) pelo delito fim (comercialização de drogas). Doutrina e
precedentes. (HC 109708, Relator: Min. TEORI ZAVASCKI, 2015).

Tentativa: Em tese é possível. Ocorre que, na prática, é muito difícil a figura tentada do tráfico ilícito de
drogas. Explico. Como já falamos, o tráfico de drogas é um crime de ação múltipla que pode ser praticado
por 18 maneiras (condutas). Assim, atos que, em regra, seriam mero ato preparatório no delito em questão,
são previsto como infração penal autônoma. Exemplo: O agente é surpreendido antes de vender a
substância entorpecente para alguém. Todavia, o agente tinha em depósito uma quantidade de droga.
Consequência: Responderá pelo delito de tráfico de drogas consumado na modalidade “ter em depósito”.

Elemento Subjetivo: É o dolo (vontade e consciência) de exercer o tráfico ilícito de drogas, com ciência da
natureza da substância entorpecente ou que determine a dependência física ou psíquica. Se o agente não
tiver ciência que traz consigo substância entorpecente, caracteriza-se erro de tipo.

Pena: É cominada pena de reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de quinhentos a mil e quinhentos dias-
multa.

▪ Valor de cada dia multa: não inferior a um trinta avos (1/30) nem superior a 5 vezes o maior salário
mínimo. Contudo, se o juiz considerar o valor do dia-multa ineficaz em razão da condição econômica
do acusado, ele poderá aumentar até o décuplo.
▪ No caso de concurso de crimes, a multa será aplicada cumulativamente.

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O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre as circunstâncias judiciais do art. 59
do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social
do agente→ significa dizer que a reprovabilidade da conduta é majorada à medida do grau de potencialidade
da droga para gerar dependência, bem como sua quantidade.

Súmula 630 do STJ: A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de
entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da
posse ou propriedade para uso próprio.

• A atenuante da confissão deve ser aplicada caso tenha sida utilizada para embasar a sentença
condenatória, pouco importando se a admissão do ilícito foi espontânea ou não, integral ou parcial
ou se houve retratação posterior em juízo.

Progressão de Regime

Na fixação do regime inicial de cumprimento da pena, o magistrado deve observar os entendimentos


consagrados nas súmulas 718 e 719 do STF.

Súmula 718 do STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação
idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.

Súmula 719 do STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir
exige motivação idônea.

Atenção para o caso de Progressão Especial, com possibilidade de progressão com cumprimento de 1/8 da
pena, destinado a:

I. Gestantes;
II. Mães;
III. Responsáveis por crianças ou por pessoas com deficiência:

Para haver a progressão de regime, primeiramente, deverá ser demonstrada a adequação,


CUMULATIVAMENTE, aos seguintes requisitos:

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Ser primária e ter


Crime sem Não ter cometido
Ter cumprido bom Não ter integrado
violência ou grave o crime contra seu
1/8 da pena comportamento OrCIm
ameaça à pessoa filho e genitor
carcerário

De acordo com o art. 72, VII, da LEP, com redação dada pela lei 13769/18, caberá ao Departamento
Penitenciário Nacional acompanhar a execução das penas das mulheres beneficiadas com a progressão
a
especial, monitorando sua integração social e a ocorrência da reincidência, específica ou não, mediante a
realização de avaliações periódicas e de estatísticas criminais.

Haverá a revogação do benefício caso o agente cometa novo crime doloso ou falta grave.

o Com isso, a apenada sofrerá regressão de regime (art. 118, I, da LEP) e estará impossibilitada
de obter essa progressão especial.

Com o advento do Pacote-Anticrime, temos que poderão alcançar a progressão quando cumprido:

➢ 40% - se primário em crime hediondo


➢ 60% se reincidente em crime hediondo (vedado livramento condicional – art. 44)
➢ 50% se primário, com crime hediondo resultado morte (vedado livramento condicional)
➢ 70% se reincidente em crime hediondo com resultado morte (vedado livramento condicional)
➢ 50% se condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa
estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado;

Devem ser observados esses percentuais em todas as fases da progressão.

➢ Procedimento

Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária,
comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. A decisão do
juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida de manifestação do
Ministério Público e do defensor, procedimento que também será adotado na concessão de livramento
condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.

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O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade


interrompe o prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena,
caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo terá como base a pena
remanescente.

Livramento condicional

De acordo com o art. 44, § único, da Lei de Drogas, o livramento condicional será concedido após o
cumprimento de 2/3 da pena, *vedada a sua concessão se for reincidente específico.
==ae741==

e
NÃO SERÁ CONCEDIDO LIVRAMENTO CONDICIONAL:

I. Crimes hediondos ou equiparados, quando o agente for reincidente

Teoria restritiva: deve acometer o mesmo crime ao qual já foi condenado para gerar reincidência

Teoria ampliativa: recairá na reincidência quem novamente praticar qualquer dos crimes elencados como
hediondo ou equiparado, mesmo que seja atentado outro bem jurídico.

II. Crimes hediondos ou equiparados com resultado morte (inclusive se primário→ desde que cometido
o crime após 23 de janeiro de 2020).

5. Vedações Gerais

Dispõe o art. 44, caput, da Lei 11343/0643 de os crimes previstos nos arts. 33, caput e §1º, e 34 a 37 da Lei
de Drogas são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a
conversão de suas penas.

I. O magistrado diante do caso concreto (análise dos requisitos do art. 312, CPP) pode conceder
liberdade provisória sem fiança.
II. A jurisprudência do STF entende que a hediondez ou a gravidade abstrata do delito não obriga, por
si só, o regime prisional mais gravoso, pois o juízo, conforme os princípios da individualização da
pena e da obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais, deve motivar o regime imposto
observando a singularidade do caso concreto.

Ampliação infraconstitucional do indulto:

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1ª Corrente: inconstitucional, as vedações somente podem ter base na CF

2ª Corrente: constitucional, pois a expressão “graça” descrita na Constituição abarca o seu sentido amplo,
ou seja, abrange a graça em sentido estrito tanto a graça em sentido amplo (indulto)→ adotada STF.

• Competência privativa do Presidente da República para a concessão desses benefícios limitada pela
vedação estabelecida no dispositivo constitucional.

6. Figuras equiparadas ao tráfico de drogas 7

Tráfico de matéria-prima, insumos ou produtos químicos destinados à preparação de Drogas


(art. 33, §1º, I, da lei 11343/06)

I – importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em
depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparar
drogas;

De forma diversa do art. 33, caput, da Lei de Drogas que possui como objeto material a droga, essa figura
criminosa tem os seguintes objetos materiais: matéria-prima, insumo, produtos químicos, todos destinados
à preparação da droga. Vale dizer, esse tipo penal pune a preparação para a droga.

Esse tipo penal abrange não só as substâncias empregadas exclusivamente à preparação


da substância entorpecente, mas sim qualquer outro produto eventualmente empregado
nessa finalidade, não precisando ser necessariamente ilícito. É o caso do éter e da acetona,
desde que exista prova de que se destinavam à preparação de cocaína.

Em 2018, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal reconheceu a atipicidade da


importação de pequena quantidade de sementes de maconha – se for grande quantidade, o
fato se amolda no art. 33, §1, I. Eis o julgado: Habeas corpus. 2. Importação de sementes de
maconha. 3. Sementes não possuem a substância psicoativa (THC). 4. 26 (vinte e seis) sementes: reduzida
quantidade de substâncias apreendidas. 5. Ausência de justa causa para autorizar a persecução penal. (HC
144161 – Rel: Gilmar Mendes).

Cultivo de plantas para o tráfico de drogas (art. 33, §1º, II, da lei 11343/06)

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Incide na tipificação que semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de
drogas.

▪ No delito em apreço, a matéria-prima não é de pequena quantidade e não se destina ao consumo


pessoal (caso o contrário se amoldaria no art. 28, §1º).

Observem que para a configuração dessa espécie criminosa não há necessidade de que as plantas tenham o
princípio ativo da substância entorpecente proscrita no Brasil, porquanto esse tipo penal exige tão somente
que as plantas sejam destinadas à preparação de drogas.

4
Utilização de Local para fim de Tráfico (art. 33, §1º, III, da lei 11343/06)

Utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas (não só o uso, mas o
tráfico).

▪ Trata-se também de um crime equiparado ao hediondo e um tipo penal misto alternativo.

Esse local descrito na Lei de Drogas pode ser imóvel (apartamento, sítio, casa, bar, hotel, etc.) ou móvel
(aeronave, veículo, barco, etc.).

Abrange apenas locais abertos ao público e privados. Não estão abrangidos os locais
públicos de uso comum. Essa conduta só estará tipificada se o local for utilizado ou
cedido para o tráfico de drogas (não se relaciona à utilização do local para o consumo
de droga – Houve abolitio criminis dessa conduta, que era prevista na lei anterior).

Se o agente que permite que outrem utilize de seu imóvel para a prática do crime de associação para o tráfico
(art. 35), sem que este local seja utilizado para a distribuição da droga, não estará tipificado o inciso III.

O crime se consuma quando no local ou bem é praticado o tráfico ilícito de drogas, ainda que por uma única
vez. A habitualidade não é exigida para a configuração desse delito.

Venda ou Entrega de droga ou material destinado a preparação de drogas a agente policial


disfarçado (art. 33, §1º, IV)

Incide na tipificação quem vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico
destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou

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regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta
criminal preexistente.”

Trata-se de importante inovação legislativa trazida pela Lei nº 13694/19 – aplicação a


partir de 23/01/2020

 A figura do agente policial disfarçado

O Policial, quando se encontra disfarçado, não induz alguém a praticar crime (elemento existente no agente
provocador) e tampouco necessita cativar a confiança dos integrantes do grupo criminoso (elemento
existente no agente infiltrado), caracterizando-se 1pelo fato de o policial, sem relevar a sua verdadeira
identidade, apresentar-se como um cidadão comum ao criminoso e, em virtude dessa situação, conseguir
dados de conduta criminosa preexistente do agente.

A figura do agente policial disfarçado somente tem cabimento nas estritas hipóteses estabelecidas em lei,
ou seja, em relação aos delitos de comércio ilegal de arma de fogo (art. 17, §2º, do Estatuto do
Desarmamento), tráfico internacional de arma de fogo (art. 18, parágrafo único, do Estatuto do
Desarmamento) e tráfico de drogas (art. 33, §1º, IV, da Lei nº 11.343/06), sendo vedado o emprego desse
meio especial de investigação para outras infrações penais (BRASILEIRO).

7. Induzimento, instigação ou auxílio ao uso de drogas

Quem utiliza o local ou consentia na sua utilização para o uso de drogas (sem ser proprietário, possuidor,
vigia e administrador) responde pelo delito em comento (art. 33, §2º, da Lei de Drogas), porquanto está
auxiliando alguém a fazer o uso da droga.

Esse crime somente se consuma com o efetivo uso de droga. Assim, não basta apenas induzir, instigar ou
auxiliar sem que a pessoa efetivamente faça uso da substância entorpecente.

Não é um crime equiparado a hediondo! Logo, não sofre as restrições impostas no art. 44 da Lei de Drogas.
Em razão da pena mínima não ser superior a 1 ano, admite-se o sursi processual.

8. Cessão gratuita e eventual de drogas para consumo compartilhado

O crime do art. 33, §3º, não é equiparado a hediondo e é compatível com a Transação Penal. Necessária a
cumulação de 4 requisitos para o enquadramento:

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1. A oferta da droga de maneira eventual – caso a oferta for frequente, a conduta se amolda no
delito do caput: tráfico de drogas.
2. A oferta gratuita; sem intenção de lucro
3. Destinatário da oferta seja pessoa do relacionamento de quem oferta – o destinatário da droga
pode ser imputável ou inimputável (doente mental, criança, etc.), aplicando-se, na última hipótese
a causa de aumento do art. 40, VI, da Lei de Drogas.
4. Consumo em conjunto – o consumo compartilhado é o fim especial do agente (dolo específico).

A pessoa a quem é oferecida a substância entorpecente não responde pelo delito do art. 33,
§3º, da Lei de Drogas, porém poderá ser punida pela prática delitiva de porte de entorpecente
(art. 28 da Lei de Drogas).

9. Tráfico privilegiado de drogas

Art. 33, §4º, da Lei 11343/06: Nos delitos definidos no caput e no §1º deste artigo, as penas poderão ser
reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o
agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas e nem integre
organização criminosa.

• Como a reincidência está sujeita ao prazo depurador de cinco anos (CP, art. 64, I), pode-se dizer que,
expirado esse prazo, mesmo aquele acusado que já fora condenado irrecorrivelmente pela prática de
crime anterior deverá ser tratado como se fosse primário.

Natureza Jurídica: Apesar da nomenclatura “tráfico privilegiado” é interessante destacar que não estamos
diante de uma figura privilegiada, pois o legislador não estabeleceu um limite mínimo e máximo de pena
privativa de liberdade. Na verdade, cuida-se de uma causa de diminuição de pena (minorante): de 1/6 a
2/3, analisada na terceira fase do cálculo trifásico da pena.

A questão dos maus antecedentes

Trata-se de condenações criminais transitadas em julgado que não podem figurar mais como reincidência
em decorrência do transcurso do prazo de 5 anos. Todavia, vale destacar que o STJ entende que é possível a
utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para a formação de convicção de que o réu se

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dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, §4º, da Lei 11.343
(Informativo 596 do STJ – EREsp 1431091-SP, rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/12/2016).

A questão da “mula”

Atuar como “mula” não necessariamente significa dizer que, automaticamente, é membro integrante org.
criminosa. A depender do caso concreto, a mula pode fazer jus a causa de diminuição de pena do art. 33,
§4º.

(...) 3. A jurisprudência desta Corte, acompanhando o atual posicionamento do STF, entende que
a simples atuação do agente como "mula", por si só, não induz que esse integre organização
criminosa, sendo imprescindível, para tanto, prova inequívoca do seu envolvimento, estável e
permanente, com o grupo criminoso, a autorizar a redução da pena em sua totalidade. Contudo,
embora o desempenho dessa função não seja suficiente para denotar que o paciente faça parte
de organização criminosa, tal fato constitui circunstância concreta para ser valorada na definição
do índice de redução pelo tráfico privilegiado, uma vez se reveste de maior gravidade. 4.
Considerando que o recorrente conscientemente atuou em favor da organização criminosa,
aplico o referido redutor na fração de 1/6 (um sexto). 5. O regime inicial para cumprimento da
pena será o fechado pois, embora o recorrente seja primário e a pena tenha sido estabelecida
em patamar inferior a 8 anos de reclusão, o modo inicial fechado (imediatamente mais grave
segundo o quantum da sanção aplicada) é o adequado à espécie, tendo em vista a aferição
desfavorável de circunstâncias judiciais (quantidade e natureza da droga apreendida - 1.637g de
cocaína). AgRg no AREsp 645.638/SP, DJe 16/02/2018).

De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, é inaplicável a minorante prevista no § 4º do art. 33 da Lei nº
11.343/2006 na hipótese em que o acusado tenha sido condenado, na mesma ocasião, por tráfico e pela
associação de que trata o art. 35, pois conclui-se que ele se dedica às atividades criminosas.

Preenchidos os requisitos legais descritos no art. 33, §4º, da Lei de Drogas, a redução da pena
é direito subjetivo do réu.

A nova lei de drogas pode retroagir para a aplicação do benefício (anterior a 2006), porém é necessário
que tal retroatividade seja integral e não apenas do art. 33, §4º, da Lei 11343/06. Vale dizer, ou aplica-se
por completo a lei antiga (lei 6368/76), ou aplica-se integralmente a atual lei (lei 11343/06). Não pode ser
feita uma combinação de leis e aplicar tão somente as partes favoráveis de cada uma delas. Esse é
entendimento constante na súmula 501 do STJ.

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Em razão da regra probatória decorrente do princípio da presunção de inocência, compete ao Órgão


acusatório demonstrar a presença de circunstância impeditiva da causa de diminuição em comento (art.
33, §4º, da Lei 11343/06). A ausência de provas de envolvimento em atividades criminosas ou da participação
em organização criminosa deve ser interpretada em benefício do acusado e, por conseguinte, não é suficiente
para afastar a aplicação da causa de redução da pena.

Quantum de diminuição de pena

O juiz não pode levar em consideração a natureza e a quantidade da droga (circunstâncias


judiciais descritas no art. 42 da Lei de Drogas), concomitantemente, na primeira e na terceira
fase da dosimetria da pena, sob pena de incorrer em bis in idem.

Também em prestígio à máxima non bis in idem, a circunstância de o crime ter sido cometido nas
dependências de estabelecimento prisional (causa de aumento descrita no art. 40, III, da Lei de Drogas) não
pode ser utilizada como fator negativo para a fixação do quantum da minorante.

2 - VADE-MÉCUM ESTRATÉGICO –

Iremos aqui trazer a disciplina a partir do art. 20 da Lei de Drogas, mas já reforçamos o entendimento de que
os principais artigos para a sua prova de Delta PCERJ são: 28, 32, 33, 34, 35, 36.

CAPÍTULO II
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO, TRATAMENTO, ACOLHIMENTO E DE REINSERÇÃO SOCIAL E
ECONÔMICA DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE DROGAS

(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

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Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e dependente de drogas e respectivos familiares, para
efeito desta Lei, aquelas que visem à melhoria da qualidade de vida e à redução dos riscos e dos danos
associados ao uso de drogas.

Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do usuário ou do dependente de drogas e respectivos
familiares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para sua integração ou reintegração em redes sociais.

Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção social do usuário e do dependente de drogas e


respectivos familiares devem observar os seguintes princípios e diretrizes:

I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, independentemente de quaisquer condições,


observados os direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde
e da Política Nacional de Assistência Social;

II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e reinserção social do usuário e do dependente de


drogas e respectivos familiares que considerem as suas peculiaridades socioculturais;

III - definição de projeto terapêutico individualizado, orientado para a inclusão social e para a redução de
riscos e de danos sociais e à saúde;

IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos respectivos familiares, sempre que possível, de
forma multidisciplinar e por equipes multiprofissionais;

V - observância das orientações e normas emanadas do Conad;

VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de políticas setoriais específicas.

VII - estímulo à capacitação técnica e profissional; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

VIII - efetivação de políticas de reinserção social voltadas à educação continuada e ao trabalho; (Incluído pela
Lei nº 13.840, de 2019)

IX - observância do plano individual de atendimento na forma do art. 23-B desta Lei; (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)

X - orientação adequada ao usuário ou dependente de drogas quanto às consequências lesivas do uso de


drogas, ainda que ocasional. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

SEÇÃO II
DA EDUCAÇÃO NA REINSERÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA

(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

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Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos integrantes do Sisnad terão atendimento nos programas de
educação profissional e tecnológica, educação de jovens e adultos e alfabetização. (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)

SEÇÃO IV
DO TRATAMENTO DO USUÁRIO OU DEPENDENTE DE DROGAS

(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios
desenvolverão programas de atenção ao usuário e ao dependente de drogas, respeitadas as diretrizes do
Ministério da Saúde e os princípios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a previsão orçamentária
adequada.

Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente de drogas deverá ser ordenado em uma rede de atenção
à saúde, com prioridade para as modalidades de tratamento ambulatorial, incluindo excepcionalmente
formas de internação em unidades de saúde e hospitais gerais nos termos de normas dispostas pela União
e articuladas com os serviços de assistência social e em etapas que permitam: (Incluído pela Lei nº 13.840,
de 2019)

I - articular a atenção com ações preventivas que atinjam toda a população; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)

II - orientar-se por protocolos técnicos predefinidos, baseados em evidências científicas, oferecendo


atendimento individualizado ao usuário ou dependente de drogas com abordagem preventiva e, sempre que
indicado, ambulatorial; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

III - preparar para a reinserção social e econômica, respeitando as habilidades e projetos individuais por meio
de programas que articulem educação, capacitação para o trabalho, esporte, cultura e acompanhamento
individualizado; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e Sisnad, de forma articulada. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)

§ 1º Caberá à União dispor sobre os protocolos técnicos de tratamento, em âmbito nacional. (Incluído pela
Lei nº 13.840, de 2019)

§ 2º A internação de dependentes de drogas somente será realizada em unidades de saúde ou hospitais


gerais, dotados de equipes multidisciplinares e deverá ser obrigatoriamente autorizada por médico
devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o
estabelecimento no qual se dará a internação. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

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§ 3º São considerados 2 (dois) tipos de internação: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do dependente de drogas; (Incluído pela
Lei nº 13.840, de 2019)

II - internação involuntária: aquela que se dá, sem o consentimento do dependente, a pedido de familiar
ou do responsável legal ou, na absoluta falta deste, de servidor público da área de saúde, da assistência
social ou dos órgãos públicos integrantes do Sisnad, com exceção de servidores da área de segurança
pública, que constate a existência de motivos que justifiquem a medida. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)

§ 4º A internação voluntária: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

I - deverá ser precedida de declaração escrita da pessoa solicitante de que optou por este regime de
tratamento; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

II - seu término dar-se-á por determinação do médico responsável ou por solicitação escrita da pessoa que
deseja interromper o tratamento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

§ 5º A internação involuntária: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

I - deve ser realizada após a formalização da decisão por médico responsável; (Incluído pela Lei nº 13.840,
de 2019)

II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo de droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese
comprovada da impossibilidade de utilização de outras alternativas terapêuticas previstas na rede de
atenção à saúde; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

III - perdurará apenas pelo tempo necessário à desintoxicação, no prazo máximo de 90 (noventa) dias,
tendo seu término determinado pelo médico responsável; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

IV - a família ou o representante legal poderá, a qualquer tempo, requerer ao médico a interrupção do


tratamento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

§ 6º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-


hospitalares se mostrarem insuficientes. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

§ 7º Todas as internações e altas de que trata esta Lei deverão ser informadas, em, no máximo, de 72
(setenta e duas) horas, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros órgãos de fiscalização, por
meio de sistema informatizado único, na forma do regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)

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§ 8º É garantido o sigilo das informações disponíveis no sistema referido no § 7º e o acesso será permitido
apenas às pessoas autorizadas a conhecê-las, sob pena de responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)

§ 9º É vedada a realização de qualquer modalidade de internação nas comunidades terapêuticas


acolhedoras. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

§ 10. O planejamento e a execução do projeto terapêutico individual deverão observar, no que couber, o
previsto na Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001 , que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. (Incluído pela Lei
nº 13.840, de 2019)

SEÇÃO V
DO PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO

(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

Art. 23-B . O atendimento ao usuário ou dependente de drogas na rede de atenção à saúde dependerá de:
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

I - avaliação prévia por equipe técnica multidisciplinar e multissetorial; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)

II - elaboração de um Plano Individual de Atendimento - PIA. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

§ 1º A avaliação prévia da equipe técnica subsidiará a elaboração e execução do projeto terapêutico


individual a ser adotado, levantando no mínimo: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

II - o risco à saúde física e mental do usuário ou dependente de drogas ou das pessoas com as quais convive.
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

§ 3º O PIA deverá contemplar a participação dos familiares ou responsáveis, os quais têm o dever de
contribuir com o processo, sendo esses, no caso de crianças e adolescentes, passíveis de responsabilização
civil, administrativa e criminal, nos termos da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do
Adolescente . (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

§ 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do primeiro projeto
terapêutico que atender o usuário ou dependente de drogas e será atualizado ao longo das diversas fases
do atendimento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

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§ 5º Constarão do plano individual, no mínimo: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

I - os resultados da avaliação multidisciplinar; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

II - os objetivos declarados pelo atendido; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

III - a previsão de suas atividades de integração social ou capacitação profissional; (Incluído pela Lei nº 13.840,
de 2019)

IV - atividades de integração e apoio à família; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

V - formas de participação da família para efetivo cumprimento do plano individual; (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)

VI - designação do projeto terapêutico mais adequado para o cumprimento do previsto no plano; e (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019)

VII - as medidas específicas de atenção à saúde do atendido. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

§ 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta) dias da data do ingresso no atendimento. (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019)

§ 7º As informações produzidas na avaliação e as registradas no plano individual de atendimento são


consideradas sigilosas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão conceder benefícios às instituições
privadas que desenvolverem programas de reinserção no mercado de trabalho, do usuário e do
dependente de drogas encaminhados por órgão oficial.

Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins lucrativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e
da assistência social, que atendam usuários ou dependentes de drogas poderão receber recursos do Funad,
condicionados à sua disponibilidade orçamentária e financeira.

Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em razão da prática de infração penal, estiverem
cumprindo pena privativa de liberdade ou submetidos a medida de segurança, têm garantidos os serviços
de atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo sistema penitenciário.

SEÇÃO VI
DO ACOLHIMENTO EM COMUNIDADE TERAPÊUTICA ACOLHEDORA

(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

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Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou dependente de drogas na comunidade terapêutica acolhedora


caracteriza-se por: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

I - oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou dependente de drogas que visam à abstinência; (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019)

II - adesão e permanência voluntária, formalizadas por escrito, entendida como uma etapa transitória para
a reinserção social e econômica do usuário ou dependente de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

III - ambiente residencial, propício à formação de vínculos, com a convivência entre os pares, atividades
práticas de valor educativo e a promoção do desenvolvimento pessoal, vocacionada para acolhimento ao
usuário ou dependente de drogas em vulnerabilidade social; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

IV - avaliação médica prévia; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

V - elaboração de plano individual de atendimento na forma do art. 23-B desta Lei; e (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)

VI - vedação de isolamento físico do usuário ou dependente de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

§ 1º Não são elegíveis para o acolhimento as pessoas com comprometimentos biológicos e psicológicos de
natureza grave que mereçam atenção médico-hospitalar contínua ou de emergência, caso em que deverão
ser encaminhadas à rede de saúde. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

CAPÍTULO III
DOS CRIMES E DAS PENAS
”É atípica a conduta de importar pequena quantidade de sementes de maconha". (EREsp 1.624.564-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, 3ª
Seção, j. 14/10/2020, DJe 21/10/2020)
"Compete à Justiça Estadual o pedido de habeas corpus preventivo para viabilizar, para fins medicinais, o cultivo, uso, porte e
produção artesanal da Cannabis (maconha), bem como porte em outra unidade da federação, quando não demonstrada a
internacionalidade da conduta". (STJ, CC 171.206-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 3ª Seção, j. 10/06/2020, DJe 16/06/2020)

Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor.

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às
seguintes penas:

(PC-DF 2015) (PC-ES 2019) (PC-PE 2016) (PF 2018)

I - advertência sobre os efeitos das drogas;

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(PC-PE 2016) (PF 2018)

II - prestação de serviços à comunidade;

(PC-PE 2016) (PF 2018)

III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

(PC-PE 2016) (PF 2018)

Para ter direito à atenuante no caso do crime de tráfico de drogas, é necessário que o réu admita que traficava, não
podendo dizer que era mero usuário. (Súmula 630, STJ)
"O autor da conduta do art. 28 da LD deve ser encaminhado diretamente ao juiz, que irá lavrar o termo circunstanciado e
fará a requisição dos exames e perícias; somente se não houver juiz é que tais providências serão tomadas pela autoridade
policial; essa previsão é constitucional". (STF. Plenário. ADI 3807, Rel. Cármen Lúcia, j. 29/06/2020)
"Este Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no sentido de que se revela desproporcional o
reconhecimento da reincidência em virtude de anterior condenação pelo delito previsto no art. 28, da Lei n. 11.343/2006.
Nesse contexto, se os efeitos da reincidência decorrentes de anterior condenação por posse de drogas para uso próprio
devem ser afastados, com mais razão ainda os relativos aos maus antecedentes, à personalidade do agente e à conduta
social, como na espécie". (AgRg no AREsp 1679045/AC, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, 5ª Turma, j. 26/05/2020, DJe
02/06/2020)
"O princípio da insignificância não se aplica aos delitos do art. 33, caput, e do art. 28 da Lei de Drogas, pois tratam-se de
crimes de perigo abstrato ou presumido". (HC 461377/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, j. 13/11/2018, DJe
22/11/2018)
"A conduta de porte de substância entorpecente para consumo próprio, prevista no art. 28 da Lei n. 11.343/2006, foi
apenas despenalizada pela nova Lei de Drogas, mas não descriminalizada, não havendo, portanto, abolitio criminis". (AgRg
no HC 475304/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, 5ª Turma, j. 12/03/2019, DJe 29/03/2019)
"As contravenções penais, puníveis com pena de prisão simples, não geram reincidência, mostrando-se, portanto,
desproporcional que condenações anteriores pelo delito do art. 28 da Lei n. 11.343/2006 configurem reincidência, uma
vez que não são puníveis com pena privativa de liberdade". (AgRg no REsp 1778346/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª
Turma, j. 23/04/2019, DJe 03/05/2019)
"O crime de uso de entorpecente para consumo próprio, previsto no art. 28 da Lei n. 11.343/2006, é de menor potencial
ofensivo, o que determina a competência do Juizado Especial estadual, já que ele não está previsto em tratado
internacional e o art. 70 da Lei n. 11.343/2006 não o inclui dentre os que devem ser julgados pela justiça federal". (CC
144910/MS, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, 5ª Turma, j. 13/04/2016, DJe 25/04/2016)
"A conduta prevista no art. 28 da Lei n. 11.343/2006 admite tanto a transação penal quanto a suspensão condicional do
processo". (HC 390038/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 06/02/2018, DJe 15/02/2018)
"A posse de substância entorpecente para uso próprio configura crime doloso e quando cometido no interior do
estabelecimento prisional constitui falta grave, nos termos do art. 52 da Lei de Execução Penal - LEP (Lei n. 7.210/1984)".
(HC 462612/MG, Rel. Ministra Laurita Vaz, 6ª Turma, j. 18/09/2018, DJe 03/10/2018)
"A comprovação da materialidade do delito de posse de drogas para uso próprio (art. 28 da Lei n. 11.343/2006) exige a
elaboração de laudo de constatação da substância entorpecente que evidencie a natureza e a quantidade da substância
apreendida". (HC 394872/MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 27/06/2017, DJe 01/08/2017)
"Configura ofensa ao princípio da proteção integral a aplicação de medida de semiliberdade ao adolescente pela prática
de ato infracional análogo ao crime previsto no art. 28 da Lei n. 11.343/2006". (REsp 1753563/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
6ª Turma, j. 02/10/2018, DJe 16/10/2018)

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§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas
destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência
física ou psíquica.

§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade
da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais
e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.

§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5
(cinco) meses.

(PC-GO 2018)

§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo
prazo máximo de 10 (dez) meses.

(PC-GO 2018) (PC-PE 2016)

"Embora não conste da letra da lei, é forçoso concluir que a reincidência de que trata o § 4º do art. 28 da Lei 11.343/2006
é a específica". (REsp 1771304/ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª Turma, j. 10/12/2019, DJe 12/12/2019)

§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades


educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins
lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e
dependentes de drogas.

§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a
que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:

(PC-PE 2016)

I - admoestação verbal;

(PC-PE 2016)

II - multa.

(PC-PE 2016)

§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente,


estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.

Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o inciso II do § 6º do art. 28, o juiz, atendendo à
reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta)

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nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o
valor de um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo.

Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição da multa a que se refere o § 6º do art. 28 serão
creditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas.

Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à
interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal.

(PC-PE 2016)

TÍTULO IV
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade competente para produzir, extrair, fabricar,
transformar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar, reexportar, remeter, transportar,
expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima
destinada à sua preparação, observadas as demais exigências legais.

Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo delegado de polícia na forma do art.
50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das
condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação
da prova. (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014)

(PC-DF 2015) (PC-GO 2017) (PF 2018)

§ 3º Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a plantação, observar-se-á, além das cautelas
necessárias à proteção ao meio ambiente, o disposto no Decreto nº 2.661, de 8 de julho de 1998, no que
couber, dispensada a autorização prévia do órgão próprio do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.

§ 4º As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da
Constituição Federal, de acordo com a legislação em vigor.

"A expropriação de bens em favor da União, decorrente da prática de crime de tráfico ilícito de entorpecentes, constitui
efeito automático da sentença penal condenatória". (AgInt no AREsp 1368211/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª
Turma, j. 26/02/2019, DJe 14/03/2019)

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CAPÍTULO II
DOS CRIMES

É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra,
seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. (Súmula
n. 501, STJ)

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo
ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
dias-multa.

(PC-CE 2015) (PC-MS 2017) (PC-PA 2016) (PC-SE 2018)


"O tráfico de drogas é crime de ação múltipla e a prática de um dos verbos contidos no art. 33, caput, da Lei n.
11.343/2006 é suficiente para a consumação do delito". (HC 437114/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, j. 21/08/2018,
DJe 28/08/2018)
"Para a configuração do delito de tráfico de drogas previsto no caput do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, é desnecessária a
aferição do grau de pureza da substância apreendida". (RHC 57526/SP, Rel. Min. Gurgel De Faria, 5ª Turma, j. 25/08/2015,
DJe 11/09/2015)
"Quando o agente no exercício irregular da medicina prescreve substância caracterizada como droga, resta configurado,
em tese, o delito do art. 282 do Código Penal, em concurso formal com o art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006". (HC
139667/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª Turma, j. 17/12/2009, DJe 01/02/2010)
O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida
socioeducativa de internação do adolescente. (Súmula n. 492/STJ)

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:

(PC-MS 2017)

I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em
depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à
preparação de drogas;

"A conduta de transportar folhas de coca melhor se amolda, em tese e para a definição de competência, ao tipo descrito
no § 1º, I, do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, que criminaliza o transporte de matéria-prima destinada à preparação de
drogas". (STJ, CC 172.464-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 3ª Seção, j. 10/06/2020, DJe 16/06/2020)

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II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;

III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.

IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de


drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

"É possível a aplicação do princípio da consunção entre os crimes previstos no § 1º do art. 33 e/ou no art. 34 pelo
tipificado no caput do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, desde que não caracterizada a existência de contextos autônomos e
coexistentes, aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado de forma distinta." (AgInt no AREsp 1237014/SP, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, 6ª Turma, j. 21/08/2018, DJe 03/09/2018)
"Não fica caracterizado o crime do inc. IV do § 1º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, incluído pela Lei Anticrime, quando o
policial disfarçado provoca, induz, estimula ou incita alguém a vender ou a entregar drogas ou matéria-prima, insumo
ou produto químico destinado à sua preparação (flagrante preparado), sob pena de violação do art. 17 do Código Penal e
da Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal". (Enunciado 4 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ)

§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274)

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.

(PC-AP 2017) (PC-DF 2015)

§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos
a consumirem:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.

(PC-AP 2017) (PC-DF 2015) (PF 2018)

"O § 3º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006 traz tipo específico para aquele que fornece gratuitamente substância
entorpecente a pessoa de seu relacionamento para juntos a consumirem e, por se tratar de norma penal mais benéfica,
deve ser aplicado retroativamente". (REsp 859339/PR, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, 6ª Turma, j. 26/05/2008, DJe
12/08/2008)

§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a
dois terços, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades
criminosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012)

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(PC-CE 2015) (PC-GO 2017) (PC-SP 2018) (PF 2018) (PJC-MT 2017)

"As diretrizes para individualização da pena e segregação cautelar dos autores de crime de tráfico privilegiado, por
decorrerem de precedentes qualificados das Cortes Superiores, devem ser observadas, sempre ressalvada, naturalmente,
a eventual indicação de peculiaridades do caso examinado, a permitir distinguir a hipótese em julgamento da que fora
decidida nos referidos precedentes". (STJ, HC 596.603-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 08/09/2020, DJe
22/09/2020)
"Reconhecida a inconstitucionalidade da vedação prevista na parte final do §4º do art. 33 da Lei de Drogas, inexiste óbice
à substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos aos condenados pelo crime de tráfico de drogas,
desde que preenchidos os requisitos do art. 44 do Código Penal". (AgRg no HC 485746/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 5ª
Turma, j. 04/06/2019, DJe 17/06/2019)
"A quantidade de entorpecente isoladamente não é suficiente para presumir a dedicação a atividades ligadas à
traficância e, assim, negar o direito à minorante prevista no § 4º do art. 33 da Lei de Drogas". (RHC 148579/MS AGR, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, STF, 2ª Turma, DJe 19.03.2018).
"A utilização concomitante da quantidade de droga apreendida para elevar a pena-base e para afastar a incidência da
minorante prevista no § 4º do art. 33 da Lei de Drogas, por demonstrar que o acusado se dedica a atividades criminosas
ou integra organização criminosa, não configura bis in idem, tratando-se de hipótese diversa da Repercussão Geral - Tema
712/STF (As circunstâncias da natureza e da quantidade da droga apreendida devem ser levadas em consideração apenas
em uma das fases do cálculo da pena)". (AgRg no HC 486465/MS, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma, j. 25/06/2019, DJe
02/08/2019)
"A natureza e a quantidade da droga não podem ser utilizadas simultaneamente para justificar o aumento da pena-base
e para afastar a redução prevista no §4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, sob pena de caracterizar bis in idem". (AgRg no
AREsp 1484629/ES, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma, j. 25/06/2019, DJe 02/08/2019)
"O tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006) não é crime equiparado a
hediondo". (AgRg no HC 485237/SP, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, 6ª Turma, j. 18/06/2019, DJe 27/06/2019)
"A causa de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei de Drogas só pode ser aplicada se todos os requisitos,
cumulativamente, estiverem presentes". (HC 510077/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, 5ª Turma, j. 25/06/2019,
DJe 05/08/2019)
"É inviável a aplicação da causa especial de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006 quando
há condenação simultânea do agente nos crimes de tráfico de drogas e de associação para o tráfico, por evidenciar a sua
dedicação a atividades criminosas ou a sua participação em organização criminosa". (AgRg no AREsp 1465052/SP, Rel. Min.
Jorge Mussi, 5ª Turma, j. 18/06/2019, DJe 02/08/2019)
"A condição de "mula" do tráfico, por si só, não afasta a possibilidade de aplicação da minorante do § 4º do art. 33 da Lei
n. 11.343/2006, uma vez que a figura de transportador da droga não induz, automaticamente, à conclusão de que o agente
integre, de forma estável e permanente, organização criminosa". (AgRg no AREsp 1425587/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, 6ª Turma, j. 25/06/2019, DJe 01/07/2019)
"Diante da ausência de parâmetros legais, é possível que a fração de redução da causa de diminuição de pena estabelecida
no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 seja modulada em razão da qualidade e da quantidade de droga apreendida, além
das demais circunstâncias do delito". (HC 495838/MS, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª Turma, j. 18/06/2019, DJe 25/06/2019)
"É vedada a concessão de indulto aos condenados por crime hediondo ou por crime a ele equiparado, entre os quais se
insere o delito de tráfico previsto no art. 33, caput e § 1º da Lei n. 11.343/2006, afastando-se a referida vedação na
hipótese de aplicação da causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da mesma Lei, uma vez que a figura do tráfico
privilegiado é desprovida de natureza hedionda". (HC 477280/SP, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª Turma, j. 19/02/2019, DJe
26/02/2019)
"A utilização da reincidência como agravante genérica é circunstância que afasta a causa especial de diminuição da pena
do crime de tráfico, e não caracteriza bis in idem". (AgRg nos EDcl no AREsp 1024639/SC, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma,
j. 10/04/2018, DJe 18/04/2018)

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3 – QUESTÕES COMENTADAS

As questões comentadas a seguir expostas também foram extraídas da Aula 04 do Professor Vitor de Luca

1. (CESPE/Delegado de Polícia de Pernambuco/2016). Segundo o STJ configura crime consumado de tráfico


de drogas a conduta consistente em negociar, por telefone, a aquisição de entorpecente e disponibilizar
veículo para o seu transporte, ainda que o agente não receba a mercadoria, em decorrência da apreensão
do material pela polícia, com o auxílio de interceptação telefônica.

Comentário:

O item está correto. Segundo o entendimento firmado pela Sexta Turma do STJ nos autos do HC 212.529,
de relatoria do Min. Nefi Cordeiro), a conduta consistente em negociar por telefone a aquisição de droga e
também disponibilizar o veículo que seria utilizado para o transporte do entorpecente configura o crime de
tráfico de drogas em sua forma consumada - e não tentada -, ainda que a polícia, com base em indícios
obtidos por interceptações telefônicas, tenha efetivado a apreensão do material entorpecente antes que o
investigado efetivamente o recebesse.

2. (CESPE/Delegado de Polícia Federal/2013) Na Lei de Drogas, é prevista como crime a conduta do agente
que oferte drogas, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa do seu relacionamento, para juntos a
consumirem, não sendo estabelecida distinção entre oferta dirigida a pessoa imputável ou inimputável.

Comentário:

O item está correto. Nota-se que estão presentes os 4 requisitos cumulativos para a configuração do crime
de uso compartilhado de drogas (art. 33, §3º, da Lei 11343/06): a) eventualidade; b) ausência de objetivo de
lucro; c) Pessoa de seu relacionamento. O destinatário da droga pode ser tanto imputável como o
inimputável, porém nessa última hipótese também haverá a aplicação da causa de aumento do art. 40, VI,
da Lei de Drogas; d) Consumo conjunto. Esse é o especial fim de agir do agente. Essa figura típica diferencia-
se do tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei 11343/06), na modalidade entregar a consumo, em virtude
desses elementos especializantes.

3. (CESPE/Delegado de Polícia de Goiás/2017) Em processo de tráfico internacional de drogas, basta a


primariedade para a aplicação da redução da pena.

Comentário:

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O item está errado. São 4 requisitos cumulativos para faz jus à causa de diminuição da pena (art. 33, §4º, da
Lei de Drogas): a) primariedade do agente; b) bons antecedentes; c) não se dedicar às atividades criminosas;
d) não integrar organização criminosa

4. (MPE/Promotor de Justiça de Mato Grosso do Sul/2013-Adaptada) Comete o crime de tráfico em


concurso formal impróprio (ou imperfeito) o agente que, em um mesmo contexto fático, prepara e
mantém em depósito para vender algumas porções de cocaína, sem autorização legal ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, sendo preso em flagrante antes da prática do ato de comércio
da substância entorpecente preparada.

Comentário:

O item está errado. O delito de tráfico de drogas é um tipo penal misto alternativo. Se no mesmo contexto
fático o agente mantém em depósito variadas porções de drogas, ainda que diversas, o crime será único,
aplicando-se, no ponto, o princípio da alternatividade, devendo a quantidade e a variedade ser consideradas
na aplicação da pena.

5. (FUNDATEC/Delegado de Polícia do Rio Grande do Sul/2018) O inquérito policial será concluído no prazo
de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto, quando se tratar de
investigação baseada na Lei de Drogas.

Comentário:

O item está correto. De acordo com o art. 51, da Lei de Drogas, o inquérito policial será concluído no prazo
de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. Esses prazos podem ser
duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia
judiciária.

DIREITO CIVIL
Iremos estudar o seguinte ponto de direito civil do seu edital:

PONTO 2: 1 Norma jurídica: vigência, eficácia, classificação, interpretação e aplicação no tempo


e no espaço.

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Esse é o quarto tópico de maior incidência em provas para Delegado de Polícia em Direito Civil.

Desde já, relembramos vocês que a cobrança de direito civil nos certames de delegado se baseia quase que
na totalidade pela letra da lei. Conforme o nosso estudo estratégico, de todas as questões dos últimos 5
anos, 95% das vezes o que era cobrado era a letra fria da lei.

Assim, leia e releia o material do VME semanalmente (!!!)

O tópico trabalhado hoje, além de possui uma boa incidência nas questões objetivas, ainda é um assunto
estruturante da disciplina, sendo a sua compreensão pressuposto para entendimento dos demais assuntos.

Assim, nosso ponto de hoje abrangerá: Pílulas Estratégicas de Doutrina, Vade-mécum Estratégico e
Questões Comentadas, não havendo a necessidade de tópico destacado para a jurisprudência, porque o
nosso Vade-mécum já contempla de forma satisfatória.

1 - PÍLULAS ESTRATÉGICAS DE DOUTRINA

Faremos nosso estudo de a partir da Aula 00 do Professor Paulo Sousa, do Curso Regular de Direito Civil,
extraindo conceitos, classificações e o instrumental teórico necessário à compreensão e melhor assimilação
(e memorização) dos diplomas normativos.

1. Vigência

O Direito brasileiro não adota a perspectiva, em regra, de que é possível alegar desconhecimento da lei para
justificar determinada conduta. A lei é imperativa e deixar de segui-la não é opção. Assim, ignorantia juris
neminem excusat, a ignorância da lei não escusa ninguém de seu cumprimento.

Nesse sentido, o art. 3º da LINDB estabelece com clareza solar que ninguém se escusa de cumprir a lei,
alegando que não a conhece. Há exceção à regra no que tange à aplicação da lei penal, no caso do art. 8º
da Lei das Contravenções Penais (“No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, quando
escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada”).

Tal regra existe porque a norma tem caráter obrigatório, ou seja, é de imposição incondicional e independe
de adesão do sujeito de direito, sendo plenamente eficaz mesmo contra sua vontade. Sua obrigatoriedade,
seja quanto à validade, seja quanto à eficácia, é apriorística.

O Direito brasileiro distingue validade e vigência, e, em alguma medida, eficácia. A lei pode ser válida, mas
ainda pendente de vigência; bem como pode ser vigente, mas não eficaz.

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A lei é válida quando aprovada de acordo com os requisitos estabelecidos pela CF/1988 e pelas normas
infraconstitucionais pertinentes. A validade faz com que a norma entre no mundo jurídico e seja apta a
atribuir efeitos jurídicos. Se inválida, a lei é nula, seguindo a teoria do fato jurídico, que veremos adiante.

A vigência se relaciona com a possibilidade de o aparato coercitivo do Estado poder ser acionado em virtude
da inobservância de uma norma válida, bem como ser exigida nas relações interprivadas. Em outras palavras,
a vigência dá exigibilidade aos comportamentos nela previstos.

Fala-se, aqui, do instituto da vacatio legis ou vacância. A lei, válida, ainda não pode ter sua aplicação exigida,
mas somente depois de passado o período de vacância. Nesse ponto, é possível se distinguir a lei ainda em
processo de elaboração, lato sensu, da lei já elaborada.

Assim, a vigência da norma respeita a vigência nela mesma estabelecida. De maneira quase tautológica, a
lei vige quando diz que vige. Legislações mais complexas têm vacatio legis maior, como o CPC/2015 ou o
CC/2002 (um ano); se um pouco mais simples, prazo menor, como o Estatuto da Pessoa com Deficiência –
EPD (180 dias).

O art. 8º da LC 95, estabelece que a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" é reservada apenas
para as leis de pequena repercussão, que alteram dispositivos menores, fazem pequenas correções etc.
Nesses casos, não há vacatio legis propriamente dita.

Se a lei entra em vigor na data de sua publicação, não há que se falar em vacatio legis, pelo que a norma
vigora, de fato, imediatamente. Não se fala em “contagem do dia de início” ou “contagem do último dia” ou
“dia subsequente”; é imediatamente.

No entanto, a LINDB traz regra específica para o caso de omissão. Dispõe o art. 1º que, salvo
disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente
publicada. É a chamada cláusula de vigência!

Atente para a forma de contagem do tempo no Direito brasileiro. A Lei 810/1949 define a
contagem do tempo no ano civil da seguinte forma:

Ano - art. 1º
• Considera-se ano o período de doze meses contado do dia do início ao dia e mês
correspondentes do ano seguinte

Mês - art. 2º
• Considera-se mês o período de tempo contado do dia do início ao dia correspondente do
mês seguinte

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O art. 3º da Lei 810/1949 ainda dispõe que quando no ano ou mês do vencimento não
houver o dia correspondente ao do início do prazo, este findará no primeiro dia
subsequente. Essa regra se aplicará, com algumas pequenas alterações, aos prazos
processuais.

Quanto aos dias, eles são contados em dias corridos, contando-se dias úteis, sábados,
domingos e feriados. A LC 95/1998, em seu art. 8º, §1º, estabelece que a contagem do prazo para entrada
em vigor das leis que estabeleçam período de vacância será feita com a inclusão da data da publicação e
do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral.

Esse prazo não se interrompe, nem se suspende ou se protrai, de modo que se a data indicada pela lei cair
em feriado, sábado ou domingo, a vigência da norma se dá naquele dia, independentemente de ser útil ou
não, conforme afiança Caio Mario da Silva Pereira.

Publicada no DOU, a lei federal tem vigência em 45 dias em todo o território nacional, indistintamente.
Trata-se do sistema único ou sincrônico, no qual a vigência ocorre em sincronia no país.

Não há sincronia na vigência da lei brasileira no território nacional e no exterior. Segundo o art. 1º, §1º,
nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, inicia-se somente três
meses depois de oficialmente publicada.

Evidentemente, se a lei tiver vacatio legis superior a três meses, observar-se-á o prazo específico. Exemplo
é o próprio CC/2002; não faria sentido compreender que o Código entrara em vigor em território estrangeiro
antes de viger no próprio território nacional. Nesse caso, há sincronia na vigência em território nacional e
estrangeiro.

Possível também que a lei válida, mas ainda não vigente, seja alterada. Especialmente em leis
mais complexas, como os Códigos, isso não é incomum. Nesses casos, se antes de entrar a lei
em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo do art. 1º da
LINDB começará a correr da nova publicação, prevê o §3º desse dispositivo. Isso porque essas
correções de texto legal são consideradas uma nova norma, que exige vacância própria.

Pois bem. A lei, aprovada conforme os mandamentos legais, é válida. Estabelece-se que a Lei só passará a
viger em 45 dias. Entre sua publicação e esses 45 dias, a Lei é válida, mas ainda não vige, portanto.

Por sua vez, a eficácia da Lei está relacionada à possibilidade de a lei, uma vez válida,
devidamente publicada e vigente, vir a surtir efeitos junto aos seus destinatários. Nesse
sentido, fala-se em eficácia da norma jurídica quando ela está completamente apta a regular
situações e a produzir efeitos práticos junto aos seus destinatários.

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A Lei poderia ser válida e vigente, mas ineficaz. É o caso, por exemplo, de uma Lei já publicada e vigente, mas
que depende de algo mais para produzir algum efeito jurídico relevante. Necessita-se de uma norma extra,
de um regulamento ou de alguma decisão de um gestor público.

Outro fenômeno ainda é o da juridicização. Ocorre um fato, cujo suporte fático está previsto na norma,
verifica-se que esse suporte fático satisfaz o preenchimento mínimo de aplicabilidade da norma e a norma,
então, incide. O fato real se transforma em fato jurídico e aí podemos pensar nos efeitos desse fato. Até a
incidência, porém, nem o fato e nem a norma têm efeito sobre as pessoas. Mas, quais são as características
da incidência? Duas:

• Característica distintiva das normas jurídicas:


1. Incondicionalidade independentemente de qualquer adesão elas são
vinculativas

É daí que nasce a impossibilidade de alegar como excludente de ilicitude a ignorância da lei, porque a
incidência não se condiciona à adesão. Nesse sentido, prevê o art. 18 da LC 95 que mesmo eventual
inexatidão formal de norma elaborada mediante processo legislativo regular não constitui escusa válida para
o seu descumprimento.

A incidência, porém, não ocorre obrigatoriamente em todos os casos. Classificam-se as normas:

A. Cogentes ou injuntivas:

• Inafastáveis, aplicadas independentemente da vontade das partes, permitindo ou


proibindo. Essas normas se subdividem em normas imperativas/impositivas (obrigam
uma conduta) e proibitivas (proíbem uma conduta)

B. Não-cogentes ou supletivas

• Afastáveis, sendo aplicadas subsidiariamente. Subdividem-se em normas dispositivas


(no silêncio das partes) e normas interpretativas (para definir o sentido da manifestação
de vontade obscura)

• Geralmente a norma incidirá sempre que o suporte


2. Inesgotabilidade fático vier a se compor, inúmeras vezes

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Algumas normas, porém, esgotam-se numa única incidência, como o art. 19 do ADCT (“Os servidores públicos
civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das
fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos
continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são
considerados estáveis no serviço público”). Aplica-se uma vez e esgota-se a norma.

2. Conflitos

Em vigor a lei, necessário é analisar seus efeitos no espaço e no tempo. Não raro, as leis conflitam, já que os
efeitos de uma delas vão de encontro aos efeitos de outra lei. Isso ocorre por conta do princípio da
continuidade da lei.

O princípio da continuidade da lei está estampado no art. 2º da LINDB: Não se destinando à


vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. Ou seja, dura lex,
sed lex, até que seja ela modificada ou revogada. Enquanto isso não ocorrer, a lei é a lei, por
mais defeituosa ou anacrônica que ela seja.

Assim, somente por lei pode a lei perder sua eficácia. Contemporaneamente, entretanto, pode
a lei ser afastada pelo controle de constitucionalidade.

Excepcionalmente, a lei perde vigência pela expiração de seu prazo de validade, no caso das leis
temporárias, como dispõe o art. 2º da LINDB, supracitado. Essas leis são excepcionais, dada a característica
da inesgotabilidade, que vimos.

Essas são situações peculiares, portanto. Em regra, a vigência se apaga apenas com a
revogação da norma. A revogação, no entanto, não precisa ser expressa, pode ser tácita.
A lei posterior revoga a anterior também quando seja com ela incompatível ou quando
regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior, estabelece o art. 2º, §1º da
LINDB.

Surge aí a primeira regra clássica relativa ao conflito de leis no tempo: norma posterior revoga norma
anterior! Cuidado, porém...

A lei posterior não revoga, necessariamente, a lei anterior, quando com ela não conflita ou não seja
incompatível. Isso se torna mais evidente no caso de lei especial, que não regula toda a matéria já regulada
pela lei geral, mas apenas a minudencia.

Surge aí a segunda regra clássica relativa ao conflito de leis, agora no espaço: norma especial derroga
norma geral! Cuidado, porém...

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A revogação, em sentido amplo, pode ser parcial ou total. Total, chamada de ab-rogação, ocorre
quando a revogação é completa (ou revogação em sentido estrito); derrogação, ao contrário,
é a revogação parcial.

Curiosamente, a que não está mais vigente pode ter aplicação mesmo depois de revogada. É
o que se chama de ultratividade legal, ou seja, a aplicação da lei vigente à época do fato, mesmo
depois de revogada.

O art. 2º, §3º deixa claro que salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência. Surge aí a terceira regra clássica relativa ao conflito de leis, de novo no
espaço: a revogação da norma revogadora não repristina a norma revogada! Cuidado, porém...

No controle de constitucionalidade, o STF pode declarar inconstitucional uma norma, sem decretar sua
nulidade. Assim, apesar de inconstitucional, a norma continua válida. Não há repristinação, nesse caso.
Porém, o STF, atuando como verdadeiro legislador negativo, pode dar efeito repristinatório a norma
revogada, não porque está revogando a norma revogante, mas pela declaração de inconstitucionalidade.

Veremos mais a fundo esse assunto quando explorarmos o controle de constitucionalidade.

De regra, a Lei em vigor terá efeito imediato e geral. Porém, o art. 6º da LINDB estabelece que a modificação
da Lei não pode violar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. A própria LINDB
estabelece, nos §§1º a 3º do referido artigo, o que se considera cada uma dessas situações.

3. Interpretação

Em regra, pela aplicação do princípio jura novit curia, o juiz conhece a lei. Por isso, é desnecessário
transcrever a norma quando em uma petição, pois o juiz conhece a lei, não é necessário dizer a ele o que a
lei diz. Ele sabe.

Esse princípio é excepcionado nos casos de direito estrangeiro, direito consuetudinário,


direito estadual e direito municipal. Essas leis devem ser provadas pelo interessado; as
demais, não. Assim, se quero que se aplique uma norma de Direito Municipal, tenho eu de fazer
prova que esta lei está em vigor.

Mas, como o juiz fará a interpretação? O objetivo da interpretação é buscar a “exposição do verdadeiro
sentido da lei”. Essa é a interpretação em sentido estrito (a interpretação em sentido amplo busca
determinar a regra aplicável, num sentido mais de integração).

A interpretação será feita de variadas formas e por variados critérios.

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A. Restritiva
•A interpretação restritiva busca restringir o alcance da norma, de modo a não extrapolar os
limites geralmente considerados da norma

B. Extensiva
•A interpretação extensiva busca elastecer o sentido da norma a situações não subsumidas a ela
de imediato, automaticamente

C. Sistemática
•A interpretação sistemática busca dar sentido a uma norma dentro do contexto do sistema
normativo

D. Analógica
•A interpretação analógica dá-se pela buca de elemento semelhante contido na norma, numa
racionalidade lógico-decisional por dedução e indução

E. Autêntica
•A interpretação autêntica é aquela na qual o intérprete é o próprio órgão que emanou a norma

F. Histórica
•A interpretação histórica busca analisar a norma no contexto no qual ela fora criada, com suas
idiossincrasias

G. Sociológica
•A interpretação sociológica pretende analisar a norma no contexto contemporâneo, com os
atuais valores sociais

H. Teleológica
•Preocupada com os "fins"da norma, ou seja, o que se deve objetivar quando a implementação
da lei. Presente no art. 5

Há normas caracterizadas pela vagueza intencional do legislador. A doutrina distingue as cláusulas gerais
dos conceitos jurídicos indeterminados a partir de dois elementos. As cláusulas gerais teriam abertura
tanto no conteúdo (preceito) quanto nos efeitos (consequente), ao passo que os conceitos jurídicos
indeterminados trariam abertura à colmatação apenas em relação ao conteúdo (preceito), já que os
efeitos (consequente) estariam predeterminados em lei. As cláusulas gerais, dessa forma, absorveriam os
conceitos jurídicos indeterminados (conceito, preceito) e abririam a norma ainda mais (efeito,
consequente) ao arbítrio do julgador.

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Conteúdo ou Preceito O que é?

Efeito ou Consequente O que acontece?

Boa-fé objetiva (art. 422) Atividade de risco (art. 927, parágrafo único)

O que acontece se
O que acontece se
O que é? Não sei, é O que é? Não sei, é violo? Já sei: a
violo? Não sei, o juiz
aberto aberto responsabilidade
dará a solução
passa a objetiva

Exemplo de conceito
Exemplo de cláusula
jurídico
geral
indeterminado

A interpretação ainda deverá levar em conta as eventuais antinomias do ordenamento. As antinomias


apenas aparentes se resolvem de maneira sistêmica. Por exemplo, a aparente antinomia entre o art. 435 do
CC/2002 (“Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto”) e o art. 101, inc. I do CDC (“A
ação pode ser proposta no domicílio do autor”) é facilmente resolvida pela compreensão de que a norma
especial derroga a norma geral na aplicação.

No entanto, nas antinomias reais, o sujeito não pode agir em acordo com ambas as regras. Sua ação se
torna insustentável do ponto de vista do seguimento da ordem jurídica, porque, se seguir uma norma,
violará, automaticamente, a outra.

Visualiza-se, aqui, uma antinomia jurídica própria, porque se exige um comportamento contraditório, ao se
considerar ambas as normas válidas. Contrariamente, a antinomia é imprópria quando as normas tratam
de ramos jurídicos distintos, que, apesar de dar a uma mesma situação tratamentos diversos, não conflitam
(como acontece com a posse, analisada de maneira distinta no Direito Civil, Penal e Administrativo).

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Para se resolver uma antinomia aparente, recorre-se a três critérios, que vimos acima:

Critério Cronológico
• A norma posterior tem prevalência sobre a norma anterior

Critério de Especialidade
• A norme especial tem prevalência sobre a norma geral

Critério Hierárquico
• A norma superior tem prevalência sobre a norma inferior

Pode haver um conflito entre duas normas que exija o recurso a mais de um critério de resolução das
antinomias. A partir da necessidade ou não de recurso a apenas uma ou a mais de um critério, podemos
classificar as antinomias aparentes em:

Antinomia de 1º Grau

• Conflito entre normas que exige o recurso a apenas um dos critérios

Antinomia de 2º Grau

• Conflito de normas válidas que envolve pelo menos dois dos critérios

4. Integração

O art. 4º da LINDB estabelece que somente quando a lei for omissa, o juiz pode decidir o caso de acordo
com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Ou seja, a integração das normas só ocorre
em caso de lacuna normativa; não havendo lacuna normativa, descabida a integração normativa, falando-
se apenas em aplicação dos métodos de interpretação.

A lacuna representa a incompletude do sistema jurídico, que não consegue prever soluções prévias para
todos os fatos sociais. As lacunas podem ser de três tipos: a) normativas, quando ausente norma sobre
determinado caso; b) axiológicas, quanto ausente norma justa, vale dizer, norma há, mas, se for aplicada,
sua solução será insatisfatória ou injusta; c) ontológicas, quando há norma, mas ela não corresponder aos
fatos sociais.

No caso de interpretação, o magistrado deve atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum, como exige o art. 5º da LINDB. Por isso, muito cuidado para não confundir e misturar

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interpretação e integração, dois fenômenos distintos a respeito da aplicação das normas. Assim, são
métodos de integração trazidos pela LINDB:

Analogia

Costumes

Princípios Gerais do Direito

Segundo a doutrina clássica, esses são os únicos três métodos de integração permitidos
pela LINDB; eles estariam previstos em um rol preferencial e taxativo, ou seja, primeiro
deve o magistrado tentar resolver a lacuna normativa com recurso à analogia; não sendo
possível, volta-se aos costumes; sem resolução do caso pela analogia e pelos costumes,
restam-lhe os princípios gerais do direito.

Evidencia-se a preferência na integração pelas fontes estatais, ainda bem ao estilo do positivismo jurídico
mais antiquado. A doutrina contemporânea, porém, adiciona um quarto método de integração normativa:
a equidade. Nesse sentido, inclusive, o art. 140, parágrafo único do CPC:

Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento
jurídico.

Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.

Ainda assim, se o questionamento for a respeito da LINDB, a equidade não é considerada


método de integração e o rol é preferencial e taxativo!

5. Fontes do Direito

Geralmente distinguem-se as fontes do Direito pela sua origem. Pela perspectiva estatista, seria possível
distinguir as fontes que emanam do Estado ou não. As fontes estatais, formais ou primárias seriam:

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A. Lei

• As normas jurídicas em sentido estrito nas mais diversas formas: Constituição, Código,
Lei Complementar, Regulamentos, Portarias, Decretos e Atos Administrativos

B. Jurisprudência

• A reiteração uniforme das decisões judiciais que demonstram um entendimento num


dado sentido. Jurisprudência e decisão judicial não são sinônimos, portanto!
Aqui relevam as Súmulas Vinculantes do STF, pelo art. 103-A da CF/1988

C. Tratados e Convenções

• Tratados e Convenções internacionais ratificados pelo Brasil na forma estabelecida na


Constituição, sejam com status de Emenda Constitucional, sejam com eficácia supralegal

Outras fontes, porém, são admitidas, mas sem o caráter obrigatório das fontes estatais. Assim, seriam fontes
não-estatais, materiais ou secundárias:

A. Costume
• O direito consuetudinário

B. Doutrina
• A literatura jurídica especializada

C. Princípios Gerais do Direito


• Reconhecidos, ainda que não positivados, como a vedação ao comportamento
contraditório

D. Analogia
• A aplicação de norma jurídica por semelhança a casos próximos

E. Equidade
• Objetivamente, é a adaptabilidade da norma ao fato, gerando igualação;
subjetivamente, é a aplicação conveniente da norma

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Há intenso debate sobre essa divisão, que não será objeto de nossa aula porque foge da necessidade do
concurso.

Quanto ao costume, questão de intenso debate é o costume contra legem e a possibilidade deste de revogar
a Lei. Parece que esse enfoque é equivocado, pois somente lei revoga lei. Mesmo a declaração de
inconstitucionalidade da norma não gera sua revogação. O STF pode decretar a nulidade da norma, mas não
a revogar, que é retirar o suporte fático que dá sustentação à lei, no plano da existência.

Os costumes aplicáveis, portanto, são os praeter legem, ou seja, os costumes conforme o


Direito e que se aplicam de maneira integrativa, na omissão da lei. Os costumes contra
legem, ao contrário, são inaplicáveis, ainda que omissa a lei a respeito do ponto específico,
devendo o julgador valer-se dos demais critérios de integração do ordenamento.

Relativamente aos princípios gerais do direito, crescem eles em importância na medida em que mais
situações jurídicas fogem à letra fria da lei, bem como há cada vez mais intercâmbio global, que desafia a
aplicação pura e simples dos ordenamentos jurídicos nacionais. Talvez a tríade romana honeste vivere,
neminem laedere e suum cuique tribuere sejam os princípios gerais do direito mais conhecidos.

Viver honestamente, não causar dano e dar a cada um o que é seu são princípios gerais do direito que
claramente iluminaram um sem-número de normas jurídicas, a exemplo a vedação ao comportamento
contraditório (venire contra factum proprium, que também assume a feição de princípio geral do direito,
relacionando-se intimamente com a boa-fé objetiva), a responsabilidade civil objetiva e a redução da
indenização em caso de concorrência de culpa da vítima, respectivamente.

Quanto à analogia, pode ela ser feita de duas formas. A analogia legal é aquela na qual o intérprete procura
uma norma aplicável a casos semelhantes. É o típico caso do arrendamento mercantil, para o qual o jurista
encontra soluções nos contratos de compra e venda e de locação, dado que, em sua gênese, o arrendamento
mercantil era um contrato atípico originado da hibridização da locação com a opção de compra ao final.

Já a analogia jurídica é aquela na qual não há norma semelhante aplicável, pelo que o intérprete deve
recorrer à integração de maneira mais complexa. É o caso da lacuna normativa apresentada pelo art. 25 do
CC/2002, que nomeia prioritariamente o cônjuge como curador do consorte ausente, mas não o
companheiro. Sem tanta sorte, o convivente precisa recorrer à analogia jurídica para lograr se tornar curador
do ausente, como, por exemplo, o art. 1.725, cuja previsão é a de que o regime de bens aplicável à união
estável é o da comunhão parcial de bens. Ora, se o companheiro comunga dos bens do convivente, razão
não há para se reputar curadores desses bens os pais do ausente, como prevê o §1º do art. 25.

Por fim, quanto à equidade, Tércio Sampaio Ferraz Jr. esclarece que a equidade colabora na solução de litígios
pela consideração harmônica das situações concretas, ajustando a norma à especificidade do caso, de modo
a produzir uma decisão mais adequada e justa.

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6. Espécies de normas

Já tratei, anteriormente, das questões que envolvem a norma em sentido mais amplo. Além das numerosas
discussões de Teoria Geral do Direito, a doutrina classifica as normas. Analisarei essas classificações agora.

A primeira distinção é quanto à duração. A norma pode ser temporária ou permanente. Essa classificação
já foi vista previamente, sendo que as leis temporárias se limitam por força de termo final ou condição
resolutiva, ou mesmo por revogação, de maneira inusual.

Quanto à amplitude, as normas podem ser gerais, especiais, excepcionais ou singulares. Norma geral é a
regra, como o CC/2002; especial é aquela que traz disposições a par da geral, regulando situações
particulares, como o CDC. Excepcionais são as normas que regulam situações jurídicas de maneira contrária
à lei geral, como ocorriam com os malfadados atos institucionais dos tempos ditatoriais. Por fim, singulares
são as normas que se limitam a regular uma única situação jurídica, como ocorreria com uma lei (e não um
decreto presidencial) que anistiasse uma única pessoa.

Já quanto à obrigatoriedade, as normas podem ser cogentes ou de seguimento obrigatório e dispositivas


ou supletivas. Estas têm especial relevância no Direito Civil porque a vontade tem papel relevantíssimo, em
especial nos negócios jurídicos, pautados pelo princípio da liberdade de contratar. Mesmo o beneficiário não
pode abrir mão da aplicação da norma cogente, contrariamente, como ocorre com a obrigatoriedade de
domicílio do consumidor.

Dentro das normas cogentes, é possível ainda falar em norma de ordem pública. Há quem considere estas
sinônimas daquelas; há quem não. Isso, porém, é irrelevante. Importante é que você saiba que as normas de
ordem pública são especialmente relevantes, já que sua violação, em regra, acarreta nulidade do ato
inquinado. São normas reputadas fundamentais em decorrência da “ordem pública”, conceito esse
altamente criticável.

Por fim, a doutrina chega a classificar as normas em relação à intensidade da sanção:

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A) Perfeitas

• São as normas que preveem a nulidade/anulabilidade do ato jurídico (negócio jurídico


celebrado por incapaz)

B) Mais que perfeitas

• Além da sanção de nulidade/anulabilidade, preveem sanção criminal (casamento


realizado por alguém já casado)

C) Menos que perfeitas

• Preveem sanção mais branda que a nulidade/anulabilidade, como a ineficácia perante


terceiro (compra e venda realizada por instrumento particular)

D) Imperfeitas

• Não preveem sanção jurídica ao ato inquinado (segundo a doutrina mais tradicional,
como ocorre com variados princípios constitucionais)

Terminamos o estudo doutrinário. Passaremos ao estudo do VME, com a parte pertinente da LINDB.

2 - VADE-MÉCUM ESTRATÉGICO
Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada.

(PC-GO 2017) (PC-PA 2016) (PC-PI 2018) (PC-SE 2018) (PF 2018)
Termo a quo do prazo prescricional da ação de repetição de indébito relativa a tributos sujeitos a
lançamento por homologação e pagos antecipadamente. É inconstitucional o artigo 4º, segunda
parte, da Lei Complementar 118/2005, de modo que, para os tributos sujeitos a homologação, o novo
prazo de 5 anos para a repetição ou compensação de indébito aplica-se tão somente às ações ajuizadas
após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. (RE 566621, rel.
min. Ellen Gracie, j. 04-08-2011, DJE 11-10-2011, repercussão geral)
Para que uma lei possa ter aplicação a fatos passados, precisa: (a) conter expressamente a disposição
excepcionadora e (b) respeite o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Quanto à
eficácia retroativa das leis, que envolve a questão da sua força para regular fatos do passado (facta
praeterita), assinale-se que, em regra, não é aceitável, tendo em vista a generalizada idéia de que as

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leis dispõem para o futuro, conforme assimilado pelo art. 1° da Lei de Introdução do Código Civil (LICC),
nestes termos: Art. 1° - Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o País 45 (quarenta
e cinco) dias depois de oficialmente publicada. 7. Entretanto, como se observa nesse mesmo art. 1° da
LICC, o sistema jurídico admite que a regra da vigência da lei após 45 dias de sua publicação seja
excepcionada; isso quer dizer que o prazo de 45 dias poderá ser alterado para mais ou para menos,
significando também que poderá ter aplicação retroativa (para regular fatos anteriores à sua edição),
bastando que contenha a tal cláusula excepcionante. 8. Portanto, pode-se afirmar, seguramente, que
a lei que contiver essa cláusula tem aplicação retroativa; a presença dessa ressalva, portanto, permite
a conclusão de que a retroatividade normativa é possível ou é aceitável e admitida pelo ordenamento
jurídico nacional, exigindo-se, como sua condição primária, que a lei emergente contenha a disposição
excepcionante da sua normal aplicação ad futurum. 9. Entretanto, a presença do dispositivo que
preveja a respectiva retroação, embora necessária, não se mostra suficiente à realização desse
excepcional fenômeno jurídico, eis que, mesmo eventualmente contendo a cláusula que autorize a sua
aplicação retroativa, impõe-se que essa retroatividade não infrinja o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada; o respeito a essa tríade é um autêntico dogma do Direito moderno, não se
podendo desconhecer que se trata de preceito que põe a salvo as situações consolidadas, protegendo-
as contra a inovação legislativa. Por conseguinte, duas serão as precondições para que uma lei possa
ter aplicação a fatos passados: (a) que contenha expressamente a disposição excepcionadora inserta
no art. 1o. da LICC e (b) respeite o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, como
vem proclamado no art. 6o., da mesma LICC. 12. Tendo em vista que a norma legal foi expressa quanto
à retroatividade de apenas uma parte, entendo não ser legítimo, por força de interpretação ou de
investigação do fugidio conceito de vontade do legislador, afirmar-se a retroação total da norma,
desprezando-se, a um só tempo, a sua própria dicção, a dicção do art. 1°. da LICC e a tradição do Direito
Escrito, que apregoa a irretroatividade como regra, salvo se a lei contiver cláusula em contrário e, ainda
assim, ressalve a trilogia que resguarda a segurança jurídica. (REsp 963680 RS, rel. min. Napoleão
Nunes Maia Filho, j. 30-10-2008)

§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses
depois de oficialmente publicada. (Vide Lei nº 1.991, de 1953) (Vide Lei nº 2.145, de 1953) (Vide Lei nº 2.410,
de 1955) (Vide Lei nº 2.770, de 1956) (Vide Lei nº 3.244, de 1957) (Vide Lei nº 4.966, de 1966) (Vide Decreto-
Lei nº 333, de 1967) (Vide Lei nº 2.807, de 1956) (Vide Lei nº 4.820, de 1965)

(PC-GO 2017) (PC-PI 2018)

§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).

§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo
deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.

(PC-GO 2017) (PC-PI 2018)


A lei corretiva para o saneamento de imperfeições técnicas ou erros materiais havidos em texto
vigente no ordenamento jurídico observa, no silêncio da cláusula de vigência, a vacatio legis

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(vacância da lei) de 45 (quarenta e cinco dias). O deslinde da controvérsia cinge-se à possibilidade de


aplicação retroativa de alíquota do Imposto de Importação, alterada em face de erro material na
publicação da Resolução CAMEX nº 42, a qual foi posteriormente majorada por meio de correção
(errata) publicada posteriormente à ocorrência do fato gerador do tributo. Observa-se que a referida
resolução, apesar de não poder ser considerada como lei em sentido estrito, goza dos atributos de
generalidade e abstração, que a impedem de ser considerada com mero ato administrativo. Assim, é
plenamente aplicável o disposto no art. 1º, § 4º, do Decreto-Lei 4.657/62 (Lei de Introdução ao Código
Civil - LICC): 'Art. 1º (...) Omissis § 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
Quanto à ocorrência de eventuais erros cometidos em textos legais, observa Vitor F. Kümpel que estes
podem ser qualificados como irrelevantes ou como substanciais. Esclarece o mencionado autor: 'O erro
irrelevante é aquele que o juiz pode corrigir ex auctoritate, isto é, o juiz pode corrigir de ofício, tendo
autoridade para isso, na medida em que o erro não apresente divergência na interpretação. Assim é o
caso do Código Civil de 1916 quando ao tratar da hipoteca grafava a palavra remissão com dois 's',
quando o correto era com 'ç', no sentido de resgate ou pagamento e não no sentido de perdão. Nunca
houve qualquer divergência quanto à interpretação da norma, sendo óbvio que ninguém iria perdoar
o devedor e liberá-lo do pagamento. O erro substancial é aquele que gera problema de interpretação
e que precisa ser retificado para não ocasionar intranquilidade no sistema jurídico. Na medida em que
o erro substancial provoca mudança na interpretação e aplicação da norma, imprescindível a sua
supressão, retificando-se o sistema jurídico.' (KÜMPEL, Vitor Frederico. Introdução ao Estudo do
Direito: Lei de Introdução ao Código Civil e Hermenêutica Jurídica. São Paulo: Método, 2007, p. 122)
Nesse sentido, havendo alteração total ou parcial no sentido/aplicação da lei corrigida, tal modificação
deverá produzir efeitos apenas em relação aos eventos surgidos a partir de sua publicação, conforme
salienta Maria Helena Diniz: 'As emendas ou correções da lei que já tenha entrado em vigor são
consideradas lei nova (LICC, art. 1º, § 4º), a cujo começo de obrigatoriedade se aplica o princípio geral
da vacatio legis, pois só produzirão efeitos a partir do decurso do prazo legal ou, não o havendo, do de
quarenta e cinco dias ou de três meses após a publicação, uma vez que derrogaram ou abrrogaram lei
anterior, cuja obrigatoriedade e efeitos se reconhecerão. Assim, se a correção for feita dentro da
vigência legal, a lei, apesar de errada, vigorará até a data do novo diploma legal publicado para corrigi-
la, pois uma lei deverá presumir-se sempre correta (....). Respeitar-se-ão os direitos e deveres
decorrentes da norma publicada com incorreções ainda não retificada. Assim, se a parte da lei não
retificada, em razão do decurso do prazo para sua entrada em vigor, já houver conferido direitos e
criado deveres, estes deverão ser resguardados com a cessação da vacatio legis relativamente àquela
parte (...). De fato, poderá ocorrer que surjam de uma publicação errônea relações jurídicas,
constituindo direitos adquiridos, que deverão ser respeitados, apesar de a disposição devidamente
corrigida ter o efeito de uma nova norma, considerando-se a boa-fé daquele que a aplicou (...). Se se
tratar de meros erros de ortografia, de fácil percepção, não haverá empecilho a que o caso da vacatio
legis decorra da data da publicação errada, não aproveitando a quem invocar tais erros.' (Lei de
Introdução ao Código Civil Brasileiro Interpretada. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, pp. 63-64) Na
hipótese presente, considerando-se que a correção efetuada no ato normativo importou a majoração
de alíquota de tributo, não se pode concluir pela existência de mero erro material (irrelevante), mas
de alteração substancial do texto normativo, motivo pelo qual não pode alcançar fatos geradores

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pretéritos, sob pena de ofensa direta ao princípio da irretroatividade tributária (arts. 105 e 106 do CTN,
e 150, III, a, da CF/88). (REsp 1040507/ES, rel. min. Denise Arruda, j.03-11-2009, DJE 24-11-2009)

§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

(PC-GO 2017) (PC-PI 2018)


A republicação de uma norma, sem inovação, não se considera lei nova. O parágrafo único, do art.
11, da Lei nº 9.639/98 foi publicado por mero equívoco, porquanto não constante do projeto de lei
devidamente aprovado pelo Poder Legislativo, tanto que foi expurgado daquele diploma, ante a sua
inconstitucionalidade formal, declarada pelo STF. Em razão disso, a republicação da Lei nº 9.639/98
não trouxe nenhuma inovação, deixando de atrair, portanto, a incidência do § 4º, do art. 1º, da LICC,
e, impossibilitando, afinal, a pretendida anistia. (HC 18517/SP, rel. min. Fernando Gonçalves, j. 13-11-
2001, DJ 04-02-2002)

Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.

(PC-PA 2016) (PC-PI 2018) (PF 2018) (PC-AC 2017)


Limitação de indenizações por danos decorrentes de extravio de bagagem com fundamento na
Convenção de Varsóvia. Nos termos do artigo 178 da Constituição da República, as normas e os
tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,
especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa
do Consumidor. (RE 636331, rel. min. Gilmar Mendes, j. 25-05-2017, DJE 13-11-2017, repercussão
geral)
Meios de comprovação do estado miserabilidade do idoso para fins de percepção de benefício de
assistência continuada. É inconstitucional o § 3º do artigo 20 da Lei 8.742/1993, que estabelece a
renda familiar mensal per capita inferior a um quarto do salário mínimo como requisito obrigatório
para concessão do benefício assistencial de prestação continuada previsto no artigo 203, V, da
Constituição. (RE 567985, rel. min. Gilmar Mendes, j. 18-04-2013, DJE 03-10-2013, repercussão geral)
Discute-se a majoração da taxa de ocupação de terreno de marinha pela revisão dos valores dos
imóveis promovida pela SPU. No caso das taxas de ocupação dos terrenos de marinha, é despiciendo
procedimento administrativo prévio com participação dos administrados interessados, bastando que
a Administração Pública siga as normas do Decreto n. 2.398/87 no que tange à matéria. (Controvérsia:
se a majoração da taxa de ocupação de terreno da marinha, que se efetivou mediante a atualização do
valor do imóvel, depende da participação do administrado, com prévia notificação individual da parte
sobre a reavaliação do seu imóvel (Lei 9.784/87 artigo 28. Devem ser objeto de intimação os atos do
processo que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao
exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse). (REsp 1241817, rel.
min. Herman Benjamin, DJE 25-03-2011)
A isenção da Cofins concedida pelo art. 6º, II, da LC n. 70/1991 às sociedades civis de prestação de
serviços profissionais foi revogada pelo art. 56 da Lei n. 9.430/1996. (Súmula 508, STJ)

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§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível
ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

(PC-MA 2018) (PC-PA 2016) (PC-PI 2018) (PC-AC 2017)


Termo a quo do prazo prescricional da ação de repetição de indébito relativa a tributos sujeitos a
lançamento por homologação e pagos antecipadamente. É inconstitucional o artigo 4º, segunda
parte, da Lei Complementar 118/2005, de modo que, para os tributos sujeitos a homologação, o novo
prazo de 5 anos para a repetição ou compensação de indébito aplica-se tão somente às ações ajuizadas
após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. (RE 566621, rel.
min. Ellen Gracie, j. 04-08-2011, DJE 11-10-2011, repercussão geral)
Não existência de hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. Não existe relação hierárquica
entre lei complementar e lei ordinária e que a possibilidade de revogação da isenção concedida pela
LC 70/91 por meio da Lei 9.430/96 encerra questão exclusivamente constitucional, concernentemente
à distribuição material entre as espécies legais. Na mesma oportunidade, o STF, ponderando preceitos
constitucionais referentementes à matéria tributária (arts. 195, I, e 239), afirmou que a LC 70/91 é
materialmente ordinária. 9. Considerando que as leis confrontadas (art. 6º, II, da LC 70/91 e art. 56 da
Lei 9.430/96) são materialmente ordinárias e ostentam normatização incompatível em si, é de se
concluir pela prevalência do diploma mais moderno e, por conseguinte, pela legitimidade da revogação
da isenção da Cofins (art. 2º, § 1º, da LICC - lex posterior derrogat priori). 10. O julgamento de mérito
ora prolatado não invade a competência do Supremo Tribunal Federal; ao contrário, dá efetividade à
decisão proferida por aquela Corte quanto à matéria exclusivamente constitucional acima identificada,
que constituía questão prejudicial à análise de compatibilidade (art. 6º, II, da LC 70/91 e art. 56 da Lei
9.430/96) para fins de aplicação da Lei de Introdução do Código Civil ao caso concreto (art. 2º, § 1º, da
LICC). (AR 3788/PE, rel. min. Benedito Gonçalves, j. 14-04-2010, DJE 21-05-2010)

§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem
modifica a lei anterior.

(PC-GO 2017) (PC-MA 2018) (PC-AC 2017)

§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência.

(PC-ES 2019) (PC-GO 2017) (PC-MA 2018) (PC-PA 2016) (PC-SP 2018) (PF 2018) (PC-AC 2017)
O denominado efeito represtinatório da lei, segundo entendimento majoritário, não foi adotado
como regra geral no direito brasileiro e implica restauração da lei revogada, se extinta a causa
determinante da revogação. A recepção de lei ordinária como lei complementar pela Constituição
posterior a ela só ocorre com relação aos seus dispositivos em vigor quando da promulgação desta,
não havendo que se pretender a ocorrência de efeito repristinatório, porque o nosso sistema jurídico,
salvo disposição em contrário, não admite a repristinação. (AI 235.800 AgR, rel. min. Moreira Alves, j.
25-05-1999, DJ 25.06.1999)

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Extinta a causa que determinou a revogação da lei, ocorre a restauração de sua vigência. Neste caso, a
lei anterior revogada por lei posterior declarada inconstitucional tem a vigência restabelecida,
porém, nesta situação, fala-se que houve “efeito represtinatório”, conforme já decidiu o STF. (ADIn
652-5/MA, rel. min. Celso de Mello, j. 02-04-1993)

Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

Termo a quo do prazo prescricional da ação de repetição de indébito relativa a tributos sujeitos a
lançamento por homologação e pagos antecipadamente. É inconstitucional o artigo 4º, segunda
parte, da Lei Complementar 118/2005, de modo que, para os tributos sujeitos a homologação, o novo
prazo de 5 anos para a repetição ou compensação de indébito aplica-se tão somente às ações ajuizadas
após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. (RE 566621, rel.
min. Ellen Gracie, j. 04-08-2011, DJE 11-10-2011, repercussão geral)
Quanto à devolução dos valores recebidos pelo litigante beneficiário do Regime Geral da Previdência
Social - RGPS em virtude de decisão judicial precária, que venha a ser posteriormente revogada. A
reforma da decisão que antecipa a tutela obriga o autor da ação a devolver os benefícios
previdenciários indevidamente recebidos. (No voto condutor do acórdão de afetação da matéria ao
rito dos repetitivos, o Ministro relator ressalta a necessidade de ampliação do debate das variações a
respeito da questão. No ponto, lista as seguintes situações que, dentre outras, poderão ser analisadas
pelo Superior Tribunal de Justiça na presente afetação: a) tutela de urgência concedida de ofício e não
recorrida; b) tutela de urgência concedida a pedido e não recorrida; c) tutela de urgência concedida na
sentença e não recorrida, seja por agravo de instrumento, na sistemática processual anterior do
CPC/1973, seja por pedido de suspensão, conforme o CPC/2015; d) tutela de urgência concedida initio
litis e não recorrida; e) tutela de urgência concedida initio litis, cujo recurso não foi provido pela
segunda instância; f) tutela de urgência concedida em agravo de instrumento pela segunda instância;
g) tutela de urgência concedida em primeiro e segundo graus, cuja revogação se dá em razão de
mudança superveniente da jurisprudência então existente; h) tutela de urgência concedida e cassada,
a seguir, seja em juízo de reconsideração pelo próprio juízo de primeiro grau, ou pela segunda instância
em agravo de instrumento ou mediante pedido de suspensão; i) tutela de urgência cassada, mesmo
nas situações retratadas anteriormente, mas com fundamento expresso na decisão de que houve má-
fé da parte ou afronta clara a texto de lei, como no caso das vedações expressas de concessão de
medida liminar ou tutela antecipada. (REsp 1.401.560/MT, rel. min. Og Fernandes, DJE 13-10-2015)

Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.

(PC-ES 2019)
Incidência do prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei 9.784/1999 para a Administração anular
ato de concessão de aposentadoria. Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança
legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de 5 anos para o julgamento da legalidade do
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à

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respectiva Corte de Contas. (RE 636553, rel. min. Gilmar Mendes, j. 19-02-2020, DJE 26-05-2020,
repercussão geral)
Responsabilidade civil objetiva do Estado por morte de detento. Em caso de inobservância do seu
dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é
responsável pela morte de detento. A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em
que o Poder Público comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o
nexo de causalidade da sua omissão com o resultado danoso. (RE 841526, rel. min. Luiz Fux, j. 30-03-
2016, DJE 01-08-2016, repercussão geral)

Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

Inexistência de crime na hipótese de interrupção da gravidez de feto anencéfalo. Controle de


Constitucionalidade. ESTADO. LAICIDADE. O Brasil é uma república laica, surgindo absolutamente
neutro quanto às religiões. Considerações. FETO ANENCÉFALO. INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ. MULHER.
LIBERDADE SEXUAL E REPRODUTIVA. SAÚDE. DIGNIDADE. AUTODETERMINAÇÃO. DIREITOS
FUNDAMENTAIS. CRIME. INEXISTÊNCIA. Mostra-se inconstitucional interpretação de a interrupção da
gravidez de feto anencéfalo ser conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II, do Código
Penal. (ADPF 54 DF, min. rel. Marcos Aurélio, j. 27-04-2005, DJ 31-08-2007)

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e
a coisa julgada. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957)

(PC-SE 2018) (PF 2018)


Possibilidade de aplicação do prazo de 8 anos de inelegibilidade por abuso de poder previsto na Lei
Complementar 135/2010 às situações anteriores à referida lei em que, por força de decisão
transitada em julgado, o prazo de inelegibilidade de 3 anos aplicado com base na redação original
do art. 1º, I, d, da Lei Complementar 64/1990 houver sido integralmente cumprido. A condenação
por abuso de poder econômico ou político em ação de investigação judicial eleitoral transitada em
julgado, ex vi do artigo 22, XIV, da Lei Complementar n. 64/90, em sua redação primitiva, é apta a atrair
a incidência da inelegibilidade do artigo 1º, inciso I, alínea d, na redação dada pela Lei Complementar
n. 135/2010, aplicando-se a todos os processos de registro de candidatura em trâmite. (RE 929670/DF,
rel. min. Luiz Fux, j. 01-03-2018, DJE 12-04-2019, repercussão geral)
Conversão de aposentadoria proporcional em aposentadoria integral por meio do instituto da
desaposentação. No âmbito do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), somente lei pode criar
benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à
'desaposentação', sendo constitucional a regra do artigo 18, § 2º, da Lei nº 8.213/91. (RE 661256/SC,
rel. min. Roberto Barroso, j. 27-10-2016, DJE 28-09-2017, repercussão geral)
Direito a cálculo de benefício de aposentadoria de acordo com legislação vigente à época do
preenchimento dos requisitos exigidos para sua concessão. Para o cálculo da renda mensal inicial,
cumpre observar o quadro mais favorável ao beneficiário, pouco importando o decesso remuneratório
ocorrido em data posterior ao implemento das condições legais para a aposentadoria, respeitadas a

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decadência do direito à revisão e a prescrição quanto às prestações vencidas. (RE 630501/RS, rel. min.
Ellen Gracie, j. 21-02-2013, DJE 26-08-2013, repercussão geral)
Aplicação das regras previstas nos §§ 4º e 5º do art. 40 da Constituição Federal (redação originária)
a servidor celetista aposentado ou falecido antes do advento da Lei 8.112/90. As regras dos
parágrafos 4º e 5º do artigo 40 da Constituição Federal, na redação anterior à EC 20/1998, não se
aplicam ao servidor submetido ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho que se aposentou ou
faleceu antes do advento da Lei nº 8.112/1990. (RE 627294, rel. min. Luiz Fux, DJE 04-10-2012,
repercussão geral)
Questão referente ao prazo decadencial para a propositura da ação rescisória previsto no art. 495
do Diploma Processual deve ser prorrogado para o primeiro dia útil seguinte, quando cair em fim de
semana ou feriado, nos exatos termos do art. 184, § 1.º, inciso I, do Código de Processo Civil. O termo
final do prazo para o ajuizamento da ação rescisória, embora decadencial, prorroga-se para o primeiro
dia útil subsequente, se recair em dia de não funcionamento da secretaria do Juízo competente. (REsp
1112864/MG, min. rel. Laurita Vaz, j. 19-11-2014)
Impossibilidade de prisão civil do depositário infiel no ordenamento jurídico-constitucional
brasileiro. É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.
Decretação da medida coercitiva. Inadmissibilidade absoluta. Insubsistência da previsão constitucional
e das normas subalternas. Interpretação do artigo 5º, inc. LXVII e §§ 1º, 2º e 3º, da CF, à luz do artigo
7º, § 7, da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). (RE 349703,
rel. min. Gilmar Mendes, j. 03-12-2008, DJ 05-06-2009)

§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
(Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957)

(PC-SE 2018) (PF 2018)

§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como
aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio
de outrem. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957)

§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.

O servidor público não tem direito adquirido a regime jurídico. Consoante entendimento pacificado
desta Corte, se aplica ao servidor público, para fins de enquadramento na carreira, a lei vigente à época
da sua nomeação para o cargo público, e não a lei em vigor ao tempo da realização do concurso público.
(RMS 21664 MT, rel. min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 22-06-2010)

Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

(PC-ES 2019) (PC-AC 2017)

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O domicílio das partes na Suíça justifica a competência das autoridades judiciárias daquele país para
decidir sobre a adoção e, consequentemente, sobre a aplicação da respectiva legislação (artigo 7º da
LICC). Sentença estrangeira que explicitou os motivos pelos quais a citação do pai biológico deixou de
ser pessoal no processo de adoção. Citação pessoal deste no processo de homologação sem que se
manifestasse, circunstância que reclamou a nomeação de curador especial. Sentença homologada.
(SEC 8.399 EX 2013/0055088-6, min. rel. Ari Pargendler, j. 01-08-2013, DJE 12-08-2013).

Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações,
obedecem à lei do Estado em que se constituírem.

(PC-PI 2018)

§ 1o Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos
constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.

3 – QUESTÕES COMENTADAS

As questões aqui expostas também foram retiradas da Aula 00 do Curso regular de Direito Civil do Professor
Paulo Sousa.

1. (CESPE / PC-GO – 2017) A Lei n.º XX/XXXX, composta por quinze artigos, elaborada pelo Congresso
Nacional, foi sancionada, promulgada e publicada.
A respeito dessa situação, assinale a opção correta, de acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro.
a) Se algum dos artigos da lei sofrer alteração antes de ela entrar em vigor, será contado um novo período
de vacância para o dispositivo alterado.
b) Caso essa lei tenha revogado dispositivo da legislação anterior, automaticamente ocorrerá o efeito
repristinatório se nela não houver disposição em contrário.
c) A lei irá revogar a legislação anterior caso estabeleça disposições gerais sobre assunto tratado nessa
legislação.
d) Não havendo referência ao período de vacância, a nova lei entra em vigor imediatamente, sendo eventuais
correções em seu texto consideradas nova lei.
e) Não havendo referência ao período de vacância, a lei entrará em vigor, em todo o território nacional, três
meses após sua publicação.

Comentários

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A alternativa A está correta, na literalidade do art. 1º, §3º: “Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova
publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a
correr da nova publicação”.

A alternativa B está incorreta, conforme o art. 2º, §3º: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se
restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”.

A alternativa C está incorreta, na dicção do art. 2º, §2º: “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou
especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”.

A alternativa D está incorreta, de acordo com o art. 1º: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar
em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”.

A alternativa E está incorreta, segundo o referido art. 1º.

2. (VUNESP / PC-SP – 2014) Assinale a alternativa correta, de acordo com as disposições da Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei n.º 4.657/1942).
a) A lei nova revoga a lei antiga, quando com esta incompatível, ainda que não haja expressa declaração de
revogação.
b) As correções a texto de lei já em vigor não implicam em lei nova.
c) A repristinação é regra no direito brasileiro, admitindo-se disposição legal que afaste sua incidência.
d) Entende-se por ato jurídico perfeito a decisão judicial da qual não caiba mais recurso.
e) O Brasil não adota, em regra, o instituto da vacatio legis, salvo no estrangeiro, quando admitida a
obrigatoriedade da lei brasileira.

Comentários

A alternativa A está correta, na literalidade do art. 2°, §1°: “A lei posterior revoga a anterior quando
expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de
que tratava a lei anterior”.

A alternativa B está incorreta, pela previsão do art. 1°, §4°: “As correções a texto de lei já em vigor
consideram-se lei nova”.

A alternativa C está incorreta, segundo o art. 2°, §3°: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se
restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”.

A alternativa D está incorreta, na dicção do art. 6°, §1°: “Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
segundo alei vigente ao tempo em que se efetuou”.

A alternativa E está incorreta, conforme o art. 1°: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo
o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”.

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3. (NUCEPE-UESPI / PC-PI – 2014) É na Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro que


encontramos normas que disciplinam o âmbito de aplicação das normas jurídicas. Dentre as alternativas
abaixo, marque a CORRETA.
a) Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e cinco) dias depois de
oficialmente ultrapassado o período de vacatio legis.
b) A vigência das leis, que os governos estaduais elaborem por autorização do Governo Federal, depende da
aprovação deste e começará no prazo que a legislação estadual fixar.
c) A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica
a lei anterior.
d) Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes, os princípios gerais
de direito e equidade.
e) A lei em vigor terá efeito imediato, condicional e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, direito adquirido
e a coisa julgada.

Comentários

A alternativa A está incorreta, consoante art. 1º da LINDB: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar
em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”. Esse intervalo entre publicação e
vigência é o que se conhece por vacatio legis.

A alternativa B está incorreta, porque esse era o teor do §2º do art. 1º da Lei de Introdução ao Código Civil,
trecho revogado quando da redação dada pela LINDB.

A alternativa C está correta, conforme o §2º do art. 2º: “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou
especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”.

A alternativa D está incorreta, na dicção do art. 4º: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo
com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.

A alternativa E está incorreta, dada a redação do art. 6º: “A Lei em vigor terá efeito imediato e geral,
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”.

CRIMINOLOGIA
Estudaremos o seguinte ponto (de direito penal) do seu edital:

PONTO 2: 1 Noções gerais de criminologia.

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A criminologia é um tema atual e de extrema relevância para a sua atuação como Delegado. Ademais, ainda
poderá te render questões na sua prova.

Os assuntos explorados hoje fazem parte da matéria de Criminologia geral – que é o tópico mais cobrado
na disciplina, responsável por 41% das questões cobradas.

Esclarecemos que dentro de criminologia geral estão três tópicos: 1. Surgimento e propagação da
criminologia; 2. Noções fundamentais à criminologia; 3. Escolas Criminológicas.

Iremos hoje abordar os pontos 1 e 2.

Em razão das características do ponto em comento, o estudo contará com Pílulas Estratégicas de Doutrina
e Questões Comentadas, que já dão a base suficiente para enfrentar as questões da prova objetiva.

1 - PÍLULAS ESTRATÉGICAS DE DOUTRINA

O conteúdo aqui disposto será retirada exclusivamente da Aula 00 e Aula 01 do Professor Paulo Bilynskyj,
do seu Curso Regular de Criminologia, extraindo os conceitos e classificações mais relevantes. Fontes
externas serão expressamente mencionadas.

Chamo a atenção de vocês para o fato de que, eventuais observações ou considerações a serem feitas por
mim, estarão identificadas com a presente formatação sombreada.

1. Introdução

A utilização do direito penal com a exclusão da criminologia pode gerar aquilo que conhecemos como direito
penal simbólico. Sobre o tema:

CLEBER MASSON5 nos explica: A função simbólica é inerente a todas as leis, não dizendo respeito somente
às de cunho penal. São aquelas que não produzem efeitos externos, mas tão somente, na mente dos
governantes e dos cidadãos.

5
MASSON, Cleber. Direito Penal - parte geral. 11ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. Pg. 10.

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É que no primeiro caso, acarreta aos governantes a sensação de terem feito algo para a proteção da paz
social. No outro, proporciona a falsa impressão de que a criminalidade está sob controle.

Masson6 ainda revela que, no âmbito penal, o simbolismo manifesta-se de forma comum, no que ele chama
de direito penal do terror que se verifica com a inflação legislativa do Direito Penal de Emergência, criando-
se exageradamente figuras penais desnecessárias, ou então, aumento desproporcional e injustificado das
penas em casos pontuais – Hipertrofia do Direito Penal.

O Legislador brasileiro da década de 90, tomado por uma ideia de Direito Penal Máximo7, Movimento Lei e
Ordem8 (Law and Order), bem como a Teoria das Janelas quebradas9 (Broken Windowns Theory), implantou

6
MASSON, Cleber. Direito Penal - parte geral. 11ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. Pg. 10.

7
O Direito Penal Máximo constitui justamente o oposto do Direito Penal Mínimo, e traz em si a ideia
de que o Direito Penal é a solução para todos os problemas existentes na sociedade. Por tal movimento,
o Direito Penal é o meio de controle social mais eficaz a restringir o direito à liberdade do ser humano,
devendo, portanto, ser a solução adotada em primeiro lugar. HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais.
10ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 470.

8
Movimento Lei e Ordem8 (Law and Order): movimento idealizado por Ralf Dahrendorf, que surgiu
como uma reação ao crescimento dos índices de criminalidade. Tal movimento baseia-se na ideia da
repressão, para o qual a pena se justifica por meio das ideias de retribuição e castigo. Os adeptos desse
movimento pregam que somente as leis severas, que imponham longas penas privativas de liberdade ou
até mesmo a pena de morte, têm o condão de controlar e inibir a prática de delitos. Dessa forma, os
crimes de maior gravidade devem ser punidos com penas longas e severas, a serem cumpridas em
estabelecimentos prisionais de segurança máxima. Leis Penais Especiais. 10ª. Edição. Revista
atualizada e ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 470.

9
Teoria das Janelas quebradas 9 (Broken Windowns Theory): Em 1982, o cientista político James Q.
Wilson e o psicólogo criminologista Geroge Kelling, ambos norte-americanos, criaram a The Broken
Windowns Theory, denominada no Brasil TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS. (...) essa teoria ganhou
esse nome em razão de seus autores utilizarem a imagem das janelas quebradas para explicá-la,
estabelecendo relação de causalidade entre a desordem e a criminalidade. Segundos tais autores, se
apenas uma janela de um prédio fosse quebrada, e não fosse imediatamente consertada, as pessoas que
passassem no local e vissem que a janela não havia sido consertada concluiriam que ninguém se
importava com isso, e em curto espaço de tempo todas as demais janelas também estariam quebradas.
Uma janela quebrada, mas que não é consertada, é sinal de que ninguém cuida e, portanto, não custa
quebrar mais janela.

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um movimento de política criminal bastante severo como forma de tentar diminuir a criminalidade. Para
isso, criou tipos penais, aumentou penas para alguns crimes (a exemplo da Lei n.º 8.072/90) etc.10

Trabalharemos de forma aprofundada em todas essas teorias ao longo do curso, por ora, a título de exemplo,
citamos o crime de porte ou a posse de arma de fogo de uso proibido (art. 1º, Parágrafo único, inciso II, Lei
8072/90 com alteração pela Lei nº 13.964/19). Quem porta ou mantém em sua posse armas, cujo uso é
proibido, terá sua pena fixada em patamar mais alto que quem porta ou tem a posse de arma cujo uso
permitido.11 Além disso, para que esse indivíduo alcance eventual progressão de regime, deverá cumprir
40% da pena se for primário ou 60% se for reincidente (alteração produzida pela Lei nº 13.964/19).

Como defendido por Ney Moura Teles12:

“Querer combater a criminalidade com o Direito Penal é querer eliminar a infecção com
analgésico”

O crime só pode ser combatido por instrumentos que possibilitam a apuração da visão crítica e científica dos
que se propõem a analisar o problema da delinquência, Guerreiros. E é por isso que o estudo da criminologia
é tão importante, além de necessário.

A criminologia não se propõe a punir o transgressor, isso cumpre ao Direito Penal. Tampouco se destina a
definir os procedimentos acertados de persecução penal durante fases, seja de investigação, seja na ação
processual, para isso, temos o Processo Penal. À criminologia deixamos o diagnóstico de entender o
contexto da prática delituosa, analisando o contexto social de justiça criminal, a pessoa do delinquente, a
vítima, o controle social e até mesmo o reflexo da lei penal na sociedade.

Seja como for, uma coisa é fato, Direito Penal não é ciência sozinho. O Direito Penal, como bem sabemos, é
ultima ratio, e isso se deve ao fato de que, sua intervenção em momento inapropriado, pode causar efeitos

10
HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. 10ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 470.

11
Art. 16 do R-105 – define as armas de uso restrito.

12
TELES, Ney Moura. Direito Penal – parte geral. São Paulo: Atlas, 2004. V. 1, p.46.

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drásticos na vida de um indivíduo. Assim sendo, a Criminologia se converte em realidade para o Direito Penal.
Vamos, portanto, ao estudo dos elementos fundamentais da Criminologia.

2. História da Criminologia

Na nossa disciplina de Criminologia, embora saibamos quando e porque surgiu, não é possível estabelecer
um marco exato de nascimento da criminologia. Em nossa disciplina, estuda-se o período histórico da
Criminologia, dividindo-o em dois períodos: o período pré-científico e o período científico.

Em apertada síntese, o período pré-científico abrange temas que vão desde a Antiguidade, até o surgimento
do período científico.

Noutro giro, quanto ao período científico, há divergências doutrinárias no sentido de se estabelecer um


momento exato para seu surgimento.

Majoritariamente: a doutrina atribui o surgimento da Criminologia Científica à Cesare Lombroso. Neste


discurso, afirma-se que a disciplina nasce a partir da publicação de sua Obra O homem delinquente em 1876.

A doutrina minoritária prega, em seu discurso, que o surgimento da fase científica ao francês Paul Topinard.
Foi ele o primeiro antropólogo que utilizou expressamente, pela primeira vez, em 1879, o termo
criminologia.

No Brasil, a Criminologia surgiu com a obra do pernambucano João Vieira de Araújo, chamada Os
ensaios do Direito Penal publicada pelo autor em 1884.

3. A Evolução do Direito de Punir

De forma resumida, pode-se apontar 03 (três) fases de suma importância, no processo de evolução pena: o
período de vingança, o período humanista e o período científico.

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3.1. Período de Vingança

Engloba o Absolutismo Europeu, nos séculos XV e XVI, revelando-se através de 03 (três) vetores, quais sejam:

Período de vingança

Vingança Privada Vingança Divina Vigança Pública

O exercício do poder punitivo era


atribuído à igreja. Neste caso, a O monarca assume o poder
Período regido pela Lei do figura do sacerdote era punitivo, como representando
Talião. Neste caso, a vítima era indispensável, pois ele era tido como do Estado, seguindo as
a detentora do poder punitivo, um mandatário de Deus. Neste execuções de um ritual sádico
admitindo-se o exercício das período, a culpabilidade era em que o público assistia aos
próprias razões sob a filosofia determinada por meio das ordálias, suplícios dos condenados até a
do "olho por olho, dente por ou seja Juízo de Deus, e o fogo era o morte, o que fez com o que
dente". elemento purificador da alma, sendo referido período ficasse
este período conhecido por fase conhecido como ciclo do terror.
mitológica

Note que neste período, o destaque era ao corpo supliciado por esquartejamentos, amputações em
cerimonias públicas e, na medida que o caráter corretivo da pena passou a surgir (nos séculos seguintes) e
avançava, o suplício deixou de ser o alvo da repressão penal.

3.2. Período Humanista

O período foi iniciado com o surgimento do Estado Liberal nos séculos XVII e XVIII, inclui-se também o
movimento iluminista, capitaneado por John Locke, ostentado caráter retribucionista.

Neste período, o suplício se torna mais inaceitável e forma-se um consenso entre teóricos do direito, filósofos
e parlamentares sobre a necessidade de punir de outro modo, com penas moderadas e proporcionais.

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3.3. Período Científico

O período científico é o que mais nos interessa. Este período foi iniciado com o Naturalismo do Séc. XIX e
XX, momento em que surgia, especialmente, o positivismo criminológico que atribuía à pena o sentido ou
finalidade de defesa social. Dessa maneira, a pena foi influenciada por

➔ Abandono total dos suplícios.

➔ Pena -> deixou de recair sobre o corpo do criminoso

➔ Pena -> passou a recair sobre a liberdade do criminoso.

Neste período, a dor e o sofrimento físico deixaram de constituir elementos integrantes da pena.

Entenda que é um cenário de elevação da burguesia em relação à figura do monarca absolutista e que o
cenário traz novos rumos à política e, consequentemente, um reajuste no discurso criminológico que se
apoia à visão cartesiana e iluminista de mundo.

Por esta razão, traz-se à baila o surgimento de um novo discurso jurídico, robusto de princípios e com
imposições a respeito da pena e a necessidade de humanização, a estruturação do Direito Penal como
limitador do poderio punitivo do Estado, bem como, a substituição da noção de vingar pela noção de punir.

Aqui, portanto, a pena passa a conferir não só um caráter retribucionista, mas também um
comportamento desviante, de neutralização da periculosidade e promoção de socialização.

É nesse momento que o crime, suas causas, e o criminoso começam a ganhar destaque implementando a
interdisciplinaridade na matéria.

4. As Fases da Criminologia

Para fins didáticos, adotamos o posicionamento majoritário e dividiremos a história do pensamento


criminológico em duas fases, quais sejam:

Fase pré-científica Pseudociências


Fases
Criminologia
Fase científica
moderna

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4.1. Fase Pré-Científica

Parcela da doutrina reage à fase pré-científica, afirmando que este período pertence ao mundo das crenças
e convicções populares sendo manipulada por um falso empirismo a fim de tornar praticável, superstições
pessoais.

Se de um lado, o marco científico é marcado por pesquisas robustas, investigações criminológicas e um


método empírico mais robusto, de outro, a doutrina ataca a falta de elementos do período pré-científico,
que tem como característica a prevalência da aproximação das Ciências Ocultas (pseudociências).

São teses que se destacaram no período pré-científico:

➔ Demonologia;

➔ Fisionomia

➔ Frenologia e

➔ Psiquiatria.

Demonologia

A doutrina entende que, mais que todas as Ciências Ocultas, a Demonologia é a mãe em linha reta da
Criminologia. Foi com fundamentos nesta ciência que, por anos, procurou se explicar o mal por meio da
existência de demônios.

 Essa ciência perturbou, em especial, doentes mentais, pois eles eram confundidos com pessoas com
algum tipo de possessão maligna.
Sem contar as ideias de possessão, a Demonologia desenvolveu uma teoria que prevalece até os dias de
hoje, e decorre das ideias trabalhadas na Demonologia, chamada de Teoria da tentação.

É que, para esta teoria, o criminoso, embora não possuído, era, por vezes, tentado pelo espírito do mal. Tal
concepção promove a compreensão do crime como um mal externo à natureza humana.13

13
VIANA, Eduardo. Criminologia. 6ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 27.

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Fisionomia

A fisionomia é considerada a pseudociência mais próxima ao positivismo criminológico do final do século


XIX. Essa ciência considera a aparência do indivíduo para estabelecer a sua conexão com a maldade. Desde
a antiguidade, difundiu-se a ideia segundo a qual era possível estabelecer uma relação entre a estrutura
corporal do indivíduo e a sua personalidade.

Noutras palavras, significa que, para esse método, a partir do nível de beleza ou feiura
do indivíduo era possível afirmar sobre suas virtudes e defeitos, estando a “feiura”
diretamente ligada ao conceito de maldade.

O principal mérito da teoria da fisionomia foi trazer para o centro das investigações
científicas o protagonismo do fenômeno do crime, ou seja, o criminoso. Exemplo dessa influência pode ser
revelado pelo retrato falado.

Frenologia

Foi a ciência que desenvolveu a teoria da localização ou teoria do crânio.

Os frenólogos preocupavam-se em identificar a localização física de cada função anímica do


cérebro, assim, seria possível explicar o comportamento delitivo, portanto, significa dizer
que: a chave para explicar o comportamento delitivo do homem está no cérebro.

Sendo assim, imprescindível era, para adeptos dessa ciência, observar as marcas externas do crânio. É que,
para eles, é impossível explicar o homem moral sem as contribuições do homem físico. Logo, aqui não se fala
em livre arbítrio ou constatação, temas que seriam mais tarde, reafirmado pelo positivismo criminológico.

A figura mais importante nesta ciência, foi o médico FRANZ JOSEPH GALL e, não é exagero destacar que
TODA a fundação e difusão da Frenologia é devida a ele. A Frenologia foi fundada e difundida, depois que
Gall, publicou (1810) a obra Anatomia e Fisionomia do sistema nervoso em particular, com observações
sobre a possibilidade de reconhecer várias disposições intelectuais e morais do homem e dos animais pela
configuração de suas cabeças.

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As visitas de Gall aos manicômios, penitenciárias e o exame da cabeça dos homens que eram condenados à
morte, permitiram que Gall, elaborasse um conhecido mapa cerebral.

Nele estão pontuadas as 38 (trinta e oito) regiões e a respectivas faculdades


intelectivas com elas relacionadas.

O crime, ponderava, pode ser causado por um desenvolvimento parcial e não


compensado do cérebro, o que ocasiona a hiperfunção de determinado
sentimento: o roubo, por exemplo, seria consequência de um desenvolvimento
desmedido do instinto de propriedade e não da condição de miserabilidade do
agente.

Figura 1: Mapa Frenológico de Gall

Destaque-se que, no campo penal, a teoria de Gall reverbera diretamente na DOSIMETRIA DA PENA. E isso
é importante que você saiba para fins de prova! É que, segundo ele, os graus de culpabilidade variam
conforme a condição do indivíduo, razão pela qual, impõe-se uma graduação da pena conforme a
individualidade de cada sujeito14. Nesse caso, significaria que a pena deveria ser estabelecida com base no
criminoso e não no crime.

Psiquiatria

Para o ramo da criminologia, quem brilhou na psiquiatria foi PHILIPPE PINEL.

Médico francês, Philippe Pinel foi responsável pela realização dos primeiros diagnósticos que diferenciavam
o criminoso do enfermo mental. Com base nos seus estudos, mais de 50 (cinquenta) enfermos foram
desencarcerados. Merece menção outros dois médicos que também se ocuparam das questões atinentes
aos crimes, são eles: Esquirol e Morel.

Abaixo, compactamos:

14
VIANA, Eduardo. Criminologia. 6ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 31.

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PHILIPPE PINEL ESQUIROL MOREL


Foi responsável pela realização Elaborou e sistematizou a Foi o ponto de partida para a
dos primeiros diagnósticos que classificação de enfermidades psicopatologia criminal, pois
diferenciavam o criminoso do que domina o pensamento promovia estudos entre: a
enfermo mental. psiquiátrico do século XIX. delinquência, a loucura ou a
doença mental.
Para ele, promover a separação Foi o grande responsável pelo Para ele, todo delito seria um
entre o binômio enfermidade indulto de Pierre Rivière15. fenômeno patológico, causado
mental e a delinquência, pela reiteração de fatores
propiciando a criação de asilos biológicos.
destinados a diagnósticos
clínicos e tratamento dos
enfermos mentais.

4.2. Fase Científica: O surgimento do movimento científico da criminologia

Nesta fase, a Criminologia passa a ter um viés individual, sendo conceituada como estruturante de
anormalidade endógena individual. É que os cientistas desse período voltaram os olhos para o fenômeno
do crime e, como consequência, encontram o criminoso. Então, este passa a ser, nesta fase, o objeto central
das pesquisas, sendo que, seu comportamento criminoso passa a ter como causa, necessária disfunção
patológica interna.16

Por esta razão, diz-se que a Criminologia do século XIX, é caracterizada pelo empirismo e
pelo método experimental ou indutivo de estudo. É que há um rompimento, ela
abandona o método abstrato e dedutivo do silogismo clássico, utilizado, até então, na fase
pré-científica, e passa ao campo do concreto da verificação prática relacionada ao crime e
ao criminoso, ou ainda, relacionada ao delito e ao delinquente.

15
Pierre Rivière, jovem camponês que em 1835 assassinou sua mãe, a irmã e o irmão, foi redescoberto
e publicado em 1973 em um livro organizado pelo filósofo francês Michel Foucault (1926-1984).

16
VIANA, Eduardo. Criminologia. 6ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 33.

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Vejamos agora as fases e os autores mais importantes para a criminologia científica:

4.2.1. Período da Antropologia Criminal

Césare Lombroso (1856-1929)

Autor da obra O homem delinquente (1876), foi considerado o pai da criminologia e


criador da disciplina antropologia criminal. Empregou o método empírico em suas
investigações e defendeu o determinismo biológico no campo criminal.

Não é demais repetir que, neste período, o estudo da criminalidade abandona a Escola Clássica que, por sua
vez, era defensora do livre-arbítrio, e migra para o terreno do concretismo, da verificação e da prática do
delito e do delinquente.

A partir do positivismo antropológico de Lombroso, era possível identificar um criminoso nato por sinais
físicos, como por exemplo, a forma da calota craniana, face e do maxilar inferior, fartas sobrancelhas,
orelhas grandes e muito mais. De forma resumida, pode-se dizer que o criminoso nato seria propenso à
prática de delitos devido aos aspectos morfológicos advindos de seus ancestrais.

Enrico Ferri (1856-1929)

Autor da obra Sociologia Criminal (1914), defendeu o determinismo, em negativa ao livre arbítrio, o
determinismo social, considerando o delito como um fenômeno social determinado por causas naturais.

Ferri negava a tese do livre-arbítrio, mas saía em defesa do determinismo social. Assim sendo, não admitia
a possibilidade de o crime ser fruto da liberdade de escolha do delinquente, e defendia a ideia da
responsabilidade social. Ferri dizia que todo criminoso deveria ser afastado do convívio social, mas não por
pena ou castigo, e sim, como meio de defesa da sociedade.

Outro destaque atribuído à Ferri, foi a Lei da Saturação Criminal. Para esta lei, da mesma forma que um
líquido em determinada temperatura diluía em parte, assim também ocorria com o fenômeno criminal, pois
em determinadas condições sociais seriam produzidos determinados delitos

Raffaele Garofalo (1851-1934)

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Foi responsável pela criação do termo Criminologia, e indicou a existência de suas espécies de delitos, os
delitos legais e os delitos naturais.

O autor entendia que a Criminologia é a ciência da criminalidade, do delito e das penas.

4.2.2. Período da Sociologia Criminal

Posteriormente, inicia-se o período da sociologia criminal. Vale dizer que é um período representado pela
Escola Cartográfica, e a Escola Positiva ou Positivismo Criminológico.

Augusto Comte

Embora a escola clássica tivesse conseguido enfrentar as barbáries do absolutismo e o respeito do indivíduo
como ser humano, o ambiente político e filosófico, em meados do Séc. XIX, impôs a necessidade de defesa
da sociedade.

Nesse período, estudos sociológicos e biológicos ganhavam destaques a partir de doutrinas evolucionistas
como, Darwin e Lamarck e ainda sociológicas como Comte e Spencer. É a partir dessa acidentada evolução
que nasce, portanto, o Positivismo Criminológico, mais conhecido como Escola Positiva.

Augusto Comte aparece como fundador da sociologia criminal.

Lambert Adolphe Quelet

A Escola Cartográfica está diretamente ligada à pessoa do belga Lambert Adolphe Quelet (1796-1874).

Foi ele quem aproximou a disciplina da probabilidade. Por ser matemático, acreditava ser possível
compreender o comportamento humano delitivo recorrendo à probabilidade.

Vale destacar que o matemático estabeleceu premissas básicas que permitiam derivar leis gerais capazes de
explicar e predizer o comportamento delitivo. Em outras palavras, Quelet considerava que leis físicas eram
capazes de medir o comportamento do homem médio.

4.3. Escolas Penais no Movimento Científico

A evolução das ideias penais foi o berço da corrente de pensamentos que tiveram como objetivo converter
o estudo do fenômeno criminal em ciência. Tais correntes são chamadas de Escolas Penais.

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As Escolas Penais sintetizam correntes de pensamento sobre os problemas que envolvam o fenômeno do
crime e da criminalidade, bem assim sobre os fundamentos e objetivos de todo o sistema penal, e
correspondem, em maior ou menor medida, às fases de evolução do pensamento metodológico penal17.

Entre as escolas clássica e a positivista, houveram concepções contrapostas sobre a legitimidade do direito
de punir, sobre a mesma natureza do crime e o fim das sanções.

A Escola Clássica nasce entre o final do Século XVIII e a metade do Sec. XIX, como reação ao totalitarismo
do estado Absolutista, filiando-se ao movimento revolucionário e libertário do absolutismo. Viva-se o Século
das Luzes18.

Já a Escola Positiva, baseava-se nas ideias científicas dos Séculos XIX e XX, que surgiu como resposta às
limitações da Escola Clássica19, também é denominada Criminologia Positiva ou Escola Positivista ou
simplesmente Positivismo Criminológico.

Entre uma das grandes diferenças entre as escolas, podemos ressaltar o método lógico-abstrato ou dedutivo
usado pelos clássicos. Em outro sentido, os positivistas utilizavam o método indutivo. Essa divergência
doutrinária ficou conhecida como a LUTA DAS ESCOLAS.

Evidentemente, além da grande divergência entre as duas grandes Escolas, outros modelos, mais ou menos
uniformes sobre a legitimidade do direito de punir foram se formando, paralelamente, durante a Luta das
Escolas. No entanto, não se pode olvidar que esses outros eventos tiveram a atenção tomada pela guerra
entre os clássicos e os positivistas.

Compilamos as principais diferenciações em nosso quadro sinóptico. Vejamos:

Diferenças Escola Clássica Escola Positivista


Enfoque no Tinha o delito como ente jurídico Tinha o delito como entre um fato
estudo da abstrato. real, natural, empírico, histórico e
criminalidade concreto.

17
VIANA, Eduardo. Criminologia. 6ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 34.

18
MASSON, Cleber. Direito Penal - parte geral. 11ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Rio de
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19
FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 94.

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Concepção de Por sua orientação garantista, Entendiam que a essência do


delito consentia com a definição legal crime não se esgotaria com a
de delito. violação da norma jurídica, senão
que havia necessidade de elaborar
um conceito natural de delito, de
base sociológica como sinônimo
de comportamento antissocial.

Figura do Estudavam a partir do binômio: Não havia delito, senão


criminoso delito – pena. delinquente. Voltavam, por isso,
os olhos para o autor do fato e não
para o fato mesmo. Dosagem de
castigo deve ser mensurada pela
periculosidade do agente e não
pela gravidade do fato.
Determinismo Construía suas bases sobre o Construía suas bases sobre o
princípio do (in)determinismo. princípio do determinismo.
Defesa da - O positivismo eleva a defesa social
prevenção como fator essencial de
especial fundamentação da pena e deixa
de lado a prevenção geral em
favor da prevenção especial
guiada por um sistema de medidas
e tratamentos de readaptação do
criminoso.

Trataremos as particularidades das escolas em aula específica.

5. A Dogmática Penal

Embora não haja consenso na doutrina acerca da quantidade ou variedade das ciências criminais, já que as
discussões sobre a autonomia de cada uma delas impedem tal conclusão, podemos afirmar que são as áreas
que predominam as ciências penais: a Dogmática Penal, a Política criminal e a Criminologia.

Assim sendo, temos o seguinte panorama:

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Ciências Criminais

Dogmática Penal Anote-se que, embora coexistentes, todas essas ciências são
autônomas, cada qual com sua vertente. Trata-se de institutos
inseparáveis e interdependentes.
Política Criminal
A função da dogmática penal é: Interpretar, sistematizar e aplicar
a lógica-racional do direito penal.
Criminologia

5.1. Direito Penal

O Direito Penal é uma ciência jurídica e normativa, ou seja, é uma ciência do “dever ser”, utiliza-se do
método dedutivo-sistemático para apreciação de qualquer que seja o fato delituoso.

Atenção para o quadro da diferenciação da criminologia e do direito penal:

Direito Penal Criminologia

É uma ciencia jurídica e normativa É uma ciencia empírica

Utiliza o método dedutivo- Utiliza o método Naturalístico e


sistemático Indutivo

Ciência do dever-ser Ciência do ser

5.2. Política Criminal

A política criminal é ciência independente. Num primeiro momento, é ela quem apresenta críticas, num
segundo, apresenta reformas ao Direito Penal em vigor. A política criminal constitui uma ponte entre a
teoria jurídico-penal e a realidade.

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A política criminal, de forma crítica e dinâmica, analisa os fatos sociais que são atuais, trazendo uma
comparação entre o sistema penal que vigora no momento da análise propondo ou não mudanças
pertinentes, sem abandonar o ideal de justiça que se importa o Direito Penal.

Política Criminal ≠ Criminologia

Se de um lado a Criminologia estuda o delinquente e a etiologia da criminalidade, de outro, a Política Criminal


se ocupa com o estudo dos meios de prevenção e repressão dos delitos.

Na atualidade a Criminologia emprega seus esforços nas críticas e sugestões de estratégias para o controle
da criminalidade, portanto, a Criminologia transferiu seu foco para o objetivo da política criminal 20. A
propósito, há quem diga que a Criminologia orienta a Política Criminal.

5.3. Criminologia

Para Antônio García-Pablos de Molina21

“A Criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do
infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo e trata de ministrar uma informação válida
e contrastada sobre a gênese, dinâmica e variações principais do crime, contemplando-o como problema

20 20
LIMA JÚNIOR, José César Nunes. Manual de Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e
ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 85.

21
MASSON, Cleber. Direito penal - parte geral. 11ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. Pg. 14.

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individual e social, assim como sobre os programas para sua prevenção especial, as técnicas de intervenção
positiva no homem delinquente e os diversos modelos ou sistema de respostas ao delito”.

2.4.1. Classificação da Criminologia

São diversas as classificações que a doutrina de Criminologia apresenta em seus estudos. De forma resumida,
a Criminologia é gênero que se subdivide em, pelo menos, 12 (doze) espécies, a saber:

Científica

Aplicada

Acadêmica

Analítica

Crítica, dialética ou
radical
CRIMINOLOGIA

da Reação Social

Orgnizacional

Clínica ou
Microcriminologia

Criminologia verde

do Desenvolvimento

Midiática

Fenomenológica

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Criminologia Científica: É ciência autônoma, empírica e interdisciplinar, que tem por objeto o estudo do
crime, do criminoso, da vítima e do controle social da conduta criminosa, com o escopo de prevenção e
controle da criminalidade. É a criminologia que para nós importa e a que estudaremos durante o curso.

Criminologia Aplicada: Para Sumariva, Consiste na aplicação pelos operadores do direito dos
conhecimentos auferidos pela Criminologia Científica.

Criminologia Acadêmica: A Criminologia que sistematiza o saber criminológico para fins pedagógicos e
didáticos.

Criminologia Analítica: É a parte da Criminologia responsável por verificar o cumprimento do papel das
ciências criminais e da política criminal.

Criminologia Crítica, dialética ou radical: Com fundamentos marxistas, é a Criminologia que nega o
capitalismo. Isso porque, de acordo com Natacha Alves22: [...] nega o capitalismo, haja vista implicar em um
processo de estigmatização da população marginalizada, em que a classe trabalhadora figura como alvo
preferencial do sistema punitivo.

Criminologia da Reação Social: É a Criminologia responsável pelo estudo dos procedimentos para a criação
de normas penais e sociais relacionadas ao comportamento desviante.

Criminologia Organizacional: Além do processo de criação das leis, é a criminologia que compreende a
violação dessas normas, bem como, as formas de reação.

Criminologia clínica ou Microcriminologia: Para Alvino Sá (2008, p. 03), a Criminologia é tradicionalmente


conceituada como23: A ciência que, valendo-se dos conceitos, conhecimentos, princípios e métodos de
investigação e prevenção médico-psicológicos (e sociofamiliares), ocupa-se da pessoa do apenado, para nele
investigar a dinâmica de sua conduta criminosa, sua personalidade e seu “estado perigoso” (diagnóstico), as
perspectivas de desdobramentos futuros da mesma (prognóstico) e assim propor e perseguir estratégias de
intervenção, com vistas à superação, ou contenção de uma possível tendência criminal e a evitar uma recidiva
(tratamento). Neste sentido, pode-se afirmar que é a ciência que busca conhecer a pessoa do criminoso,
bem como, compreender os motivos ensejadores do delito.

Criminologia Verde ou Green Criminology: Trata-se de uma moderna criminologia que tem crescido mundo
à fora. Sua função está diretamente ligada à responsabilidade penal das pessoas jurídicas por crimes

22
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição. Salvador: Editora JusPODIVM, 2018. Pg. 52.

23
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição. Salvador: Editora JusPODIVM, 2018. Pg. 52.

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ambientais, cuja tutela é a biodiversidade. A doutrina24 a classifica como uma das manifestações da
heterogênea criminologia crítica, também com influências marxistas.

Para nós, brasileiros, é um ramo importante, pois está diretamente relacionado aos
movimentos de ecofeminismo, antirracismo ambiental e até ecologismo vermelho ou de
esquerda, por isso, é a Criminologia que sustenta que as mulheres e minorias sociais são
aliados nos contextos decisórios de relevantes questões ambientais.

Penteado Filho (2016, p.113) vai nos dizer que é a Criminologia que impulsionada pelo
realismo de esquerda, torna-se a vertente criminológica que ataca grandes corporações, responsabilizando-
as pela prática de lavagem de capitais com a utilização do meio ambiente, ou seja, o greenwashig, que faz
com que se apresentem respeitosas e preocupadas com a causa ambiental, como por exemplo, pela
realização de campanhas na mídia, quando na verdade, são extremamente nocivas.

Criminologia do desenvolvimento: Defendida por Patterson, Loeber, Le Blanc e Moffit, consiste no estudo
longitudinal e com enfoque dinâmico das variáveis do comportamento criminoso ao longo do
desenvolvimento da vida do indivíduo, de acordo com sua idade e fase de crescimento, levando em
consideração, dentre outras circunstâncias, suas experiências pessoais e idade em que iniciou a vida
criminosa, com o escopo precípuo de preservação da criminalidade25.

Criminologia midiática: Sem cientificidade, a Criminologia Midiática é destoada de estudos acadêmicos. Por
outro lado, atende a uma criação de realidade substanciada em crenças e preconceitos que, por meio da
informação, subinformação e desinformação que é vinculada pela mídia.

Anote-se que a mídia é uma grande impulsionadora deste tipo de Criminologia, pois, com sua seletividade
penal, acatada pelo senso comum, mistura, erroneamente, a ideia da prisão como um principal meio de
estabelecer a ordem pública e segurança pública.

Criminologia Fenomenológica: A Criminologia Fenomenológica analisa a essência das coisas a partir de sua
aparência, procurando entender a realidade objetiva do fenômeno criminal26.

24
Nesse sentido: De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição. Salvador: Editora JusPODIVM,
2018. Pg. 53.

25
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição. Salvador: Editora JusPODIVM, 2018. Pg. 54.

26
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição. Salvador: Editora JusPODIVM, 2018. Pg. 56.

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Noutras palavras, significa dizer que a Criminologia Fenomenológica tem o objetivo de estudar a realidade
fenomenológica do comportamento criminoso em sua realidade fática, ou seja, como um fenômeno real.

6. A criminologia como ciência

A a criminologia possui métodos e objetos de estudo próprios (por isso autônoma) é baseada numa
experiência (por isso empírica) e agrega conhecimentos fornecidos por outros ramos, a exemplo: ramo
sociológico, comportamental, medicinal, filosófico, psicológico, do direito, etc. (por isso interdisciplinar).

 No tocante a interdisciplinaridade, convém enfatizar que esta não se confunde com a


multidisciplinariedade. Nas palavras dos Professores Eduardo Fontes e Henrique Hoffmann27, a
interdisciplinaridade é mais profunda, uma vez que os saberes se integram e cooperam entre si.
Enquanto na multidisciplinariedade, as inúmeras visões sobre determinado problema são tratadas
de maneira compartimentada onde cada uma delas oferece sua própria visão sem necessariamente
levar em consideração a posição das demais.

Destarte, a Criminologia compreende a criminalidade ou fenômeno criminal como um problema


social e individual, sendo que, o ponto de vista levantado aqui é biopsicossocial.
Atenção para não confundir:

Criminologia Criminalística

Ciência autônoma, empírica e É disciplina meramente auxiliar das


interdisciplinar que possui como objeto ciências criminais, objetiva ajudar a
de estudo, o crime, o criminoso, a percussão criminal fornecendo provas
vítima e o comportamento social. técnicas periciais. Estuda os vestígios de
crime.

27
FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. Pg. 3.

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6.2. Finalidades da Criminologia enquanto ciência

A finalidade da Criminologia consiste na busca de conhecimentos sobre o crime,


criminoso, a vítima e controle social.

Essa busca tem como intenção compreender, de forma científica, o fenômeno criminal
a fim de possibilitar:

➔ Prevenção do crime
➔ Repressão eficiente do crime
➔ Inúmeros modelos de respostas ao fenômeno criminal

Ressalte-se que não se trata de estudo casualista amparado em leis, ao contrário, a finalidade aqui é ofertar
um diagnóstico sobre o delito e atuação sobre o homem criminoso fundamentado em ciência prática.

Nas palavras de Luiz Flávio Gomes: Essa ciência busca adotar programas de prevenção eficaz do
comportamento delitivo, técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos sistemas de
respostas ao delito28.

6.3. Métodos da Criminologia: Empirismo

O método empírico é aquele que se baseia na observação do fato para estudar o delito. Trata-se, como
visto, de ciência empírica pertencente ao mundo do ser.

Importante destacar que a diferença metodológica entre o Direito e a Criminologia se


deve ao fato de que o objeto do Direito se situa num plano axiológico, ou seja,
normativo. De modo diverso, a Criminologia se posiciona no plano da realidade,
passível de verificações práticas.

Embora o destaque supra toda a especulação e supere divergências relativas ao


método abstrato formal e dedutivo, não é demais repetir que a Escola Clássica e a Escola Positiva divergem
em relação aos métodos adotados para a compreensão do fenômeno criminal. Essas divergências se deram
justamente no tocante ao método utilizado para compreensão do fenômeno criminal.

28
GOMES, Luiz Flávio. Criminologia. Revista dos Tribunais, 2008, p. 43.

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É que os clássicos defendiam a ideia do método abstrato, formal e dedutivo, enquanto os positivistas
conceberam o método empírico e indutivo, significando duas formas de linguagens diferentes.

7. Modelos Teóricos da Criminologia

Veremos no decorrer do curso que a Criminologia moderna não vê o crime a partir de uma patologia, mas
sim como um problema. Isso significa que o crime não é visto modernamente por uma perspectiva
biopsicopatológica do criminoso, mas sim, um aspecto biopsicossocial do delinquente.

Evidentemente, para que a Criminologia chegasse à essa conclusão, a ciência passou por importantes
períodos evolutivos, sendo que, tais períodos foram e são, amplamente, debatidos.

A partir da divisão da Criminologia em duas fases principais, quais sejam:

Fases históricas de surgimento Modelos teóricos Teorias Criminológicas


Fase pré-científica Pseudociências Demonologia, Fisionomia e
Frenologia
Criminologia Clássica Escola Clássica
Fase científica Criminologia Positiva Escola Positiva
Criminologia Moderna Teorias do Consenso
Teorias do Conflito

Criminologia Clássica e Neoclássica

A Criminologia clássica se ocupa da dissuasão penal, consequentemente, essa concentração no efeito


inibitório da pena traz a essência da prevenção. Portanto, cuidado! A Criminologia clássica não se preocupa
com a ressocialização ou mesmo a reintegração do delinquente.

Modelo Clássico Modelo Neoclássico

Concentra sua prevenção em X O poder dissuasório está


torno da pena e seu rigor. conectado mais ao
funcionamento do sistema
normativo e sua percepção
pelo criminoso em potencial.

Criminologia positiva ou Positivista

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Funda-se na Criminologia Positiva nos fatos decorrentes do empirismo. Significa dizer que a Criminologia
surge a partir da observação e a experimentação e não meras especulações sem credibilidade ou valor
científico, como era feito outrora.

Criminologia moderna

Na Criminologia moderna o centro de investigação deixa de ser apenas o delinquente – modelo adotado pela
Criminologia Positiva -, e passa a abranger outros objetos de estudo. São eles:

Crime
Criminoso
Vítima
Controle Social

Note que a Criminologia Moderna representa uma ciência explicativa do crime como um fenômeno
individual e social, uma vez que analisa o criminoso pela perspectiva biopsicossocial, superando o enfoque
individualista anterior.

CRIMINOLOGIA MODERNA ADOTA: CRIMINOLOGIA MODERNA não adota:


✓ Crime como um problema X Crime como uma patologia

✓ Aspecto biopsicossocial X Perspectiva biopsicopatológica

Destaque-se que algumas características da Criminologia Moderna, são amplamente divulgadas pela
doutrina. Razão pela qual, as destacaremos abaixo.

Para o professor Luiz Flávio Gomes (2008, p.40), são características da Criminologia Moderna:

 A visão do crime como um problema;


 A ampliação do objeto de estudo da Criminologia, já que ela volta seu olhar para o crime, criminoso,
vítima e o controle social;
 A Criminologia passa a ter enfoque na prevenção e não exclusivamente na repreensão do crime;
 A Criminologia Moderna substitui a preocupação do tratamento pela intervenção, de forma que, para
ela, a intervenção consiste em uma noção mais dinâmica e complexa do fenômeno criminal;
 A Criminologia moderna não renuncia a análise etiológica do delito, ou seja, da investigação, da
criminogênese – causas do delito.
8. Objetos de Estudo da Criminologia

Embora já tenha sido tema de enorme divergência doutrinária, atualmente prevalece na doutrina
criminológica que a Criminologia possui quatro objetos de estudos, a saber:

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1. Delito
2. Delinquente
3. Vítima
4. Controle Social

Delito

O Delito é um fenômeno humano, social e cultural. Significa dizer que não há crime na natureza e os animais,
seres irracionais são regidos por leis próprias.

Prevalece que a sociedade determina, de acordo com seus valores e costumes, as condutas que serão
definidas como infrações penais.

Delinquente

Para nós importa as definições de delinquente a partir das escolas criminológicas. Nesse
sentido, veja que:

Para a Escola Clássica, o delinquente é visto como um pecador. Para defensores da tese, o delinquente
utiliza-se de seu livre arbítrio para o mal quando poderia ter escolhido o bem.

Por outro lado, no Positivismo antropológico, o delinquente é visto como um ser atávico que, na maioria
das vezes, já nascia criminoso.

Em sentido diverso, para a Escola Correcionalista, defendia que a pena possuía função terapêutica, isenta
de cunho retribucionista, e o delinquente era uma pessoa que necessitava de ajuda. Falaremos mais sobre o
tema na aula específica.

Vítima

Em síntese, convém destacar que o conceito de vítima no âmbito da Vitimologia é mais amplo que o adotado
pelo Direito Penal, no qual a vítima se confunde com o sujeito passivo do crime.

É que, na Vitimologia, a conceituação de vítima alcança sem modéstia toda pessoa, como por exemplo:
pessoa física, jurídica, ente coletivo e qualquer pessoa que tenha sido prejudicado por conduta humana
que constitua uma infração penal, adotando-se um como paradigma o conceito criminológico.

Dessa forma, de forma resumida, pode-se dizer que a vítima deve ser identificada em 03 (três) fases em
especial e de maneiras diferentes. Vejamos:

1ª fase: a época do protagonismo da vítima. Nesse período a vítima tinha o controle do próprio ativismo.

2ª. Fase: a vítima é neutralização e cai no esquecimento, sendo deixada de lado em nossos estudos.

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3ª fase: a Revalorização da vítima. Nessa fase, a vítima é redescoberta e ganha importante papel, como
consequência, por exemplo, a criação da Vitimologia, destaques legislativos conferidos à ela, como por
exemplo, as condições da 9.099/95 destacando seu papel como vítima.

Controle Social

Prevalece na doutrina que o controle social está relacionado aos mecanismos adotados pela sociedade para
forçar o indivíduo a adotar os padrões de comportamentos referentes aos valores predominantes na
sociedade, garantindo uma conivência pacífica e harmoniosa29.

A doutrina criminológica classifica o controle social como gênero que, consequentemente, se subdivide nas
seguintes espécies:

CONTROLE SOCIAL

Controle social Controle social


(IN)formal formal

Primeira seleção

Segunda seleção

Terceira seleção

29
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição. Salvador: Editora JusPODIVM, 2018. Pg. 48.

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➢ Controle Informal
É exercido pela sociedade civil (família, escola, vizinhos, opinião pública, mídia, etc.) com a difusão das
regras sociais, fazendo com que as mesmas sejam internalizadas pelo indivíduo ao longo do processo de
socialização, bem como pela aplicação das sanções sociais (estigma negativo, castigo aos filhos pequenos
etc.)30

➢ Controle social formal


Manifesta-se pela atuação oficial do sistema de justiça criminal, formado pela: polícia, ministério público,
magistratura e administração penitenciária, por meio das formas de reação previstas em lei, como a pena
e a medida de segurança31.

Por sua vez, o controle social formal se subdivide em: primeira seleção, segunda seleção e terceira seleção.
Natacha Alves (2018, p. 49) explica:

 Primeira seleção: Trata-se do início da atividade de persecução penal com o desempenho da


atividade investigativa pela polícia judiciária, visando à apuração da autoria, materialidade e
demais circunstâncias da infração penal.
 Segunda seleção: Corresponde ao início da ação penal, com o oferecimento da denúncia pelo
Parquet.
 Terceira seleção: Decorre da tramitação do processo criminal e da eventual condenação do
autor do fato e aplicação da respectiva sanção penal.

Encerramos a parte teórica sobre noções iniciais de criminologia! Iremos agora à resolução das questões de
concursos anteriores.

2 – QUESTÕES COMENTADAS

As questões comentadas a seguir expostas também foram extraídas da Aula 00 e Aula 01 do Professor Paulo
Bilynskyj.

30
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição. Salvador: Editora JusPODIVM, 2018. Pg. 48.

31
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição. Salvador: Editora JusPODIVM, 2018. Pg. 48.

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1. (FAPEMS/DELEGADO DE POLÍCIA MS – 2017) A atividade policial dentre suas finalidades deve prevenir
e reprimir o crime. Em particular, à polícia judiciária cabe investigar, com o fim de esclarecer fatos delitivos
que causaram danos a bens jurídicos relevantes tutelados pelo direito penal. A criminologia dada a sua
interdisciplinaridade constitui ciência de suma importância na atividade policial por socorrer-se de outras
ciências para compreender a prática delitiva, o infrator e a vítima, possuindo métodos de investigação que
visam a atender sua finalidade. Diante do exposto, assinale a alternativa correta sobre a criminologia como
ciência e seus métodos.
a. Como ciência dedutiva; a criminologia se vale de métodos científicos, humanos e sociais, abstratos,
próprios do Direito Penal.
b. A criminologia, ciência lógica e normativa, busca determinar o homem delinquente utilizando para
isso métodos físicos, psicológicos e sociológicos.
c. A criminologia é baseada principalmente em métodos físicos, individuais e coletivos, advindos das
demais ciências jurídico-penais, caracterizando-a como dogmática.
d. Os métodos experimental e lógico auxiliam a investigação da criminologia, integrando várias áreas,
dada sua natureza de ciência disciplinar.
e. Os métodos biológico e sociológico são utilizados pela criminologia, que, por meio do empirismo e
da experimentação, estuda a motivação criminosa do sujeito.
Comentários

Letra A: ERRADA. A criminologia não é ciência dedutiva, mas empírica. Empírico é um adjetivo, significa:
“Que se baseia na experiência ou dela resulta" ou ainda “Que resulta da prática, da observação e não da
teoria” e é exatamente a partir de experiências e observações que a criminologia surge e se desenrola no
decorrer dos anos. Inclusive, vale lembrar que este é um dos atributos que a diferencia do direito penal, o
método empírico.

Letra B: ERRADA. A criminologia não é normativa tampouco busca determinar o homem, mas compreende-
lo. Além disso, sua natureza é interdisciplinar e, por isso, utiliza-se de outras ciências para compreender seus
objetos de estudo, podendo utilizar de questões psicológicas, sociológicas, físicas e etc.

Letra C: ERRADA. A criminologia não é ciência dogmática, mas empírica. Vide Comentários da alternativa A.
Letra D: ERRADA. A criminologia não é ciência disciplinar, mas interdisciplinar. Com isso, é dizer que ela se
afetiva nas relações com outras disciplinas.
Letra E: CORRETA. A criminologia, de fato, utiliza tais métodos, inclusive, por seu caráter interdisciplinar.

3. (VUNESP/DELEGADO DE POLÍCIA SP – 2014)

A obra O homem delinquente, publicada em 1876, foi escrita por:

a. Cesare Lombroso.
b. Enrico Ferri.

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c. Rafael Garófalo.
d. Cesare Bonesana.
e. Adolphe Quetelet.
Comentários

Foi Césare Lombroso que escreveu a obra O homem delinquente ou L’Umo Delinquente em 1876. Anote-se
que a característica dessa obra, muito cobrada em prova, consiste no fato de ela ter como fundamento ou
base (como se refere alguns autores), o Contrato Social de Rousseau. Assim, a proposta era

✓ A legalidade dos crimes e da mesma forma, das penas;


✓ A prevenção geral das penas;
✓ O fim da tortura; e da pena de morte, substituídos pela prisão perpétua
Muito se destacou também a necessidade de leis mais claras além de publicidade nos julgamentos.

Entendido? Então vamos aos comentários.

Letra A: CORRETA. De fato, foi Cesare Lombroso que escreveu a obra O homem delinquente ou L’Umo
Delinquente em 1876.

Letra B: INCORRETA. Enrico foi responsável por escrever Sociologia Criminale em 1982.

Letra C: INCORRETA. Rafael Garófalo escreveu a obra Criminologia em 1885.

LETRA D: INCORRETA. Bonesana, também chamado de Marques de Beccaria, foi autor da famosíssima obra
Dos delitos e das penas, escrita em 1764.

Letra E: INCORRETA. O Destaque de Adolphe Quetelet está no fato de ele ser o autor principal da Escola
Cartográfica, tendo publicado o Ensaio de física social em 1835.

3. (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA SE – 2018) Acerca do conceito e das funções da criminologia, julgue o


item seguinte.

A criminologia é uma ciência dogmática que se preocupa com o ser e o dever ser e parte do fato para
analisar suas causas e buscar definir parâmetros de coerção punitiva e preventiva.

a. Certo
b. Errado

Comentários

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A criminologia não busca padrões para definir a coerção punitiva ou preventiva. Importante lembrar que a
criminologia é ciência empírica, cujo objeto de estudo é o crime, o criminoso, a vítima e o controle social.

Ademais, é importante ter bem definido os conceitos de criminologia, política criminal e direito penal que
não se confundem.

Criminologia Política Criminal Direito Penal


É programa de objetivos
É Ciência empírica e O que é: conjunto de normas
preventivos e repressivos ao
interdisciplinar jurídicas;
direito criminal;
Cujo objeto é: dados sobre a
Objeto: crime de maneira
Cujo objeto de estudo é: crime, criminalidade em determinado
abstrata ("dever ser");
criminoso, vítima e controle contexto;
social -"ser" - mundo concreto;

Como enxerga o crime como uma


Enxerga o crime como fato; Enxerga o crime com valor;
norma violada;

Gabarito: Errado

4. (VUNESP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/PC-SP– 2013) A microcriminologia, também conhecida por


criminologia.
a. do desenvolvimento, dedica-se ao estudo, centrado no comportamento criminoso do indivíduo, ao
longo de sua vida..
b. geral, dedica-se ao estudo sociológico do crime.
c. aplicada, dedica-se às pesquisas de cunho acadêmico.
d. clínica, estuda a pessoa do criminoso, em busca de sua ressocialização.
e. clínica, estuda a pessoa do criminoso, em busca de sua ressocialização.
Comentários

O termo microcrimonologia é sinônimo de criminologia clínica destina-se ao estudo dos casos particulares
com o fim de estabelecer diagnósticos e prognósticos de tratamento, numa analogia entre delinquência e
doença, ou seja, o aspecto biopsíquico da criminologia que ao lado das outras duas facetas, ou seja, a
criminologia ecológico-social (criminologia sociológica ou macrocriminologia) e a jurídica formam a síntese
criminológica. Gabarito: D

5. (VUNESP/PERITO CRIMINAL/PC-SP– 2013) A moderna Criminologia:


a. tem por seus protagonistas o delinquente, a vítima e a comunidade.
b. vislumbra o delito como enfrentamento formal, simbólico e direto entre dois rivais – o Estado e o
infrator – que se enfrentam, isolados da sociedade, à semelhança da luta entre o bem e o mal.

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c. não considera como seu objeto de debate os aspectos político-criminais das técnicas de intervenção
social e de seu controle.
d. tem o castigo do infrator por exaurimento das expectativas que o fato delitivo desencadeia.
e. tem por seus principais objetivos a reparação do dano causado ao Estado, a ressocialização do
delinquente e a repressão do crime.
Comentários

A CRIMINOLOGIA MODERNA tem como objeto o estudo do crime, do delinquente, da vitima e do controle
social. Tem como objetivo a prevenção do delito, devendo, portanto, diagnosticar o fenômeno criminal,
acompanhá-lo com estratégias de intervenção por programas de prevenção do crime pela eficácia do seu
controle e custos sociais

Além disso, a criminologia Moderna possui orientação prevencionista, em detrimento da repressiva. Analisa
e avalia os modelos de reação ao delito. Gabarito: A

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com isso, despeço-me por hoje!

Estamos um passo mais perto da sua aprovação como Delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro!!

Qualquer dúvida, sugestão ou feedback, você pode me encontrar no seguinte e-mail:

Raissaaraujo.r@gmail.com

Até mais!!

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