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Do(a):
Prof. Erica Babini Lapa do Amaral Machado
Para:
Ilmo. Prof. Dr. Dario Brito Rocha Júnior
Coordenador de Pesquisa e Inovação
Coordenador do PIBIC e PIBITI
Universidade Católica de Pernambuco
Prezado Coordenador,
Atenciosamente,
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO – UNICAP
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO
COORDENAÇÃO DE PESQUISA E INOVAÇÃO
Período 2021/2022
1. IDENTIFICAÇÃO
1.1 Nome Completo do Orientador(a): ERICA BABINI LAPA DO AMARAL MACHADO
Elaboração de OK X
relatório
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3. DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE TRABALHO (redigir sob a forma de redação
científica)
3.1 INTRODUÇÃO
Pode-se dizer que o bojo das discussões político-econômicas debatidas calorosamente desde
o Iluminismo, movimento intelectual do século XVIII, diz respeito a qual seria o tamanho ideal do
Estado. Não se trata da mera extensão territorial: por tamanho, entende-se o grau de poder
interventor que os atores políticos têm sobre as instituições sociais, a economia e o mercado de
um país. Em que pesem as ideias contrárias – como o decadente positivismo jurídico e sua
indiferença política –, o Direito não é apenas produto das decisões políticas, mas é também o
norteador dessas mesmas decisões, no sentido de ser um complexo dotado não só de regras, mas
também de princípios, responsáveis por balizar o comportamento do Estado-legislador. Diante
dessa dialética de implicação entre direito e política, a criminologia hodierna (WACQUANT, As
prisões da miséria, 2001) revelou como o Estado carrega uma grande parcela de culpa pelas altas
taxas de violência e criminalidade em diversos lugares do mundo, especialmente nos Estados
Unidos da América, no Brasil e demais países da América Latina. Essa culpa decorre da queda de
políticas sociais e da crescente tendência neoliberal, que impõe políticas de austeridade – medidas
que visam combater déficits orçamentários através de cortes de gastos públicos. O Estado de
bem-estar social, derivado da doutrina keynesiana que encarrega a pessoa do Estado como a
responsável por garantir a seguridade, o bem-estar e outros direitos sociais dos seus cidadãos, é
menosprezado cada vez mais pelas forças políticas dominantes, que almejam impedir a quebra do
status quo, marcado pela alta desigualdade econômica, poucas oportunidades de mobilidade social
e paralisação das classes marginalizadas, seja nas favelas ou no penoso cárcere (BROWN, Nas
ruínas do neoliberalismo, 2019). Analisando este quadro, é nítido que a continuidade desta
situação só pode ter resultados avassaladores, pois a multidão de ociosos, oprimidos e rejeitados
pelo sistema capitalista não irão ficar à mercê do tempo e esperar a fome trazer a morte: essa
multidão reagirá da maneira como nosso instinto animal prevê, isto é, pela violência e pelos meios
rápidos, mas ilegais, de auferir riqueza.
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em veracidade. O coletivo e a solidariedade estão sendo destruídos por essa mentalidade de
concorrência, que, inclusive, vai fomentar movimentos neofascistas e extremistas. Essas
circunstâncias culminarão em um processo de desdemocratização, que consiste em esvaziar a
democracia de sua substância sem a extinguir formalmente.
Ademais, se por um lado o Estado é omisso na concretização do mínimo existencial aos seus
cidadãos, por outro é extremamente diligente em manter o estado de coisas atual. Apoiado pela
cólera popular, a máquina estatal encarcera aos montes. A punição do crime não é mera
repressão, nem mesmo prevenção: é um controle social que promove a continuidade de
abstrações (o livre-mercado e a meritocracia, por exemplo) e comportamentos culturais (o
controle privado do crime). A máquina criminal do Estado difunde a ideia de que a reabilitação não
funciona (ao estilo “nothing works”, doutrina primeiramente cunhada por Robert Martison e oposta
ao ideal de reabilitação criminal); os atores de justiça criminal, também vítimas da visão
neoliberal, adotam uma conduta gerencialista, quase empresarial, destinada a conter o máximo de
criminosos tidos como irrecuperáveis pelo maior tempo possível, gerando uma falsa e
surpreendentemente efêmera sensação de tranquilidade social (FEELEY, SIMON, The New
Penology: Notes on the Emerging Strategy of Corrections and Its Implications, 1992). Auxiliados
por técnicas atuariais, de gestão de riscos e expectativas, esses atores pautam seu trabalho em
identificar e enclausurar os irrecuperáveis: o sucesso de seu trabalho não é dado pela reinserção
do indivíduo na sociedade, mas pelos números do cárcere – se há mais presos, então o aparelho
criminal está funcionando e cumprindo sua função de incapacitação dos ociosos e dos delinquentes
cuidadosamente selecionados pelo sistema (DIETER, Política Criminal Atuarial, 2012).
Portanto, diante do quadro exposto acima, é nítido e cristalino que a necessidade por uma
pesquisa capaz de elucidar as consequências do neoliberalismo na estrutura social mundial e capaz
de apontar as possíveis vantagens de um retorno aos princípios do Estado Social é urgente. Desse
modo, não só a sociologia criminal, mas a criminologia também poderá contribuir firmemente à
consecução dos fins do Estado Democrático de Direito e do respeito à dignidade da pessoa
humana.
3.2 OBJETIVO
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3.2.1 Objetivo Geral
4) Entender a forma neoliberal de pensar e como essa racionalidade afeta o controle social do
crime.
Com isso, pretende-se identificar a existência ou não dos dados de racionalidade neoliberal e
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como se modificação na recepção brasileira.
3.4 REFERÊNCIAS
GARLAND, David. A cultura do controle. Crime e ordem social na sociedade contemporânea. Rio
de Janeiro: Revan, 2008.
FOUCAULT, Michel. Nascimento da Biopolítica. Curso no Collège de France (1978-1979). São
Paulo:
Martins Fontes, 2008.
AVELINO, Nildo. Foucault e a Racionalidade (neo)liberal. SCIELO, 2016.
GARLAND, DAVID. The Welfare State: A Very Short Introduction. OUP Oxford, 2016.
SALLA, Fernando. A contribuição de David Garland: a sociologia da punição. SCIELO, 2006.
WACQUNT, Loic. Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos EUA. Rio de Janeiro:
2001
WACQUNT, Loic. As prisões da miséria. Rio de Janeiro: 1999
GARLAND, David: Castigo y Sociedad Moderna. Un estudio de Teoría Social. México y
Madrid: Siglo XXI Editores, 1999;
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. ed. 12. Petrópolis: Vozes:
2009
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: As conseqüências humanas. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor, 1999.
ANDERSON, Perry. Balanço do Neoliberalismo. In: Pós-neoliberalismo: as políticas
sociais e o Estado Democrático. SADER, Emir; GENTILI, Pablo (Org.). 5. ed. São Paulo:
Editora Paz e Terra, p. 9-23, 2000.
ESPING-ANDERSEN, G. (Org.). Welfare States in Transition: national adaptations in
global economies. London: Sage, 1996.
ESPING-ANDERSEN, G. (Org.). Why we need a new welfare state. Oxford, Oxford Press,
2002.
ESPING-ANDERSEN, G. As três economias políticas do welfare state, Lua Nova.
Revista de cultura e política, n°, 24, p. 85-116, 1991.
ESPING-ANDERSEN, G. The three worlds of welfare capitalism. Cambridge: Polity
Press, 1990.
FALEIROS, Vicente. A política social no Estado capitalista. 8. Ed. São Paulo: Cortez,
2000.
4. DIFICULDADES ENCONTRADAS (Colocar aqui se houve alteração de Título, objetivo
e/ou metodologia e a justificativa da alteração)
Constatou-se um erro material no título do trabalho, antes escrito “Impactos da crise do Estado
Social e da ascenção neoliberal na criminalidade pós-moderna”. Foi preciso substituir o termo
“ascenção” por “ascensão”, que está gramaticalmente correto.
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5. EVENTOS QUE PARTICIPOU (comprovante)
ORIENTAÇÃO
1) Formatação: papel A-4; fonte verdana; tamanho 10; espaço entre linhas 1,5;
alinhamento justificado; margens 2,5 cm; NO MÁXIMO 10 (dez) PÁGINAS.