Você está na página 1de 98

UFCD 10380

Intervenção nos comportamentos aditivos e


dependências
Formadora: Sara Campos
50h
IEFP Alcoitão
Objetivos

 Reconhecer os níveis de intervenção do técnico de apoio psicossocial


nos domínios da prevenção, tratamento, reinserção e redução de riscos
e minimização de danos.
 Identificar e caraterizar os dispositivos de intervenção nos
comportamentos aditivos e dependências.
 Aplicar técnicas de abordagem a comportamentos aditivos e de
dependência.

2
Conteúdos
1. Conceito de desvio/representação social
2. Os comportamentos aditivos e as dependências
3. Comportamentos aditivos com ou sem substância
4. Conceito de dependência
5. As dependências - substâncias lícitas e ilícitas
6. Novos padrões de consumo
7. Os aspetos biopsicossociais dos comportamentos aditivos e das dependências

3
Conteúdos
8. Os diferentes níveis de intervenção
8.1 Prevenção Universal, Seletiva e Indicada - fatores de risco e fatores
protetores
8.2 Modalidades de tratamento
8.3 Reinserção social e comunitária - programas de intervenção
8.4 Redução de riscos e minimização de danos - estratégias e programas
9. Técnicas de abordagem - o papel do/a Técnico/a de Apoio Psicossocial
10. Encaminhamento para estruturas de apoio

4
Avaliação

50% - Trabalho de grupo


40% - Fichas de trabalho individual e em grupo
10% - Assiduidade e participação

5
Introdução

Realidades
Virtuais
Visualização O dilema das
de redes sociais
Documentário NETFLIX
Comportamentos
aditivos

Ficha 1 (individual) – Reflexão (20-1-2022)


“Segundo a minha opinião, para mudarmos a realidade apresentada no documentário, é necessário…”

6
Temas – trabalho de grupo

1 – Terapia Cognitivo Comportamental - TCC


2 – Hipnose clínica
3 – Terapia farmacológica
4 – Ibogaína
5 – Estruturas de Apoio do SNS

No tratamento das dependências com e sem


substâncias

7
Ficha de trabalho 2 - individual

Visualização de documentário:
Cracolândia – O retrato do caos: documentário
dá voz aos usuários de crack

Reflexão crítica e pessoal


“Relativamente a esta temática, a história que mais
me impressionou está relacionada com…”

8
Ficha de trabalho 3 - individual

Ficha de Autodiagnóstico
Contextualização da temática e sua
terminologia

9
1. Conceitos
Ficha . 3

A. Mito ou Verdade? Coloque Mito ou verdade nas questões infra


referenciadas justificando as suas respostas.
1. De toda a população, os jovens são os que mais consomem drogas?
2. O lugar onde o jovem frequenta e as companhias são fatores
significativos quando se fala em dependência de álcool ou droga?
3. “Ecstasy” de vez em quando em uma festa não causa dependência?
4. Tomar estimulantes antes de provas melhora a rapidez intelectual?
5. É possível um dependente tornar-se um usuário “recreacional” sem
dificuldade?
6. Uso de drogas só traz consequências ao usuário?
7. Dependentes precisam de punição e não de tratamento.

10
1. Conceitos
▸ SOCIEDADE
Societas associação “amistosa com outros”
“a sociedade é uma condição universal da vida humana” (Eduardo Viveiros de Castro,
antropólogo);
Necessidade biológica: somos predispostos geneticamente à vida em sociedade e ao
desenvolvimento de habilidades indispensáveis à nossa sobrevivência.
Necessidade simbólica: além de suprir as necessidades físicas, precisamos de dar um
sentido a elas (desenvolvimento moral e cognitivo – definição de regras, rituais e
significados compartilhados com nossos semelhantes).

Comportamento humano – normas que orientam as suas ações e a organização


social do seu grupo, que são acumuladas historicamente e também suscetíveis de
modificação no presente. (sitografiaSociedade
: o que é, tipos, sociedade X comunidade - Mundo Educação (uol.com.br))

11
1. Conceitos (cont.)
s vio
De Compo
Infração de normas rtamen
de um grupo, que
Desvian to
podem estar ou não te
formalizadas por uma
lei (Schaeffer, 2006)
Ex. autoexclusão dos sistemas
formais de educação, vivência
nas ruas, vandalismo, furto,
Quanto mais prematuro for o
aparecimento destes corrupção. (Benavente, 2001;
comportamentos, maior Sebastião, 1995)
gravidade terão os problemas
de comportamento
12
1. Conceitos (cont.)
Normas – O que está previamente preconizado, seja por leis, regras, formas de
estar, etc.

Qualquer tipo de desvio corresponderá a todo o ato que contraria as normas


sociais (praticadas pela generalidade dos indivíduos – sociedade);

Desviante – todo aquele que pratica tais atos

As sociedades criam mecanismos de controlo e preservação da ordem (da


norma); Se esta for infringida – sanções.
É importante para a harmonização de atuação dentro de um sistema social.

13
1. Conceitos (cont.)
Droga
O uso das drogas apresenta raízes civilizacionais profundas que fazem parte
integrante da cultura dos povos (Fonte, s.d.):
- Uso de vinho na Civilização Egípcia;
- Utilização medicinal de ópio na Civilização Grega;
- Fumar flores de cânhamo (marijuana) na Civilização Romana;
- Séculos XII, XIII e XIV os médicos começam a usar o ópio como droga
terapêutica no Ocidente;
- Século XIX interesse crescente por todo o tipo de drogas psicoativas –
farmacêuticos, médicos, escritores, filósofos, e artistas (Escohotado, 1996).

14
1. Conceitos (cont.)
Droga

>anos 60 – aumenta o volume e variedade dos trabalhos científicos sobre as


drogas (Poiares, 1999). É a partir desta década que devido à generalização dos
consumos, a comunidade científica – médicos, enfermeiros, psicólogos,
sociólogos, juristas, políticos – se debruça de forma mais sistemática sobre o tema
dos usos de drogas e da toxicodependência.

15
1. Conceitos (cont.)
Droga
A OMS define droga como “toda a substância que, pela sua natureza química,
afeta a estrutura e funcionamento do organismo”.

Outras definições:
- “é todo o conjunto de substâncias químicas introduzidas voluntariamente no organismo
com o fim de modificar as condições psíquicas e que, enquanto tal, criam mais ou menos
facilmente uma situação de dependência no sujeito.” (Jervis, 1997);
- “aquilo a que uma dada comunidade convencionou chamar droga. Enquanto uma
substância não for denominada como droga não é droga, e inclusive uma substância pode
ser em certas ocasiões e circunstâncias, droga, e noutras não” (Comas, 1984).

16
1. Conceitos (cont.)
CLASSIFICAÇÕES DE DROGAS de acordo com os efeitos:
Alucinogénias/
Depressoras Estimulantes modificadoras
Diminuem a atividade do Ativam o SNC, aumentando o estado Perturbação na atividade
SNC, relaxamento, afasta de alerta e atenção, suprimindo o cerebral produzindo distorções
sensações desagradáveis sono, fadiga, apetite. Provocam ao nível da perceção e da
excitação, e as pessoas sentem-se cognição.
com mais força e mais inteligentes.

Opiáceos (ópio, morfina, Anfetaminas MDMA (e outros tipos de


heroína e metadona); Cocaína (folhas de coca, pasta de ecstasy)
Barbitúricos e coca, cocaína-base e crack) Cannabinóides (marijuana,
benzodiazepinas haxixe, óleo de haxixe)
(ansiolíticos, hipnóticos) LSD;
e o álcool Colas e solventes.

17
1. Conceitos (cont.)
CLASSIFICAÇÕES DE DROGAS de acordo com a legislação:

Lícitas são aquelas que podem ser comercializadas. Ex.: Tabaco, bebidas
alcoólicas, medicamentos.

Ilícitas comercialização proibida. Ex.: crack, cocaína, ecstasy.

Drogas naturais Drogas sintéticas Drogas semi-sintéticas


Flores de Papoula Laboratórios Ambas
Cannabis sativa
Ópio, haxixe Ecstasy, LSD Heroína, cocaína, Crack

18
FISIOLOGIA

Núcleo Accumbens Humano (Acc)


- Interface límbico-motora;
- Papel central nos circuitos de recompensa cerebral;
- Funções emocionais, motivacionais e psicomotoras
(D. Parkinson).
- “Centro do prazer”

Dopamina: modulador de atividade nos neurónios


do Acc; sensação de prazer;
- comida, bebida, sexo ou interação social –
comportamentos fundamentais para a
conservação da n/ espécie e responde também a
estímulos artificiais (drogas); não só contribui para a
experiência de prazer como tem um papel importante na
aprendizagem e memória – dois elementos fundamentais no
processo da adição.
- Cortex cerebral (memória)

19
2. Comportamentos aditivos e as dependências
COMPORTAMENTOS ADITIVOS
- Definições associadas a substâncias químicas: consumo de drogas lícitas e
ilícitas:
- Definições associadas à vertente psicológica: comportamentos ligados ao jogo,
compras, sexo, etc;

OMS os comportamentos aditivos caracterizam-se por consumos repetidos de


uma ou várias substâncias, em que o consumidor tem dificuldade em interromper
o seu consumo, sentindo periodicamente vontade de consumir e demonstrando
uma determinação ativa na obtenção da substância (Serviço de Intervenção nos Comportamentos
Aditivos e nas Dependências [SICAD], 2016a)

In 622_Philippe Azevedo_ESTRATÉGIAS DE GESTÃO E PREVENÇÃO DE COMPORTAMENTOS ADITIVOS E DEPENDÊNCIAS.pdf (rcaap.pt)


20
2. Comportamentos aditivos e as dependências
Os comportamentos aditivos definem-se por terem características impulsivas
compulsivas em relação a diferentes atividades, sejam elas substâncias psicoativas
(álcool, drogas), jogo, internet, compras ou sexo, e por provocarem um potencial
de prazer (Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências [SICAD],
2013b).

Substâncias Psicoativas (álcool, cafeína, alucinogéneos, inalantes, opiáceos,


tabaco, etc) quando consumidas em excesso, têm em comum a ativação direta do
sistema de recompensa do cérebro. Esta ativação é intensa o que faz com que
atividades normais sejam negligenciadas e que se produzam sensações de prazer
associados ao consumo das substância (American Psychiatric Association [APA], 2014).
In 622_Philippe Azevedo_ESTRATÉGIAS DE GESTÃO E PREVENÇÃO DE COMPORTAMENTOS ADITIVOS E DEPENDÊNCIAS.pdf (rcaap.pt)

21
2. Comportamentos aditivos e as dependências
“A adição e a adoção de comportamentos de risco aliados a substâncias e a
atividades com características comuns nomeadamente quando se tornam tão
excessivos na vida dos indivíduos, que assumem um papel fundamental,
conduzindo-os a situações de negligência ou exclusão de outras áreas da sua vida
quotidiana, a nível social ou profissional” (Serviço de Intervenção nos Comportamentos
Aditivos e nas Dependências [SICAD], 2013a, p. 20)

A adição é uma doença ao nível do sistema de recompensa cerebral, a qual provoc


a manifestações biológicas, psicológicas, sociais e espirituais.

In 622_Philippe Azevedo_ESTRATÉGIAS DE GESTÃO E PREVENÇÃO DE COMPORTAMENTOS ADITIVOS E DEPENDÊNCIAS.pdf (rcaap.pt)


22
2. Comportamentos aditivos e as dependências
Os indivíduos com adição procuram:
- A recompensa,
- O alívio dessas manifestações através do uso de substâncias ou de outros
comportamentos.

A Adição caracteriza-se pela incapacidade de se manter a abstinência de forma


consciente:
- quer seja pelo craving,
- pela incapacidade de reconhecer problemas nas relações interpessoais,
- pelo défice de autocontrolo e
- pela perturbação das respostas emocionais.

In 622_Philippe Azevedo_ESTRATÉGIAS DE GESTÃO E PREVENÇÃO DE COMPORTAMENTOS ADITIVOS E DEPENDÊNCIAS.pdf (rcaap.pt)

23
2. Comportamentos aditivos e as dependências (cont.)
À medida que o processo de adição avança, os comportamentos tornam-se
automáticos e intensificam-se. São ativados por emoções e impulsos, envolvendo
um diminuto controlo cognitivo.
Comportamentos aditivos:
- Consumo de drogas incluindo o tabaco;
- Consumo excessivo de álcool;
- Comida;
- Sexo;
- Roubo;
- Compras;
- Jogo; Internet; Exercício Físico; etc.
24
2. Comportamentos aditivos e as dependências (cont.)
Como se define:
A forma como a pessoa se comporta perante qualquer uma destas atividades,
substâncias, objetos ou comportamentos vai definir se é ou não, um
comportamento aditivo. Qualquer um destes comportamentos pode existir de
forma saudável. Passando a ser considerada como uma adição quando repetida
frequentemente e causando danos na vida da pessoa que a pratica, trazendo lhe
sofrimento.
Assim, podemos concluir que, não é o que a pessoa faz, mas a forma repetida
como a faz.
Um comportamento aditivo é aquele que passou a ser o foco central da vida do
indivíduo e que acaba por condicionar de forma excessiva, o nosso trabalho,
relacionamento, provocando prejuízos físicos, mentais e sociais.

25
2. Comportamentos aditivos e as dependências (cont.)
DEPENDÊNCIAS:
OMS (2004): Dependência é um estado psíquico e por vezes físico, caracterizado
por comportamentos e respostas que incluem sempre a compulsão e a
necessidade de tomar a droga, de forma contínua ou periódica, de modo a
experimentar efeitos físicos ou para evitar o desconforto da sua ausência.
A OMS (2004) refere também que a dependência consiste numa perturbação
cerebral, ao nível das suas funções, causado pelo consumo de substâncias
psicoativas que afetam os processos cerebrais no que diz respeito:
- à perceção,
- às emoções,
- à motivação
- e às sensações.
In 622_Philippe Azevedo_ESTRATÉGIAS DE GESTÃO E PREVENÇÃO 26
DE COMPORTAMENTOS ADITIVOS E DEPENDÊNCIAS.pdf (rcaap.pt)
2. Comportamentos aditivos e as dependências (cont.)
As Dependências caracterizam-se por(Henriques, 2019).:

Uma Manutenção do Uma culpabilidade


compulsão comportamento Uma obsessão posterior
quando a apesar das relativa a esses a pessoa repete
compulsão se consequências mesmos sucessivamente os
sobrepõe ao negativas desse comportamentos comportamentos
prazer; comportamento negativos, no entanto,
negativo, a pessoa não posteriormente, culpa-se
consegue parar pelos mesmos

27
2. Comportamentos aditivos e as dependências (cont.)
Podemos referir que as dependências se caracterizam por serem uma
necessidade física ou psicológica de algo.
Um exemplo clássico desse tipo de comportamentos é o jogo.
Neste conceito estão englobados dois fenómenos com características muito
distintas:
- o gambling (que envolve o jogo a dinheiro) e,
- o gaming (que envolve a interatividade, como é o caso dos videojogos), (Henriques,
2019).

28
2. Comportamentos aditivos e as dependências (cont.)
SINTOMAS MAIS COMUNS:
- Ansiedade extrema;
- Dificuldade de concentração;
- Desejo constante e persistente pela fonte de vício;
- Insónias;
- Alteração significativa na alimentação;
- Inquietude;
- Mau humor;
- Irritabilidade e impaciência;
- Agressividade.

Uma característica importante da dependência a substâncias é uma alteração nos circuitos


cerebrais que pode continuar mesmo após a desintoxicação, ocorrendo principalmente em
indivíduos com forte dependência, o que facilita a recaída, por parte desses indivíduos (APA, 2014).
29
3. Comportamentos aditivos com e sem substâncias
TOXICODEPENDÊNCIA
- 1960 (OMS) – dependência de drogas ou química um estado do organismo
proveniente do uso periódico ou contínuo de certas drogas que leva a um
desejo físico e ou psíquico do seu uso.

- 1997 (OMS) – estado psíquico e físico que sempre incluem uma compulsão de
modo contínuo ou periódico, podendo causar várias doenças crônicas físico-
psíquicas com sérios distúrbios de comportamento. Pode ser o resultado de
fatores biológicos, genéticos, psicossociais, ambientais e culturais, considerada
hoje como uma epidemia social, pois atinge toda a gama da sociedade, desde
a classe social mais elevada a mais baixa.

30
3. Comportamentos aditivos com e sem substâncias
TOXICODEPENDÊNCIA
CID 10 (1993) – Dependência Química como transtornos Mentais e de
Comportamento devido ao uso de substância psicoativa (F10 – F19);

Síndrome da dependência – conjunto de fenómenos comportamentais, cognitivos


e fisiológicos que se desenvolvem após um consumo repetitivo de substância
psicoativa, tipicamente associado:
- ao desejo de tomar a droga;
- à dificuldade de controlar o consumo;
- à utilização persistente (apesar das suas consequências nefastas);
- a uma maior prioridade dada ao uso da droga em detrimento de outras
atividades e obrigações;
- a um aumento da tolerância pela droga; e por vezes,
- a um estado de abstinência física.
31
3. Comportamentos aditivos com e sem substâncias
TOXICODEPENDÊNCIA

 Indivíduo na sua vertente holística: sua história, seu organismo, contexto


social em que se encontra inserido.

Segundo a OMS a dependência química é uma doença que requer cuidados


específicos, e isso significa que mesmo com resistência dos próprios dependentes
e seus familiares, é preciso compreendê-la como um estado mental, físico, que
resulta da interação entre um organismo vivo e uma droga.

Destruição
Doença fatal do Morte
organismo
32
3. Comportamentos aditivos com e sem substâncias
TOXICODEPENDÊNCIA

Dependência química = Transtorno por uso de substâncias

Diagnóstico:
Agrupamento de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos indicando
que o indivíduo continua utilizando uma substância apesar dos problemas
associados ao seu consumo.
Existe um padrão de autoadministração repetida que geralmente resulta em
tolerância, abstinência e comportamento compulsivo de consumo de droga
33
3. Comportamentos aditivos com e sem substâncias
TOXICODEPENDÊNCIA
Diagnóstico (cont.):
Num período de 12 meses o usuário deve apresentar pelo menos 3 dos seguintes
sintomas:
- tolerância; 
- abstinência; 
- a substância é frequentemente usada em grandes quantidades ou por um
período maior que o pretendido;
- desejo persistente ou esforço sem sucesso de diminuir ou controlar a
ingestão da substância; 
- grandes períodos de tempo utilizados em atividades necessárias para obter a
substância;
- usá-la ou recuperar-se de seus efeitos;
34
3. Comportamentos aditivos com e sem substâncias
TOXICODEPENDÊNCIA
Diagnóstico (cont.):
- reduzir ou abandonar atividades sociais, recreativas
ou ocupacionais por causa do uso da substância; 
- uso continuado da substância; 
- apesar do conhecimento de ter um problema físico ou psicológico ou
recorrente que tenha sido causado ou exacerbado pela substância.

GRAVE
MODERADA
LEVE

35
As dependências Substâncias lícitas e ilícitas

Experimentador

Usuário recreativo

Usuário habitual
“ Formas de
consumo das
substâncias
psicoativas
Dependente ou toxicômano

36
As dependências Substâncias lícitas e ilícitas
Experimentador Usuário recreativo Usuário habitual
Consumo da substância Consumo de uma ou mais Consumo reiterado com


dá-se uma a poucas substâncias psicoativas de consequências nas relações do
vezes: curiosidade, maneira esporádica – indivíduo: nível afetivo, familiar e
contradição das leis satisfação, prazer profissional. O individuo só
parentais, meios de momentâneo e colocando a consegue funcionar a partir do
comunicação, “fruto droga como um possível consumo da droga, ou a associar a
proibido”, medo. mediador de relações sociais. outros comportamentos diários (ex.
Associação deste Só é utilizada em ambientes álcool = cocaína). A droga inicia o
consumo a aspetos ruins propícios e quando se processo de cristalização, ocupa um
– violência, tráfico, encontra disponível. Não há lugar na vida deste/hábito. (se for
dependência, relato dos procura ou necessidade do interrompido = desequilibrio
amigos… consumo.

37
As dependências Substâncias lícitas e ilícitas
Abuso de substâncias psicoativas, características: FICHA DE TRABALHO N.4*

Demência
Delírio
Intoxicação* Abstinência* persistente
induzido*
induzida*

Transtorno amnésico Transtorno do humor Transtorno de


persistente* induzido ansiedade induzido*

Sentimento de necessidade
insatisfatório
Transtorno do sono induzido
Disfunção sexual* “Dor mental”
por substância* Constante e indefinida

Grupos de 2 pessoas: Pesquisa dos conceitos com identificação da bibliografia utilizada .


38
Novos padrões de consumo
Novas substâncias psicoativas Continuam a surgir novas substâncias psicoativas nocivas
e potentes (diferentes das drogas clássicas mas agem nos mesmos recetores originando os mesmos
efeitos psicoativos: catinonas, cabinoides, opióides sintéticos, o Kratom, a Salvia divinorum, alguns
derivados da cocaína).
Em 2019, foram detetadas mais de 400 novas substâncias psicoativas no mercado europeu de droga.
Continuaram a surgir novos canabinoides e opiáceos sintéticos, que constituem ameaças sanitárias
e sociais. Os relatos de canábis adulterada com novos canabinoides sintéticos, como o MDMB-4en-
PINACA, que é vendida a consumidores incautos, destacam os novos e potencialmente crescentes
riscos de consumo inadvertido destas potentes substâncias. Observa-se uma disponibilidade
crescente de novas formas de apresentação de canabinoides sintéticos no mercado de droga,
incluindo líquidos de enchimento para cigarros eletrónicos e papéis impregnados.

Desde 2015, são detetadas todos os anos na Europa cerca de 400 novas substâncias psicoativas
anteriormente comunicadas.

Drogas sintéticas
39
Os aspetos biopsicossociais

O fenómeno dos comportamentos aditivos e das dependências é complexo e


multidimensional, incluindo fatores:
- Genéticos
- Neurobiológicos
- Psicológicos Biopsicossocial modelo da medicina que
estuda a causa e a evolução das doenças
- Ambientais considerando os aspetos biológicos,
psicológicos e sociais.
#
Modelo biomédico

40
DINÂMICA DE GRUPO
Visualização
de
Russell Brand From Addiction To Recovery - Y
Documentário ouTube
e
Discussão

 Impacto da doença no próprio, nos seus familiares e colegas de trabalho;


 Aspetos biopsicossociais envolvidos;
 Controvérsia do tratamento da toxicodependência: Abstinência total vs Metadona;
 Objetivos fulcrais na utilização da metadona;
 Resposta insuficiente por parte das entidades oficiais/Estado?
 Os tratamentos (anmsp.pt)
 Quatro dias numa clínica para viciados (villaramadas.com)
41
DINÂMICA DE GRUPO
Planning
Ficha de Trabalho n. 4
Trabalho de grupo no âmbito das
Modalidades de Tratamento dos CAD

Tema:
Tempo:
Participantes:
Metodologia:
Definição dos conteúdos programáticos:
Diagnóstico dos conhecimentos prévios:
Avaliação dos conhecimentos adquiridos:
Bibliografia/sitografia:

42
Os diferentes níveis de intervenção
Prevenção foca-se na alteração dos comportamentos e das práticas pessoais e
sociais, no sentido da promoção da saúde individual e coletiva.

A prevenção ou intervenção preventiva tem como objetivo fornecer aos


indivíduos e/ou a grupos específicos conhecimentos e competências necessárias
para lidarem com o risco associado ao consumo de substâncias Psicoativas e
outros Comportamentos Aditivos e Dependências (CAD).

As estratégias preventivas destinam-se à população geral, a subgrupos e a


indivíduos e aplicam-se nos domínios do indivíduo, da família, da escola e da
comunidade (IOM, 1994/2009).

In SICAD
43
Os diferentes níveis de intervenção
Os modelos compreensivos e de influência social indicam que existem fatores de risco e de
proteção que influenciam as atitudes e os comportamentos dos sujeitos em relação ao
consumo de substâncias psicoativas e outro CAD.

Estes fatores, de natureza biológica, psicológica e social, são internos ou externos aos
indivíduos e atravessam os vários domínios da sua vida.

FATORES DE RISCO FATORES DE PROTEÇÃO


características e condições individuais, sociais ou características e condições individuais, sociais ou
ambientais (comportamentos, atitudes, ambientais (comportamentos, atitudes,
contextos específicos) - aumentar a contextos específicos) – diminuir o impacto dos
probabilidade de vir a consumir SPA ou fatores de risco ou aumentar a capacitação para
comportamentos de risco lidar com eles

In SICAD
44
Os diferentes níveis de intervenção
a) PREVENÇÃO
UNIVERSAL SELETIVA INDICADA
À população geral sem prévia A subgrupos ou segmentos da Dirige-se a indivíduos com
análise do grau de risco individual. população geral com comportamentos de risco, que exibem
Toda a população pode beneficiar características específicas sinais de uso de substâncias
dos programas de prevenção. identificadas como de risco para psicoativas ou que apresentam outros
o consumo de substâncias comportamentos de risco ou
Os programas de prevenção psicoativas. problemáticos de dimensão subclínica.
universal variam no tipo, estrutura Os programas de prevenção Os programas de prevenção indicada
e duração: informação e o seletiva são de média ou longa são de longa duração, variam no tipo e
desenvolvimento de competências duração, variam no tipo e estrutura e os componentes
entre outros. estrutura e os componentes contemplam tal como nos níveis
contemplam a informação e o anteriores a informação e o
desenvolvimento de desenvolvimento de competências,
competências, entre outros. entre outros (IOM, 1994, 2009).

In SICAD
45
Os diferentes níveis de intervenção
PREVENÇÃO

visa a alteração das normas sociais, através de estratégias globais que intervêm
ao nível da sociedade e dos sistemas sociais.
Estas estratégias preconizam a transformação dos ambientes culturais, sociais,
físicos e económicos, que interferem com as escolhas individuais do uso de
substâncias psicoativas.
Neste âmbito, inserem-se medidas legislativas nacionais e internacionais
Ambiental relativas ao consumo e venda de substâncias psicoativas ilícitas e lícitas,
como por exemplo, a taxação fiscal de produtos como o álcool e o
tabaco, a exposição a mensagens publicitárias, o controlo da idade de
venda dos mesmos ou ainda medidas em contextos particulares, como
o meio escolar, que regulamentam o seu uso para toda a comunidade
escolar (alunos, professores, profissionais e responsáveis pelos alunos)
(EMCDDA, 2011).

In SICAD
46
Os diferentes níveis de intervenção
Em suma, prevenção consiste num conjunto de ações que têm como principal objetivo
impedir o aparecimento do problema…
RESUMO

2 Se já foram iniciados: promover


a redução das quantidades
-

-
Aumentar os factores protectores e
reduzir os factores de risco;
Retardar a idade de início de
consumo de drogas e outros CAD;
consumidas, minimizar riscos e
- Evitar a transitação da
danos experimentação de substâncias do
abuso e dependência das mesmas;

1
- Diminuir as consequências negativas
Prevenção e Intervenção naqueles indivíduos que consomem
precoce para impedir ou adiar o drogas ou que têm problemas de
início dos consumos abuso ou dependência dos mesmos

47
Os diferentes níveis de intervenção
CICLO DE VIDA DO INDIVÍDUO
Gravidez e crianças até Período de transição e adaptação – casal, grávida
Riscos associados ao impacto do consumo de substâncias na gestação
aos 3 meses
Infância Papel dos pais (valores, crenças, atitudes, comportamentos);
Sensibilização dos pais e encarregados de educação para os consumos de SPA;
(dos 3 meses aos 9 anos) Desenvolverem fatores de proteção;
Grupos vulneráveis; Contato com o mundo escolar (Processos educativos de ensino e
aprendizagem – desenvolvimento de competências)
Pré adolescência e Adaptação às transformações corporais, a consolidação daa identidade, a definição do espaço
próprio;
adolescência Procura de autonomia, afirmação pessoal – tensão familiar;
(dos 10 aos 24 anos) Organismo imaturo – consumo de PSA -> riscos de dano neurológico e hepático.
Reforço de competências parentais e familiares a nível social – competências socio
emocionais.
Adultos entre os 25 e os Plano laboral – Gestão da crise e seu impacto no indivíduo e família.
65 anos
Adultos >65 anos Transição da vida ativa para aposentação, processo natural de envelhecimento;
Capacidades físicas e mentais

48
Os diferentes níveis de intervenção
CONTEXTOS DE INTERVENÇÃO
O contexto social – espaço partilhado por indivíduos associado a determinados
comportamentos de risco ou problemas de saúde.

Contexto escolar;
Contexto universitário;
Contexto laboral;
Contexto recreativo;
Outros contextos: Desportivo, Prisional, Instituições tutelares, Comunitário

49
Os diferentes níveis de intervenção

• Diagnóstico prévio • Quadro


conceptual e PROGRAMAS
O que já metodológico PREVENTIVOS
Modelo
se fez? =
lógico
Ou não?
EFICÁCIA
Família, Diferentes (?)
escola, estratégias
e
comuni metodologi
dade as
• Multicomponentes
• Ecológicos
Recorrer em simultâneo a diferentes componentes da
prevenção:
1.Componente informativa – Educação normativa;
2.Competências sócio-emocionais – Competências para lidar
com as SPA/CAD;
3.Componente reguladora/ambiental.
50
Os diferentes níveis de intervenção
MULTICOMPONENTES

Componente informativa
▸ A interação entre a pessoa, a substância e o contexto é a base;
▸ As informações a fornecer/pesquisar devem partir de questões levantadas pelos
alunos ou de dinâmicas que identificam crenças, mitos, expectativas e significados dos
próprios jovens;
▸ A informação deverá ser trabalhada com a população estratégica, como os pais,
professores e outros agentes socioeducativos;
▸ A investigação sugere que facultar informação sobre as substâncias pode ter efeitos
negativos;

51
Os diferentes níveis de intervenção
MULTICOMPONENTES

Componente das competências sócio emocionais/competências de vida:


▸ Promover o desenvolvimento de indivíduos, através da aquisição de competências
sócio emocionais, entre elas:
- as competências de tomada de decisão, resistência à pressão de pares, resolução de
problemas e capacidade de enfrentar os problemas, controlo dos impulsos, capacidade
de estabelecimento de objetivo(metodologia de projeto),
- exploração de sentimentos e gestão emocional, desenvolvimento de auto-estima;
descoberta pessoal em contexto de grupo
- procura de áreas de força e do carácter único de cada indivíduo.
▸ Aplicação de programas estruturados, validados e avaliados

52
Os diferentes níveis de intervenção
Principais dificuldades da intervenção:
- Comportamentos de negação;
- Manipulação;
- Recaídas;
- Ocultarem informações pertinentes;

É necessário estabelecer um laço de confiança que ajude a diminuir as suas


defesas, tornando-os mais recetivos ao diálogo.

Profissional
De Colheita de dados Plano de cuidados

Saúde
53
Os diferentes níveis de intervenção

Profissional Relação Utente


de Parceria de e/ou
cuidados
saúde família

- Promove o desenvolvimento das competências dos vários elementos


da família e ajuda-os a mobilizar recursos necessários à sua
recuperação;
- processo de relação interpessoal e de compreensão empática
54
Os diferentes níveis de intervenção
b) MODALIDADES DE TRATAMENTO

O tratamento no que diz respeito a CAD pode ser definido “como a


disponibilização de uma ou mais intervenções estruturadas destinadas a lidar com
os problemas de saúde e outros, que resultam dos comportamentos aditivos e
dependências, visando melhorar o funcionamento pessoal e social” (SICAD,
2016b).

O tratamento começa quando o indivíduo pede ajuda direta ou indiretamente a


um técnico de saúde.

Modelo de tratamento integrado – abordagem psicossocial (diagnóstico,


necessidades e capacidades do utente e da família ou envolventes, e o seu
prognóstico).
55
Os diferentes níveis de intervenção
b) MODALIDADES DE TRATAMENTO

A intervenção é multi e interdisciplinar

Profissionais de várias áreas:


médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais.

Estruturas com resposta ao nível ambulatório, internamento e centros de dia

Processo dinâmico e complexo

(diferentes intervenções terapêuticas: psicofarmacológicas,


psicológicas/psicoterapêuticas, médicas, intervenções sistémicas e reabilitação
social)
56
Os diferentes níveis de intervenção
b) MODALIDADES DE TRATAMENTO

Estruturas existentes em Portugal: Unidades Públicas, Unidades Privadas,


Unidades Privadas Convencionadas, e as Unidades Privadas não Convencionadas.
UNIDADES Integram a rede que transitou do ex IDT, IP, e transferidas para as
PÚBLICAS ARS:
Unidades de intervenção local que englobam os Centros de
Respostas Integradas, as Unidades de Desabituação, as Unidades
de Alcoologia e Comunidades Terapêuticas (Despacho n.
2976/2014 de 21 de fevereiro).
UNIDADES Prestação de cuidados de saúde nos CAD que mediante o
PRIVADAS licenciamento (decreto lei 13/93 de 15 de janeiro) e que podem
aceitar toxicodependentes para tratamento.

Modelos de intervenção na área da reinserção social em comportamentos aditivos e dependências - Evolução recente e perspetivas fu
turas (uc.pt) 57
Os diferentes níveis de intervenção
b) MODALIDADES DE TRATAMENTO

Unidades de Internamento: as clínicas de desabituação e nas comunidades


terapêuticas
Ambulatório: centros de dia e os centros de consulta.

Unidades privadas o conjunto de estruturas, em que o Estado garante aos cidadãos as


convencionadas condições de acesso a meios de tratamento, comparticipando nos
custos a suportar pelos utentes e respetivas famílias, no decurso
dos processos de tratamento.
Unidades privadas conjunto de unidades licenciadas, mas que não foram objeto de
não convenção.
convencionadas

Modelos de intervenção na área da reinserção social em comportamentos aditivos e dependências - Evolução recente e perspetivas futur
as (uc.pt)
58
Os diferentes níveis de intervenção
b) MODALIDADES DE TRATAMENTO

C. Psicologia Prog. Tratamento com antagonistas de opiáceos


(naloxona, naltrexona)

C. Psicoterapia Prog. Tratamento com agonistas opiáceos


(buprenorfina, metadona)

C. Enfermagem Áreas de Dia/Centros de Dia


C. Crianças e Jovens Comunidades Terapêuticas (internamento em ambiente não
hospitalar)

C. grávidas Unidades de Alcoologia


Grupos de Suporte Serviços de Saúde Mental e de Especialidades
terapêutico Médico-Cirúrgicas

59
Os diferentes níveis de intervenção
b) MODALIDADES DE TRATAMENTO

INTERVENÇÕES INTERVENÇÕES PSICOTERAPÊUTICAS


FARMACOLÓGICAS (facilitam a mudança, ao desenvolverem a
motivação, as estratégias de coping e as
relações pessoais).

DETEÇÃO PRECOCE ACOMPANHAMENTO DESABITUAÇÃO FÍSICA

60
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção

Os percursos de inserção de indivíduos com problemas de uso e abuso de


substâncias psicoativas são:
- lentos e sinuosos, exigindo intervenções globais e sistémicas que contribuam
para a sua sustentabilidade.

Incide não só na correção dos comportamentos e atitudes dos indivíduos, mas


também na transformação das instituições, dos agentes sociais e económicos.

Respostas adequadas ao indivíduo de acordo com o diagnóstico.

In SICAD
61
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção

Orientação Técnica nº1/2009/DTR/NR - Linhas orientadoras para a Intervenção


Social - Modelo de intervenção em Reinserção (MIR).

MIR - melhorar e qualificar o serviço que é prestado aos cidadãos, procurando


sempre a eficácia e eficiência da intervenção.

Intervenção integrada: indivíduo; família; sistemas sociais.

In SICAD

62
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção

Pressupostos do MIR (SICAD): (Plano Individual de Inserção) Dinâmica


Colocar o cidadão no centro da ação Intervir numa lógica de resposta integrada,
em equipa e articulação interinstitucional

Avaliar as necessidades multidimensionais Assegurar o acompanhamento sistemático


específicas do cidadão e continuado do cidadão no processo de
autonomização e de inserção

Estabelecer uma relação significativa com Garantir o desenvolvimento de práticas de


a pessoa mediação social

Negociação e contratualização do Plano


Individual de Inserção

63
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção
De acordo com Durán et alli (idem, p.13, 14) o processo de Reinserção pode ser dividido nas seguintes
fases ou estádios:
Estádio I: Estado de dependência em que o indivíduo está numa fase de desajustamento social. Nesta
fase as intervenções a desenvolver devem ser de proximidade e de redução de danos, como primeira
medida promotora da mudança e da reinserção.
Estadio II: O indivíduo consciencializa-se do seu problema e procura ajuda. Decide iniciar um processo
de mudança.
Estadio III: Início do tratamento numa unidade de tratamento. Pretende-se proporcionar aos indivíduos
programas e recursos que permitam a mudança no seu estilo de vida, o desenvolvimento da sua
autoestima e o desenvolvimento de interesses saudáveis.

64
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção
Neste estádio efetua-se a paragem ou estabilização dos consumos e é muito importante o
estabelecimento de uma relação terapêutica com os técnicos da unidade especializada.

Estadio IV: É aqui que se acentua o processo de reinserção. Neste estádio o indivíduo começa por
iniciar a adaptação ao seu contexto social, participação na vida social enquanto cidadão de direitos e
deveres, construindo um processo de ressocialização.

Estadio V: Será o final do processo, quando o indivíduo se encontra reinserido de forma plena e
duradoura.

65
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção
Andréas (2003) citado no Manual de Boas Práticas em Reinserção (pág. 20) refere que o
objetivo do processo de reinserção é a aquisição ou redescoberta da autonomia, no que diz
respeito a várias dimensões:

Autonomia psico-relacional
Autonomia sociocomunitária
Autonomia socioprofissional
Autonomia do consumo de drogas

66
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção
Fases da Intervenção (SICAD):

1. Avaliação da situação inicial com elaboração do diagnóstico social – diagnóstico


de necessidades e análise de recursos individuais (conhecimento da realidade do
cidadão, identificação das necessidades, recursos e potencialidades);

67
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção
Fases da Intervenção (SICAD):

2.Planeamento e implementação do Plano Individual de Inserção – elaboração e


eventual contratualização do Plano Individual de Inserção; definição de estratégias
e objetivos visando a criação de condições para a empregabilidade e aquisição
e/ou manutenção de um emprego digno.

68
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção
Fases da Intervenção (SICAD):

->Condições para a empregabilidade: promoção do acesso à habitação, a


proteção social, a promoção de hábitos e cuidados de saúde, o restabelecimento
dos laços familiares, aquisição de competências pessoais e sociais, escolares e
profissionais, a integração cultural e recreativa local.

69
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção
Fases da Intervenção (SICAD):

3. Avaliação intermédia do plano Individual de Inserção – reunião em equipa


multidisciplinar (partilha do desenvolvimento do processo);

4. Avaliação final do plano individual de inserção – o indivíduo e a equipa


multidisciplinar – alta social (?);

70
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção
Fases da Intervenção (SICAD):

5. Alta social – conclusão do objetivo geral inicialmente preconizado;

6. Follow up – contacto ao fim de um ano da alta social e efetuar o respetivo


registo da situação no processo.

71
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção

Fases da Intervenção (SICAD):

Avaliação Planeamento Avaliação


implementaç Avaliação
Diagnóstico Intermédia Alta social Follow up
ão final
social

72
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção

EMPREGABILIDADE: fator essencial na sustentabilidade dos recursos dos


percursos de inserção das pessoas com CAD

- Rendimento próprio – sustento do próprio e da família;


- Realização pessoal;
- Reforço da auto-estima;
- Reforço do contato social;
- Reforço das aprendizagens e treinos relacionais;

- ESTABILIDADE PESSOAL E FAMILIAR


- PARTICIPAÇÃO ATIVA NA SOCIEDADE

73
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção

Programa Vida-Emprego: reinserção socioprofissional


Tem por finalidade potenciar a reinserção social e profissional de consumidores
de substâncias psicoativas, como parte integrante e fundamental do processo de
tratamento e reinserção.
Dirige-se a toxicodependentes em idade ativa, que se encontrem ou tenham
terminado processos de tratamento, quer em comunidade terapêutica, quer em
regime ambulatório.
INFORMAR – ORIENTAR - FORMAR – INTEGRAR
74
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção

ESTÁGIOS DE INTEGRAÇÃO - Inserção na vida ativa;


SOCIOPROFISSIONAL - Destinatários: toxicodependentes que terminaram os processos de
tratamento (comunidade terapêutica, em regime ambulatório ou
prisional);
- Formação prática remunerada em local de trabalho;
APOIO AO EMPREGO - Entidades que empreguem toxicodependentes;
- Comparticipação nos encargos com a remuneração, Segurança
Social;
PRÉMIO DE INTEGRAÇÃO - Entidades que empreguem toxicodependentes;
SOCIOPROFISSIONAL - Continuidade de outras medidas do Programa – contrato de
trabalho sem termo;
APOIO AO AUTOEMPREGO - Comparticipação nas despesas de investimento, início de atividade e
despesas iniciais de funcionamento.

75
Os diferentes níveis de intervenção
c) Reinserção social e comunitária – programas de intervenção

- Plano Individual de Inserção Social

Dados que compõem:


Dados biográficos;
Habilitações/Educação e Formação
Emprego
Protecção Social
Família Saúde
Lazer/ocupação de tempos livre

76
Os diferentes níveis de intervenção
d) Redução de riscos e minimização de danos – estratégias e programas

A abordagem da Redução de Riscos e Minimização de Danos (RRMD) foi


inicialmente concebida para intervir junto de consumidores inacessíveis, para os
quais o serviço de tratamento tradicional não estava disponível ou que, estando
disponível, não estava acessível ou não era motivo de intenções. Esta abordagem
tem consistido em trabalhar com consumidores de heroína e cocaína de longa
data (marginalizados, fragilizados) que não pretendem ou conseguem abandonar
o consumo e não contatam os serviços da rede de apoio.

SICAD
77
Os diferentes níveis de intervenção
d) Redução de riscos e minimização de danos – estratégias e programas

Além destes destinatários face à realidade vivenciada e comumente associada ao


aspeto recreativo/noturno as intervenções em RRMD aplicam-se e são
necessárias para uma população heterogénea, seja em termos de faixas etárias,
estilos e histórias de vida, contextos que oferecem o enquadramento para o
consumo e diferentes substâncias consumidas, nomeadamente o contexto
recreativo, bem como em termos de diferentes substâncias psicoativas e de
formas de consumo.

SICAD
78
Os diferentes níveis de intervenção
d) Redução de riscos e minimização de danos – estratégias e programas
Programas e estruturas sócio sanitárias (RRMD): “à sensibilização e ao encaminhamento de
toxicodependentes bem como à prevenção e redução de atitudes ou comportamentos de
risco acrescido e minimização de danos individuais e sociais provocados pela
toxicodependência.”

- Gabinetes de apoio a toxicodependentes sem enquadramento sociofamiliar;


- Centros de Acolhimento;
Qualquer entidade que se
- Centros de Abrigo; proponha a criar e a
- Pontos de Contato e de Informação; manter em
- Espaços móveis de prevenção de doenças infecciosas; funcionamento um
programa e/ou estrutura
- Programas de substituição em baixo limiar de exigência; sócio sanitária de RRMD
- Programa troca de seringas; deve requerer autorização
- Equipas de rua; do SICAD.
- Programas de consumo vigiado;
Portfolio_ Projectos_RRMD_2011.pdf (sicad.pt)
79
Dinâmica SICAD

(1) Live | Facebook


1. Azul - comunicação
2. Vermelho - empatia
3. Preto - conhecimento
4. Branco - À tua escolha
5. Verde - adaptabilidade

Como posso eu fazer a diferença?...


80
Técnicas de abordagem
O Papel do/a Técnico/a de Apoio Psicossocial

O modelo de intervenção deve orientar-se em princípios: do humanismo, do


pragmatismo, do outreach, do gradualismo, da autonomia, do enraizamento na
comunidade, da cidadania, do diálogo, da relação, da negociação, da educação
para a saúde, da mudança, da acessibilidade aos serviços de saúde e sociais, bem
como da adequação da intervenção à pessoa (Carapinha et al., 2009)

ORIENTAÇÃO TÉCNICA PARA A INTERVENÇÃO EM REDUÇÃO DE RISCOS E MINIMIZAÇÃO DE DANOS: COMPETÊNCIAS DOS INTERVENTORE
S (sicad.pt)
81
Técnicas de abordagem
O Papel do/a Técnico/a de Apoio Psicossocial
Abordagem:
- Holística
Ao considerar que existem variáveis de ordem individual e contextual que são
mediadoras das mudanças de crenças, atitudes e comportamentos relativos ao
consumo de substâncias e que importa ter em consideração na definição da
melhor estratégia de atuação com cada pessoa com CAD, com vista a sensibilizá-la
para a eliminação de condutas de risco e adoção de comportamentos de
proteção.

ORIENTAÇÃO TÉCNICA PARA A INTERVENÇÃO EM REDUÇÃO DE RISCOS E MINIMIZAÇÃO DE DANOS: COMPETÊNCIAS DOS INTERVENTORE
S (sicad.pt) 82
Técnicas de abordagem
O Papel do/a Técnico/a de Apoio Psicossocial
Abordagem:
- De proximidade
a) Proximidade ao local: Assenta numa observação participante e no estabelecimento de
uma relação de confiança e de empatia com as pessoas, favorecendo o relacionamento
através de conversas informais e facilitando o diálogo, bem como a avaliação da
problemática social existente no local. Desta forma, fomenta-se o conhecimento dos modos
de apropriação dos espaços pelas pessoas/grupos, de modo a compreender as práticas de
consumo, bem como as atividades relacionadas com a angariação de recursos.

b) Proximidade ao indivíduo: Compreender a vida quotidiana dos indivíduos/grupos, as


ideias e discursos manifestos, as práticas observáveis, os problemas e carências vividas e os
relacionamentos interpessoais e sociais.

ORIENTAÇÃO TÉCNICA PARA A INTERVENÇÃO EM REDUÇÃO DE RISCOS E MINIMIZAÇÃO DE DANOS: COMPETÊNCIAS DOS INTERVENTORE
S (sicad.pt)

83
Técnicas de abordagem
O Papel do/a Técnico/a de Apoio Psicossocial
No âmbito dos CAD, outreach é uma metodologia de intervenção muito utilizada
em RRMD, centrada na pessoa e na comunidade a que se destina, que
disponibiliza serviços sociais e de saúde a utilizadores de SPA com consumos
nocivos, no seu espaço ou território habituais (Korf et al., 1999).
O objetivo de uma intervenção de outreach é o de alcançar contextos e dinâmicas
que se afastam, por diversas razões (estigma, marginalização, escassez de
recursos, acesso limitado à saúde e serviços sociais, etc.), dos fatores e condições
necessárias para o exercício de uma cidadania plena.
ORIENTAÇÃO TÉCNICA PARA A INTERVENÇÃO EM REDUÇÃO DE RISCOS E MINIMIZAÇÃO DE DANOS: COMPETÊNCIAS DOS INTERVENTORE
S (sicad.pt) 84
Técnicas de abordagem
O Papel do/a Técnico/a de Apoio Psicossocial

Estas intervenções de proximidade permitem colmatar lacunas na acessibilidade


aos serviços disponíveis (muitas vezes públicos) e/ou integrá-los, sendo
frequentemente levadas a cabo por instituições sem fins lucrativos e organizações
não-governamentais (ONGs).

ORIENTAÇÃO TÉCNICA PARA A INTERVENÇÃO EM REDUÇÃO DE RISCOS E MINIMIZAÇÃO DE DANOS: COMPETÊNCIAS DOS INTERVENTORE
S (sicad.pt)
85
Técnicas de abordagem
O Papel do/a Técnico/a de Apoio Psicossocial

Rhodes (1996) distingue três tipos de outreach:


Domiciliário (realizada em casas individuais).
Individual (realizada em ambientes públicos e particulares de segmentação).
Peripatético (realizada em ambientes públicos ou privados, especialmente
orientado para sensibilizar e orientar as organizações).

Dewson, Davis & Casebourne (2006) referem um outro tipo, para além destes
três:
Satélite, onde os serviços são prestados à distância (tecnologias diversas, rádio
local, website, linha telefónica, etc.).
ORIENTAÇÃO TÉCNICA PARA A INTERVENÇÃO EM REDUÇÃO DE RISCOS E MINIMIZAÇÃO DE DANOS: COMPETÊNCIAS DOS INTERVENTORE
S (sicad.pt)

86
Técnicas de abordagem
O Papel do/a Técnico/a de Apoio Psicossocial
Outras ferramentas:
folhetos, boletins informativos e publicitários;
tendas e exposições e eventos dedicados a matérias de interesse para a
população, em local comum público e em instituições da comunidade local, como
bibliotecas, centros comunitários, mercados, etc.
- Promovem uma aproximação voluntária, pela exigência mais realista em que se
enquadram face à capacidade de resposta possível da parte da própria
população, grupo ou pessoa singular a ser intervencionada.
ORIENTAÇÃO TÉCNICA PARA A INTERVENÇÃO EM REDUÇÃO DE RISCOS E MINIMIZAÇÃO DE DANOS: COMPETÊNCIAS DOS INTERVENTORE
S (sicad.pt) 87
Técnicas de abordagem
O Papel do/a Técnico/a de Apoio Psicossocial

As estratégias de outreach podem direcionar-se:


- a populações-alvo, tais como trabalhadores do sexo e utilizadores de SPA,
sendo ainda aplicáveis,
- no contexto de intervenções no âmbito do planeamento familiar e economia
doméstica, empregabilidade, desenvolvimento de competências pessoais e
sociais, entre outros.

ORIENTAÇÃO TÉCNICA PARA A INTERVENÇÃO EM REDUÇÃO DE RISCOS E MINIMIZAÇÃO DE DANOS: COMPETÊNCIAS DOS INTERVENTORE
S (sicad.pt) 88
Dinâmica – Visualização de documentário

▸ Netflix
▸ Recovery Boys – Reabilitação e Fraternidade

89
DINÂMICA

1ª Parte:
Elaboração de uma história fictícia sobre uma situação
de um indivíduo ex toxicodependente ou ainda em
tratamento.

2ª Parte:
Resolução do caso proposto e adequado à situação.

90
Encaminhamento para estruturas de apoio

Iniciativa própria Por referenciação Por determinação


judicial

A organização destas respostas globais e integradas aos comportamentos aditivos e


dependências assume a forma de uma “Rede de Referenciação / Articulação no âmbito dos
comportamentos aditivos e das dependências”, que pode ser consultada clicando em 
Rede Referenciação.
91
Encaminhamento para estruturas de apoio

a) Por iniciativa própria, dirigindo-se ao seu Centro de Saúde / Unidade de Saúde


Familiar, ou a uma das estruturas especializadas em tratamento dos
comportamentos aditivos e dependências da sua zona de residência. Para esse
efeito, pode consultar os links abaixo ou recorrer à Linha Vida. 
Links: Região Norte; Região Centro; Região Lisboa e Vale do Tejo; Região Alentejo; 
Região Algarve.

92
Encaminhamento para estruturas de apoio

b) Por referenciação:

b.1. A partir de uma consulta de medicina de saúde familiar, saúde ocupacional


ou de outra especialidade, em espaço de consulta ou de episódio de urgência,
quando o médico avalia, no âmbito das medidas de diagnóstico, a existência de
consumo de risco, nocivo ou mesmo dependência de substâncias lícitas ou
ilícitas;

93
Encaminhamento para estruturas de apoio

b.2. Através dos dispositivos que operam na área de Redução de Riscos e


Minimização de Danos (RRMD) dos comportamentos aditivos e das dependências
que intervêm em diferentes contextos. Assim, e em contexto comunitário, a
intervenção por parte destas estruturas tem habitualmente a ver com a
referenciação de utentes com níveis elevados de gravidade de consumo –
Dependência, e que se encontram afastados dos cuidados de saúde
especializados de que necessitam.

94
Encaminhamento para estruturas de apoio

b.3. A nível de outras situações, como é o caso da intervenção em contextos


recreativos, podem estas equipas identificar e encaminhar para estruturas de
cuidados diferenciados no âmbito dos comportamentos aditivos e dependências
consumidores de substâncias psicoativas que evidenciem comportamentos
aditivos que apontem para risco imediato para a saúde, ou que apontem para a
possibilidade de evolução para níveis mais elevados de risco, ou mesmo a
dependência;

95
Encaminhamento para estruturas de apoio

b.4. Pelas Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência, no decurso da


avaliação dos consumidores de substâncias psicoativas ilícitas indiciados pelas
forças de segurança;

b.5. Por entidades que operam no âmbito comunitário e social, no âmbito das
forças de segurança, do sistema educativo, da Segurança Social, as quais no
domínio da sua intervenção específica junto dos cidadãos aos quais prestam
serviços, identificam situações para as quais estará indicado a avaliação e
eventual intervenção no âmbito dos comportamentos aditivos e das
dependências. 96
Encaminhamento para estruturas de apoio

c) Por determinação judicial: face à lei penal portuguesa que prevê, no que se
refere às medidas alternativas à prisão para cidadãos condenados com
comportamentos aditivos e dependências, a injunção para tratamento.

Esta pode surgir na fase de decisão judicial sobre a pena, na avaliação da


liberdade condicional, ou durante a execução da pena, e pode determinar a
inserção do cidadão em diferentes tipos de programa, em ambulatório ou em
internamento

97
bibliografia

- Sitografia: SICAD
- E a indicada nos slides

98

Você também pode gostar