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CARCERÁRIO
ABSTRACT: The increase of criminality generates a huge impact on the brasilian prison
population which increases everyday. The penal system has a high index of crowded prisons
which, over the years, started a huge crisis both in the Implementation Process and the
Brazilian Prison System. To discuss this situation is extremely important taking into
consideration that the conditions the prisoners are exposed over the course of serving the
prison term have direct relation with their behavior both inside or outside the prison. In light
of this, it’s necessary to find solutions to decrease the existing problems in the Brazilian Penal
Execution Process and the impacts caused in the Prison System
1
Professor Orientador
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................2
1 EVOLUÇÃO PENA...............................................................................................................4
2 EXECUÇÃO PENAL NO BRASIL.....................................................................................5
2.1 PENAS PREVISTAS......................................................................................................5
2.2 EXECUÇÃO PENAL.....................................................................................................7
3 LEI DE EXECUÇÃO PENAL..............................................................................................8
4 SISTEMA CARCERÁRIO...................................................................................................9
5 A CRISE NA EXECUÇÃO PENAL E NO SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO
...................................................................................................................................................10
6 POLÍTICAS DE ENFRENTAMENTO A CRISE PRISIONAL.....................................12
6.1 APAC..............................................................................................................................12
6.2 FUNDOS E POLÍTICAS DE FOMENTO A PESQUISA E TRANSPARÊNCIA. 13
6.3 POLÍTICAS DE PREVENÇÃO AO CÁRCERE DENTRO E FORA DA ESCOLA
...............................................................................................................................................14
6.4 POLÍTICAS DESPENALIZADORAS E RESTAURATIVAS.................................16
6.5 PROPOSTA DE SOLUÇÃO INTEGRADA..............................................................17
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................19
INTRODUÇÃO
Completando tal pensamento, Barros e Jordão (2016, p.4) explicam que as prisões
possuem função social e política, sendo instituídas visando ressocialização dos indivíduos
infratores.
No entanto, com o passar dos anos, muitas foram as críticas para os estabelecimentos
prisionais. Nesse contexto, Carnelutti alertou que a sociedade e os operadores do Direito
sabem “muitas coisas em relação ao delito; mas muitas menos em relação à pena; e o pouco
que se sabe dela é mais do lado do corpo que do lado do espírito” (CARNELUTTI, 2015, p.
13)
Através da crítica de Carnelutti, faz-se perceptível que, a partir do aumento do índice
de criminalidade, as prisões perderam seu caráter conscientizador e ressocializador e devido a
2
superlotação assim como a falta de estrutura tornaram-se “espaços da desumanização dos
indivíduos forçados a conviver com as condições insalubres: espaço físico limitado, ausência
de higiene, inúmeras doenças, e a precariedade de acesso à Justiça” (BARROS, JORDÃO.
2016, p.7).
Nesse contexto, surge o que atualmente estudiosos denominam como crise do sistema
carcerário. Diante de tal crise, questiona-se: qual seria a solução para o sistema penitenciário
brasileiro? Há uma solução? Quais ações ou alternativas o Direito juntamente com outras
formas de conhecimento podem aplicar para que ao menos as prisões atendam a ideia de
ressocialização e de direitos abordadas na Lei de Execução Prisional (LEP), ou minimamente
que atendam os artigos escritos na Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH) e da
Constituição Federal de 1988.
O método de pesquisa utilizado visando encontrar respostas para o questionamento
levantado bem como para elaboração do presente artigo foi o método hipotético-dedutivo.
Com base nos ensinamentos de Diniz (2015, p. 108) o método em questão compreende na
percepção de problemas e formulação de soluções ou hipóteses para tais problemas.
Ademais, para aplicação deste método foi necessário realizar pesquisa bibliográfica, a
qual Lakatos e Marconi (2010, p. 183) definem da seguinte forma:
1 EVOLUÇÃO PENA
2
(INFOPEN, 2016, p.8) De acordo com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, embora o Brasil
não tenha a maior população carcerária do mundo, ele tem o pior é déficit, isto é, o maior número de presos
em relação a sua estrutura.
Visando facilitar o estudo sobre as penas, estudiosos e doutrinadores fracionam a
evolução das mesmas em quatro períodos distintos: o período da vingança privada, divina e
pública, o período humanitário e o período científico.
O período da vingança privada diz respeito aos primórdios da civilização, época onde
inexistia senso de justiça e as punições eram instintivas, sem proporcionalidade ou
pessoalidade. Durante esse período, se a infração fosse cometida dentro do próprio grupo, a
pena mais aplicada era o banimento. Por outro lado, caso algum membro de um grupo rival
viesse a cometer algum delito, as sanções muitas vezes eram direcionadas a pessoas ligadas ao
infrator e tinham como objetivo enfraquecer a sua tribo (FADEL, 2012, p. 62).
Durante o tempo em que os sacerdotes eram responsáveis pela administração da
justiça, imperou a aplicação das penas baseadas na vingança divina. A crença na existência de
deuses como guardiões da paz originava sacrifícios humanos quando crimes eram cometidos,
pois infrações eram consideradas afronta às divindades. Nesse sentido, Fadel (2012, p. 62)
explica que “mediante a prática de um único ato, três medidas eram adotadas: satisfazia-se o
Deus maculado, punia-se o ofensor e intimidava-se a população para que não mais praticasse
atos considerados criminosos”.
Com o passar dos anos a sociedade foi evoluindo e se desenvolvendo de modo que,
durante a prevalência da aplicação da vingança pública, as penas aplicadas aos infratores eram
uma resposta apresentada pelo Estado que tinha como objetivo proteger a coletividade. Foi
um período onde havia muita desigualdade entre os cidadãos em razão do abuso de poder por
parte dos senhores reinantes os quais detinham poderes absolutos e julgavam quais condutas
eram criminosas conforme sua conveniência. Ademais, a pena de morte era muito utilizada,
inclusive em solo brasileiro onde Joaquim José da Silva Xavier, popularmente conhecido
como Tiradentes, foi uma das milhares de vítimas (FADEL, 2012, p. 63).
Avançando mais na história, chega-se no período humanitário. Tal período, segundo
Fadel (2012, p. 64), resultou das profundas alterações ocorridas nas mais diversas áreas do
saber durante o século XVIII. O principal pensador da época foi Cesare Bonessana, também
conhecido como Beccaria, que questionou a utilização da pena de morte, a desproporção com
o delito cometido e a pena aplicada, a utilização de tortura como meio para obtenção de
provas, as condições das prisões, entre outras coisas. Beccaria obteve êxito em despertar a
atenção da população e, através dos seus questionamentos, houve um grande número de leis
que concediam tratamentos mais dignos e humanos aos criminosos sendo promulgadas por
todo o mundo.
Os questionamentos realizados pelos iluministas influenciaram não só estudiosos de
suas épocas, mas também embasaram pensadores de gerações futuras que se valeram de suas
ideias e métodos para analisar o Direito Penal. Tais concepções originaram período científico
(ou criminológico), que foi marcado pela atuação da Escola Penal Positivista, que, conforme
mencionado anteriormente, buscou por examinar o Direito Penal de forma mais abrangente,
observando não só a legislação, mas também o criminoso e suas motivações para cometer os
crimes.
Dessa forma, percebe-se que a execução penal possui duas naturezas jurídicas, quais
sejam, a jurisdicional e a administrativa. A atuação administrativa se faz presente no
gerenciamento dos estabelecimentos penais enquanto as funções jurídicas correspondem às
questões processuais da execução da pena.
Teixeira (2008, p. 216) alerta que embora a natureza da execução penal seja híbrida,
há uma predominância de atividades de cunho administrativo, uma vez que a custódia dos
presos é delegada ao Poder Executivo. No entanto, a atuação Judiciária não se restringe
apenas às fases jurídicas do processo de execução (apuração de falta grave, concessão de
benefícios, progressões de regime, etc.) pois, por força de lei, os juízes das Varas de Execução
Penal possuem papel semelhante ao de corregedor dos sistemas prisionais, devendo fiscalizá-
los e, caso seja constatada alguma irregularidade no curso da execução, a mesma deverá ser
analisada jurisdicionalmente.
A Lei de Execução Penal foi elaborada fundamentada nas ideias da Nova Defesa
Social e tendo como base as medidas de assistência ao condenado. Além de tentar
propiciar condições para a harmônica integração social do preso ou do internado,
procura-se cuidar não só do sujeito passivo da execução como também da defesa
social.
Dessa forma, a legislação em questão possui embasamento nos direitos humanos bem
como diversos princípios e direitos constitucionalmente estabelecidos, quais sejam:
individualização da pena (art. 5º, inciso XLV e XLVI, CF/88), humanização da pena (art. 5º,
inciso XLVII e art. 84, XIX, CF/88), intranscendência da pena (art. 5º. XLV, CF/88),
legalidade (art. 5º XXXIX, CF/88), entre outros.
Ocorre que apesar do já citado caráter progressista e inovador, o legislador foi omisso
em alguns pontos da Lei de Execução Penal, pontos esses que são alvos de críticas por parte
de alguns doutrinadores. As omissões, segundo Takayanagi (2010, p. 1109) podem ser
observados no que tange ao direito de visita íntima aos presidiários, na progressão de regime
dos condenados estrangeiros, no laudo criminológico para progressão quando requerido pelo
Ministério Público, na remição da pena por estudo, no recurso contra decisões proferidas
pelos juízos de execução penal, entre outros.
Nesse contexto, Julião (2011, p. 146) afirma que a Lei de Execução Penal brasileira é:
Considerada como uma das leis mais modernas do mundo, muitos militantes no
exercício da aplicação do direito – cientes da realidade social brasileira, embora
reconheçam que os seus mandamentos sejam louváveis – afirmam que a LEP é
inexequível em muitos de seus dispositivos, principalmente porque, por falta de
estrutura adequada, pouca coisa será aplicada na prática quanto ao cumprimento das
penas privativas de liberdade e, principalmente, com relação às medidas alternativas
previstas.
Dessa forma, pode-se perceber que a LEP é um marco histórico na concessão de
direitos a população carcerária, além de ter tentado apresentar soluções para combater a crise
enfrentada ao longo dos anos dentro dos presídios e nos processos de execução penal.
Todavia, além das já citadas omissões, na prática a lei se demonstra ineficaz por parte dos
poderes executivos e portanto, não conseguiu sozinha diminuir o colapso do sistema
carcerário brasileiro.
Como apresenta Garutti (2012, p.26): “A lei de execuções penais por mais que seja
avançada, se não for incrementada para sua plena aplicação, acaba por se transformar em letra
morta”.
4 SISTEMA CARCERÁRIO
Ao longo dos anos uma sucessão de erros colaborou para que o sistema carcerário
brasileiro chegasse ao estado crítico em que se encontra atualmente. Pode-se dizer que a base
para todos esses erros se faz presente no descaso tanto do Estado quanto da população civil
em relação aos presidiários, estes que, mesmo possuindo direitos e deveres legalmente
garantidos, são submetidos a condições de vida sub humanas.
Completando esse raciocínio, Machado, Souza e Souza (2013, p. 5) compreendem a
crise no sistema carcerário da seguinte forma:
Tal descaso pode ser justificado com o desejo de punir e repreender severamente os
criminosos com o intuito de alcançar a justiça, no entanto, tal sentimento muitas vezes é
confundido com vingança. A punição aos que transgridem as leis e colocam em risco os bens
e a integridade física de outrem é importante, mas não é a solução para diminuir os índices de
criminalidade pois não tratam o problema em sua origem, qual seja, a desigualdade social e a
falta de oportunidade para todos.
Nesse panorama, Oliveira (2007, p. 2) descreve o cotidiano nas prisões e todas as
violações existentes nos estabelecimentos prisionais da seguinte forma:
Como o ordenamento jurídico brasileiro não prevê prisões perpetuas ou pena de morte,
o pensamento de que a população carcerária não merece a efetivação dos direitos que lhe são
garantidos gera um grande impacto na sociedade pois, em algum momento após o
cumprimento da pena o indivíduo que permaneceu preso por algum período irá retornar ao
convívio social.
Sabendo disso, o legislador brasileiro buscou meios para assegurar a dignidade
humana e os direitos fundamentais dos presidiários através da promulgação da LEP. Tal lei é
voltada para aplicação humanitária do cumprimento da pena e estabelece normas que
deveriam ser seguidas a fim de que o sistema carcerário impactasse de forma menos negativa
na vida do encarcerado. Como exemplo, pode-se citar a classificação dos presos por idade,
gênero e principalmente delitos, impedindo que os indivíduos de baixo grau de periculosidade
tenham contato com aqueles mais perigosos fazendo com que o período de encarceramento
seja uma espécie de "escola" do crime.
Além disso, a mencionada Lei prevê o incentivo e promoção de práticas tais como o
estudo e o trabalho, visando a ocupação do preso durante o cumprimento da pena e
oferecendo oportunidades para que o mesmo tenha condições de retomar ao convívio social
mais qualificado e assim evitar a reincidência.
Todavia, conforme já exposto, o descaso com a população carcerária proporciona,
entre outras coisas, a ineficácia de praticamente todos os dispositivos presentes na LEP. O
desejo de punir (ou vingar) originou o encarceramento em massa e a superlotação dos
presídios é um fator fundamental para todo o colapso do sistema carcerário. O aumento da
população carcerária impede a classificação dos presos da maneira correta, além de também
comprometer a qualidade de vida nos presídios, uma vez que as celas passam a abrigar um
número maior de indivíduos em relação aquele para qual ela foi planejada.
Os impactos do aumento de população carcerária também são percebidos no poder
judiciário, o qual não possui estruturas tanto pessoal quanto material para realizar todos os
julgamentos dentro dos limites estabelecidos como razoáveis para a duração do processo.
Dessa forma, os tribunais nada conseguem fazer para diminuir a superlotação nos presídios e
contribuem para que muitas pessoas permaneçam presas à espera de uma decisão judicial
condenatória ou não.
6.1 APAC
Cada APAC constitui uma entidade civil de direito privado, sem fins
lucrativos que adota preferencialmente o trabalho voluntário, utilizando o
remunerado apenas nas atividades administrativas, quando necessário.
Possui estatuto próprio e tem suas ações coordenadas pelo Juiz da Execução
Criminal da Comarca, com a total colaboração do Ministério Público e do
Conselho da Comunidade.
Porém a BNCC não traz consigo essa perspectiva e não contempla essa modalidade de
ensino colocando-se, portanto, uma contradição judicial. Uma medida necessário e importante
quando se fala de uma ressocialização humanizada e científica, envolve garantir direitos
básicos como o da Educação.
É válido ressaltar que as Diretrizes são resultado de uma longa luta judicial, política e
educacional, como no próprio documento é abordado:
É necessário, nesse sentido, propor uma mudança na BNCC que faça valer esse direito
para esses educandos. Assim como seria importante pensar na base enquanto uma medida
preventiva por meio do currículo. Se o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) Lei Nº
8.069, de 13 de julho de 1990 tem como uma das leis mais avançadas do mundo exatamente
pela prevenção a violência da criança, adolescente e do jovem. Faz-se válido colocar na
escola conteúdos e diálogos acerca das prisões que são parte da cidade como um método
preventivo.
Programas de orientação e inserção no mercado de trabalho, assim como de
orientação e diálogos acerca das drogas, por exemplo, são fundamentais nesse programa
curricular preventivo, já que os crimes como furto/roubo simples e como tráfico de drogas são
os principais motivos de sobrecarregarem as prisões do país.
No município de Jacarezinho, há por exemplo, O Centro da Juventude José Richa uma
instituição criada pelo Conselho Estadual do Direito da Criança e do Adolescência. No
processo deliberativo de N°11/2010 – Cedca/PR encontra-se os objetivos pelos quais esse
órgão foi instalado:
Rossi e Maruno (2019) contribuem com a discussão e com a busca por propostas de
solução trazendo que, o encarceramento brasileiro em massa é também, dentre outros
fenômenos e fatores, consequência da criação de diversos tipos penais, isto é da tipificação de
todas as condutas tidas como imorais pela sociedade. Assim, os autores trazem como proposta
de solução a descriminalização de condutas que infrinjam apenas normas morais e religiosas,
sem eminência de auto risco ou risco social, que não causem danos que limitem a coexistência
social.
Nesta perspectiva, acredita-se que a busca por segurança, no sistema carcerário
brasileiro, ainda está centrada na reclusão como resposta à criminalidade, trazendo o
isolamento como elemento central para readequação dos elementos disfuncionais da
sociedade. A limitação dos diversos tipos penais na abrangência das condutas de
encarceramento centrada no isolamento e na reclusão contribuir com a superlotação
desnecessária das penitenciarias (ROSSI; MARUNO, 2019).
Nesta proposta “salienta-se que tais delitos não seriam impunes, apenas seriam
resolvidos na esfera extrapenal. No entanto, para a hipótese dos delitos que não podem ser
descriminalizados, como o roubo, deve-se aplicar uma pena alternativa, tal como serviço em
prol da comunidade [...]” (ROSSI; MARUNO, 2019, p. 82). ]
Assim, nota-se que a descriminalização e a diversificação não tornam supérfluos as
ações de punição e a reinserção, contudo reduz as políticas de isolamento e encarceramento
para um grupo específico conforme necessidade de garantia de segurança e dos direitos
humanos da sociedade. Sobre este aspecto, Rossi e Maruno (2019, p.82) trazem que [...] a
regulação da responsabilidade deve ser proporcional ao dano acarretado, no entanto [...]”.
Políticas despenalizadoras e restaurativas aparecem na literatura como um alternativa
pra compor um todo de ações e estratégias de solução ao problema em questão, sendo
propostas auxiliares no que tange a redução de superlotações carcerárias, permitindo
investimento, utilização de espaços e recursos de maneira mais efetiva e centrada na
restauração para além da punição.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O crescente índice de criminalidade no território brasileiro é reflexo da ineficácia do
funcionamento da máquina estatal. Essa afirmação pode ser exemplificada com uma rápida
análise da população carcerária brasileira que, em sua maioria, é formada por jovens homens
negros advindos de áreas periféricas. A falta de assistência bem como a falta de oportunidades
e estudos para essa parte da população gera um grande impacto na criminalidade, uma vez
que muitas pessoas só conseguem enxergar o crime como meio de sobrevivência.
Se em liberdade os jovens negros favelados já possuem seus direitos restringidos pela
ausência da atuação estatal, essa situação fica pior se tratando da vida dentro de presídios com
a provação da liberdade. O descaso e o preconceito não só do Governo, mas também da
população civil em relação a população carcerária impede a realização de investimentos na
área e dá origem a uma grande crise no sistema carcerário.
Apesar de existirem leis que assegurem os direitos dos presidiários, a realidade nos
estabelecimentos prisionais impede que tais garantias sejam colocadas e práticadas e, dessa
forma, há uma séria violação de direitos humanos e individuais dos encarcerados. O principal
fator que leva a violação de tantos direitos e, consequentemente, ao colapso do sistema
carcerário é a superlotação dos presídios, ocasionada pelo aumento da criminalidade que tem
origem na omissão estatal em relação aos mais necessitados.
A superlotação dos presídios acarreta uma série de violações aos direitos humanos,
fazendo com que os presos sejam obrigados a viverem sem condições mínimas de vida e
higiene. Além disso, a falta de espaço nos estabelecimentos prisionais favorece o contato de
criminosos de baixo índice de criminalidade com outros mais perigosos, fazendo com que as
cadeias sejam consideradas “escolas do crime”.
Percebe-se, dessa forma, que uma série de erros por parte do Poder Executivo
desencadeia no aumento da criminalidade e gera uma série de problemas sociais. Tais erros
também geram impacto no poder Judiciário, uma vez que o aumento da criminalidade
aumenta a demanda nos juízos criminais, estes que não possuem aparato material e pessoal
para julgar todos os casos dentro do limite legal e da razoável duração do processo. Assim
sendo, a crise no sistema carcerário impacta diretamente no processo de execução penal que
também sofre diante da impossibilidade de aplicação de todas as normas e princípios
estabelecidos em dispositivos legais.
Muito embora a Lei de Execução Penal tenha como objetivo a promoção do
cumprimento de pena de forma digna, visando alcançar a ressocialização do condenado, na
prática, em virtude dos diversos fatores já citados, os dispositivos da referida legislação não
são aplicados.
Nesse contexto, tem-se a necessidade de buscar meios alternativos para o
cumprimento da pena, uma vez que o sistema carcerário se encontra falido em meio à crise
enfrentada. Algumas medidas e políticas possíveis de enfrentamento a essas desigualdades
dentro das prisões são: APAC, INFOPEN e um acréscimo curricular sobre as prisões na Base
Nacional Curricular Comum. Em ambos os casos, os gastos aos cofres públicos são reduzidos
e são fornecidas as mínimas condições de vida digna aos presos, o que gera uma grande
diminuição na taxa de reincidência.
Solucionar a crise do sistema carcerário é uma tarefa de extrema importância para que
alguns problemas sociais sejam resolvidos e, consequentemente, haja uma diminuição da
criminalidade em solo brasileiro. Além disso, a diminuição do colapso do sistema carcerário
gera impactos no âmbito jurídico, tendo em vista que diminui a violação de direitos e propicia
a aplicação eficaz a Lei de Execução Penal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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