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INTRODUÇÃO
EXPEDIENTE
GOVERNO FEDERAL
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS
SECRETÁRIO NACIONAL
Paulo Gustavo Maiurino
PLANEJAMENTO E GESTÃO
Glauber da Cunha Gervásio
Carlos Timo Brito
Eurides Branquinho da Silva
CONTEUDISTAS
George Felipe Lima Dantas
Isângelo Senna da Costa
REVISÃO DE CONTEÚDO
Fernanda Flávia Rios dos Santos
Maria de Fátima de Moura Barros
APOIO
Kathyn Rebeca Rodrigues Lima
BY NC ND
labSEAD
COORDENAÇÃO GERAL
Luciano Patrício Souza de Castro
FINANCEIRO
Fernando Machado Wolf
SUPERVISÃO DE MOODLE
Andreia Mara Fiala
SECRETARIA ADMINISTRATIVA
Elson Rodrigues Natário Junior
Maria Eduarda dos Santos Teixeira
DESIGN INSTRUCIONAL
Supervisão: Milene Silva de Castro
Gabriel de Melo Cardoso
Márcia Melo Bortolato
Marielly Agatha Machado
DESIGN GRÁFICO
Supervisão: Douglas Luiz Menegazzi
Heliziane Barbosa
Juliana Jacinto Teixeira
Luana Pillmann de Barros
Vinicius Alves Jacob Simões
REVISÃO TEXTUAL
Cleusa Iracema Pereira Raimundo
PROGRAMAÇÃO
Supervisão: Alexandre Dal Fabbro
Cleberton de Souza Oliveira
Thiago Assi
AUDIOVISUAL
Supervisão: Rafael Poletto Dutra
Fabíola de Andrade
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Renata Gordo Corrêa
TÉCNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Dalmo Tsuyoshi Venturieri
Wilton Jose Pimentel Filho
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 6
REFERÊNCIAS 63
APRESENTAÇÃO
Olá, cursista!
RA
Enquadre no seu celular Seja bem-vindo ao nosso primeiro módulo do curso.
ou tablet o código de
REALIDADE AUMENTADA
do aplicativo Zappar
Neste módulo, trataremos da problemática do narcotráfico e do crime
para assistir ao vídeo de organizado, por meio de uma abordagem multidisciplinar que leva em
apresentação do módulo. conta, por exemplo, aspectos econômicos, sociais, culturais e psico-
lógicos. Nesse sentido, apresentaremos reflexões que nos permitam
entender no que consiste a economia das drogas e quais os elementos
que compõem o mercado das drogas. Outros pontos abordados no
módulo dizem respeito a concepções nacionais e internacionais do
que vem a ser o crime organizado e as organizações criminosas em
suas interfaces com a violência e com o Sistema de Justiça Criminal.
Objetivos do módulo
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
6
UNIDADE 1
ASPECTOS MERCADOLÓGICOS
DO NARCOTRÁFICO E DO CRIME
ORGANIZADO
Contextualizando
Nesta unidade, apresentaremos as principais noções e conceitos re-
lacionados aos aspectos mercadológicos do crime organizado e do
narcotráfico, assim como os aspectos relacionados à oferta de drogas.
Para compor nossa reflexão, vamos nos valer de aspectos econômicos,
sociais, culturais e psicológicos que circundam o problema.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
7
Nas ruas da maioria das capitais do país, usuários de
drogas são vistos nas sinaleiras, numa situação degradante,
pedindo moedas e mendigando qualquer centavo para
compra de droga.
(SOUZA; CALVETE, 2017)
saiba mais
O Código Internacional de Doenças (2013), em sua décima
edição, aponta os vários diagnósticos correspondentes
(disponível em: https://cid10.com.br/).
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
8
dica de mídia
WASHINGTON
VERMONT MAiNE
OREGON
MASSACHUSETTS
MiCHiGAN
NEVADA
CALiFÓRNiA iLLiNOiS
COLORADO
Estados que liberam o consumo
recrativo da Cannabis nos EUA:
Califórnia, Colorado, Oregon,
Massachusetts, Washington,
Maine, Nevada, Illinois, Michigan,
Vermont, Alasca e Maine.
ALASKA
Foto: Adaptado de © [sutowo] /
Adobe Stock.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
9
Lá as unidades federativas possuem legislações distintas, ao con-
trário do Brasil, país onde prevalece uma legislação federal única.
Em função disso, as políticas de liberação de uso e comercialização
legal de drogas podem assumir posições extremamente díspares.
Redução de 19% na
taxa média dos
glossário crimes na cidade de
Denver, Colorado.
Correlação é uma medida do
relacionamento linear entre duas
variáveis. Essas variáveis podem
estar positivamente relacionadas,
negativamente relacionadas ou não
relacionadas.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
10
Como a cidade mais feliz dos EUA, é seguro dizer que
Boulder encontrou seu equilíbrio. Esta cidade descontraída
no sopé das Montanhas Rochosas pontua em vários níveis
da escala para hierarquizar a felicidade.
(GUPTON, 2017)
(JOKO WIDODO)
A questão tem se tornado tão séria que o governo brasileiro tem alertado
os viajantes brasileiros dos riscos de se ingressar na Indonésia portando
drogas, veja as Instruções para Viajantes Brasileiros (BRASIL, 2020).
PODCAST transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
11
Se a imoralidade do tema tráfico e do uso de drogas é fato ou não, em
face das ciências, nem por isso a economia das drogas deixou de ser
tratada por diversas ciências, incluindo a própria economia. E para
você entender a economia das drogas, é necessário ter em conta,
inicialmente, a noção do que é a expressão “economia”.
No mesmo local.
Globalmente.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
12
| principais fluxos globais de cocaína
Principais produtores de cocaína
CANADÁ 14
EUROPA
124
EUA
165
MÉXiCO
EUA
17
17 CARiBE
VENEZUELA
MÉXiCO
CANADÁ 14
DOS ANDES
REGiÃO
165
ÁFRiCA
OCiDENTAL
REGiÃO
Principais produtores de cocaína DOS ANDES
BRASiL
Tráfico de cocaína (em toneladas métricas)
CARiBE
140
60
15 ÁFRiCA
DO SUL
6
124
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
13
Chamamos de drogas psicotrópicas aquelas que atuam diretamente
glossário no funcionamento do sistema cerebral e causam modificações no
estado mental.
A terminologia “psicotrópico” é composta Drogas psicotrópicas, também conhecidas por substâncias psicoa-
por duas palavras: psico e trópico. Psico tivas, são aquelas que atuam diretamente sobre o cérebro, alterando
está relacionado ao psiquismo, que abarca de alguma maneira o psiquismo. Elas dividem-se em três grupos:
todas as funções do sistema nervoso drogas depressoras, drogas estimulantes e drogas perturbadoras.
central (SNC), e “trópico” significa ter
atração por, em direção a.
DROGAS DEPRESSORAS
Seu efeito é diminuir a atividade cerebral.
Elas diminuem a atividade psicomotora do organismo,
assim como a atenção, a concentração, a capacidade
de memorização e intelectual.
DROGAS ESTiMULANTES
Seu efeito é acelerar a atividade cerebral, trazendo
como consequência um estado de alerta exagerado,
insônia, sentimento de perseguição e aceleração dos
processos psíquicos.
DROGAS PERTURBADORAS
Seu efeito é distorcer ou modificar a atividade cerebral,
causando delírios, alucinações e alterações
na sensopercepção (efeito sinestésico). As drogas
perturbadoras também são chamadas de alucinógenas.
Experimental.
Ocasional.
Usuários de abuso.
Usuários crônicos.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
14
cocaínaabuso
crack
narcótico
risco heroína
vício crime
dependência vida
substância droga
Veja a seguir os detalhes do surgimento da Cocaína e da Heroína.
Ainda de acordo com o autor, o fato de a droga ser muito mais ba-
rata permitiu que ela se espalhasse rapidamente nas comunidades
mais carentes. Em 1985, seu uso tornou-se uma epidemia que teve
duração de 10 anos.
| sobre o crack
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
15
Nos Estados Unidos da América, surge também a heroína, uma droga
derivada da papoula e, assim como a morfina, é um pó de cor branca.
A ela também foi associado um glamour, como na descrição do pe-
riódico “The Dispatch” da Universidade de Nova Iorque:
Antes
Lei nº 6.368
21 de outubro de 1976
Art. 16.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
16
Depois
Lei nº 11.343
23 de agosto de 2006
Art. 28.
60.000
o POR OUTROS MEIOS Homicídio POR ARMA DE FOGO 47.510
50.000 Homicídio POR OUTROS MEIOS
47.510
Homicídio POR ARMA DE FOGO
60.000
34.147 47.510
40.000
50.000
34.147
30.000
40.000
34.147
20.000
30.000
10.000
20.000
0
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Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
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Veja a seguir como funciona o mercado do tráfico, e o que dizem
os indicadores.
Curso FRoNt
Lorem ipsum
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
18
A lavagem de dinheiro é o processamento de recursos criminais para
disfarçar sua origem ilegal. Esse processo é crucial para as operações
do crime organizado, porque os infratores seriam descobertos facil-
mente se não pudessem “mesclar” seu dinheiro ilegal em um negócio
jurídico, banco ou imobiliário (SOUDIJN, 2014).
NA PRÁTICA
Por exemplo, um traficante de drogas pode comprar um
restaurante para disfarçar os lucros das drogas com os lucros
legítimos do restaurante. Dessa maneira, os lucros das drogas
são lavados pelo restaurante para fazer com que a renda
pareça ter sido obtida legalmente.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
19
Assim como em qualquer outro mercado, o processo que constitui o
mercado das drogas ilícitas reflete questões macroestruturais, como
produção, distribuição, lucratividade, liquidez e segurança, e também
questões próprias do nível do indivíduo, de seu ambiente e de seus
grupos imediatos. Isso vale para a oferta, para a procura e para as
ações de prevenção e repressão a esse mercado.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
20
Nesse sistema e na seara das drogas ilícitas, cabe destacar os for-
necedores de substâncias, os usuários e as próprias drogas ilícitas.
crescimento populacional
urbanização
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
21
As substâncias psicoativas, hoje consideradas drogas ilícitas, estão
difundidas por todo globo. Sua difusão e respectivos mercados, corres-
pondentemente, aconteceu globalmente e desde tempos imemoriais.
saiba mais
Veja mais sobre o assunto no artigo “Guerras do Ópio”
(disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/
historiag/guerras-do-opio.htm).
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
22
Segunda Guerra do Ópio.
Foto: © [Archivist] / Adobe Stock.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
23
1.2.1 Drogas de uso ilícito
Veja o que nos diz o UNODC acerca do mercado de drogas ilícitas:
PODCAST transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
24
| NÚMERO DEusuários
número de USUÁRiOS NO
no ANO
ano deDE 2018
2018 em EM MiLHÕES
milhões
192 88
58 30
Anfetaminas e Estimulantes
de prescrição Ecstasy
27 21
Cocaína
19
HIV +
HIV Hepatite C Hepatite C
1,4 milhão de usuários de 5,5 milhões de usuários 1,2 milhão de usuários
drogas injetáveis vivem têm Hepatite C estão vivendo com
com HIV Hepatite C e HIV
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
25
Você sabia que os altos índices de transmissão de HIV e hepatite C
glossário fazem com que esses vírus sejam considerados epidemias globais?
As pessoas que injentam drogas (PWID) são uma das populações
mais vulneráveis afetadas por essas doenças infecciosas.
PWID é a sigla em inglês para people who
inject drugs. A prevalência de HIV e hepatite C é desproporcionalmente alta nesse
grupo e é responsável por uma uma parte significativa de novos infec-
tados por HIV e por hepatite C em todo o mundo (UNODC, 2020, p. 11).
1.2.3 Fornecedores
Finalmente, considerando o componente “fornecedores” do mercado
de drogas, os documentos do UNODC dizem o seguinte:
PODCAST transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
26
| extensão do mercado de drogas internacional
RÚSSiA
CANADÁ
ÁSiA
CENTRAL
JAPÃO
EUA
CHiNA
MÉRICA
MÉ RICA
AMÉRICAA
CEN
CENTRALL
SUDESTE
ASiÁTiCO
REGIÃO BRASiL
DOS ANDES
AUSTRÁLiA
ÁFRiCA
DO SUL
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
27
dica de mídia
| PERCENTUAL
percentual de
DEpresos
PRESOSprovisórios
PROViSÓRiOSporPOR
crime praticado
TiPO DE CRiME PRATiCADO
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
28
No próximo tópico, você vai entender o panorâma geral das políticas
de redução de drogas no Brasil.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
29
1.3 Redução da oferta de drogas
A Política Nacional sobre Drogas, instituída pelo Decreto nº 9.761/2019,
nomeou a redução da oferta de drogas como um de seus principais
eixos de atuação, com ações prioritárias sumarizadas pelo Ministério
da Justiça e Segurança Pública.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
30
Com base no princípio da responsabilidade compartilhada, o combate
às drogas ilícitas vinculadas ao crime organizado deve priorizar as
regiões com maiores indicadores de homicídios.
Fonte: Divulgação/PRF.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
31
Dentre os principais termos técnicos e conceitos empregados no
texto do Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre a redução
da oferta de drogas que serão abordados ao longo dos tópicos deste
módulo, um deles é as operações especiais.
(MCRAVEN, 1996)
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
32
No contexto das polícias militares, as unidades de operações es-
peciais são representadas pelos Batalhões de Operações Especiais
(BOPEs). Por sua vez, no combate ao narcotráfico nos níveis federal
e internacional, destaque-se o Comando de Operações Táticas
(COT), da Polícia Federal.
saiba mais
Para saber mais, leia na íntegra a publicação da Joint Pub.
3-05 (disponível em: www.jcs.mil/Doctrine/DOCNET/JP-
3-05-Special-Operations).
dica de mídia
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
33
Você sabe o que significa a expressão latina ultima ratio? Ela é uma
das expressões mais conhecidas no contexto das operações especiais.
Lei nº 9883
de 7 de dezembro de 1999
Art. 1º
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
34
FiNALiDADES DA iSP
(DISPERJ, 2015)
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
35
Propõe uma linguagem especializada entre os profissionais da ativi-
dade de ISP, de modo que as relações de comunicação essenciais ao
seu exercício ocorram sem distorções ou incompreensões.
saiba mais
Ainda dentro da temática “inteligência”, para mais
informações sobre proteção de conhecimentos sensíveis
e sigilosos, bem como outros assuntos correlatos,
sugere-se a consulta ao “Caderno de Legislação da
Agência Brasileira de Inteligência” (disponível em:
https://www.gov.br/abin/pt-br/centrais-de-conteudo/
publicacoes/Col3v3.pdf).
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
36
Ou seja, é preciso adotar estratégias de cooperação mútua e de arti-
culação de esforços entre governo, iniciativa privada, terceiro setor
e cidadãos de modo geral, com foco na priorização de regiões que
apresentam taxas de homicídios mais elevadas. Em outras palavras,
os múltiplos atores envolvidos nos esforços de redução da oferta
de drogas devem agir de forma mais organizada que aqueles que
atuam na atividade criminal. Parafraseando as palavras de Rudy
Giuliani, ex-prefeito da cidade de Nova Iorque, já é tempo de as
ações de redução da oferta de drogas passarem a ser tão organizadas
quanto o crime organizado.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
37
Unidade 2
CRIME, ORGANIZAÇÕES
CRIMINOSAS E NARCOTRÁFICO
Contextualizando
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
38
O crime organizado passou a ser, individualmente, a maior
ameaça global desde o final da Guerra Fria.
| Perspectiva 1
Na primeira perspectiva, o que tornaria o crime organizado
seria a natureza dos crimes praticados ou os criminosos
por trás deles. Assim, para uma atividade ser classificada
como organizada, ela deveria apresentar um certo nível de
sofisticação, continuidade, racionalidade e dano.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
39
| Perspectiva 2
Na segunda perspectiva, não importam os crimes praticados
em si, o que importa é como os criminosos se vinculam e se
associam uns com os outros. “O crime organizado estaria
relacionado a qualquer grupo que possui alguma estrutura
formal cujo objetivo primeiro seja obter dinheiro oriundo de
atividades ilegais (FBI apud LAMPE, 2016).
| Perspectiva 3
A terceira perspectiva estaria relacionada à concentração de
poder ilegítimo nas mãos de criminosos. Assim, os criminosos
poderiam criar um tipo de governo no submundo criminoso
que controla, regula e taxa atividades ilegais.
| Perspectiva 4
A quarta perspectiva, chama-se condição sistêmica, que
acontece quando o crime organizado influencia as instâncias
legítimas das sociedade, ou as toma em acordo com a elite
política e financeira que governa um país. Nessa perspectiva, os
criminosos exerceriam influência sobre a sociedade legítima,
substituindo o governo formal ou estabelecendo alianças com
políticos corruptos e com a elite empresarial com a finalidade de
manipular a ordem constitucional em vantagem própria. Lampe
denomina essa perspectiva também de condição sistêmica.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
40
2° Estágio: Aquiescência
Ao perceber a incapacidade de adotar uma estratégia bem-sucedida
contra o crime organizado, o Estado seria forçado a aceitar a prevalência
de atividades ilegais daquelas organizações em seu território nacional.
4° Estágio: Encorajamento
Membros do Estado, beneficiários diretos das atividades ilícitas do
crime organizado, passariam a prevenir ou sabotar estratégias de
contenção, para garantir os benefícios por eles auferidos.
Fonte: La Parola.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
41
A condução de negócios ilícitos em um ambiente
favorável, permeado por corrupção, demanda de
mercado e suporte social.
Lei nº 12.850
de 2 de agosto de 2013
Art. 1°
Dentro das categorias sintetizadas por Klaus Von Lampe, nossa le-
gislação foca em definir organizações criminosas e em como os
criminosos vinculam-se uns aos outros.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
42
Até 2013, o conceito de grupo ou organização criminosa utilizado
pela área jurídica era extraído da Convenção de Palermo, a qual foi
internalizada no ordenamento jurídico pátrio pelo Decreto nº 5.015,
de 12 de março de 2004.
Decreto nº 5.015
de 12 de março de 2004
Art. 2° (alínea A)
Note que a definição antiga era mais rígida, pois alcançava grupos
formados por apenas três criminosos, diferentemente do atual requi-
sito mínimo para preenchimento do tipo penal atual, que considera
organização criminosa os grupos constituídos de quatro pessoas.
PODCAST transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
43
Assim como ocorre em organizações mafiosas mundo afora, o com-
portamento dissocial é uma marca bem presente na criminalidade
faccionada no Brasil. Organizações criminosas do narcotráfico, como
o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital, apresentam
rígidos códigos de hierarquia e disciplina reforçados por rituais e
protocolos não escritos que são reforçados pelo grupo o tempo todo,
quase sempre por estímulos negativos (punição).
saiba mais
Leia mais sobre a história do PCC e das facções criminosas,
seus códigos de ética e as regras de conduta dentro da
organização (disponível em: https://www.politize.com.
br/pcc-e-faccoes-criminosas/).
Agora, pense no que você viu até aqui e faça a seguinte reflexão:
NA PRÁTICA
A associação de quatro pessoas que, por meio da divisão
de tarefas, se utilizam do crime de tráfico de drogas para
enriquecimento ilícito configura uma organização criminosa,
cuja pena máxima é de 15 anos, nos termos da lei brasileira.
Por outro lado, por questão de política criminal, a associação
de pessoas visando à geração de lucros com o jogo do bicho é
caracterizada como contravenção penal, com pena máxima
de um ano e não configura uma ORCRIM.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
44
2.3. Narcotráfico/tráfico de drogas
Lei nº 11.343
de 23 de agosto de 2006
Art. 33.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
45
Pela leitura do texto legal, você pode concluir que o crime de tráfico
de drogas é tipificado no Brasil como um crime de múltiplas condutas.
Essas condutas são expressas pelos seguintes verbos:
||GEOGRAFIA DObrasil
geografia do BRASIL
VENEZUELA
COLÔMBIA GUIANA
SURINAME
GUIANA FRANCESA
EQUADOR
PERU
BRASIL
BOLÍVIA
PARAGUAI
CHILE
URUGUAI
ARGENTINA
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
46
Sobre o caráter transnacional do tráfico de drogas e a necessidade
de cooperação internacional para seu enfrentamento, vale a pena a
leitura do trecho sobre o assunto, presente no livro “Lei de Drogas
Comentada”, de César Dario Mariano da Silva (2010). Veja:
PODCAST transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
47
Unidade 3
ELEMENTOS HISTÓRICOS,
SOCIOECONÔMICOS E NORMATIVOS
DO CRIME ORGANIZADO E DO
NARCOTRÁFICO
Contextualizando
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
48
dica de mídia
Por mais direto e objetivo que seja o conceito empregado por Jennifer
Woodhull, aspectos relevantes envolvendo a violência acabam não
sendo contemplados.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
49
O que dizer da violência que é fruto da ameaça, como é o caso de
comunidades inteiras subjugadas por meio do medo por conta das
demonstração de força dos cartéis de drogas?
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
50
no quotidiano das cidades brasileiras, que, como já citado, se expan-
diram e continuam a se expandir rapidamente e de forma desordenada.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
51
Veja no próximo tópico os aspectos históricos e sociais do Brasil em
relação à criminalidade e ao fenômeno do tráfico de drogas. O que será
PODCAST transcrito
3.2 Caracterização da
criminalidade no Brasil
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
52
Veja a figura a seguir, extraída do relatório da Segurança Pública do
Projeto Brasília 2060 (IBICT, 2015).
Região Metropolitana
População
8.139.730 6.879.183 1.619.792 1.590.798 1.755.083 637.516
(1970)
Densidade
demográfica 1.024,0 1.395,10 112,4 162,3 634,1 19,8
(1970)
População
20.820.093 12.090.607 5.156.217 4.197.557 4.046.845 3.548.426
(2010)
Densidade
demográfica 2.621,20 2.452,00 357,7 428,2 1.462,00 110,3
(2010)
Crescimento
256% 176% 318% 264% 231% 557%
(1970-2010)
Fonte: IBGE.
A imagem sintetiza bem os números da expansão populacional em
seis das mais influentes regiões metropolitanas brasileiras, com
destaque para a Área Metropolitana de Brasília (AMB).
saiba mais
Veja o documento da Linha de Base do Projeto Brasília 2060
(disponível em: http://brasilia2060.ibict.br/wp-content/
uploads/2015/12/Linha-de-Base-Seguranca2.pdf).
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
53
Confrontando-se os dados relativos a recursos públicos com as esta-
tísticas criminais, observa-se que não foram apenas as taxas popula-
cionais, sobretudo em áreas metropolitanas, que dispararam no país.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
54
No período foram abordados assuntos como:
O atendimento às vítimas.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
55
RA 3.3 Peculiaridades do Sistema de
Enquadre no seu celular Justiça Criminal brasileiro
ou tablet o código de
REALIDADE AUMENTADA
do aplicativo Zappar Seja na perspectiva da repressão, seja na perspectiva da prevenção
para assistir ao vídeo das atividades do narcotráfico e do crime organizado, é necessário
com informações sobre
o Sistema de Justiça
considerar as peculiaridades do Sistema de Justiça Criminal pátrio.
Criminal brasileiro.
No Brasil, a atuação do Tribunal do Júri se limita aos crimes dolosos
contra a vida. Outras peculiaridades no país, e ainda mais marcantes,
se comparadas ao que ocorre nas demais nações, são a estética, a
organização e a abrangência territorial das polícias. No Brasil, con-
vivem instituições policiais de estética civil e militar, à semelhança
de países como Chile e Itália; porém, diferentemente desses países,
cujas polícias, em regra, possuem competência territorial nacional,
no Brasil as instituições policiais têm responsabilidade apenas no
nível de estados e municípios.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
56
A forma de organização das forças policiais, e por
consequência, a sua efetividade no controle do fenômeno
da criminalidade e da desordem, concomitante com a tarefa
de proteger e servir, pode ter uma relevância decisiva. Já
a importância do tema para as polícias militares, interna
corporis, deve-se ao fato que tal atributo, a condição militar,
marque a própria existência histórica de todas elas.
Investigação Em regra, realizada apenas por polícias Todo departamento de polícia possui um
judiciárias (Polícia Civil e Polícia Federal), segmento constituído de investigadores
principalmente para instruir o inquérito incumbidos de coletar evidências de
policial. A Polícia Militar conduz materialidade e autoria dos crimes
investigações sobre crimes militares, eventualmente registrados.
porém com foco em seu público interno.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
57
Os autores colocam a questão de forma bem prática ao comparar o
modelo policial brasileiro e o americano: nos EUA, todas as polícias
fazem o ciclo completo. Nesses termos, convém explicar a ideia de
ciclo completo, justamente por ser, talvez, a maior característica do
Sistema de Justiça Criminal brasileiro.
NA PRÁTICA
No Brasil, em regra, uma polícia efetua a prisão do traficante,
enquanto outra garante sequência ao caso. Essa sequência
inclui a lavratura do flagrante delito e a adoção das demais
medidas de polícia judiciária, tais como a condução de
investigações adicionais. Então, o conjunto probatório segue
para o Ministério Público oferecer a denúncia para o juízo
competente que julgará o caso.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
58
Constituição (1988)
(Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
Art. 144.
I. polícia federal;
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
59
Observe como essas informações se entrelaçam na prática:
PODCAST transcrito
(IBICT, 2015)
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
60
Esse sistema começa pela criação, por parte do Estado, de leis que
orientarão o convívio social. Essa função do Estado é exercida pelo
Poder Legislativo nos âmbitos federal, estaduais e municipais, bem
como por determinados órgãos da administração pública, quando
previsto em lei.
Art. 144
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
61
Assim, caberá também ao Estado, via sistema prisional, internar e
recuperar os condenados cujas penas envolvem privação de liber-
dade. Em caso de absolvição, o Sistema de Justiça Criminal haverá
cumprido, antecipadamente, o seu papel, não havendo mais motivo
para o desenvolvimento de ações (IBICT, 2015).
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
62
Referências
63
CARDOSO, L. E. D. O conceito normativo de crime na teoria econô-
mica de Gary Becker. Dissertação (Mestrado em Direito) – Centro de
Ciências Jurídicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Floria-
nópolis, 2018. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/
handle/123456789/186768/PDPC1391-D.pdf?sequence=-1. Acesso
em: 18 dez. 2020.
FERRIS, J.; WOOD, B.; COOK, S. Weekly dose: cocaine, the glamour
drug of the ’70s, is making a comeback. The Conversation, mar. 2018.
Disponível em: https://theconversation.com/weekly-dose-cocaine-
-the-glamour-drug-of-the-70s-is-making-a-comeback-88639.
Acesso em: 18 dez. 2020.
64
JORNAL O MOSSOROENSE. ‘Temos que descriminalizar todas as
drogas’, defende o advogado Kakay. O criminalista é o entrevistado
do Poder em Foco deste domingo (2), no SBT. 2020. Disponível em:
https://www.omossoroense.com.br/temos-que-descriminalizar-
-todas-as-drogas-defende-o-advogado-kakay-o-criminalista-e-
-o-entrevistado-do-poder-em-foco-deste-domingo-2-no-sbt/.
Acesso em: 12 fev. 2021.
65
SACHSIDA, A. et al. Inequality and criminality revisited: further evi-
dence from Brazil. Empirical Economics, v. 39, n. 1, p. 93-109, 2010.
THE DISPATCH. Movies, Culture, and Drug Addiction. The NYU Dis-
patch, Nova York, jan. 2018 Disponível em: https://wp.nyu.edu/
dispatch/2018/01/04/movies-culture-and-drug-addiction/. Acesso
em: 18 dez. 2020.
66
REALIZAÇÃO
MÓDULO 2
ECONOMiA DAS DROGAS,
DiNÂMiCA DO NARCOTRÁFiCO
E CRiMES CONEXOS
EXPEDIENTE
GOVERNO FEDERAL
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS
SECRETÁRIO NACIONAL
Paulo Gustavo Maiurino
PLANEJAMENTO E GESTÃO
Glauber da Cunha Gervásio
Carlos Timo Brito
Eurides Branquinho da Silva
CONTEUDISTAS
George Felipe Lima Dantas
Isângelo Senna da Costa
REVISÃO DE CONTEÚDO
Fernanda Flávia Rios dos Santos
Maria de Fátima de Moura Barros
APOIO
Kathyn Rebeca Rodrigues Lima
BY NC ND
labSEAD
COORDENAÇÃO GERAL
Luciano Patrício Souza de Castro
FINANCEIRO
Fernando Machado Wolf
SUPERVISÃO DE MOODLE
Andreia Mara Fiala
SECRETARIA ADMINISTRATIVA
Elson Rodrigues Natário Junior
Maria Eduarda dos Santos Teixeira
DESIGN INSTRUCIONAL
Supervisão: Milene Silva de Castro
Gabriel de Melo Cardoso
Márcia Melo Bortolato
Marielly Agatha Machado
DESIGN GRÁFICO
Supervisão: Douglas Luiz Menegazzi
Heliziane Barbosa
Juliana Jacinto Teixeira
Luana Pillmann de Barros
Vinicius Alves Jacob Simões
REVISÃO TEXTUAL
Cleusa Iracema Pereira Raimundo
PROGRAMAÇÃO
Supervisão: Alexandre Dal Fabbro
Cleberton de Souza Oliveira
Thiago Assi
AUDIOVISUAL
Supervisão: Rafael Poletto Dutra
Fabíola de Andrade
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Renata Gordo Corrêa
TÉCNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Dalmo Tsuyoshi Venturieri
Wilton Jose Pimentel Filho
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 73
REFERÊNCIAS 147
APRESENTAÇÃO
RA Olá, cursista!
Este módulo foi pensado para que você possa caminhar por essas e
outras áreas do conhecimento. Mas, acima de tudo, vai levá-lo a uma
espécie de passeio entre os diferentes níveis de análise exigidos pelos
complexos temas: crime organizado e tráfico de drogas.
Objetivos do módulo
Curso FRoNt
73
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
UNIDADE 1
LÓGICA DE MERCADO (NÍVEL
MACRO): PRODUÇÃO, DISTRIBUIÇÃO
E CONSUMO DE DROGAS
Contextualizando
Curso FRoNt
74
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Os compradores
Os usuários de drogas. Algumas vezes, dependentes químicos
(eventualmente adoecidos e ao menos temporariamente
incapazes).
Curso FRoNt
75
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Gary Becker (1930-2014).
Foto: © [Songman Kang] / Future Lear.
Curso FRoNt
76
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
presença de cocaína muito baixa
Curso FRoNt
77
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
dica de mídia
A colheita de coca:
https://www.youtube.com/watch?v=9MRd7DDLGjk
A preparação da cocaína:
https://www.youtube.com/watch?v=NxVKm6v8nEM
O tráfico de drogas:
https://www.youtube.com/watch?v=-E7rQs5Ly7U
O uso de drogas:
https://www.youtube.com/watch?v=ddYJ5kQffLE
saiba mais
Veja uma matéria sobre um brasileiro que criou um
aplicativo para encontrar parceiros usuários de maconha,
disponível em: https://www.opovo.com.br/noticias/
tecnologia/2015/05/brasileiro-cria-aplicativo-para-
encontrar-parceiros-de-maconha.html.
Curso FRoNt
78
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Uma regra econômica que parece se amoldar bem à complexidade
do mercado das drogas é a elasticidade no preço de seus produtos.
Mankiw (2009) entende elasticidade como uma medida do
quanto compradores e vendedores respondem a mudanças nas
condições de mercado.
Nos mercados legais existem produtos conhecidos por sua alta sen-
sibilidade na demanda em relação às variações de preço. Os produtos
de luxo são um exemplo dessa categoria, também conhecida por sua
demanda elástica (a demanda diminui com preços maiores).
Curso FRoNt
79
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
| elasticidade da oferta e demanda
DEMANDA DEMANDA DE
PERFEiTAMENTE DEMANDA ELASTiCiDADE
iNELÁSTiCA iNELÁSTiCA UNiTÁRiA
Y Y Y
P2 P2 P2
P1 P1 P1
X X X
Q1 Q2 Q1 Q2 Q1
DEMANDA
DEMANDA PERFEiTAMENTE
ELÁSTiCA ELÁSTiCA
Y Y
P2 P1
P1
Q2 Q1 X Q2 Q1 X
Curso FRoNt
80
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Segundo o conteúdo, intitulado “O problema das drogas nas Amé-
ricas: estudos, a economia do tráfico de drogas”, a quantidade
consumida é influenciada por mudanças nos preços das drogas.
Mais ainda, a quantidade de consumidores também seria afetada
pela variação no preço das drogas. O trabalho traz um importante
parâmetro para uma melhor compreensão do tema. A elasticidade
da demanda seria expressa pelo percentual total de mudança no
consumo (demanda) de um determinado produto diante da variação
de 1% em seu preço. Para a cocaína e a maconha, a elasticidade da
demanda seria estimada em aproximadamente -0,5%. Ou seja,
a demanda por essas drogas tende a cair 0,5% quando o preço au-
menta em 1%. Tal elasticidade seria semelhante ao que se observa
com a relação ao preço-demanda do tabaco.
Curso FRoNt
81
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
para reduzir o suprimento dos insumos químicos da metanfetamina
teriam triplicado temporariamente seu preço, causando impacto
inclusive na sua pureza, reduzida de 90% para 20%. Ademais, as
ocorrências de internações hospitalares envolvendo metanfetaminas
diminuíram cerca de 50%, e o uso dessa substância entre presos caiu
em média 55%. Contudo, nos quatro meses que se seguiram depois
das operações governamentais, os índices retornaram aos patamares
anteriores tão logo os preços caíram e a pureza da droga se elevou
(ORGANIZATION OF AMERICAN STATES, 2013, tradução nossa).
OS LUCROS DOS
NARCOTRAFiCANTES CRESCEM,
OS PREÇOS DAS DROGAS
BEM COMO O AUMENTO DA MÃO
AUMENTAM E A ELASTiCiDADE DOS
DE OBRA USADA NA LOGÍSTiCA
PREÇOS É MENOR QUE 1%
DA PRODUÇÃO E DA
DiSTRiBUiÇÃO DAS DROGAS
Curso FRoNt
82
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
explicações, inclusive, para os principais fatores que determinam
as escolhas voluntárias ou mesmo a “rendição” dos indivíduos ao
consumo de drogas.
É importante que você saiba que, à medida que a maconha tem sido
legalizada para propósitos medicinais em mais estados americanos,
mais pessoas têm se disponibilizado a experimentar essa droga
(BEZRUTCZIK, 2019).
Podcast transcrito
Curso FRoNt
83
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Atualmente, a plataforma informa que o custo médio
da Cannabis tem aumentado mais rapidamente do
que a inflação. Os preços da maconha nas ruas norte-
americanas alteram de acordo com variáveis econômicas,
como oferta, demanda e qualidade. Porém, os aspectos
legais também produzem impacto nesse mercado.
Curso FRoNt
84
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
A maior parte desse volume (84%) foi cultivada no Afeganistão, onde
a tendência de cultivo permaneceu estável. Outrora responsáveis pelo
aumento na área cultivada de ópio, em 2018 e 2019, Mianmar e Afega-
nistão lideraram a queda global em sua produção. Entretanto, em que
pese a redução da área cultivada, a quantidade produzida de opioides
ilegais permaneceu estável em 7,610 toneladas em 2019. Isso significa
que os traficantes estão atingindo ganhos maiores em produtividade.
Curso FRoNt
85
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
| cultivo global de coca e fabricação de cocaína (1998-2018)
300,000 2,000
Cultivo global de coca (hectares)
Fabricação de cocaína
180,000 1,200
869
120,000 800
60,000 400
0 0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
1998
1999
Curso FRoNt
86
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Ainda há que se destacar o fato de que, ao contrário do que ocorre com a
planta de coca, o cultivo da erva Cannabis já foi liberado em vários países.
saiba mais
Você pode conferir a matéria completa sobre esse
incêndio na Austrália aqui, disponível em: https://metro.
co.uk/2019/11/18/australian-bushfire-started-man-
wanted-protect-cannabis-crop-11175202/
1.2.2 Distribuição
Curso FRoNt
87
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Determinados indivíduos – pessoas com alguma caracterização
pessoal ou de padrão gestual típico do uso ou do tráfico de
drogas ilícitas.
Distribuir, adquirir e consumir drogas pode ser algo bastante fluido aos
olhos de um desavisado que não conhece a trilogia simbólica evocativa
de “lugares, coisas e pessoas”. Essa trilogia é citada na doutrina da
organização “Narcóticos Anônimos” como algo a ser evitado.
Curso FRoNt
88
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Ainda assim a distribuição de drogas manteve seus canais clássicos
(associados a lugares, coisas e pessoas), aos quais foram acrescidas
redes cujos usuários estão protegidos (tal qual a cidadania inteira)
pelos mais diversos instrumentos legais, resguardados por uma
série de institutos do Direito em geral, mais particularmente no
que concerne às garantias e direitos individuais. Surge assim uma
“criminalidade em rede”.
Curso FRoNt
89
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Há expressões no mundo inteiro para representar o fenômeno da
criminalidade em rede, veja a notícia veiculada pela rede BBC britânica
intitulada “Centenas de pessoas presas durante o cracking da rede de
bate-papo sobre crime”.
(BBC, 2020)
saiba mais
Você pode conferir a matéria na íntegra disponível em:
https://www.bbc.com/news/uk-53263310
Curso FRoNt
90
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Veja os principais fluxos do tráfico de Cannabis na Europa:
PAÍSES
BAiXOS
REPÚBLiCA TCHECA
ALBÂNiA
Curso FRoNt
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
O documento também previu que as organizações corromperam líderes
de Estados instáveis, economicamente frágeis ou em decadência.
Além disso, se insinuaram em bancos e empresas em dificuldades,
cooperando com movimentos políticos insurgentes para controlar
áreas geográficas substanciais.
(DANTAS, 2010)
Curso FRoNt
92
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
UNIDADE 2
LÓGICA DE MERCADO
(NÍVEL MICRO)
contextualizando
Curso FRoNt
93
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Jeremy Bentham.
Foto: © [Georgios Kollidas] / Adobe Stock.
Podcast transcrito
Curso FRoNt
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Por fim, ressalte-se que há correntes da Criminologia que
simplesmente rejeitam a simples hipótese da existência do
crime em si. A Criminologia Crítica, por exemplo, acredita
que o crime não passa de uma convenção discursiva que
visa justificar a dominação das classes dominantes sobre as
classes exploradas. De toda sorte, percebe-se, na maioria das
correntes criminológicas, a busca pelos elementos endógenos
(internos ao indivíduo) e exógenos (externos ao indivíduo)
que predispõem uma pessoa a escolher, como diz a linguagem
poética dos penalistas, a senda (caminho) do crime.
Antropologia Psicologia
Cultura Decepção Influência Personalidade
Sociologia
Economia
Conformidade
Religião Crença
Obediência
Redes sociais
Biologia
História Neurociência
Ciências Políticas
Tendências globais
Curso FRoNt
95
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
as Ciências Sociais e as Ciências Comportamentais, por meio de
relevantes pesquisas empíricas sobre o tema.
Curso FRoNt
96
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
“POR QUE OS
DELiNQUENTES
DO COLARiNHO
BRANCO NÃO
SÃO PUNiDOS?”
EDWiN SUTHERLAND
Curso FRoNt
97
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
pode ajudar a descortinar a prática do comércio de drogas no varejo
a partir dos locais em que esses crimes são praticados.
Podcast transcrito
Curso FRoNt
98
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
prontamente sacrifica seu interesse pessoal em prol do
interesse coletivo. Para ilustrar, imagine o que acontece
com a violência em estádios de futebol. Existe uma
conformidade de comportamento agressivo entre pessoas
que não se conhecem.
Curso FRoNt
99
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Nos anos seguintes, Asch continuou a realizar pesquisas sobre confor-
midade, e seus experimentos revelaram alguns elementos que estão
diretamente relacionados com esse fenômeno. Assim, conclui-se que:
O Experimento de Milgram.
Foto: Visão.
Curso FRoNt
100
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Podcast transcrito
saiba mais
A Ciência da Influência Social, dedicada a tratar do evento
em detalhes, é disponibilizada em português. Você
pode tomar conhecimento de tudo visitando a página
do Experimento da Prisão de Stanford, disponível em:
https://www.prisonexp.org/portuguese-1.
Curso FRoNt
101
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
O estudo foi conduzido por uma equipe liderada por Philip Zimbardo,
em 1971, no subsolo de um dos prédios da Universidade de Stanford.
Assim como no caso de Milgram, os participantes foram recrutados
por um anúncio de jornal que oferecia 15 dólares para os voluntários
a participarem de um estudo sobre unidades prisionais. Vinte quatro
jovens, brancos, de classe média e sem nenhum problema de saúde
foram selecionados para tomar parte no experimento.
Curso FRoNt
102
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
ao serem submetidas a determinadas circunstâncias, são capazes de
cometer as mais cruéis barbaridades contra seus semelhantes.
dica de mídia
Curso FRoNt
103
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
ANOS 1970 1981
CiRURGiAS, Atendia em dois É condenado a 53 anos
CRiMES E FUGAS consultórios e era de detenção por vários
assistente de Ivo crimes: roubo de aviões,
Pitanguy, um dos maiores contrabando de
A trajetória de Hosmany, cirurgiões plásticos do automóveis, tráfico de
de médico brilhante a mundo. Vivendo em um drogas e assassinato do
assassino condenado apartamento de luxo em piloto Joel Avon. Depois
Copacabana, no Rio, de fugir do presídio, é
- e finalmente solto.
começa a traficar drogas encontrado no Paraguai.
internacionalmente.
2016
saiba mais
Você pode acessar a matéria na íntegra disponível em:
http://redeglobo.globo.com/Linhadireta/ 0,26665,GIJ0-
5257-215694,00.html
Curso FRoNt
104
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Como visto no estudo de Asch, a pressão do grupo não necessariamente
precisa ser explícita para que uma pessoa deliberadamente faça uma
escolha errada. Portanto, intuitivamente já é fácil imaginar como
as pessoas estão sujeitas à influência de grupos de pertença, como
familiares, vizinhos, colegas nas escolas e universidades, e amigos
de trabalho. Indo além da intuição, estudos vêm demonstrando a
validade dos achados de Asch.
Curso FRoNt
105
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
No experimento das linhas e em suas inúmeras repetições e varia-
ções, Asch e vários pesquisadores mostraram que grupos formados
instantaneamente também produzem efeitos significativos no com-
portamento dos indivíduos. Ou seja, o que ocorre em uma festa ou em
um passeio de férias, por exemplo, pode determinar todo o futuro
de um indivíduo. Isso ainda é mais significante quando se imagina
que a primeira experiência de uma pessoa com drogas ilícitas, ou
mesmo com a prática de algum crime ligado ao mercado de drogas,
pode acontecer justamente em uma dessas circunstâncias.
Curso FRoNt
106
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
dica de mídia
Curso FRoNt
107
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Livre comércio de drogas na UnB: conivência
ou falta de policiamento?
Foto: Metrópoles (2018).
Curso FRoNt
108
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Assim, assume-se neste curso que o desenvolvimento de abordagens
baseadas em evidências científicas para o enfrentamento do tráfico
e do consumo de drogas ilícitas e suas consequentes mazelas, nas
universidades e em todos os outros lugares, é uma necessidade
atual e imediata.
Podcast transcrito
Curso FRoNt
109
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Na figura abaixo, você pode observar o modelo da TCP de forma gráfica:
ATiTUDES EM RELAÇÃO
AO COMPORTAMENTO
iNTENÇÃO DE
NORMA SUBJETiVA COMPORTAMENTO COMPORTAMENTO
CONTROLE PERCEBiDO
DO COMPORTAMENTO
Nesse sentido, por exemplo, uma pessoa pode ter uma atitude po-
sitiva em relação a um determinado político e negativa em relação
a outro. Já na Segurança Pública, uma pessoa pode ter uma atitude
positiva ante o porte irrestrito de armas e uma atitude negativa ante
a legalização da venda de drogas.
Curso FRoNt
110
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
as quais podem influenciar a forma de pensar de quem está ao seu
redor.” (AJZEN, 2008).
Curso FRoNt
111
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
NA PRÁTICA
O pesquisador, em sua obra de referência, observa que
mais de três de cada quatro policiais (parte da amostra de
uma enquete por ele desenvolvida), declararam que não
denunciariam outro policial por receber dinheiro de um
preso, e que tampouco testemunhariam contra ele, caso fosse
acusado posteriormente por isso. Tal atitude seria parte do
famoso “código de silêncio”, aspecto da cultura ocupacional
antagônico ao controle da corrupção policial.
Curso FRoNt
112
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Veja a seguir alguns estudos empregados com a variável:
SKRZYPiEC (2017)
Empregou a variável fortalecimento da reputação (reputation
enhancement) como um fator entre a variável e a intenção de
engajamento de jovens em atividades criminais.
Curso FRoNt
113
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
com o tráfico, sustentar o vício ou mesmo levantar recursos para
as organizações criminosas das quais seus autores fazem parte.
Em outras palavras, muitas vezes “o crime (comum) é um meio de
garantir o bom funcionamento do mercado de drogas.” (WEISBURD;
GREEN; ROSS, 1994).
Atitude favorável
Norma subjetiva
Curso FRoNt
114
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Intenção
Comportamento
Avance para o tópico a seguir e veja como alguns fatores podem estar
diretamente relacionados com o envolvimento no tráfico de drogas.
2.3 Vulnerabilidades
socioeconômicas e outros
preditores do envolvimento com
o tráfico de drogas e o crime
organizado
Isso se torna ainda mais significativo, uma vez que as pesquisas re-
velam que, embora os números da criminalidade saltem aos olhos,
apenas uma pequena parcela da população realmente se envereda pelo
caminho do crime. Portanto, os esforços do governo e da sociedade se
tornam mais eficazes se direcionados a fatores de risco relacionados
a públicos específicos.
Curso FRoNt
115
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Observe a imagem a seguir:
| princípio de pareto
20%
80%
=
Princípio de Pareto: sustenta que a expressão 80%
majoritária dos resultados de muitos
80%
fenômenos (80%) resulta de esforços 20%
quantitativamente minoritários (20%) de 20%
um conjunto de variáveis independentes.
Categoria indivíduo
Os fatores que mais se sobressaíram
foram baixa empatia e baixo
autocontrole.
Categoria família
Destacaram-se violências físicas e
rejeição parental.
Curso FRoNt
116
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Domínio escolar
Os principais fatores encontrados
foram reprovação e evasão escolar.
Categoria pares
Verificou-se que fatores de risco se
mostraram bastante influentes no final da
adolescência e no início da vida adulta.
Domínio bairro/
comunidade
Trabalhos pesquisados revelaram o
poder da influência da desordem e da
criminalidade.
Curso FRoNt
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Um dos estudos realizados no Brasil mostrou que os adolescentes
glossário abusadores de álcool possuem duas vezes mais chances de se envolver
com a criminalidade violenta que os adolescentes que não têm a
mesma experiência daqueles que passam por problemas com o álcool.
“Aviãozinho” é um dependente químico Por exemplo, esse é um resultado que está em linha com o que foi
que “trabalha” para traficantes, fazendo encontrado em uma pesquisa no estado do Texas, nos Estados Unidos.
a entrega de droga por dinheiro ou
em troca de pequenas porções para o Outro fator abordado pelos autores na categoria indivíduo é o histórico
consumo próprio. com o crime. Pessoas que se envolveram com o crime na adolescência
revelaram ter muito mais chances de seguir a trajetória do crime na
vida adulta. Isso é bastante significativo na realidade brasileira, onde
adolescentes são utilizados pelo narcotráfico tanto para servirem
como “aviõezinhos” quanto para executarem os atos de justiçamento
dos “tribunais do crime”.
saiba mais
Para que você possa compreender melhor o que são os
“tribunais do crime”, acesse esta matéria na íntegra,
disponível em: https://www.midiamax.com.br/
policia/2020/adolescente-que-matou-jovemem-
tribunal-do-crime-e-flagrado-com-carro-furtado
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
No domínio escola, reprovações e expulsões se mostraram como os
fatores mais impactantes para um futuro envolvimento com a de-
linquência. Adolescentes que passaram por esse tipo de experiências
foram identificados como tendo até cinco vezes mais chances de se
envolver com crimes violentos. Outros fatores importantes que podem
ser detectados no ambiente escolar são as agressões a professores e a
desorganização. Alunos que possuem histórico de agressões a profes-
sores ou que estão em ambientes escolares marcados pela desordem
mostraram-se mais propensos a cometerem crimes fora da escola.
Por ora, destaca-se que esses resultados podem ser explicados pelo
fenômeno da norma subjetiva. Em outras palavras, os resultados
estatísticos e os fenômenos psicológicos estudados até o momento
parecem corroborar um famoso dito popular, que precisa apenas de
uma adaptação ao contexto das ciências comportamentais: “diga-me
com quem tu andas, e te direi como tu te comportas”.
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Finalmente, a pesquisa de Komatsu e Bazon (2018) informa que, na
categoria bairro/vizinhança, os principais fatores de risco são a desor-
ganização e o ambiente criminal. Sobre o assunto, os autores registram:
Siga para a próxima aula, nela você verá algumas reflexões sobre as
subculturas criminais.
Nas aulas anteriores desta unidade, foi traçada uma visão panorâmica
da criminologia e também dos fenômenos psicossociais e de suas
relações com variáveis que possuem influência sobre o engajamento
das pessoas com crimes como o tráfico de drogas. Nesta última aula
da Unidade 2, iremos contemplar aspectos relacionados ao envolvi-
mento com a criminalidade no nível dos indivíduos, de seus grupos
e ambientes imediatos. Contudo, serão incorporadas reflexões sobre
elementos atinentes a variáveis e fenômenos de outras perspectivas
como a econômica, a social e a cultural.
Podcast transcrito
Curso FRoNt
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
criminal também seria aprendido pelo contato estreito
entre os membros de um determinado grupo, conforme
citado nos Princípios da Aprendizagem Diferencial
de Sutherland. Já a visão de Merton se inspirava no
princípio da anomia de Émile Durkheim. Para Merton, ao
compartilhar do sonho americano, mas não possuir os
recursos para realizá-lo, os indivíduos mais vulneráveis
da sociedade passariam a produzir adaptações visando
o equilíbrio entre objetivos e meios. O crime, portanto,
seria apenas uma dessas adaptações.
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
saiba mais
Você sabia que hoje em dia, no Brasil, é possível
encontrar evidências de padrões de linguagem de
subculturas criminais no exemplo do uso de tatuagens por
criminosos? O capitão da Polícia Militar da Bahia, Alden
José Lázaro da Silva, realizou uma extensa pesquisa que
constatou que 60% dos presidiários possuíam tatuagens
em seus corpos, disponível em: http://front.senad.ufsc.
br/frontM1SL1/
Para encerrar esta aula, vale relatar a experiência de Boston, nos Estados
Unidos, em mais um momento de encontro entre a subcultura criminal
envolvendo a juventude e seu encontro com espécies de drogas recém-
-chegadas no mercado. O que podemos chamar de um case de sucesso.
Podcast transcrito
Curso FRoNt
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Uma das experiências mais exitosas de Boston com o policiamento
comunitário ocorreu em meados dos anos noventa com o cha-
mado Boston Gun Project’s Operation Ceasefire. O projeto envolveu
duas frentes principais. Uma das frentes envolveu a distribuição de
panfletos em comunidades que tinham problemas com gangues,
informando que qualquer ato de delinquência geraria consequên-
cias imediatas a seus autores. Essa medida buscava a mudança das
normas subjetivas entre os jovens.
O reconhecimento do poder
do grupo na modulação do
comportamento.
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
UNIDADE 3
REDUÇÃO DA DEMANDA
E DA OFERTA DE DROGAS
contextualizando
Nesta unidade, você terá a oportunidade de aprofundar seus conhe-
cimentos acerca de como os fenômenos e as abordagens da Unidade
2 podem ser articulados com aplicações práticas para a redução da
demanda e da oferta de drogas.
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
“Após a retirada do crack, quando o indivíduo quer obter o
prazer mais uma vez ou, pelo menos, não quer mais sentir o
desconforto de ficar sem o crack: ‘A fissura, ela vem quando
você perde aquela sensação de prazer que estava sentindo,
tipo, você fumou, você está sentindo um puta (sic) prazer,
está um puta (sic) negócio legal, gostoso. Do nada, ela pára.
(...) você quer sempre aquele prazer de novo.’ (...).”
Veja o que diz o Código Civil Brasileiro, no art. 4º, inciso II:
A lei brasileira, inclusive, prevê que aqueles que, por causa transi-
tória ou permanente não puderem exprimir a sua vontade, fiquem
sujeitos à assistência de curador nomeado judicialmente. Isso vale
para o embriagado, o usuário de crack e também para alguém que
esteja tendo alucinações provocadas por LSD.
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Uma notícia publicada pelo jornal “O Globo” apresenta informações
de que, nos últimos anos, o requerimento de benefícios ao INSS au-
mentou em 256%. Isso significa que o consumo de drogas cresce de
forma alarmante, bem como afasta milhares de brasileiros de seus
trabalhos e aumenta a pressão sobre os recursos humanos, materiais
e orçamentários da Previdência pública.
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Na medicina, nem mesmo as drogas escaparam à influência da mitologia
grega. O mais conhecido narcótico do grupo dos opioides, a morfina,
obteve seu nome de Morfeu, o deus grego dos sonhos. (VIANA, 2010).
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
| Fatores de risco para uso | fatores protetivos vis-à-vis
prejudicial de drogas o uso de substâncias
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Decreto nº 9.761
de 11 de abril de 2019
As ações de segurança pública, defesa, inteligência, regulação de
substâncias precursoras, de substâncias controladas e de drogas
lícitas, repressão da produção não autorizada, de combate ao tráfico
de drogas, à lavagem de dinheiro e crimes conexos, inclusive por meio
da recuperação de ativos que financiem ou sejam resultados dessas
atividades criminosas.
Fomento,
Gestão de modernização,
ativos capacitação e
criminais fortalecimento
das polícias
Apreensão de
bens pelas
polícias
Curso FRoNt
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Podcast transcrito
Curso FRoNt
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
saiba mais
No início de 2021 a Polícia Rodoviária Federal publicou
resultados operacionais apontando recordes de apreensões
e redução da violência no trânsito em 2020, impactando
também na logística do crime organizado. Veja a notícia
completa e os quadros comparativos sobre apreensões de
drogas, disponível em: https://www.gov.br/prf/pt-br/
noticias/nacionais/resultados-operacionais-da-prf-
apontam-recordes-de-apreensoes-e-reducao-da-
violencia-no-transito-em-2020
Lei nº 13.886
Art. 3º.
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
§ 1º As armas de fogo e munições apreendidas em decorrência do
tráfico de drogas de abuso, ou de qualquer forma utilizadas em
atividades ilícitas de produção ou comercialização de drogas abusivas,
ou, ainda, que tenham sido adquiridas com recursos provenientes
do tráfico de drogas de abuso, perdidas em favor da União e
encaminhadas para o Comando do Exército, devem ser, após perícia
ou vistoria que atestem seu bom estado, destinadas com prioridade
para os órgãos de segurança pública e do sistema penitenciário da
unidade da federação responsável pela apreensão.
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Esse é um exemplo de vigilância física que, em atividades típicas de
polícia judiciária, se as autoridades suspeitarem que alguém está
envolvido em atividades ilícitas podem recorrer ao ato de segui-lo.
Roteamento de
conversação humana Câmeras embarcadas Dispositivo de Telefones móveis
usando a internet ou em veículos identificação de
qualquer outra rede de radiofrequência
computadores baseada
Dispositivos de
no Protocolo de Internet Circuito fechado de TV monitoramento de
(VOIP - Voice over (CCTV) teclados (keystroke
Internet Protocol) Dispositivo para
monitoring)
leitura de informação
biométrica
Câmeras corporais
(ex.: leitura de retina)
Tipos e exemplos de
Dispositivos de escuta
vigilância eletrônica
(ex.: escuta ambiental)
Câmeras infravermelhas Telefones portáteis
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Um tipo de vigilância essencial para a atividade de ISP contra o nar-
cotráfico e o crime organizado é a vigilância eletrônica, a qual tem
natureza intrusiva, principalmente quando realizada por meio de
escuta eletrônica. O UNODC orienta que, nos países em que for per-
mitida, a vigilância eletrônica só pode ser considerada quando os
meios menos invasivos tiverem sido esgotados ou ineficazes, ou
quando nenhuma alternativa razoável para obter provas possa ser
oferecida, dadas as circunstâncias do caso.
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
O Decreto nº 9.662, de 1º de janeiro de 2019, Anexo I, ao descrever
as competências da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas
(SENAD), já antecipava a guinada da expressão legal da Política sobre
Drogas no país. Note que esse decreto foi editado em janeiro de 2019,
enquanto o Decreto nº 9.761/2019 seria editado em abril e a Lei nº
13.886/2019 somente viria a ser promulgada em outubro daquele ano.
Decreto nº 9.662
de 1º de janeiro de 2019
Anexo I.
Por fim, repare que essas atribuições da SENAD estão em linha com
o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16, da Organização das
Nações Unidas, particularmente a meta 16.4, qual seja:
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
UNIDADE 4
LAVAGEM DE DINHEIRO
E FINANCIAMENTO DE
ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS
Contextualizando
4.1. Financiamento de
organizações criminosas
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
que ele define como crimes lucrativos ou econômicos (furto, tráfico de
drogas, entre outros) não se reconhecem como vítimas da sociedade.
saiba mais
Para saber mais sobre os estudos do professor Shikida,
assista à entrevista que ele concedeu ao programa
“Dentro da Lei” do canal da Gazeta do Povo no
YouTube, disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=6XhzpU1-hcU&feature=youtu.be.
Curso FRoNt
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Foto: © [Elroi] / Adobe Stock.
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138
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Assim, em que pese praticamente toda a produção da folha de coca
ocorrer nos países andinos, vizinhos do Brasil, o processamento
de seu princípio ativo para a obtenção da cocaína e derivados pode
ocorrer em qualquer lugar do mundo. Nesses termos, nem mesmo
a Europa, distante geograficamente dos centros produtores da
folha de coca, escapa da produção de cocaína e derivados entre suas
fronteiras. A situação se torna ainda mais grave dado o pacote de
crimes conexos que acompanham o mercado das drogas ilegais.
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139
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Ademais, para financiar e desenvolver seus “negócios”, o tráfico de
drogas, além da corrupção, se utiliza de um emaranhado de outros
crimes na UE.
Lei nº 9.613/1998
Art. 1º.
Curso FRoNt
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Diante do que estamos estudando, leia o verso abaixo da
música “Pecado Capital”, de Paulinho da Viola.
É vendaval
Na vida de um sonhador
De um sonhador
E cai da cama
E a grandeza se desfaz
Alguém já falou
Podcast transcrito
Curso FRoNt
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Sobre a tríplice fronteira sul do Brasil, o artigo indica que
essa é uma região conhecida pelos crimes de tráfico de
armas, tráfico de drogas, contrabando, fraude monetária,
lavagem de dinheiro e fabricação e transporte de
mercadorias pirateadas. Mas não apenas isso, também
é chamada a atenção para os vários relatórios de
inteligência à época que mencionaram o fato de que a
América Latina poderia ser palco de atividades de grupos
como Hamas, Hezbollah e Al Qaeda. Ou seja, como os
próprios autores concluem: “o potencial de colaboração
entre criminosos brasileiros e terroristas estrangeiros
é possível, senão provável.” Esse cenário parece ainda
mais factível diante das ações do narcoterrorismo na
fronteira norte e noroeste do Brasil, região bem próxima
de onde facções criminosas do narcotráfico realizaram
decapitações e extrações de corações de inimigos no
epicentro da crise dos presídios em 2019. Isso sim está
dentro do estereótipo dos grupos terroristas retratados
com frequência pela mídia, como o Estado Islâmico.
dica de mídia
Não obstante ao que já foi apresentado nesta aula, talvez você ainda
esteja se perguntando: por que tratar de terrorismo dentro de um
curso de narcotráfico e crime organizado, ainda mais quando o tópico
é lavagem de dinheiro?
Curso FRoNt
142
MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Essa, sem dúvida, é uma questão legítima, e a ex-tradutora do FBI,
Sibel Edmonds (2020), a responde de forma bem direta:
(EDMONDS, 2020).
Por incrível que pareça, talvez o criminoso que possua o modus operandis
mais semelhante ao terrorista quando o assunto é lavagem de dinheiro
seja o corrupto. O corrupto, diferentemente da maioria dos chefes do
tráfico, não vive escondido. Pelo contrário, tal qual o terrorista, ele
busca se inserir o mais intrinsecamente possível no tecido social.
Curso FRoNt
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Mansões dos chefões da Rocinha são
ilhas de luxo na favela.
Foto: Veja (2011).
A legislação prevê pena de três até dez anos de reclusão e multa para
esse tipo de prática. Também prevê penas maiores para os casos nos
quais o crime ocorra de forma reiterada ou por intermédio de orga-
nização criminosa. A reprimenda pode ser ainda maior a depender
de fatores como o cometimento de outros crimes e a associação de
seus autores com outros criminosos. Contudo, se o autor do crime
colaborar espontaneamente com a Justiça, sua pena pode ser reduzida
em até ⅔, além de poder contar com outras alternativas de pena que
não seja a reclusão em presídio.
Lei nº 9.613
de 3 de março de 1998
Art. 1º.
Curso FRoNt
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa (redação dada pela
Lei nº 12.683, de 2012).
Curso FRoNt
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
As características gerais do perfil do demandante por drogas e do
perfil do ofertante de drogas.
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MÓDULO 2 - ECONOMIA DAS DROGAS, DINÂMICA DO NARCOTRÁFICO E CRIMES CONEXOS
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In: Arte Médica, 14 out. 2010. Disponível em: http://medicineisart.
blogspot.com/2010/10/origem-do-palavra-morfina-morfeu-de.
html. Acesso em: 4 jan. 2021.
157
REALIZAÇÃO
MÓDULO 3
ORGANiZAÇÕES CRiMiNOSAS
NO EXTERiOR
EXPEDIENTE
GOVERNO FEDERAL
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS
SECRETÁRIO NACIONAL
Paulo Gustavo Maiurino
PLANEJAMENTO E GESTÃO
Glauber da Cunha Gervásio
Carlos Timo Brito
Eurides Branquinho da Silva
CONTEUDISTAS
George Felipe Lima Dantas
Isângelo Senna da Costa
REVISÃO DE CONTEÚDO
Fernanda Flávia Rios dos Santos
Maria de Fátima de Moura Barros
APOIO
Kathyn Rebeca Rodrigues Lima
BY NC ND
labSEAD
COORDENAÇÃO GERAL
Luciano Patrício Souza de Castro
FINANCEIRO
Fernando Machado Wolf
SUPERVISÃO DE MOODLE
Andreia Mara Fiala
SECRETARIA ADMINISTRATIVA
Elson Rodrigues Natário Junior
Maria Eduarda dos Santos Teixeira
DESIGN INSTRUCIONAL
Supervisão: Milene Silva de Castro
Gabriel de Melo Cardoso
Márcia Melo Bortolato
Marielly Agatha Machado
DESIGN GRÁFICO
Supervisão: Douglas Luiz Menegazzi
Heliziane Barbosa
Juliana Jacinto Teixeira
Luana Pillmann de Barros
Vinicius Alves Jacob Simões
REVISÃO TEXTUAL
Cleusa Iracema Pereira Raimundo
PROGRAMAÇÃO
Supervisão: Alexandre Dal Fabbro
Cleberton de Souza Oliveira
Thiago Assi
AUDIOVISUAL
Supervisão: Rafael Poletto Dutra
Fabíola de Andrade
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Renata Gordo Corrêa
TÉCNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Dalmo Tsuyoshi Venturieri
Wilton Jose Pimentel Filho
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 164
REFERÊNCIAS 247
APRESENTAÇÃO
Olá, cursista!
Objetivos do módulo
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 164
Unidade 1
O CRIME ORGANIZADO COMO
FENÔMENO LOCAL E GLOBAL
Contextualizando
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 165
Os efeitos desse fenômeno são complexos, multifacetados e diver-
gentes. Isso porque, por um lado, esse dinamismo resultou, nas
últimas décadas, em aumento da renda global geral e em redução
de conflitos armados entre os países; por outro lado, há evidências
inquestionáveis de que tais interações intensificadas têm gerado
inúmeros efeitos danosos, tais como degradação ambiental, crises
financeiras e, evidentemente, insegurança epidemiológica.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 166
Essas organizações criminosas surgem, evidentemente, em um con-
texto local, específico de uma localidade, mas se expandem para
outras localidades, chegando, muitas vezes, a ultrapassar fronteiras
regionais e nacionais.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 167
Foto: © [Cybrain] / Adobe Stock.
(LOPES, 2017)
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 168
Foto: © [Ricochet64] / Adobe Stock.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 169
A globalização difunde tanto as boas quanto as
más práticas de outros locais do mundo.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 170
SURFACE WEB
Google
Facebook
Instagram
DEEP WEB
Documentos legais
Registros do governo
Relatórios científicos
Registros acadêmicos
Registros financeiros
DARK WEB
Armas
Drogas
Pornografia
Comércio de crimes digitais
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 171
Nossa sociedade está construída em torno de fluxos: fluxos
de capital, fluxos da informação, fluxos da tecnologia,
fluxos de interação organizacional, fluxos de imagens, sons
e símbolos. Fluxos não representam apenas um elemento
da organização social: são a expressão dos processos que
dominam nossa vida econômica, política e simbólica.
Nesse caso, o suporte material dos processos dominantes
em nossas sociedades será o conjunto de elementos que
sustentam esses fluxos e propiciam a possibilidade material
de sua articulação em tempo simultâneo. Assim, proponho
a ideia de que há uma nova forma espacial característica
das práticas sociais que dominam e moldam a sociedade em
rede: o espaço de fluxos. O espaço de fluxos é a organização
material das práticas sociais de tempo compartilhado
que funcionam por meio de fluxos. Por fluxos, entendo
as sequências intencionais, repetitivas e programáveis
de intercâmbio e interação entre posições fisicamente
desarticuladas, mantidas por atores sociais nas estruturas
econômicas, política e simbólica da sociedade.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 172
A Enciclopédia de Ciência Policial coloca essa questão nos seguintes
termos:
Muitas vezes, isso pode ser feito por meio de pequenas intervenções
no ambiente, como bem orienta a Prevenção Criminal pelo Design
do Ambiente (CPTED) (SANTOS; SENNA, 2019).
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 173
Foto: © [Anatoliy] / Adobe Stock.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 174
Continue seus estudos e avance para a próxima unidade, nela você
estudará tudo sobre a máfia, e como essa organização influenciou e
influencia organizações criminosas até hoje.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 175
Unidade 2
A MÁFIA
Contextualizando
Você sabe dizer o que foi a Máfia? Nesta unidade, será apresentada,
em linhas gerais, a máfia italiana, seu histórico e suas características,
e você poderá refletir sobre a influência dessa máfia nas organizações
mafioides ao redor do mundo.
MÁFiA
ORGANiZAÇÕES
MAFiÓiDES
PRiMEiRO
COMANDO
COSA NOSTRA YAKUZA COMANDO
VERMELHO
DA CAPiTAL
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 176
Na verdade, a “máfia” denota algo historicamente vinculado ao
crime organizado italiano.
A esse respeito, vale citar o que nos diz o Índice de Crime Organizado
– África 2019:
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 177
Os proprietários de terras, por vezes ausentes de suas propriedades,
contratavam pequenos exércitos particulares, também denominados
mafie, para proteger as respectivas propriedades ao longo do tempo em
que boa parte da Sicília permaneceu sem lei. Esses grupos de enfren-
tamento são considerados a origem da máfia na ilha. Você consegue
ver alguma semelhança da mafie com as milícias brasileiras?
(BRODBECK, 2010)
Galés são navios movidos a remo nos “Quem tem amigos pode riscar a lei”.
quais prisioneiros agrilhoados executavam
trabalhos forçados. “Um peixe morto começa a cheirar mal pela cabeça”.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 178
Foto: © [motortion] / Adobe Stock.
Uma das razões para a máfia siciliana ter sobrevivido aos sucessivos
governos estrangeiros na ilha estava no despotismo dos invasores.
Para gerações e gerações de sicilianos, as práticas da máfia, baseadas
em códigos morais complexos, eram mais toleráveis do que as arbi-
trariedades perpetradas pelos estrangeiros invasores.
2.2 A omertà
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 179
Na imagem a seguir, você pode ver as características da Máfia italiana.
A MÁFiA ITALiANA
OMERTÀ
Código de Silêncio.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 180
A omertà possivelmente possui resquícios de elementos da sharia
glossário islâmica, especialmente no que toca ao fato de a família da vítima
de homicídio opinar sobre a pena do autor.
A sharia (em árabe, “legislação”) é o Conheça, a seguir, a história do Império Islâmico, a influência do
direito islâmico. Califado Fatímida e a Sicília.
Podcast transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 181
Além da participação da família da vítima na definição da pena do
assassino, o código de moral da máfia siciliana tinha outro elemento
em comum com o código moral mulçumano: tanto as regras da máfia
quanto as regras do Islã não são universais. Elas valem somente para
seus semelhantes. Nesse sentido, segue um trecho do texto “Os quatro
fundamentos do islamismo”.
(GUERREIRO, 2014)
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 182
| Elementos comuns entre a máfia e o
código muçulmano
Um código de honra.
A imposição do silêncio.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 183
Na era fascista de Benito Mussolini, a máfia chegou perto de ser eli-
glossário minada por conta da prisão e do julgamento de milhares de supostos
mafiosos e a longas penas de prisão que receberam.
Fascismo é uma ideologia Passada a Segunda Grande Guerra (1939-1945), os mafiosos foram
ultranacionalista e ditatorial, suprimindo libertados junto com presos comuns e presos políticos. Daí, as organi-
a oposição pela força com suporte da zações mafiosas foram se estruturando e ganhando força. Entretanto,
sociedade e da economia. o protagonismo da máfia acabou se deslocando das zonas rurais da
Sicília para as áreas urbanas de Palermo. Assim, a extorsão, antes
Benito Mussolini foi líder do fascismo centrada na proteção de propriedades rurais, ganhou a indústria,
italiano. Assumiu o poder em 1922, no qual o ramo dos negócios, a construção civil e o contrabando tradicional.
permaneceu até ser executado, em praça
pública, em 1945. Já no final da década de 1970, a máfia de Palermo, em definitivo,
acrescentou o narcotráfico ao seu portfólio de crimes, envolven-
do-se no refino e no transporte de heroína para os Estados Unidos
da América (EUA). Essas operações lucrativas terminaram por gerar
uma competição mortal entre os clãs da máfia. A onda de assassinatos
que resultou dessas disputas levou as autoridades governamentais a
agirem com firmeza na condenação e na prisão dos líderes da máfia.
Um marco dessa reação por parte do Estado foi o “julgamento má-
ximo” de 1987, onde 338 mafiosos sicilianos foram condenados.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 184
Vamos relembrar o percurso histórico da máfia no século XX? Confira:
1900
As várias “famílias” da máfia
haviam se unido em uma
confederação independente e
controlavam a maioria das 1939 - 1945
atividades econômicas. A máfia chegou perto de
ser eliminada por conta das
prisões realizadas na era
fascista de Mussolini.
1945 - 1970
As organizações
mafiosas foram se
estruturando e 1970
ganhando força na
cidade de Palermo. A máfia de Palermo
acrescentou o
narcotráfico ao seu
portfólio de crimes,
transportando heroína
para os EUA.
1987
Um marco na repressão à
máfia foi a condenação de
338 mafiosos sicilianos no
“julgamento máximo”.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 185
Como isso aconteceu? Alguns dos imigrantes italianos chegados aos
Estados Unidos da América e à América Latina entre os séculos XIX e
XX tinham influência da cultura mafiosa. Particularmente durante a
década de 1930 nos Estados Unidos da América, passaram a imitar a
cultura mafiosa no enfrentamento de grupos rivais, como as gangues
de irlandeses e de judeus.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 186
Veja a seguir a história de Al Capone, o maior gângster da história
dos Estados Unidos:
Podcast transcrito
Você sabe quem foi Al Capone? Ele foi sem dúvida o gângster
norte-americano mais famoso da história. Ele dominou o
crime organizado na cidade de Chicago, no estado de Illinois.
Durante o período da Lei Seca nos Estados Unidos, Al Capone
ganhou muito com o mercado ilegal de bebidas, além de
mandar matar muitas pessoas. Iniciou sua carreira de delitos
na sexta série do ensino básico, deixando sua escola no
bairro do Brooklin da cidade de Nova Iorque para juntar-se
aos criminosos daquele mesmo bairro. Uma briga de rua
resultou numa marca em seu rosto, a qual lhe valeu o apelido
de Scarface, cara de cicatriz em português. Aos 28 anos tinha
uma fortuna que era estimada em 100 milhões de dólares,
fruto de atividades ilícitas como o jogo e a prostituição.
Foi preso em 1931 por não pagar impostos, condenado
a 11 anos de prisão.
dica de mídia
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 187
EXTORSÃO NO
JOGOS DE AZAR AMBiENTE TRABALHiSTA PROSTiTUiÇÃO
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 188
| Estrutura hierárquica mafiosa
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 189
Nos dias atuais, a Cosa Nostra não dá mais sinais de expansão ou
glossário mesmo de atividade. Deserções, chacinas internas e longas condena-
ções de mafiosos como John Gotti levaram esse modelo de organização
criminosa a uma aparente extinção nos Estados Unidos.
John Joseph Gotti Jr. foi um gângster e
chefe criminoso da Família Gambino na
cidade de Nova Iorque.
(DEMORI, 2016)
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 190
Assim, vale destacar que a palavra “máfia” deve ser entendida
como a organização específica do grupo italiano. Quando usada
para adjetivar organizações criminosas atuais, o termo mafioide
demonstra que aquela organização possui características
semelhantes com as organizações mafiosas do passado, e não uma
identidade absoluta.
Atributo Descrição
5. Mistura de negócios lícitos e ilícitos Uso de negócios legais (restaurantes, bares, transportadoras,
etc.) para ocultar negócios ilegais. Crimes perpetrados em
conexão com políticos, financistas, sindicalistas, doleiros,
operadores do direito, etc.
6. Lavagem de dinheiro, evasão fiscal Aquisição de bens de luxo, manutenção de negócios comuns (como
e semelhantes pizzarias, comércios diversos, etc.). Articulação de fuga de capitais
para organizações bancárias estrangeiras, evasão fiscal, etc.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 191
Atributo Descrição
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 192
Foto: © [aleksandarfilip] / Adobe Stock.
A identificação de padrões.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 193
e aumentando o número de prisões e de esclarecimentos de casos
(GOTTLIEB, 1994).
Por sua vez, o padrão diz respeito a duas ou mais ocorrências re-
lacionadas a um fator causal comum, usualmente com respeito ao
autor, local ou “alvo” (pessoa ou coisa). Padrões usualmente são
fenômenos de curta duração, ainda que nem sempre se apresentem
assim (BRUCE; IACA, 2004).
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 194
dica de mídia
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 195
Unidade 3
ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NAS
AMÉRICAS
Contextualizando
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 196
Jimmy Hoffa.
Foto: © [Hank Walker] / JOTA.
Podcast transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 197
Nas décadas de 1950 e 1960, a organização sindical Irmandade Inter-
glossário nacional dos Caminhoneiros em Michigan se tornou a maior e mais
poderosa dos Estados Unidos, com mais de 2,3 milhões de filiados.
Ela era capaz de parar o país. Hoffa sabia e se utilizava muito bem
Trotskista, que segue a doutrina de disso. Mesmo que tenha parado de estudar no nono ano do ensino
Leon Trotsky. Este, ao lado de Lenin e fundamental, em matéria de agitação e táticas de enfrentamento,
Stalin, é um dos três maiores nomes da Hoffa era mestre. Muito desse conhecimento se deve às suas relações
Revolução Comunista ocorrida na Rússia com um sindicalista trotskista chamado Farrell Dobbs.
em outubro de 1917.
Entre as diversas curiosidades e controvérsias envolvendo Hoffa, está
o fato de ele nunca ter sido caminhoneiro, em que pese sua trajetória
como líder de um sindicato de caminhoneiros. Além disso, certamente
o fato mais controverso em sua biografia está em seus laços com o
mundo do crime. A própria organização sindical de Hoffa se notabi-
lizou por suas conexões com o crime organizado e com o submundo.
Esse tempo na prisão seria maior se Hoffa não tivesse sido libertado
sob a condição de manter-se distante da vida sindical até 1980 (ano
em que completaria sua sentença). Contudo, tão logo saiu da cadeia,
Hoffa reestabeleceu seus laços com a atividade sindical até que,
misteriosamente, desapareceu em 1975 (JACOBS, 2007). Apesar de
ninguém ter sido condenado pelo crime, para a Justiça norte-ame-
ricana, Hoffa foi assassinado. Há poucas dúvidas de que o homicídio
tenha sido cometido pela máfia.
dica de mídia
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 198
3.2 Um paralelo com o Brasil
Em que pesem as significativas diferenças entre a organização política
do Brasil e dos Estados Unidos da América nos anos 1930, na época
as fontes que inspiraram os contornos legais da organização sindical
em ambos os países eram as mesmas.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 199
saiba mais
Veja na reportagem a seguir a investigação da PF sobre
indícios de esquema de venda de registros sindicais ao
Ministério do Trabalho, disponível em: https://www.
gazetadopovo.com.br/politica/republica/pf-coloca-sob-
suspeita-criacao-de-150-sindicatos-e-divulga-email-
para-denuncias-btu08hygldhe1fs9xg39qkkmc/.
O Estado Novo foi a terceira e última fase Esse controle passou a ser realizado ora por aquilo que Smith (2000)
da Era Vargas. Durou de 1937 a 1945. denominou de “Acordo Forçado”, ora pela distribuição de cargos pú-
A característica principal do Estado Novo blicos para líderes sindicais. Já nos Estados Unidos, essas estruturas
era o fato de ter sido propriamente um possuíam bastante independência, elas podiam, inclusive, administrar
regime ditatorial inspirado no modelo os fundos de pensão de seus membros.
nazifascista europeu, em voga na época.
Isso garantiu poder e influência para líderes como Hoffa, que podiam
escolher onde investir milhões de dólares, incluindo na construção
de hotéis e de cassinos. O que acabou chamando a atenção da Máfia
(JACOBS, 2007). Outro fato curioso é que, na história recente do Brasil,
recursos dos fundos de pensão dos trabalhadores, no caso de estatais,
também foram objeto de más administrações de dirigentes em dife-
rentes posições após trajetórias de sucesso no movimento sindical.
ANTES DEPOiS
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 200
De um lado, porque os elementos mafiosos que outrora eram contra-
tados pelos patrões para colocar fim a greves e agitações passaram a
servir à “causa” dos trabalhadores.
Por outro lado, porque, sobretudo durante a Lei Seca, a máfia contava
com a estrutura logística e administrativa dos sindicatos para levar a
cabo seus negócios. Isso envolvia, por exemplo, tanto a lavagem de
dinheiro quanto o emprego de caminhões e respectivos motoristas
para o contrabando de bebidas alcóolicas. Porém, nesse processo, os
gângsteres da máfia passaram a participar ativamente do quotidiano
dos sindicatos, contribuindo para que chefões como Hoffa se perpe-
tuassem no poder, nem que fosse à custa do assassinato de oponentes.
1O 2O 3O
A organização A família mafiosa Esse poder é usado
infiltra-se no consolida seu poder para que a família se
movimento por meio de fraudes e torne parte da
trabalhista. da violência. estrutura do poder
político e econômico
do ambiente urbano.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 201
3.3 Principais organizações
criminosas latino-americanas
(Parte 1)
Você sabia que existe uma plataforma digital que se dedica ao estudo
do crime organizado na América Latina e no Caribe? A plataforma
InSight Crime divulga o conteúdo da fundação InSight, e considera
que o crime organizado é a principal ameaça à segurança nacional e
à cidadania na região.
Fonte: Wikipedia.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 202
Indicador Definição
6. Ameaças ou exercício da violência A violência e o crime organizado são quase que indivisíveis na
América Latina. Na ausência de recursos legais para o cumprimento
de acordos, a reputação violenta constitui elemento-chave para a
realização dos negócios.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 203
Indicador Definição
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 204
O resultado da pesquisa realizada pela plataforma acerca das dez maiores
organizações criminosas da América Latina em 2019 foi o seguinte:
ESTADOS UNiDOS
3
9 MAR
4 DO
MÉXiCO
CARiBE
7
10
1 Exército Nacional de Libertação (ENL) 1
EL SALVADOR 5
8
2 Primeiro Comando Capital (PCC) COLÔMBiA
3 Cartel de Sinaloa
BRASiL
2
6
4 Jalisco Cartel Nova Geração (CJNG)
OCEANO
5 Ex-FARC Máfia PACÍFiCO
7 MS-13
9 Cartel do Golfo
10 Barrio 18
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 205
Exército de Libertação Nacional.
Foto: DW.
Podcast transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 206
O ELN tem como alvos militares a infraestrutura energética e as
transnacionais presentes no país, além de recorrer ao sequestro e à
chantagem para o seu financiamento.
Foram uma organização muito vertical. Tem uma estrutura mais “federada”,
com voz própria em cada frente.
Foram desarmadas e convertidas
em um partido político. Tem menor capacidade de fogo.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 207
É aqui que o ELN se destaca com sua estrutura político-militar, que
sobreviveu às ofensivas de governos colombianos apoiados pelos EUA,
paramilitares de direita e outros grupos criminosos colombianos por
mais de cinco décadas.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 208
O Cartel de Sinaloa é reconhecido pelo emprego de violência ex-
trema, para a consecução de seus objetivos. Sequestros, tortura e
assassinatos de rivais estão entre as principais práticas do grupo,
que também se notabilizou por seu arsenal bélico. O próprio El
Chapo, líder desse verdadeiro império do crime, possuía um fuzil
Ak-47 de ouro (BBC, 2019).
CULiACÁN
PRiNCiPAiS ÁREAS
GEOGRÁFiCAS
CiDADE DO MÉXiCO
Sinaloa
(FLANNERY, 2020)
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 209
A rede e amplitude de atuação da organização é responsável por ne-
gócios em bilhões de dólares como o tráfico de drogas para os Estados
Unidos da América, Europa e Ásia.
dica de mídia
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 210
3.3.3 Cartel de Jalisco – Nova Geração
(México)
AGUASC A L i ENT ES
NAYA RI T Aguascalientes
Tepic
Guadalajara
JA L I SCO
Morelia
Colima
Jalisco é um dos Estados do México, M I C H OAC ÁN
sua capital é Guadalajara. COL I M A
Foto: Adaptado de Family Search.
ESTADOS UNIDOS
CALIFÓRNIA
ARIZONA
NOVO MÉXICO
BAIXA
CALIFÓRNIA
SONORA
CHIHUAHUA
MÉXICO COAUiLA
DE SARAGOÇA
BAIXA
CALIFÓRNIA
DO SUL
Proximidade entre
San Diego e Tijuana.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 211
Segundo um relatório do Departamento de Justiça dos Estados Unidos
(2019), o CJNG é uma das organizações criminosas que mais crescem
em poder e influência. Em Guadalajara, o cartel possui centrais de
distribuição em cidades norte-americanas como Los Angeles, Nova
York, Chicago e Atlanta. Já em seu país de origem, o grupo está em
24 dos 32 estados.
ESTADOS UNiDOS
San Diego Mexicali
Douglas El Paso
Tijuana
Juarez
Nogales Agua
Prieta
Nuevo
Laredo
GOLFO
Laredo
DO
McAllen MÉXiCO
OCEANO
PACÍFiCO Reynosa
de origem da Colômbia,
Venezuela e Brasil
Culiacan
Mazatlan
Tampico
Merida Cancun
Puerto
Vallarta Veracruz
Cidade do
de origem da Ásia México
Lazaro
Cardenas
Acapulco
HONDURAS
Tráfico de cocaína
Maconha e metanfetamina
de origem da Colômbia
Drogas em geral
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 212
Uma das principais estratégias usadas em sua rápida expansão tem
glossário sido o confronto violento com as forças governamentais mexicanas
e com os cartéis rivais. O CJNG possui uma longa lista de assassinatos
de policiais e outros agentes do Estado, além das inúmeras chacinas.
O fentanil é um semelhante sintético
da heroína. A substância, originária Tal quais outros grupos criminosos do México, o CJNG tem atuado na
primariamente da China e do México, produção, no atacado e no varejo de diversos tipos de drogas, como
está na categoria das drogas ilícitas mais metanfetamina, cocaína, heroína e fentanil.
letais em uso abusivo nos Estados Unidos,
responsável por um elevado número de
mortes no país e no mundo.
saiba mais
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 213
Veja a seguir algumas informações relacionadas às ex-Forças Armadas
Revolucionárias da Colombia, organização criminosa que disputava
espaço com o ELN, como você viu anteriormente.
Podcast transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 214
Foto: © [Bumble Dee] / Adobe Stock.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 215
Ivan Márquez.
Foto: Gazeta do Povo.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 216
Guerrilheiros das Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia.
Foto: © [unisinos] / Conhecimento científico.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 217
A gang MS-13 de El Salvador na mira do
Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.
Foto: BBC.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 218
| As cidades com os maiores índices de homicídios em 2016
San Luis
Victoria
Acapulco San Pedro Sula
Distrito Central Valencia
San Salvador Caracas
Barquisimeto Maturín
Cumaná
Ciudad Guayana
Belém
Natal
Cidade do Cabo
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 219
Forte presença policial em várias cidades de El Salvador
por conta da extrema violência das gangues.
Foto: © [Matt Chandler, Al Jazeera] / William J. Perry
Center for Hemisferic Defense Studies.
Veja, a seguir, por que a MS-13 é uma das principais ameaças dos EUA.
Podcast transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 220
Em 2012, o governo americano classificou a gangue como uma orga-
nização criminosa transnacional. Foi a primeira gangue de rua a ser
descrita dessa forma, equiparando-se, portanto, a grandes organi-
zações criminosas internacionais, como a mexicana Zetas, a japonesa
Yakuza e a italiana Camorra. Segundo um especialista do FBI que
investiga o grupo, o lema da MS-13 é “matar, estuprar e controlar”.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 221
Os Urabenhos mantêm suas atividades a partir do tráfico de drogas
e de uma estrutura paramilitar. Desde sua origem, em meados dos
anos 2000, a organização tem expandido suas operações pelo Norte
da Colômbia e outras regiões do país, beneficiando-se do enfraque-
cimento de rivais, como as FARC.
MAR DO CARiBE
GOLFO DE DARiÉN
PANAMÁ
GOLFO DE
URABÁ
REGiÃO DE
GOLFO DO DARiÉN
PANAMÁ
COLÔMBiA
Golfo de Urabá.
OCEANO PACÍFiCO
Podcast transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 222
Parte do rápido sucesso da organização, com pouco
tempo de existência, dá-se pela adoção dos símbolos,
identidades e justificativas morais de seus predecessores.
Além disso, como é típico no mundo do narcotráfico,
outra estratégia utilizada para a escalada do grupo na
hierarquia das organizações criminosas foi o emprego
exacerbado da violência.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 223
Acredita-se que muitos dos cadáveres das pessoas desaparecidas ficam
nos esteiros Aguacatal, San Antonio, La Calavera e TCbuen. O líder co-
munitário, Manuel Bedoya, ressalvou que o governo municipal deve levar
em conta os quase dois mil cadáveres que poderiam ficam no esteiro
San Antonio durante o projeto de reestruturação do porto.
saiba mais
Para mais detalhes sobre as relações do narcotráfico
latino-americano com o movimento jihadista
internacional, recomendamos que você assista à palestra
do Prof. Dr. David Odalric de Caixal i Mata, ministrada
no I Congresso Internacional de Ciências Policiais
(2018), disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=D3KHs-PYIbM.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 224
Siga para o próximo tópico e conheça o Cartel do Golfo, outra orga-
nização criminosa do México e nona no ranking da InSight Crime.
Podcast transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 225
Uma das principais frentes de disputa do Cartel do Golfo é a região
Nordeste do México. Trata-se de uma sangrenta guerra interna entre
criminosos iniciada com o fim da cooperação entre o Cartel do Golfo
e o Los Zetas, em 2010. No cerne dessa disputa, está a rota que leva
drogas para o Texas por meio da travessia da fronteira entre o vale do
Rio Grande e a Ilha de Padre do Sul. A garantia dessa posição permite
ao Cartel do Golfo manter centros de distribuição de drogas (atacado)
em cidades como Houston e Detroit.
Apreensão de criminosos e
armamentos dos Los Zetas.
Foto: Contra Línea.
(HERNÁNDEZ, 2019)
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 226
3.4.4 Barrio 18 (El Salvador)
O Barrio 18 ocupa a 10º posição no ranking da InSight Crime. O Barrio
glossário 18, tal qual o MS-13, evoluiu no Triângulo Norte após a deportação
em massa de criminosos dos Estados Unidos no início dos anos 2000.
El Salvador, Honduras e Guatemala, são Esse grupo criminoso possui a mesma natureza de gangues de prisão
países conhecidos como o Triângulo Norte como o Primeiro Comando da Capital (PCC), o Comando Vermelho
da América Latina (TNAC), uma das regi- (CV) e a MS-13. Como os exemplos citados, o Barrio 18 é resistente,
ões mais violentas do mundo. contudo, fragmentado, com bases de operações em torno de diferentes
prisões e diferentes facções, operando mais como uma franquia do
que como uma organização centralizada.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 227
saiba mais
Sobre o diálogo com lideranças criminosas com vistas à
obtenção de tréguas em face de violência conflagrada, vale
a pena assistir o depoimento do ex-comandante-geral da
Polícia Militar do Estado de São Paulo, Coronel Elizeu Eclair
Teixeira Borges, sobre o fim da explosão de violência havida
naquele Estado por ocasião de ações perpetradas pelo PCC
em 2006, disponível em: https://www.facebook.com/
ibsporg/videos/717874988801850/ (minuto 55).
1 Estrutura
2 Liderança central
3 Identidade/ideologia
4 Poderio econômico
5 Penetração no Estado
6 Ameaças ou exercício da violência
7 Efetivo e capacidade militar
8 Alianças criminais
9 Influência territorial e governança criminal
10 Longevidade
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR
1 Exército Nacional de Libertação (ENL) 228
2 Primeiro Comando da Capital (PCC)
3 Cartel de Sinaloa
9 Influência territorial e governança criminal
10 Longevidade
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 229
Unidade 4
OUTRAS ORGANIZAÇÕES
CRIMINOSAS DE RELEVÂNCIA
Contextualizando
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 230
O crime organizado russo se especializou em:
Raptos.
Fraude bancária.
Contrabando de armas.
Tráfico de drogas.
(FBI, 2021)
saiba mais
Você sabia que existe uma relação entre a Adidas e a baixa
máfia russa? Leia mais sobre essa história acessando o link
para a leitura, disponível em: https://br.rbth.com/estilo-
de-vida/79586-mafia-adidas-russia.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 231
4.1.1 “Firmas” britânicas
dica de mídia
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 232
| Fluxo de drogas com impacto no Reino Unido
Fluxo de cocaína
Fluxo de heroína
Bandeira da Albânia.
Foto: © [bourjart_20] / Adobe Stock.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 233
O crime organizado albanês está ativo na Europa, América do Norte,
América do Sul e várias outras partes do mundo, incluindo o Oriente
Médio e a Ásia.
Podcast transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 234
Kelly (2018) expôs a nova rota de tráfego e afirma que grupos crimi-
nosos albaneses dominam o cenário do crime organizado no Reino
Unido, confira:
REiNO
UNiDO ALEMANHA
FRANÇA
OCEANO
ATLÂNTICO NORTE ROMÊNiA
iTÁLiA
SÉRViA
MONTE BULGÁRiA
NEGRO
ALBÂNiA
ESPANHA
GRÉCiA
Mar Mediterrâneo
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 235
Para entender melhor a história das tríades, confira a explicação a seguir:
Podcast transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 236
Ainda hoje as organizações criminosas de estética tríade encontram-se
operando entre as comunidades de imigrantes chineses espalhados
pelo mundo. No Brasil, não faltam notícias jornalísticas detalhando
a extorsão de comerciantes chineses ou de descendência chinesa
em locais como a movimentada Avenida 25 de março em São Paulo.
saiba mais
Veja um exemplo disso em um trecho de uma matéria
divulgada pela Folha de S.Paulo, disponível em: https://
www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1411200113.htm.
Mestre da Montanha
Líder
Deputado do Mestre da
Vanguardista Mestre Incensário
Montanha
Chefe de operações Mestre de Cerimônias
Representante
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 237
4.2.1 Máfia coreana
Podcast transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 238
saiba mais
Veja a reportagem sobre o desmonte de uma organização
mafiosa que movimentava mais de 1 milhão de reais
por dia em crimes cometidos por pessoas de origem
coreana no estado de São Paulo, disponível em: https://
recordtv.r7.com/balanco-geral-manha/videos/policia-
desmonta-mafia-coreana-que-movimentava-r-1-
milhao-por-dia-em-sp-20102018.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 239
Bandeira do Japão.
Foto: © [somartin] / Adobe Stock.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 240
Apesar da imitação da estética Samurai, que no passado empregava
rígidos códigos de honra, a história da Yakuza é marcada por crimes
como extorsão, chantagem, contrabando, prostituição, tráfico de
drogas, jogatinas, agiotagem, exploração de mão de obra.
Além disso, tais quais outras organizações do tipo, as famílias
da Yakuza atuam em um misto de negócios legais e ilegais,
controlando restaurantes, casas noturnas, frotas de táxis,
companhias de transporte etc. Tudo isso dentro e fora do Japão.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 241
Podcast transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 242
Bandeira da África do Sul.
Foto: © [Warning signs] / Adobe Stock.
glossário
O termo apartheid se refere a uma política Porém, tudo isso se agravou com o fim do apartheid e a democrati-
racial implantada na África do Sul. zação de 1994, pois o controle de fronteiras enfraqueceu ao mesmo
De acordo com esse regime, a minoria tempo que a nascente democracia ainda não tinha forças para garantir
branca, os únicos com direito a voto, a segurança pública em níveis aceitáveis. Assim, a criminalidade
detinha todo poder político e econômico proliferou junto com as organizações de caráter mafioide no país.
no país, enquanto à imensa maioria
negra restava a obrigação de obedecer Atualmente, segundo o Índice do Crime Organizado – África 2019, um
rigorosamente à legislação separatista. documento elaborado pela União Europeia (ENACT, 2019), a África do
Sul ocupa a 10ª posição entre 54 nações africanas, quando o assunto
envolve mercados e atores criminais.
(CUETO, 2020)
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 243
Confira as rotas mais comuns do tráfico internacional:
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 244
Segundo o mesmo documento, a situação se torna ainda mais
complexa, dado que grupos terroristas jihadistas controlam essas
mesmas rotas para financiar suas atividades. Um desses grupos é
o Boko Haram, o qual ficou famoso mundialmente após sequestrar
276 adolescentes cristãs na Nigéria em 2014.
Foto: rfi.
saiba mais
Veja a matéria sobre o sequestro das 276 adolescentes
pelo grupo extremista Boko Haram, disponível em:
https://www.rfi.fr/br/africa/20190414-nigeria-5-anos-
apos-sequestro-112-meninas-continuam-nas-maos-
do-boko-haram, e sobre as fraudes conhecidas como
Golpe da Nigéria, disponível em: https://noticias.r7.com/
cidades/conheca-os-golpes-da-nigeria-e-saiba-se-
proteger-24062015.
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 245
Um dos golpes transnacionais que se tornaram populares entre as
máfias nigerianas é o chamado estelionato sentimental. O assunto,
inclusive, já foi objeto de decisão do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal, por envolver uma vítima da capital federal brasileira. Veja:
(BRASIL, 2019)
Curso FRoNt
MÓDULO 3 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO EXTERIOR 246
Referências
247
CUETO, J. C. Como o crime organizado brasileiro se apoderou das prin-
cipais rotas do tráfico na América do Sul. BBC, 7 mar. 2020. Disponível
em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51699219#:~:text=-
%22O%20PCC%20leva%20a%20droga,recursos%20log%C3%ADs-
ticos%2C%20mas%20tamb%C3%A9m%20humanos. Acesso em:
20 jan. 2021.
ENACT. Organised Crime Index: Africa 2019. set. 2019. Disponível em:
https://globalinitiative.net/wp-content/uploads/2019/09/enact_re-
port.pdf. Acesso em: 20 jan. 2021.
248
FLANNERY, N. P. What Is The Most Powerful Criminal Group In
Latin America? Forbes, 31 Jan. 2020. Disponível em: https://www.
forbes.com/sites/nathanielparishflannery/2020/01/31/what-are-
-the-5-most-powerful-criminal-groups-in-latin-america/?sh=-
66860c861d6f. Acesso em: 20 jan. 2021.
GANGSTERS INC. The Korean Underworld: From its birth to its rise
and current state of criminal affairs. 2020. Disponível em: https://
gangstersinc.ning.com/profiles/blogs/the-korean-underworld-
-from-its-birth-to-its-rise-and-current-stat. Acesso em: 20 jan.
2021.
JACOBS, J. B. Mobsters, unions, and feds: the mafia and the American
labor movement. NYU Press, 2007.
249
KELLY, T. Five steps to reach Britain (for a £10,000 fee): Route re-
vealed as police smash the people-smuggling gang that sneaked 750
Albanians into the UK. Daily Mail, London, 25 mar. 2018. Disponível
em: http://www.dailymail.co.uk/news/article-5538435/People-s-
muggling-route-saw-750-Albanians-smuggled-UK.html . Acesso
em: 11 fev. 2020.
MEXICO cartels: Which are the biggest and most powerful? BBC, 24
out. 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/news/world-latin-
-america-40480405. Acesso em: 20 jan. 2021.
250
PINTO, P. S. Facção brasileira na América Central: PCC expande ati-
vidades. Correio Brasiliense, 21 abr. 2018. Disponível em: https://
www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2018/04/21/
interna_politica,675233/pcc-expande-atividades-para-a-ameri-
ca-central.shtml. Acesso em: 20 jan. 2021.
251
UNODC. Promoting health, security and justice. 2010. Disponível em:
https://www.unodc.org/documents/frontpage/UNODC_Annual_Re-
port_2010_LowRes.pdf. Acesso em: 20 jan. 2021.
252
REALIZAÇÃO
MÓDULO 4
ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS
NO BRASIL
EXPEDIENTE
GOVERNO FEDERAL
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS
SECRETÁRIO NACIONAL
Paulo Gustavo Maiurino
PLANEJAMENTO E GESTÃO
Glauber da Cunha Gervásio
Carlos Timo Brito
Eurides Branquinho da Silva
CONTEUDISTAS
George Felipe Lima Dantas
Isângelo Senna da Costa
REVISÃO DE CONTEÚDO
Fernanda Flávia Rios dos Santos
Maria de Fátima de Moura Barros
APOIO
Kathyn Rebeca Rodrigues Lima
BY NC ND
labSEAD
COORDENAÇÃO GERAL
Luciano Patrício Souza de Castro
FINANCEIRO
Fernando Machado Wolf
SUPERVISÃO DE MOODLE
Andreia Mara Fiala
SECRETARIA ADMINISTRATIVA
Elson Rodrigues Natário Junior
Maria Eduarda dos Santos Teixeira
DESIGN INSTRUCIONAL
Supervisão: Milene Silva de Castro
Gabriel de Melo Cardoso
Márcia Melo Bortolato
Marielly Agatha Machado
DESIGN GRÁFICO
Supervisão: Douglas Luiz Menegazzi
Heliziane Barbosa
Juliana Jacinto Teixeira
Luana Pillmann de Barros
Vinicius Alves Jacob Simões
REVISÃO TEXTUAL
Cleusa Iracema Pereira Raimundo
PROGRAMAÇÃO
Supervisão: Alexandre Dal Fabbro
Cleberton de Souza Oliveira
Thiago Assi
AUDIOVISUAL
Supervisão: Rafael Poletto Dutra
Fabíola de Andrade
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Renata Gordo Corrêa
TÉCNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Dalmo Tsuyoshi Venturieri
Wilton Jose Pimentel Filho
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 258
Unidade 2 | A CRIMINALIDADE
271
FACCIONADA NO BRASIL E SUAS
PRINCIPAIS ORGANIZAÇÕES
REFERÊNCIAS 296
APRESENTAÇÃO
Olá, cursista!
Objetivos do módulo
Curso FRoNt
258
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
UNIDADE 1
CRIMINALIDADE FACCIONADA NO
BRASIL: ENTENDIMENTO
Contextualizando
Fatos rápidos
Estima-se que o crime organizado transnacional gere
US $ 870 bilhões por ano – mais de seis vezes o montante
da ajuda oficial ao desenvolvimento e cerca de sete por
cento das exportações mundiais de mercadorias (2009).
Curso FRoNt
259
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Todos os anos, inúmeras vidas são perdidas em consequência
do crime organizado. Problemas de saúde e violência
relacionados com as drogas, mortes por armas de fogo e
métodos e motivos inescrupulosos de traficantes de seres
humanos e contrabandistas de migrantes fazem parte disso.
(UNODC, 2011)
glossário
Faccionar é dividir em facções, em Assim, a proposta didático-pedagógica desta unidade é apontar e apre-
bandos, enquanto facção é reunião das sentar a estrutura e as características do funcionamento da criminali-
pessoas que se comportam ou pensam dade faccionada, enumerando as principais organizações criminosas
de uma maneira diferente em relação às brasileiras que guardam padrões semelhantes de operação (modus
pessoas que fazem parte do seu próprio operandi). Sempre bom lembrar que este módulo deverá permitir que
grupo, partido, etc. ou daquelas que você possa fazer generalizações acerca de padrões da criminalidade
causam perturbação à ordem pública ou organizada constituída no restante do mundo, mais particularmente
têm propósitos ilícitos: facção criminosa. no que tange às dez maiores organizações criminosas na América
Latina (conforme apontado pela organização InSight Crime).
Curso FRoNt
260
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
| Fronteira do Brasil com Peru, Bolívia e Colômbia
COLÔMBIA
BRASiL
PERU
BOLÍViA
RA É importante lembrar que essa situação se agrava ainda mais por conta
do papel do Paraguai na dinâmica do contrabando internacional de
Enquadre no seu celular
ou tablet o código de
armas e no cultivo e exportação de maconha para o Cone Sul.
REALIDADE AUMENTADA
do aplicativo Zappar para A fronteira do Paraguai com o Brasil se estende por 1.366 km, sendo
assistir ao vídeo sobre
uma das mais extensas do planeta. Isso faz com que o Brasil seja um
como a Polícia Federal
tem enfrentado o tráfico elo importante na cadeia logística do narcotráfico internacional,
de maconha no Brasil tornando-se um dos maiores países com mercados consumidores
com ações no território globais de drogas.
Paraguaio.
Curso FRoNt
261
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
saiba mais
Leia a matéria do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA) intitulada “Faixa de fronteira
do Brasil é tema de estudo do Ministério da
Integração e Ipea”, disponível em: https://www.
ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_
content&view=article&id=30512&Itemid=7.
Curso FRoNt
262
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Foto: © [serpeblu] / Adobe Stock.
Com a Lei nº 11.343/2006, uma geração inteira tem vivido com uma
exposição precoce, frequente e intensa às drogas e entorpecentes,
o que tem retroalimentando o ciclo desurgimento de novos con-
sumidores. Essa explosão no consumo, além dos resultados óbvios
para a saúde pública, também teve consequências graves para a
segurança pública.
Curso FRoNt
263
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
dica de mídia
Antes
Lei nº 6.368
de 21 de outubro de 1976
Art. 12.
Art. 16.
Curso FRoNt
264
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Depois
Lei nº11.343/2006
de 21 de outubro de 1976
Art. 3º.
Assim, a nova lei optou por medidas de caráter educativo, tendo como
objetivo a prevenção do uso de drogas, a atenção e a reinserção social
dos usuários e dependentes.
dica de mídia
Curso FRoNt
265
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Com o advento da Lei nº 11.343/06, o Brasil instituiu o
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad)
pelo qual, além de outras implicações passou a adotar uma
modelo penal com maior ênfase na punição do traficante
e a adoção de penalidades relativamente brandas para o
usuário. Contudo, tanto traficante quanto usuário mantém
uma relação de interdependência sistêmica evidenciada pela
correlação de oferta e demanda de drogas, sendo ambos,
mutuamente responsáveis pelas consequências maléficas
que essa atividade causa à sociedade brasileira. O tráfico e o
consumo de drogas estão intimamente ligados à prática de
vários crimes e desta maneira, não há como negar que ambos
alimentam a violência e a cultura do medo.
A discussão em torno do entendimento do consumo de drogas
como mero problema de saúde pública ou como questão de
segurança pública é feita através da comparação da atual lei e
da antiga lei de entorpecentes (Lei nº 6.368/76).
São utilizados como exemplo alguns crimes ocorridos
no Distrito Federal com relação direta ou indireta com o
consumo e o tráfico de drogas. Entender o consumo de
drogas como mero problema de saúde pública desqualifica
o potencial ofensivo do crime cometido, pois abranda as
penas aplicáveis. O aumento na demanda por drogas é uma
presunção esperada e discutida neste trabalho, partindo-se
do pressuposto de que punições amenas tendem a diminuir
certos freios legais para os usuários, por sua vez a oferta
sofrerá um incremento, no sentido de atender a procura.
As repercussões deste instrumento jurídico somente poderão
ser realmente avaliadas a longo prazo.
Outro ponto destacado por Popov e Ferreira e que tem relação direta
com o presente curso é o resultado da liberação do consumo no au-
Curso FRoNt
266
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
mento da demanda por drogas e consequentemente em toda a dinâmica
do mercado de drogas no país. Citando uma pesquisa que apontou ser
a população com maior poder aquisitivo a que mais consumia drogas
no Brasil àquela altura, os autores destacaram que:
Podcast transcrito
Curso FRoNt
267
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
avançar sobre o território de outros cartéis, até o ponto
de terem de se enfrentar para garantir os territórios
conquistados. Traficantes não disputam clientes e espaço
no mercado por meio de preço e qualidade do serviço
prestado. Como já vimos nos elementos caracterizadores
das organizações mafioides, no mundo do crime, a violência
muitas vezes é a estratégia mais eficiente para se ganhar
mercados. Possivelmente, esta seja uma das explicações
para o mar de sangue no qual se tornaram os presídios
brasileiros, uma das principais arenas de disputa entre as
facções do narcotráfico.
Curso FRoNt
268
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
VERTENTE VAREJISTA VERTENTE ATACADISTA
Envolve planejamento,
Garantem seus pontos de venda articulação de agentes qualificados
em confrontos com rivais (às vezes pilotos de aeronaves),
e com a polícia. e capital financeiro para o
investimento na mercadoria e no
suborno de autoridades.
glossário
Já o modelo paulista, que também se verificou no restante do país,
baseou-se no acesso direto aos atacadistas por pequenos grupos
ou mesmo indivíduos. Esses dois modelos varejistas de negócio
Atacarejo é uma modalidade de comércio não prescindiram do uso de violência e seus agentes morriam em
criada a partir da junção do atacado com disputas internas e confrontos com rivais e com a polícia ou mesmo
o varejo. Tal estilo de venda deu origem por ações de grupos de extermínio. Isso sem contar os assassinatos
ao conceito “cash and carry” (“pagar e por motivos banais. Esse modelo aparentemente continua em vigor.
levar”), isso porque, num atacarejo, basta Ou seja, os processos varejistas e atacadistas continuam a existir.
o cliente encontrar o que procura para levar
imediatamente para casa, o que acaba por Vale entendermos que cada vez mais, como vem acontecendo no mer-
eliminar a intermediação de vendedores e, cado formal de itens básicos no Brasil, as organizações criminosas, antes
consequentemente, reduz o preço. regionais, vêm ganhando musculatura e concentrando os processos
atacadistas e varejistas naquilo que vem se denominando “atacarejo”.
saiba mais
Leia sobre a origem e o segredo do sucesso do atacarejo no
Brasil na matéria intitulada “O fenômeno dos atacarejos
no Brasil”, disponível em: https://www.senior.com.br/
blog/o-fenomeno-dos-atacarejos-no-brasil.
Curso FRoNt
269
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Assim, finalizamos nossa primeira unidade do módulo. Até aqui pu-
demos conhecer mais sobre o mercado de drogas e a criminalidade
faccionada no Brasil. Siga para a próxima unidade para continuarmos
com o aprendizado.
Curso FRoNt
270
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
UNIDADE 2
A CRIMINALIDADE FACCIONADA
NO BRASIL E SUAS PRINCIPAIS
ORGANIZAÇÕES
Contextualizando
ESTADOS UNiDOS
3
9 MAR
4 DO
MÉXiCO
CARiBE
7
10
1 Exército Nacional de Libertação (ENL) 1
EL SALVADOR 5
8
2 Primeiro Comando da Capital (PCC) COLÔMBiA
3 Cartel de Sinaloa
BRASiL
2
6
4 Jalisco Cartel Nova Geração (CJNG)
OCEANO
5 Ex-FARC Máfia PACÍFiCO
7 MS-13
9 Cartel do Golfo
10 Barrio 18
Curso FRoNt
271
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
De todo modo, para chegar a essa lista, a fundação fez uma apuração
detalhada por um procedimento metodológico com a definição de dez
categorias que permitiram que as organizações fossem comparadas
entre si. Relembre essas categorias no quadro a seguir.
Indicador Definição
6. Ameaças ou exercício da violência A violência e o crime organizado são quase que indivisíveis
na América Latina. Na ausência de recursos legais para o
cumprimento de acordos, a reputação violenta constitui
elemento-chave para a realização dos negócios.
Curso FRoNt
272
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Indicador Definição
Curso FRoNt
273
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Assim, vale destacar os seguintes fatos acerca do PCC, de acordo com
publicação da organização InSight Crime (2020):
iNGLATERRA
FRANÇA
PORTUGAL
iTÁLiA
GUiANA
COLÔMBiA
ÁFRiCA
OCiDENTAL
PERU
BRASiL
BOLÍViA
PARAGUAi
ÁFRiCA DO SUL
Curso FRoNt
274
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
RA Uma monografia apresentada por Oklak Martins Cortes à Universi-
dade Federal de Roraima, em 2019, sob o título “Reflexões sobre o
Enquadre no seu celular
Combate às Facções Criminosas pelos Órgãos de Inteligência de Se-
ou tablet o código de
REALIDADE AUMENTADA gurança Pública de Roraima” (CORTES, 2019), traz alguns elementos
do aplicativo Zappar para informativos adicionais sobre o PCC.
assistir a animação sobre
a história do Primeiro
Comando da Capital.
Primeiramente o PCC apossou-se do slogan “Paz, Justiça e Liberdade”,
originalmente utilizado pelo Comando Vermelho. Paralelamente,
os “dirigentes” da organização se preocuparam em dominar todo o
processo produtivo do tráfico ilícito de entorpecentes, controlando
desde a matéria-prima produzida pelos fornecedores até a distribuição
no atacado e no varejo do seu produto final.
Curso FRoNt
275
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Jozino (2017) esclarece como começou uma das mais poderosas
facções do crime organizado do Brasil, que tem ramificações es-
palhadas por vários países da América Latina. O autor destaca os
embriões da facção, relatando os diálogos que motivaram a orga-
nização dessa facção e os principais personagens que se tornaram
membros da história da criação do que veio se tornar conhecido como
Primeiro Comando da Capital. Essa organização criminosa passaria
a comandar o crime no estado de São Paulo. Sua mensagem logo se
espalhou como propaganda pelas penitenciárias, pelas carceragens
dos distritos policiais, pelas cadeias públicas, pelas paredes e muros,
e pelas portas de celas. Até mesmo camisas eram confeccionadas
estampada com a imagem de Che Guevara, ou com o número 15.3.3.
P C C
15 3 3
Curso FRoNt
276
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
As informações trazidas pela plataforma InSight Crime e Cortez
(2008) destacam alguns elementos mafioides do PCC que estruturam
e distinguem a organização como forma de preservação dos códigos
comportamentais. São eles:
Organização Discurso
em rede ideológico
moral
Emprego
da violência
Mais à frente, ainda neste módulo, você vai conhecer mais sobre essa
organização, que tem crescido em poder e influência dentro e fora
das fronteiras brasileiras.
Fernandinho Beira-Mar.
Fonte: © Erbs Jr./ Frame (Folhapress).
Curso FRoNt
277
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Com a prisão do líder do CV, em 2002, o Primeiro Comando da Capital
(PCC) – na época, uma agremiação criminosa local – aproximou-se
dos centros produtores em ações articuladas a partir de presídios.
Nesse processo, o PCC se aproveitou das técnicas do Comando Ver-
melho; contudo, o advento do telefone celular nas prisões permitiu
a potencialização das articulações realizadas a partir dos presídios,
as quais passaram a ter caráter profissional.
Curso FRoNt
278
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Podemos entender ainda mais o cunho ideológico adotado pelo
Comando Vermelho por meio dos mandamentos criados e seguidos
pelos envolvidos:
0S MANDAMENTOS DO
Comando Vermelho
3. Não conspirar.
5. Fortalecer os caídos.
9. Não caguetar.
Curso FRoNt
279
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Em agosto de 2018, o PCC conseguiu enviar para Europa sua primeira
carga de cocaína. Trata-se de um marco na trajetória logística da
organização que demonstrou a capacidade de comprar cocaína na
Bolívia e entregá-la diretamente ao comprador em outro continente.
Tal feito era um objetivo da organização criminosa e foi concluído
pelos criminosos Gegê e Paca. Essa operação era chamada pelo grupo
de “princezinha” ou “tomate”.
Podcast transcrito
Curso FRoNt
280
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
paulistas chegaram no braço responsável pela logística de
transporte de drogas. No ano de 2019, após ser preso, Décio
expôs sua vontade de realizar uma delação premiada.
Curso FRoNt
281
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Foto: © [motortion] / Adobe Stock.
Curso FRoNt
282
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
2.2 O Comando Vermelho (CV)
(MAIA, 2014, p. 7)
(MAIA, 2014, p. 8)
Curso FRoNt
283
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
O ódio é o elemento central de nossa luta! O ódio é tão
violento que impulsiona o ser humano além de suas
limitações naturais, convertendo-o em uma máquina
de matar com violência e a sangue frio. Nossos soldados
têm que ser assim.
Curso FRoNt
284
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Para os chefões do crime organizado, esse tipo de ação
indiscriminada simplesmente não interessa. Porque não
vale a pena ser preso e atrapalhar os negócios lucrativos
da droga por qualquer besteira. As quadrilhas que servem
ao Comando Vermelho punem com a morte qualquer
desobediência. Dentro do grupo não se admitem ações
individuais, salvo quando autorizadas pelos líderes.
Atributo Descrição
5. Mistura de negócios lícitos e ilícitos Uso de negócios legais (restaurantes, bares, transportadoras,
etc.) para ocultar negócios ilegais. Crimes perpetrados em
conexão com políticos, financistas, sindicalistas, doleiros,
operadores do direito, etc.
6. Lavagem de dinheiro, evasão fiscal Aquisição de bens de luxo, manutenção de negócios comuns (como
pizzarias, comércios diversos, etc.). Articulação de fuga de capitais
e semelhantes
para organizações bancárias estrangeiras, evasão fiscal, etc.
Curso FRoNt
285
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Atributo Descrição
R6 F1
CONDEPE
ViCE-PRESiDENTE
R1 R2
DH
R’S
R18 R19 R20 R21 R22 R23 R24 R25 R26 R27 R28 R29
Ilustração representativa do Conselho e a Sintonia
Final, órgão de decisão suprema do PCC.
Fonte: Adaptado de Farah (2017). R30 R32 R33 R35 R36 R37 R38 R41 RX RX RX RX
Curso FRoNt
286
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Por sua vez, a hierarquia de comando no CV é dividida por territórios.
Cada líder de território, preso ou não, é independente para orientar
ações em suas áreas de domínio, podendo contar ainda com ajuda
mútua entre faccionados para conquistar e manter territórios de
vendas de drogas.
Podcast transcrito
2.4 As milícias
Curso FRoNt
287
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Segurança Pública Terça-feira, 12 de Março, 2019
MiLÍCiA
“Origem – Milícia vem do latim militias. Pertence à família de miliciano, milico, militança.”
Pensar nessa expressão atrai, portanto, ideias vigilantes e toda e qualquer outra categoriaque
em associação com militares ou paramilitares atue em algo tão genérico como “militância”
de diferentes espécies, incluindo indivíduos (conforme constante da citação acima).
egressos das Forças Armadas propriamente Milicianos e traficantes, no contexto das organi-
ditas, militares das forças de segurança pública zações criminosas, parecem entidades siamesas
dos entes federativos, chegando a alcançar até – mais dia, menos dia, estão lado a lado no
mesmo seus meros assemelhados, como é o mundo do crime, por mais antagônicos que
caso de guardas penitenciários, guardas civis, sejam entre si.
Curso FRoNt
288
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Conforme já estudado neste mesmo módulo, organizações revolu-
cionárias de esquerda como o ELN e as FARC possuem associação
notória com o narcotráfico continental. No polo oposto, ainda no
exemplo latino-americano, estão organizações direitistas como as
Autodefesas Unidas da Colômbia e o Los Zetas do México. Por último,
importante citar que as milícias também estão associadas ao que
possa existir de um “poder paralelo” nos locais de sua presença.
Curso FRoNt
289
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
glossário
Arias elabora academicamente sobre o potencial disruptivo de tais
organizações sobre o Estado Democrático de Direito, e para tanto
No Estado Democrático de Direito, as aponta vínculo entre membros do crime organizado e prepostos
leis são criadas pelo povo e para o povo, do estado no Rio de Janeiro (somando, de maneira genérica, ainda
respeitando-se a dignidade da pessoa mais aos argumentos de Brancoli e Vasquez).
humana.
Na tradução livre do texto correspondente de Arias: “Os impactos
Prepostos são agentes do Estado, como da dominação armada diferencial da política no Rio de Janeiro,
funcionários públicos e políticos. Brasil”, podemos evidenciar o seguinte trecho que elucida melhor a
questão do colapso gerado pelas organizações criminosas no Estado
Democrático de Direito.
(ARIAS, 2013)
Curso FRoNt
290
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Foto: Adaptado de © [pabloprat] / Adobe Stock.
Curso FRoNt
291
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
É justamente com esse olhar que o convidamos agora a refletir sobre
as premissas abaixo, extraídas de um trabalho de Hidalgo e Lessing
(2014), sobre as milícias do Rio de Janeiro:
Perceba que são premissas que podem ser extrapoladas para as demais
organizações criminosas estudadas até o momento, principalmente
na perspectiva dos riscos que essas organizações criminosas repre-
sentam para o Estado Democrático de Direito e para tudo o que ele
significa para a paz e a segurança de um país.
Curso FRoNt
292
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
2.5 Outras organizações
criminosas de origem brasileira
saiba mais
Leia a matéria sobre o massacre que marcou 2019 em
Manaus intitulada “Massacre em presídios deixa
dezenas de mortos em Manaus (AM)”, disponível em:
https://veja.abril.com.br/galeria-fotos/fotos-massacre-
em-presidios-deixa-dezenas-de-mortos-em-manaus-
am-27-05-2019/..
Podcast transcrito
Curso FRoNt
293
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
equipamentos para tentar ingressar no mercado vantajoso
da Tríplice Fronteira Amazônica.
Curso FRoNt
294
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Vamos relembrar os pontos principais desta unidade? Veja uma
síntese dos marcos mais importantes relacionados às facções
criminosas brasileiras.
Curso FRoNt
295
MÓDULO 4 – ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Referências
296
CORTES, O. M. Reflexões sobre o combate às facções criminosas
pelos órgãos de inteligência da segurança pública de Roraima.
Monografia (Graduação em História) – Centro de Ciências Humanas,
Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, 2019. Disponível em:
http://ufrr.br/historia/index.php?option=com_phocadownload&-
view=category&download=242:reflexoes-sobre-o-combate-as-
-faccoes-criminosas-pelos-orgaos-de-inteligencia-da-seguran-
ca-publica-de-roraima&id=4:publicacoes&Itemid=204. Acesso em:
19 mar. 2021.
FARAH, Tatiana. Isso é o que você precisa saber para entender como
funciona o PCC: Facção criminosa tem contingente maior do que o
número de funcionários da Volkswagen no país, fatura R$ 20 milhões
por mês e funciona como empresa privada. BuzzFeed.News, Brasil,19
jan. 2017. Disponível em: https://buzzfeed.com/br/tatianafarah/
pcc-facts-faccao. Acesso em: 23 fev. 2021.
297
MCDERMOTT, J. Gamechangers 2019: los 10 principales grupos cri-
minales de Latinoamérica. Insight Crime. 22 jan. 2020. Disponível
em: https://es.insightcrime.org/noticias/analisis/gamechangers-
-2019-los-10-principales-grupos-criminales-de-latinoamerica/.
Acesso em: 30 abr. 2021.
298
REALIZAÇÃO
MÓDULO 5
SECRETÁRIO NACIONAL
Paulo Gustavo Maiurino
PLANEJAMENTO E GESTÃO
Glauber da Cunha Gervásio
Carlos Timo Brito
Eurides Branquinho da Silva
CONTEUDISTAS
George Felipe Lima Dantas
Isângelo Senna da Costa
REVISÃO DE CONTEÚDO
Fernanda Flávia Rios dos Santos
Maria de Fátima de Moura Barros
APOIO
Kathyn Rebeca Rodrigues Lima
BY NC ND
labSEAD
COORDENAÇÃO GERAL
Luciano Patrício Souza de Castro
FINANCEIRO
Fernando Machado Wolf
SUPERVISÃO DE MOODLE
Andreia Mara Fiala
SECRETARIA ADMINISTRATIVA
Elson Rodrigues Natário Junior
Maria Eduarda dos Santos Teixeira
DESIGN INSTRUCIONAL
Supervisão: Milene Silva de Castro
Gabriel de Melo Cardoso
Márcia Melo Bortolato
Marielly Agatha Machado
DESIGN GRÁFICO
Supervisão: Douglas Luiz Menegazzi
Heliziane Barbosa
Juliana Jacinto Teixeira
Luana Pillmann de Barros
Vinicius Alves Jacob Simões
REVISÃO TEXTUAL
Cleusa Iracema Pereira Raimundo
PROGRAMAÇÃO
Supervisão: Alexandre Dal Fabbro
Cleberton de Souza Oliveira
Thiago Assi
AUDIOVISUAL
Supervisão: Rafael Poletto Dutra
Fabíola de Andrade
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Renata Gordo Corrêa
TÉCNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Dalmo Tsuyoshi Venturieri
Wilton Jose Pimentel Filho
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 305
REFERÊNCIAS 373
APRESENTAÇÃO
Olá, cursista!
Objetivos do módulo
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 305
Unidade 1
ATIVIDADE POLICIAL:
COMPONENTES DA PRÁTICA,
ENVOLVIMENTO EM PROCESSOS
JUDICIAIS E ATIVIDADE PRISIONAL
Contextualizando
De acordo com Greene (2007), em sua obra “Enciclopédia de Ciência
Policial”, a ciência policial é composta de um amplo conjunto de
atividades que incluem desde a prática de policiamento, no âmbito
individual, até interconexões de policiamento de âmbito coletivo,
que podem abranger o mundo todo.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 306
Entende-se por técnica policial o conjunto dos métodos e
procedimentos utilizados na execução da atividade policial.
O estabelecimento de técnicas visa alcançar os princípios da
eficiência, segurança e legalidade.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 307
Como ilustrado pelo exemplo anterior, tanto a vida dos cidadãos
comuns quanto a vida dos policiais podem ser preservadas, caso não
haja falha técnica ou execução de atitudes precipitadas e equivocadas
no uso de armas por policiais, ou caso não haja falhas no julgamento
ou no tempo de reação. Portanto, um desenvolvimento técnico de
qualidade é essencial para o trabalho eficaz de um policial.
A forma de
adentramento/
O manuseio penetração em
de material regiões dominadas
explosivo. pelo narcotráfico,
em que há conflitos
armados de baixa
intensidade.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 308
Agora que temos maior clareza acerca da distinção entre técnica e
tática policial, convém ressaltar que, independentemente da natureza
do trabalho realizado pelos integrantes das organizações policiais,
eles podem carregar consigo uma grande variedade de equipamentos.
Em todos os casos, para operar tais equipamentos, o policial precisa
ser dotado de técnicas policiais apuradas. Alguns dos equipamentos
mais comuns utilizados por policiais são:
ESPARGiDOR - SPRAY
DE PiMENTA
CÂMERA
CASSETETE CORPORAL
REVÓLVER PiSTOLA
ARMA DE iNCAPACiTAÇÃO
NEUROMUSCULAR
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 309
Nessas mesmas situações, igualmente se espera que os policiais sejam
hábeis em técnicas tipicamente militares, como a busca de abrigos
e coberturas em situações de confronto armado. Já em cenários em
que há reféns ou criminosos encurralados que resistem a se render,
esperam-se habilidades mínimas em relação a técnicas de mediação
e negociação. Essas, por sua vez, envolvem conhecimentos em áreas
como Direito e Psicologia.
saiba mais
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 310
Para a efetividade da atividade policial, também há necessidade de
que existam policiais hábeis no emprego de técnicas de inteligência.
Trata-se de algo ainda mais significativo no contexto do enfren-
tamento do narcotráfico e do crime organizado intra e transnacio-
nalmente localizados.
Isso tanto é verdade que a Agência das Nações Unidas sobre Drogas
e Crime (UNODC), em um módulo instrucional intitulado “Ferra-
menta para aplicadores da lei e cooperação”, em uma capacitação
sobre crime organizado, em 2018, pontuou especificamente o tópico
“Técnicas de investigação e de reunião de inteligência”, com a citação
de técnicas de vigilância eletrônica e operações veladas. O Departa-
mento Federal de Investigação, unidade de polícia do Departamento
de Justiça dos Estados Unidos (FBI), se manifesta da mesma forma,
em sua página na internet, quando explicita a importância de técnicas
como vigilância eletrônica, operações veladas, uso de informantes
e entrevistas com vítimas para levantamento de informações que
sirvam às ações de inteligência policial.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 311
prfoficial
36.000 curtidas
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 312
Nesse sentido, em 2019, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) formou a
maior turma de novos ingressantes de sua história. O Curso de For-
mação Profissional da PRF (CFP/2019) formou mais de 1000 novos
agentes. No trecho abaixo, note a ênfase dada ao enfrentamento do
tráfico de drogas e os temas da capacitação técnica que os alunos
receberam para torná-lo mais eficaz:
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 313
e dos meios de obtenção de prova, como o próprio nome indica,
para obter provas. A seguir, vamos examinar alguns conceitos do
campo do Direito para melhor compreendermos o envolvimento de
atividades policiais nos processos judiciais.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 314
Código de Processo Penal
Art. 155.
saiba mais
Para entender mais sobre o princípio da verdade real e
sobre os tipos de verdade que vigoram no processo penal
e no processo civil, acesse o texto “Princípio da Verdade
Real”, disponível em: https://sites.google.com/site/
zeitoneglobal/processo-penal-i/2-06-principio-da-
verdade-real.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 315
Desse modo, a fim de convencer o juiz a chegar a um veredito num
processo judicial, são necessárias provas e meios de apresentá-las.
Isto nos leva a dois importantes conceitos que precisam ser devi-
damente caracterizados e distinguidos: os “meios de obtenção de
provas” e os “meios de prova”.
glossário Não obstante, tome nota que, mesmo não sendo a regra, também
pode haver o emprego de meios de obtenção de prova durante a fase
processual. Esse é o caso da colaboração premiada.
A colaboração premiada é um meio
de obtenção de prova que se baseia na A colaboração premiada alcançou notoriedade ao ser usada pelo ma-
oferta de benefícios àquele que confessar gistrado italiano Giovanni Falcone para impor severas perdas à famosa
e prestar informações que sirvam ao organização mafiosa italiana Cosa Nostra. Um artigo publicado na
esclarecimento de crimes cometidos. plataforma JusBrasil, intitulado “Investigação e dos meios de obtenção
da prova”, se refere à colaboração premiada da seguinte forma:
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 316
A colaboração premiada é uma modalidade de meio de
obtenção de prova disponibilizada às partes envolvidas
na persecução criminal, tanto em sua fase investigativa
quanto em sua fase processual, possibilitando a
negociação entre os agentes públicos encarregados da
atividade de persecução e os integrantes de organização
criminosa, com vistas ao fornecimento de informações
que se prestem ao desmantelamento da organização,
a identificação de seus integrantes e a repressão e punição
das atividades ilícitas por ela desenvolvidas.
(INVESTIGAÇÃO..., 2016)
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 317
lições aprendidas”. Uma das assertivas trazidas pelo UNODC neste
documento é a necessidade de haver uma abordagem proativa e
altamente especializada por parte de policiais e promotores de
justiça para combater o crime organizado. Nesse sentido, há dois
elementos de particular importância em uma abordagem proativa.
Vejamos, a seguir, quais são eles.
1
O primeiro desses elementos é a própria natureza das
investigações sobre as organizações criminosas.
Recolher e analisar informações sobre a história, a composição,
os meios empregados, os objetivos e modus operandi de grupos
criminosos, bem como das redes e mercados ilícitos,
são componentes essenciais de qualquer investigação e
geralmente também são importantes fatores desencadeantes de
outras frentes investigativas e de obtenção de meios de prova.
2
O segundo elemento, que tem sido exemplo de boas práticas,
consiste em ampliar a investigação e abranger toda a estrutura
e conduta de grupos ou redes criminosas, independentemente
de quão pequeno era o caso no início, com o objetivo final de
prevenir crimes futuros.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 318
subsidiar novas investigações, condenações e o desmantelamento
de organizações e redes criminosas.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 319
Foto: © [poco_bw] / Adobe Stock.
Essa foi uma das razões que levaram o Estado brasileiro à criação
de penitenciárias federais, nas quais há o chamado regimento penal
diferenciado de tratamento para líderes de facções. Esse é o caso do
líder do PCC, Marcos Camacho (Marcola), preso na Penitenciária
Federal em Brasília.
saiba mais
Veja um exemplo dessa questão da cooptação de
advogados. O Grupo de Atuação Especial de Combate
ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público do
Estado de São Paulo (MPSP), deflagrou operação para
desarticular a célula jurídica da organização criminosa que
atua no estado, a chamada Primeiro Comando da Capital
(PCC). A Operação Fast Track, com o apoio da Polícia
Militar, cumpriu 13 mandados de prisão e 23 mandados
de busca e apreensão. Leia mais sobre o acontecimento
na matéria: “Gaeco prende 8 advogados e líder nacional
de célula jurídica do PCC”, disponível em: http://www.
mpsp.mp.br/portal/page/portal/noticias/noticia?id_
noticia=23663938&id_grupo=118.
Da mesma forma, não foi por acaso que, logo após o assassinato de
Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, símbolos da luta contra a máfia e
o crime organizado na Itália, uma das principais medidas adotadas pelo
sistema penal italiano foi o recrudescimento do regime para o cumpri-
mento de penas: o chamado sistema penal bipolar, ou duplo binário.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 320
O sistema duplo binário garantia tratamento diferenciado para os
criminosos integrantes de organizações mafiosas. Estes podiam
ser, simultaneamente, submetidos a pena e a medida de segurança.
Diferentemente do sistema vicariante, no qual, após a condenação
ser estabelecida pelo juiz e o criminoso cumprir a pena privativa de
liberdade, o juiz analisa novamente o caso, podendo ou não decidir
por implementar uma medida de segurança.
Por isso, da mesma maneira que o policial, seja ele militar, federal, civil
ou rodoviário, e o guarda municipal precisam passar por capacitações
constantes com vistas ao seu aperfeiçoamento técnico, o policial
penal também precisa passar por constante aprimoramento de seus
conhecimentos, habilidades e atitudes. É especialmente importante
que o policial penal seja hábil para, por exemplo, obter provas que
subsidiem a autorização de juízes para a realização de ações que
promovam o desmantelamento de organizações criminosas dentro
das prisões ou articuladas a partir delas.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 321
saiba mais
Talvez, você não esteja familiarizado com o termo “policial
penal”. Até pouco tempo, os profissionais responsáveis por
ações como custódia e escoltas de presos eram conhecidos
apenas como agentes penitenciários, agentes carcerários,
entre outras designações. Com a Emenda Constitucional
nº 104, de 4 de dezembro de 2019, houve a alteração do
inciso XIV do caput do art. 21 do § 4º do art. 32 e do art. 144
da Constituição Federal, e assim foram criadas as polícias
penais federal, estaduais e distrital. Leia mais sobre o
assunto na “Emenda Constitucional, Nº 104”, disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
emendas/emc/emc104.htm e na matéria “Polícia Penal:
afinal, o que é?”, disponível em: https://www.politize.
com.br/policia-penal/#:~:text=O%20policial%20
penal%2C%20anteriormente%20conhecido,dos%20
detentos%20nas%20casas%20penais.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 322
É preciso destacar que, assim como a coibição do acesso ao celular,
a simples vedação do acesso de presos a visitas íntimas não é suficiente
para interromper as comunicações das organizações criminosas a
partir dos presídios. Para tanto, o emprego de técnicas de investigação
e inteligência é imprescindível.
Podcast transcrito
Fonte: https://www.ojp.gov/news/ojp-blogs/2020-ojp-
blogs/dedication-corrections-officers.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 323
Unidade 2
EMPREGO DA INTELIGÊNCIA PARA
REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E
AO CRIME ORGANIZADO
Contextualizando
Nesta unidade, apresentaremos as bases doutrinárias nacionais
de Inteligência em Segurança Pública, distinguiremos atividade
de investigação e atividade de Inteligência de Segurança Pública,
e conheceremos algumas Técnicas Operacionais de Inteligência e
resultados esperados de seu uso.
Para tanto, usaremos como ponto de partida para nosso estudo a Dou-
trina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP) em sua
interface com a Doutrina de Inteligência em seu contexto mais amplo.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 324
O conceito de inteligência também se encontra definido em termos
legislativos, conforme veremos a seguir.
Lei nº 9.883
de 7 de dezembro de 1999
Art. 1º
Decreto nº 3.695
de 21 de dezembro de 2000
Art. 1º
Resolução nº 01/SENASP/2009
Art. 1º
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 325
No âmbito do Governo Federal, integram o Subsistema de Inteligência
de Segurança Pública:
Ministério da Economia
Ministério da Defesa
Lei nº 9.883
de 7 de dezembro de 1999
Art. 2º
De acordo com o Decreto nº 3.695, § 3º, art. 2º, cabe aos integrantes
da ISP, no âmbito de suas competências, identificar, acompanhar e
avaliar ameaças reais ou potenciais de Segurança Pública e produzir
conhecimentos e informações que subsidiem ações para neutralizar,
coibir e reprimir atos criminosos de qualquer natureza.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 326
Obter clareza acerca desta distinção é especialmente importante,
pois ela possibilita identificar aspectos singulares que caracterizam
a atuação em duas áreas diferentes da polícia: a inteligência policial
e a investigação policial.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 327
Por sua vez, a atividade de Inteligência contribui de forma prepon-
derante para o processo de tomada de decisão nos níveis político,
estratégico, tático e operacional em Segurança Pública.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 328
A atividade de Inteligência Policial Rodoviária Federal é o exercício
Inteligência permanente e sistemático de ações especializadas para identificar,
Policial Rodoviária avaliar e acompanhar ameaças reais ou potenciais na esfera da
Segurança Pública e da Segurança Nacional, no âmbito das rodovias
Federal
e estradas federais. Orientadas para a produção e salvaguarda de
conhecimentos necessários para assessorar o processo decisório,
para o planejamento, a execução e o acompanhamento de assuntos
pertinentes à segurança da sociedade e do Estado, essas ações
visam prevenir e neutralizar ilícitos e ameaças de qualquer
natureza, buscando se antecipar aos fatos que possam afetar a
ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio,
e são exercidas pelas AIs da Polícia Rodoviária Federal.
RA
Enquadre no seu celular 2.3 Técnicas Operacionais de
ou tablet o código de
REALIDADE AUMENTADA Inteligência de Segurança Pública
do aplicativo Zappar para
assistir ao vídeo sobre
Uma vez tendo caracterizado a Inteligência de Segurança Pública e
tecnologia, inteligência e
apreensão de drogas nas distinguido as atividades de investigação e inteligência policial, vamos,
rodovias federais. a seguir, focar nesta última, e examinar como a atividade de Inteli-
gência Policial pode contribuir para a promoção da segurança pública,
em especial, para a repressão ao crime organizado e ao narcotráfico.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 329
Ao longo de nosso curso, já citamos uma frase famosa atribuída ao
ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, a qual parafraseamos,
a seguir, de acordo com a temática desta aula:
A ação de A ação de
coleta de dados. busca de dados.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 330
dados depositados em fontes abertas, em que esses se encontram
publicamente disponíveis.
Reconhecimento
É a ação de busca realizada para obter dados sobre o ambiente
Procedimentos operacional ou identificar visualmente uma pessoa. Normalmente é
típicos de ações uma ação preparatória que subsidia o planejamento de uma Operação
de Inteligência.
de busca
Vigilância
É a ação de busca que consiste em manter um ou mais alvos
sob observação.
Recrutamento operacional
É a ação de busca realizada para convencer uma pessoa que não
pertencente à atividade de Inteligência a trabalhar em benefício desta.
Infiltração
É a ação de busca que consiste em colocar uma pessoa junto ao alvo,
a fim de captar todas as informações de interesse para o processo
de conhecimento.
Desinformação
É a ação de busca realizada para, intencionalmente, confundir
alvos, sejam estes pessoas ou organizações, a fim de induzir esses
alvos a cometerem erros de apreciação, levando-os a executar um
comportamento predeterminado.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 331
Provocação
É a ação de busca, com alto nível de especialização, realizada para
fazer com que uma pessoa/alvo modifique seus procedimentos e
execute algo desejado pela agência de inteligência, sem que o alvo
desconfie da ação.
Entrevista
É a ação de busca realizada para obter dados por meio de uma
conversação, mantida com propósitos definidos, planejada e
controlada pelo entrevistador.
Entrada
É a ação de busca realizada para obter dados em locais de acesso restrito
e sem que seus responsáveis tenham conhecimento da ação realizada.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 332
Estória-cobertura:
visa encobrir as reais identidades dos agentes de inteligência,
a fim de facilitar a obtenção de dados, dissimulando os
verdadeiros propósitos da atividade, e assegurar a segurança
e o sigilo da operação.
Infiltração:
consiste em colocar um profissional de inteligência de segurança
pública junto ao alvo, com o propósito de obter o dado negado.
Comunicação sigilosa:
técnica operacional que visa viabilizar a comunicação de forma
dissimulada, visando à sua não detecção.
Análise de veracidade:
é a TOI utilizada para analisar, por meio de recursos tecnológicos,
se há veracidade no que uma pessoa esteja falando.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 333
Assim, por meio dos recursos técnicos da Inteligência de Segurança
Pública, é possível alcançar resultados como:
Prevenção de crimes.
Proteção de testemunhas.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 334
Unidade 3
NOÇÕES BÁSICAS DE ANÁLISE
CRIMINAL ANTIDROGAS
Contextualizando
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 335
Este tipo de análise tem sido mais regularmente usado por agências
policiais. Contudo, sua utilização também pode ser identificada
em outras agências de justiça criminal, bem como no trabalho de
cientistas sociais, particularmente no campo da Criminologia, que
tem usado múltiplas abordagens analíticas do crime para auxiliar
as agências policiais.
Henry Fielding.
Foto: Citações.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 336
August Vollmer.
Fonte: Berkeleyside.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 337
Fonte: Mcleod (2012).
saiba mais
A Enciclopédia Britânica aponta a seguinte entrada para
a “Police Gazette”: A “Police Gazette” é uma publicação
diária da Polícia Metropolitana de Londres e que contém
detalhes de bens subtraídos e pessoas procuradas por
crimes cometidos. Ela é distribuída gratuitamente
para forças policiais britânicas e para algumas forças
policiais europeias. Leia mais sobre a Police Gazette na
“Enciclopédia Britânica”, disponível em: https://www.
britannica.com/topic/The-Police-Gazette.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 338
Com esses antecedentes, em 1829, Robert Peel criou oficialmente a
Polícia Metropolitana de Londres, tida como a instituição que inau-
gurou a polícia moderna.
Podcast transcrito
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 339
Uma atitude intelectual crítica de Vollmer, e que certamente o
vincula à disciplina de AC, é seu “olhar” voltado para a regularidade
do fenômeno criminal. Ele teria referido, em seu próprio tempo
de gestor policial nos idos de 1909, que determinadas ocorrências
policiais podem, depois de tabuladas e analisadas, apontar locais
de risco para vitimização, o que é hoje reafirmado nas modernas
“Teorias da Prevenção Criminal Situacional” (TPCS).
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 340
As divisões de análise criminal são responsáveis pelo exame
sistemático de boletins diários de ocorrência de determinados
crimes, de modo a determinar hora, local, características
especiais, semelhanças com outras ocorrências e vários outros
fatos significativos que podem contribuir para a identificação
de um criminoso ou de um padrão de atividade criminal.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 341
Microsoft Office Excel, IBM
Google Maps e ArcGIS, sistemas Facebook, Twitter, Instagram
SPSS Statistics e o software
de informação geográfica, e outras redes sociais, úteis
livre de aplicação estatística
úteis para a realização de para levantamento de
“R”, úteis para realização de
mapeamento criminal. informações suspeitas.
estatísticas criminais.
saiba mais
O que é Big Data?
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 342
Contudo, não podemos nos esquecer de algo de extrema relevância:
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 343
Outro esforço implementado em prol da análise criminal foi a pro-
mulgação da Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019, referente ao
Pacote Anticrime, que trouxe bastante dinamismo e recursos para as
ações capitaneadas pela Secretaria Nacional Sobre Drogas (SENAD).
Tudo isso foi possível com o suporte prestado pelas ações de ACInv e
ACIntel às operações conjuntas realizadas pelos órgãos de Segurança
Pública e Justiça Criminal.
Lei nº 11.343
de 23 de agosto de 2006
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 344
1 2 3
As chamadas para Os registros de Os registros de
os números de ocorrências realizados flagrante delito e o
emergência. pelos cidadãos. termo circunstanciado
e de atividade policial
realizados pelas
instituições policiais
e por seus agentes.
Essa ligação, sem custo, é atendida por uma central telefônica (call
center) que faz uma triagem inicial e passa orientações ao usuário.
Na sequência ou de forma concomitante, um segundo profissional
recebe o registro e designa (despacha) a viatura disponível que estiver
mais próxima do evento para o atendimento da ocorrência.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 345
No Distrito Federal, tem sido assim ao menos desde 1975. No restante
do país não é diferente. Entretanto, com o avanço das Tecnologias
da Informação e Comunicação (TICs), cada vez mais os números
de emergência vêm cedendo espaço para outras alternativas, como
aplicativos de mensagens instantâneas (o WhatsApp, por exemplo)
e aplicativos para dispositivos móveis com uso de um “botão de pâ-
nico” (botão para chamar por ajuda de emergência).
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 346
Podcast transcrito
saiba mais
A Polícia Militar do Distrito Federal tem empreendido
esforços no sentido aumentar o registro formal de suas
interações com a comunidade. Em 2019, a instituição
computou um total de 13.333 registros de atividades
policiais (RAP), entre os quais estão visitas domiciliares
de acompanhamento às famílias em contexto de violência
doméstica. Veja mais sobre o assunto no “Relatório de
Gestão de 2019 da Polícia Militar do Distrito Federal”,
disponível em: http://www.pmdf.df.gov.br/images/
banners/relatoriogestao2019.pdf.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 347
Seja pelo tradicional número de emergência 190, seja pelos números
dos demais órgãos de segurança, ou ainda por aplicativos de smar-
tphones com botão de pânico, os bancos de dados gerados pelos mi-
lhares de acionamentos de emergência que ocorrem diariamente no
Brasil são uma rica fonte para o analista criminal.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 348
5. Auxiliar na determinação da tipologia das intervenções
policiais necessárias (conduzidas segundo os respectivos
tipos, processos e modalidades de policiamento).
Por sua vez, para ser proficiente nas atividades descritas, o analista
criminal deverá ter formação ou especialização técnica que inclua a
aprendizagem de conteúdos de diferentes áreas temáticas específicas
que lhe garantam competências em termos de:
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 349
Análise Criminal Investigativa de Suspeitos, tendo como objetos
de estudo elementos constitutivos de locais de crime (inclusive
“assinaturas” deixadas pelos autores dos crimes), perfis de homicidas,
de delinquentes sexuais e de autores de outros crimes violentos.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 350
Unidade 4
CONVENÇÕES E ENTIDADES
INTERNACIONAIS DE CONTROLE
DE DROGAS E REPRESSÃO DO
NARCOTRÁFICO
Contextualizando
Nesta unidade, apresentaremos as principais convenções e entidades
internacionais de controle de drogas e repressão ao narcotráfico.
Também abordaremos algumas ações de cooperação do Brasil com
outras nações. Desse modo, objetivamos aumentar seu grau de clareza
acerca de instrumentos e dispositivos internacionais que podem ser
utilizados no combate ao narcotráfico e suas características, de modo
a promover melhor acionamento ou utilização desses instrumentos
quando necessário ou oportuno.
1 1961
Convenção Única
sobre Entorpecentes
2 1971
Convenção sobre
Substâncias Psicotrópicas
3 1988
Convenção de Viena
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 351
As duas primeiras, editadas respectivamente em 1961 e 1971, possuem
como principal escopo a sistematização das medidas de controle
internacional de drogas, preservando a disponibilidade de drogas
narcóticas e substâncias psicotrópicas para uso médico e científico.
Ao mesmo tempo, essas convenções visam prevenir a distribuição de
drogas lícitas por meios ilícitos, além de abordarem medidas gerais
sobre o tráfico e o abuso de drogas.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 352
4.1.1 Convenção Única sobre
Entorpecentes de 1961 (emendada em 1972)
saiba mais
Skunk, ou supermaconha, é uma droga ilícita, ou seja,
uma substância psicoativa de ação perturbadora do
sistema nervoso central. O skunk é produzido a partir
de uma espécie de Cannabis sativa hibrida, ou seja,
resultado de cruzamentos de espécies diferentes de
plantas do mesmo gênero (Cannabis sativa, Cannabis
indica e Cannabis ruderalis), cultivada de forma diferente,
com o objetivo de se obter uma concentração maior de
THC (tetrahidrocannabinol), substância ativa com poder
narcótico presente nas plantas desse gênero. Entenda
mais no site Brasil Escola, disponível em: https://
brasilescola.uol.com.br/drogas/skank.htm.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 353
Apesar das seis décadas que nos separam da edição da Convenção de
1961, é inegável o caráter atual de suas premissas. Para tanto, basta
nos lembrarmos da acalorada discussão acerca do uso de derivados da
planta de maconha – tetraidrocannabidiol (THC) e cannabidiol (CBD)
– para alívio de dores crônicas e controle de convulsões, por exemplo.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 354
A Convenção de 1971, em seu preâmbulo, apresenta uma série de
assertivas, que são bastante relevantes para a compreensão de sua
finalidade, quais sejam:
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1 2
RESTRiÇÃO RESTRiÇÃO DE
DE ACESSO ACESSO ALTA
MUiTO ALTA
4 3
RESTRiÇÃO DE RESTRiÇÃO DE
ACESSO BAiXA ACESSO MÉDiA
saiba mais
Disponível no mercado desde 1963, o diazepam é um
ansiolítico utilizado nos distúrbios de ansiedade e até
na desintoxicação alcoólica, e ainda é considerado uma
das medicações de maior sucesso do seu tempo: a partir
dele se estabeleceu um padrão em termos de potência,
início de ação e segurança dos psicofármacos. Saiba mais
na matéria da UOL “Diazepam é veloz para aliviar crise
de ansiedade, mas só trata os sintomas”, disponível
em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/
redacao/2020/08/18/diazepam-e-veloz-para-aliviar-
crise-de-ansiedade-mas-so-trata-os-sintomas.
htm?cmpid=copiaecola.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 356
estritas, caso entenda que isso seja importante para a saúde pública
e o bem-estar de seus cidadãos.
Lei nº 11.343
de 23 de agosto de 2006
Art. 2º
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 357
Decreto nº 154
de 26 de junho de 1991
Art. 2º
1
A produção, a fabricação, a extração, a preparação, a oferta para
venda, a distribuição, a venda, a entrega em quaisquer condições,
a corretagem, o envio, o envio em trânsito, o transporte,
a importação ou a exportação de qualquer entorpecente ou
substância psicotrópica, contra o disposto na Convenção de 1961
em sua forma emendada, ou na Convenção de 1971.
2
O cultivo de sementes de ópio, do arbusto da coca ou da planta
de Cannabis, com o objetivo de produzir entorpecentes, contra o
disposto na Convenção de 1961 em sua forma emendada.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 358
3
A posse ou aquisição de qualquer entorpecente ou substância
psicotrópica com o objetivo de realizar qualquer uma das
atividades enumeradas no item 1).
4
A fabricação, o transporte ou a distribuição de equipamento,
material ou das substâncias, sabendo que serão utilizados para
o cultivo, a produção ou a fabricação ilícita de entorpecentes ou
substâncias psicotrópicas.
5
A organização, a gestão ou o financiamento de um dos delitos
enumerados nos itens anteriores.
Código Penal
Art. 91-A.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 359
4.2 Convenção de Palermo
(UNODC, 2021)
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 360
A UNODC (2021) detalha os três protocolos que abordam segmentos
específicos do crime organizado da seguinte forma:
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 361
Ao ratificar o protocolo, os Estados se comprometem a
adotar uma série de medidas de controle da criminalidade
e aplicar em seu ordenamento jurídico interno três
conjuntos de disposições normativas. A primeira diz respeito
ao estabelecimento de infrações penais relacionadas à
fabricação ilegal e ao tráfico de armas de fogo, com base nos
requisitos e definições estabelecidos pelo Protocolo. A segunda
se refere a um sistema de autorizações e licenciamento por
parte dos governos a fim de assegurar a fabricação legítima
de armas de fogos, diferenciando-a do tráfico. A terceira se
refere à marcação e ao rastreamento de armas de fogo.
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2000 CONVENÇÃO DE PALERMO
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 363
No segmento ministerial de sua 62ª sessão em 2019,
a Comissão adotou a Declaração Ministerial de 2019
sobre o fortalecimento das ações nos níveis nacional,
regional e internacional para acelerar a implementação
dos compromissos conjuntos assumidos para enfrentar e
combater o problema mundial das drogas. Na Declaração,
os Estados-membros escolheram a reunião da Comissão que
será realizada em 2029 para verificar o progresso alcançado
com a implementação dos compromissos políticos assumidos.
Para 2024, está prevista uma reunião de controle, mas
sempre com o foco em 2029.
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4.3.3 Comissão Europeia
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 365
saiba mais
Leia mais sobre a presença da cocaína na Europa,
acessando o texto “Cocaína, mais disponível que
nunca na Europa”, disponível em: https://noticias.
uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2020/09/22/
cocaina-mais-disponivel-que-nunca-na-europa.
htm?cmpid=copiaecola.
Para tanto, a CICAD promove duas reuniões anuais, nas quais mem-
bros do alto escalão dos governos participantes se reúnem, a fim de
promover a cooperação e coordenação entre os Estados-membros da
OEA. Além disso, a CICAD também realiza, conjuntamente ao secre-
tariado executivo, programas de prevenção e tratamento de abuso
de substâncias, o enfraquecimento e a redução da disponibilidade de
drogas ilícitas, bem como o fortalecimento das instituições e sistemas
de controle de drogas nacional.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 366
Em 2020, foi assinado um acordo de cooperação entre o governo bra-
sileiro e a OEA com vistas à redução da demanda de drogas em nosso
país. O acordo foi assinado pela Secretaria Geral da Organização dos
Estados Americanos (OEA), por meio da Comissão Interamericana
para o Controle do Abuso de Drogas (CICAD), e o Ministério da Ci-
dadania do Brasil e sua Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção
às Drogas (SENAPRED).
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Para conectar os países-membros, a INTERPOL possui um sistema
glossário chamado I-24/7.
Podcast transcrito
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MG, em cumprimento a um mandado judicial de prisão,
para fins de extradição, expedido pelo Supremo Tribunal
Federal, em razão de Difusão Vermelha da INTERPOL.
O preso estava na lista de procurados internacionais
e encontrava-se foragido desde 2007. Ele havia sido
condenado pela justiça italiana a uma pena de 11 anos e
10 meses de prisão por tráfico de drogas.
Terrorismo
Tráfico internacional
Fraudes organizadas de drogas e lavagem
e falsificação de euros de dinheiro
AMEAÇAS À SEGURANÇA
Tráfico de pessoas
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 369
Segundo a EUROPOL, esses crimes são especialmente desafiadores de-
vido ao fato de que as redes que os sustentam conseguem se aproveitar
rapidamente de qualquer nova oportunidade que surja. Da mesma
forma, essas redes são resilientes em relação às medidas policiais
tradicionais. Veja-se, por exemplo, o caso de um casal brasileiro
preso em Portugal por envolvimento em esquemas de falsificação de
passaportes. A prisão foi realizada por meio da cooperação entre a
Polícia Federal brasileira e a EUROPOL, com investigações realizadas
inclusive na dark web, uma parte específica da deep web.
saiba mais
A deep web é a camada de sites que se localiza abaixo da
surface web. Geralmente, entende-se que tudo o que
não é visto livremente na internet faz parte da deep web.
Atualmente essa terminologia é usada para se referir a
endereços que não são indexados por mecanismos de
busca, como o Google e o Bing. Vale notar que esses sites
precisam ser assim por vários motivos, como segurança
e privacidade. Conheça mais sobre o assunto acessando
o texto “Deep Web e Dark Web: qual a diferença?”,
disponível em: https://tecnoblog.net/282436/deep-
web-e-dark-web-qual-a-diferenca/.
Decreto nº 10.364
de 21 de maio de 2020
Art. 4º
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 370
4.4.3 Comunidade de Polícias da
América (AMERIPOL)
NA PRÁTICA
A participação brasileira na organização já tem produzido
bons frutos para nosso país. Por exemplo, em 2019,
um curso internacional sobre terrorismo global foi promovido
pela AMERIPOL em Curitiba (PR). A capacitação contou
com especialistas de entidades policiais e procuradores de
diversos países. No evento, um dos tópicos ressaltados foi
a importância da organização para a formação de equipes
conjuntas de investigação, com objetivo de combater a
criminalidade transnacional na região.
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MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 371
Nesta unidade, passamos a conhecer as principais convenções e
entidades internacionais de controle das drogas e repressão ao nar-
cotráfico. Também descobrimos algumas ações de cooperação do
Brasil com outras nações e órgãos internacionais que têm gerado
bons frutos. Esperamos que o conhecimento desses instrumentos e
dispositivos internacionais fomentem cada vez mais a realização de
ações conjuntas que possam beneficiar a segurança pública.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 372
REFERÊNCIAS
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BRASIL. Lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999. Institui o Sistema
Brasileiro de Inteligência, cria a Agência Brasileira de Inteligência
- ABIN, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da Repú-
blica, 1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l9883.htm. Acesso em: 5 mar. 2021.
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DANTAS, G. F. de L.; SOUZA, N. G. de. As bases introdutórias da Análise
Criminal na Inteligência Policial. São Paulo: Instituto Brasileiro de
Ciências Criminais, 2004.
375
LUM C. M. Crime Analysis. In: GREENE, J. R. The Encyclopedia of
Police Science. 3. ed. New York: Routledge, 2007. p. 283.
376
SULLIVAN, K. T. The Dedication of Correctional Officers. U.S. De-
partment Of Justice, 2020. Disponível em: https://www.ojp.gov/
files/archives/blogs/2020/dedication-corrections-officers. Acesso
em: 4 abr. 2021.
377
realização