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A TEORIA DO "LABELLING APPROACH" E A SOCIEDADE BRASILEIRA:


A teoria do etiquetamento social no Direito Penal

A TEORIA DO “LABELLING APPROACH” E A SOCIEDADE BRASILEIRA:


A teoria do etiquetamento social no Direito Penal

Eduarda Ayres1

Ulisses Pessôa2

RESUMO

A presente pesquisa objetiva o estudo e fomento da discussão em torno da Teoria do Labelling


Approach, nascida do estudo da criminologia na famosa Escola de Chicago. Um tema que ape-
sar do surgimento na década de 60 altamente contemporâneo aos dias atuais e presente na
sociedade brasileira e o sistema penal. Neste sentido, será apresentado a época do surgimento
das primeiras discussões, o contexto histórico que levou a necessidade de um estudo crítico a
todas as demais teorias tradicionais. Sendo exposto ao final as diferenciações de cada um dos
elementos componentes e dados estatísticos e informacionais no Brasil e no mundo acerca
dos estigmas e suas consequências.

Palavras-chave: Direito Penal. Etiquetamento do sistema Penal. Criminologia. Labelling Approa-


ch. Estigmas. Seletividade do sistema penal.

ABSTRACT

The present research aims at the study and fomentation of the discussion around the Theory
of Labeling Approach, born of the study of criminology in the famous School of Chicago. A
1 Pesquisadora vinculada ao grupo de pesquisa Sociedade Globalizada e Sistema Penal (SGSP); Advoga-
da Criminalista. E-mail: eduardaayres@gmail.com
2 Doutorando em Direito pela UNESA/RJ (Bolsista integral pela CAPES); Mestre em Direito pela UNESA/RJ
(Bolsista integral pela CAPES); Especialista em Direito Penal e Processo Penal; Professor de Direito Penal e Proces-
so Penal das graduações da UNISUAM e Signorelli; Professor de Direito Penal e Processo Penal da pós-graduação
da UERJ; Professor de Direito Penal e Processo Penal da FGV-LAW Program; Professor de Direito Penal e Proces-
so Penal da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ); Advogado Criminalista; Coordenador
do grupo de pesquisa Sociedade Globalizada e Sistema Penal (SGSP); Escritor. E-mail: ulissespessoadossantos@
gmail.com

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theme that despite the emergence in the 60’s highly contemporary to the present day and
present in Brazilian society and the penal system. In this sense, it will be presented the time of
the emergence of the first discussions, the historical context that led to the need for a critical
study of all other traditional theories. Being exposed at the end the differentiations of each of
the component elements and statistical and informational data in Brazil and in the world about
stigmas and their consequences.
Keywords: Criminal Law. Labelling of the criminal system. Criminology. Labelling Approach.
Selectivitu of the crimina system

1 INTRODUÇÃO

A essência do Direito Penal é visivelmente a punição e o apenamento do sujeito que


delinquiu, contudo com o surgimento do Labelling approach e seu fomento pela Escola de Chi-
cago, que incluiu a psicologia social e a sociologia no estudo da criminologia apresentou uma
alternativa as teorias convencionais no modo invencionista de conceber o criminoso como ser
malévolo e tóxico da sociedade para abordar a instituição de um crime dentro de uma socie-
dade, o desvio e o próprio ser desviado.

A teoria crítica, como foi chamado em seu nascimento, poderia ser resolvido em sim-
ples questões de raciocínio lógico, em que os componentes principais seriam: a pergunta prin-
cipal “ o que torna um criminoso” e as respostas rudimentares “a conduta criminalizada” e “o
sujeito desviante”.

Com tais características, aborda a linha tênue do homem criminoso e o homem não
criminoso, para além do sujeito maligno, para aquele que pratica uma simples conduta que
hoje é considerada crime, mas que antes poderia não o ser, ou que futuramente não será.

Afastando as teorias enfermas que acreditavam que a deformidade corpórea ou ge-


nes ruins seriam os ensejadores do criminoso, assim surge a teoria do Labelling approach.

2 O LABELLING APPROACH: UM NOVO CONCEITO DE CRIMINALIDADE E SISTEMA PENAL

O labelling approach, um paradigma criminológico, também conhecido como teoria


da rotulação social, teoria do etiquetamento social, etiquetagem, teoria interacionista ou da

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reação social, manifesta-se com o início da década de 60, essencialmente nos Estados Unidos,
o que será exposto ao decorrer do presente artigo.

Segundo Baratta, a criminologia estuda:

“(....) A criminalidade não como um dado ontológico pré-constituído,


mas como realidade social construída pelo sistema de justiça criminal
através de definições e da reação social, o criminoso então não seria
um indivíduo ontologicamente diferente, mas um status social atribuí-
do a certos sujeitos selecionados pelo sistema penal e pela sociedade
que classifica a conduta de tal indivíduo como se devesse ser assistido
por esse sistema”. (BARRATA, 2014, p.11)

Contudo, o grande jurista criminologo Shecaria apontou que “um grande número de
criminologistas, por exemplo, notou que a prisão, uma das mais graves formas de reprovação
penal, contribua de alguma forma para a criminalização” (SHECARIA, 2014, p. 250)

Assim, é possível visualizar que mesmo durante a década de 60 e antes os juristas e


sociólogos da época quanto ao comportamento dos presidiários e suas consequências dentro
e fora do sistema carcerário.

Ocorre que o interacionismo simbólico – estudo acerca do indivíduo social em suas


relações sociais que o subordinam de acordo com o ambiente social experimentado por ele,
estabelecendo os estigmas que carregará - surgido em meados das décadas de 40 e 50 – es-
tudo ambientado na psicologia social -, conduzindo a uma visão diferenciada dos estudos da
criminologia tradicional, transferindo o protagonismo do estudo no criminoso para as reações
sociais que o cercam e do quociente que a rotulagem adquirida pela prática de delitos origina
ao desviado, e, nesse sentido que ‘segundo a qual as relações sociais em que as pessoas estão
inserida as condicionam reciprocamente.” (SHECARIA, 2014, p. 255).

O início do paradigma da reação social surge como uma alternativa crítica e de inova-
ção no estudo da criminologia, eis que inova ao apresentar um olhar para o social e a realidade
do sujeito delinquente e os estigmas por ele carregado, diferentemente das teorias anteriores
a ela, pertencentes à chamada criminologia tradicional ou positivista, quais sejam, a teoria
psicanalista, teoria estrutural/funcionalista, teoria das subculturas, teoria das técnicas, entre
outras.

Portanto, o labelling approach, quebra o paradigma estático empregado pelas teorias


anteriores no estudo das questões acerca de como identificar um criminoso, seja com o estu-

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do do crânio, com genética, arvore genealógica, mas todas pautadas no sujeito mal e delin-
quente, destacando-se que a:

“(....) Perspectiva interacionista, pela primeira vez na história, procura


uma explicação para o crime em paradigmas diversos daqueles conce-
bidos pela criminologia tradicional. As pessoas tornam-se sociais no
processo de interação com outras pessoas, entrelaçando-se na ação
projetada de outros, incorporadas as perspectivas dos outros nas suas
próprias. (...) O labelling desloca o problema criminológico do plano da
ação para o da reação (dos bad actors para os powerful reactors) (...)”.
(SCHECARIA, 2014, p.255).

Desta forma, a criminologia tradicional passa a não apenas por ruminar um novo cami-
nho, uma nova forma de estudo, como também dirigir-se para a perquisição do contexto social
(seja a realidade social, sociedade, comunidade, região, cultura ou país) em que o individuo
com comportamento desviante estivesse inserido e a reação social causada por ela.

Para a criminologa Vera Regina Pereira de Andrade, a tese base do labelling approach
é que:

“(....) O desvio e a criminalidade não são uma quantidade intrínseca da


conduta ou uma entidade ontológica preconstituída à reação social e
penal, mais uma qualidade (etiqueta) atribuída a determinados sujeito
através de complexos processos de interação social, isto é, de proces-
sos formais e informais de definição e seleção”. (ANDRADE, 2003,p.41)

É neste ponto, que Baratta (2014) discorre acerca dos quatro pontos em que as teorias
tradicionais se distinguem da teoria crítica – nomenclatura esta usada no átimo do surgimento
na década de 60 –, destarte, passamos a análise de dois pontos cruciais para enfatizar suas
diferenças, primeiramente é evidenciado pela teoria crítica “características particulares que
distinguem a socialização e os defeitos de socialização, as quais estão expostas muitos dos
indivíduos que se tornam delinquentes”.

Diante disso, importante se faz, transmitir o segundo ponto por ele exposto, onde se
distancia-se ainda mais a criminologia tradicional da nova criminologia crítica, ao passo em
que aponta não ser tanto uma escolha do individuo participar ou não de determinado local e
cultura, em vista da indisponibilidade de escolha dos chamados “contratos sociais”.

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Realizado estas considerações iniciais, faz-se necessário analisar a época em que a


teoria do labelling approach se manifestou, em que houve certa devoção por Shecaria, visto
dedicar-se boa parte de seu capítulo acerca da teoria crítica na tentativa de entender o mo-
mento e os porquês que levaram o nascimento da nova criminologia. Em seu livro, destaca o
sentimento insatisfatório da sociedade americana, com enfoque nos jovens, o chamado por
ele de “culto científico às drogas”, do rock and roll, feminismo, sucessivas manifestações, o
movimento hippie e as críticas as questões raciais nos Estados Unidos, pós segunda guerra
mundial e a partir da década de 60, in verbis:

“(...) Somente nos anos 60, surge um caldo de cultura suficientemente


forte para engendrar a criação da teoria da rotulação social. Isto se
deve, de um lado, àquele fermento de ruptura (...) por outro lado, às
leis penais utilizadas para conter e controlar as condutas existencial-
mente problemáticas, de um ponto de vista social, e que ao serem em-
pregadas para reprimir os movimentos sociais transformaram pessoas
comuns em criminosos. Nunca é demais remarcar que até o final dos
anos 50, nos Estados Unidos, havia um otimismo acentuado com os so-
nhos de grande sociedade que poderia eliminar gradativa e firmemen-
te a pobreza. O estado era confiável, pois distribuía a riqueza de forma
mais ou menos equitativa (...). Surge um sólido grupo de teóricos que
vão produzir uma interminável coleção de artigos, ensaios e livros so-
bre a perspectiva da interação social”. (SHECARIA, 2014. P. 255).

Aprofunda-se ainda Shecaria na exposição das drogas e seu consumo à época, fala da
inserção do LSD em solo americano, que fora efetivado através do reconhecido Professor de
Harvard, Thimothy Leary, com proposito de estudo experimental, solicitou a substância alu-
cinógena do México, passando a fazer experimentos – com sufrágio de Harvard e do Estado
americano – em detentos, alunos e personalidades famosas, ou quaisquer voluntários.

Trata ainda do símbolo de liberdade e rebeldia que a maconha se tornou, expandindo-


-se com o movimento hippie, grandes famosos que abertamente faziam músicas sobre a droga
ou sob o efeito dela, o festival de Woodstock, como meio dos jovens – em sua maioria eram
jovens – negarem o famoso American Way of life, em livre tradução a maneira americana de
se viver, rompendo toda uma cultura anterior de patriotismo e militarização, sentimento ema-
nada durante e após a Segunda Guerra Mundial, em vista da grande potencial mundial que se
tornava os Estados Unidos.

Para Howard S. Becker (2008), em seu livro Outsider, primeira obra a consagrar a teoria

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do etiquetamento social, envolvendo o indivíduo desviante como aquele que não segue as
normas da sociedade o qual está inserido, e que é por ela estigmatizado, concretizando esse
rotulo quando opera de forma contrária aquelas normais pré-estabelecidas, materializando o
personagem marginal, criminoso e bandido. Procedendo-se desta forma a primeira caracterís-
tica (classificação ou modalidade) da teoria: a desviação (ou delinquência) primária, ou seja:

“(...) A delinquência que resultou do processo casual desencadeado


pela estigmatização. A pessoa tem um estigma particular, conforme
menciona Goldffman, tende a passar pelas mesmas experiências de
aprendizagem social relativas à sua condição e pelas mesmas modifica-
ções em sua concepção do “eu” (...)”. (SHECARIA, 2014, p.256)

Foi neste sentido que Becker definiu que:

“(...) os grupos sociais criam o desvio ao fazer regras a certas pessoas


em particular e qualifica-las de marginais (estranhos). Desde esse pon-
to de vista, o desvio não é uma quantidade do ato cometido pela pes-
soa, senão uma consequência da aplicação que os outros fazem das
regras e sanções para um ‘ofensor’. O desviante é uma pessoa a quem
se pode aplicar com êxito dita qualificação (etiqueta); a conduta des-
viante é a conduta assim chamada pela gente”. (BECKER, 1971, p. 19)

Experimentado o primeiro comportamento desviante, passa-se a adoção das ceri-


mônias degradantes que serão tratas serão tratadas com mais afinco e de forma específica
adiante, adestrando o indivíduo social a uma realidade e hábitos de modo nenhum sociável
e ressocializável, apresentando-lhe a outra cultura e inserindo-lhe com outros similares, com
potencial gerador de inicia-lo a uma carreira criminal. Consequentemente, percorrendo o cir-
cuito explanado pela teoria do estiquetamento social, supera o transviamento primário sub-
metendo-se a delinquência secundária.

Neste sentido, argumenta Vera Regina pereira de Andrade que :

“(...) O processo de criminalização seletiva acionado pelo sistema pe-


nal se integra na mecânica do controle social global da conduta des-

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viada de tal modo que para compreender seus efeitos é necessário


apreendê-lo como um subsistema encravado dentro de um sistema de
controle e de seleção de maior amplitude”. (ANDRADE, 2003, p.43).

Em sumária analise, percebe-se a revolução que foi e ainda é o labelling approach,


que inicialmente foi nominada de teoria crítica, superando as demais teorias da criminologia
tradicional positivista, sucedendo um estudo sério do processo e suas reações de causalidade
no sujeito desviante.

Nas experiências submetidas, dos estigmas suportados como fatores contributivos


para a inserções ao mundo do crime de forma reiterada, desta forma as instâncias de controle
social e estatal é:

“(...) Seletivo e discriminatório, primando o status sobre o merecimen-


to. O princípio geral é bastante simples. Quando os outros decidem
que determinada pessoa é non grata, perigosa, não confiável, moral-
mente repugnante, eles tomarão contra tal pessoa atitudes normal-
mente desagradáveis, que não seriam adotadas como qualquer um.
São atitudes a demonstrar a rejeição e a humilhação nos contatos in-
terpessoais e que trazem a pessoa estigmatizada para um controle que
restringirá sua liberdade. É ainda estigmatizador, porque acaba por de-
sencadear a chamada desviação secundária e as carreiras criminais”.
(SHECARIA, 2014, p. 257).

3 O COMPORTAMENTO DESVIANTE E O ESTIGMATIZAÇÃO DO HOMEM: O COROLÁRIO CRIA-


DO PELA REAÇÃO SOCIAL

Reação social reflete o fitar da sociedade sobre determinada cultura. Analisemos a


expressão “à margem da lei” que seria aquele ser marginal, nada menos que o indivíduo que
através de uma ação humana não está de acordo com as normas da sociedade em que está
inserido, ou seja, só é criminoso, delinquente e marginal aquele que não segue uma norma
anteriormente imposta.

Segundo Shecaria, qualquer pessoa pode ser considerado um outsider, in verbis:

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“(...) Traficante de drogas ou alguém que bebeu em excesso em uma


festa e que se porta de maneira inconveniente. Surgindo a intolerância,
haverá uma espécie de estigmatização desse agente. Obviamente que
crimes mais graves, como roubo, assassinato, estupro, acabam por for-
mar uma figura que os identificará como desviantes. Observe-se desde
logo, que os autores do labelling tentam evitar a tradicional termino-
logia (crime, criminosos, delinquentes, bandidos etc.) por entenderem
que a forte carga valorativa – e pejorativa – é negativa e adere àquele
que se envolveu com a justiça criminal”. (SHECARIA, 2014, p. 257)

Isto é, o labelling approach não trata do ser maligno, inferior, fraco, maléfico, sinistro
e ímpio por sua própria natureza humana, senão daquele que desvia-se da norma imposta
(delinquência primária) e que ingressa em uma carreira criminal após o estigma criado através
dos processos vexatórios e humilhantes o qual é submetido (delinquência secundária).

É Shecaria, que em sua obra apresenta três importantes componentes para entender o
conceito de desviante, assim a primeira é

“(...) Sem dúvida, a estatística. É desviante àquele que varia muito da


média das pessoas, que difere do comum. Nesse sentido um canhoto é
um desviante da média de destros. A segunda ideia de desvio decorre
de um conceito patológico. Muitas pessoas identificam, por exemplo,
as enfermidades mentais como desvios das pessoas que, em média,
são sãs. Evidentemente que este conceito é adotado de forma analógi-
ca com as ciências médicas para referenciar alguns dados sociais e que
devem ser relativizados, algo que o ato o faz. A terceira perspectiva do
desviante diz respeito àquele que fracassa ao obedecer às regras do
grupo e que será visto como um outsider. No entanto, tais perspecti-
vas são suficientemente superficiais e não expressam a própria opinião
do autor. (...) para os autores do labelling a conduta desviante é o re-
sultado de uma reação social e o delinquente apenas se distingue do
homem comum devido à estigmatização que sofre”. (SHECARIA, 2014,
p.258)

Segundo Becker, a criação do sujeito desviante advém da criação das normas pela pró-
pria sociedade, assim, idealize-se uma sociedade em que a cannabis sativa l. (maconha) é

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legalizada, e decide, por exemplo, através de plebiscito, ou ainda por meio de projeto de lei
aprovada por seus representantes, pela criminalização de seu uso.

Os grupos sociais usuários desta droga naquela sociedade teriam de forma grosseira
dois caminhos básicos a seguir: acatar a nova norma ou permanecer como usuário e ser con-
siderado um marginal.

Imagine ainda, a situação inversa, a descriminalização da droga. Todos aqueles seres


marginais (lendo-se sempre aquele que está à margem da lei) agora teriam os estigmas retira-
dos pela simples legalização.

É desta forma, que Becker desencadeia sua obra, desenvolvendo o entendimento de


que a conduta criminosa só resiste na sociedade que assim a determina como tal, pois

“(...) Dentro dessa linha de raciocínio, a desviação não é uma qualidade


do ato que a pessoa comete, mas uma consequência da aplicação
pelos outros das regras e sanções para o ofensor. O desviante é
alguém a quem o rótulo social de criminoso foi aplicado com sucesso;
as condutas desviantes são aquelas que comete um ato determinado.
As definições de atos desviantes são relativas e, pois, variáveis. O
comportamento que permite mandar alguém à prisão é o mesmo
que autoriza a qualificar outro como honesto, já que a atribuição
valorativa do ato depende das circunstâncias em que ele se realiza
e do temperamento e apreciação da audiência que o testemunhou”.
(SHECARIA, 2014, p. 258).

A tênue diferenciação de alguns comportamentos e suas explicações na medicina e psi-


cologia revelam grandes estigmas criados e enraizados em uma sociedade e até em suas linhas
de pesquisas, pondo como exemplos os ditos alcoólatras e cleptomaníacos.

Vejamos, segundo o dicionário Aurélio - o mais famoso dicionário da língua portugue-


sa-, o significado de alcoólatra é aquele que consome de forma abusiva e sistêmica bebidas
alcoólicas, configurando-se uma doença crônica – pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
-, e cleptomaníacos seriam aqueles que possuem um desejo irresistível de furtar.

Esclarece Vera Regina de Andrade, que

“(...) o sistema penal não realiza o processo de criminalização e estig-

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matização à margem ou inclusive contra os processos gerais de eti-


quetamento que tem lugar no seio do controle social informal, como
a família e a escola (por exemplo, o filho estigmatizado como ‘ovelha
negra’ pela família, o aluno como difícil pelo professor e etc.) confor-
me salienta o interacionismo simbólico e o mercado de trabalho, entre
outros e como salientará a criminologia crítica”. (ANDRADE, 2003, p.
210).

Por conseguinte, a ambiguidade em torno do processo que leva à alguns indivíduos


carregarem o estigma da nomenclatura “ladrão” e outros de cleptomaníacos, e ainda, daque-
les apontados como “bêbados”, considerados em si como doentes pelo alcoolismo, enquanto
outros, ainda que de forma excessiva e reiterada não o são, complementa Carlos Roberto
Bacila que

“(...) as subculturas têm essa característica: acolhem bem os seus inte-


grantes. Assim, os imigrantes que moram na periferia das cidades, os
drogaditos, os presos, os mendigos falam o mesmo idioma e aceitam-
-se mutuamente por compreenderem como é que chegaram a adotar
uma forma de vida que não é a convencional. Se um indivíduo só é
aceito em uma comunidade específica, adivinhe se ele vai seguir as
regras desta comunidade. Provavelmente se tornará o seu maior de-
fensor. Qualquer um poderia agir assim”. (BACILA, 2005, p.27)

Transformando-se de forma perigosa e estigmatizante a diferença e os exemplos usa-


dos, até por profissionais da saúde, quem e como seriam os portadores destas doenças e
quem não. Reflita-se como seria as condições físicas, sociais e econômicas de um indivíduo
que após furtar uma loja poderia vir a ser considerado cleptomaníaco e aquele que seria ta-
xado de “ladrão”.

Enquanto que para Shecaria, o desvio se dá para além da condição da norma violada,
atentando-se também, por aquele que pratica, ressaltando-se as diferenças das reações so-
ciais em grupos diferentes, como homens brancos versus negros, nativos e imigrantes, mais
e menos abastados, entre outros, atentando que adiante o cometimento do delito assim o
classificado, para o sujeito que o perpetrou e o reflexo da sociedade.

A partir da concepção dessa teoria, é que surge a ideia de uma conduta desviante,

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fazendo-se necessário o apontamento de três importantes momentos para sua compreensão,


quais sejam: o role engulfment (ou carreira criminal), as cerimônias degradantes e a institui-
ção total.

Segundo Baratta, as cerimônias degradantes são constituídas pelas estruturas a qual


o indivíduo é submetido através do processo criminal inquérito, assistencial social, delegacia,
sistema carcerário e o enfoque midiático dado ao seu caso.

Complementa Shecaria que:

“ (...) Praticado o ato inicial, uma nova relação advirá da reação social.
A mais importante consequência é uma drástica mudança na identida-
de pessoal que o indivíduo tem diante da sociedade. Surge um novo
status que revelará o agente desviado como alguém que supostamen-
te deveria ser. Para ser rotulado como criminoso basta que cometa
uma única ofensa criminal e isto passará a ser tudo que se tem de refe-
rência estigmatizante dessa pessoa. Imagine-se, por exemplo, um cri-
me de furto praticado em uma residência. (...) as rotinas diárias farão
como que ele busque a aproximação com os iguais, o que gera o início
de uma carreira criminal. (...) mas a sociedade destaca alguns detalhes
do comportamento de tal pessoa e declara que eles refletem o tipo de
pessoa que realmente é (...)”. (SHECARIA, 2014, p. 260)

Ocorre que, a rotulação é tão grave no Brasil que baseados em juízos de probabilidade
e possibilidades toda uma instrução criminal é dirigida para um perfil físico e comportamental
do criminoso, em que infelizmente aponta em diversos casos a crimes tidos como mais “co-
muns”, entre eles furtos e roubos, como homens, jovens, negros e advindos de periferia, um
estigma enraizado pelo racismo estrutural vivido pela sociedade brasileira desde a abolição da
escravatura.

Isto posto, necessário tecer comentários acerca da instituição total, conceito criado
com intuito de abordar a criação da nova identidade do sujeito apenado a privativa de liber-
dade a partir do sistema a qual é submetido uma vez estando no cárcere e a desconstrução de
sua autoimagem anterior, para seguir os novos padrões e autoridade hierárquica.

A privação da liberdade e a instituição total segundo os criminólogos e criminalistas


adeptos da teoria da rotulagem denotam a crueldade e o sentimento de vingança e excessiva-
mente punitivista que não apontam para uma forma efetiva de diminuição da criminalidade,

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tampouco da ressocialização dos indivíduos.

4 DESVIAÇÃO SECUNDÁRIA E A CARREIRA CRIMINAL

É, portanto, após a execução do desvio primário, ou seja, da ação, do cometimento de


um delito, que nasce a reação social, a qual Baratta agrega intimamente a transmutação que
será sofrida pelo indivíduo no decorrer da interferência na identidade do mesmo perante a co-
munidade que pertence, uma vez que a reação social recria a imagem e autoimagem daquele
indivíduo desviado, introduzindo um perfil criminoso, que ele agora representa e pertence,
assim

“(...) Como os outros definem o autor e como o autor se define. De


maneira bastante cruel, pode ser dito que, à medida que o mergulho
no papel desviado cresce, há uma tendência para que o autor do delito
defina-se como os outros o definem”. (SHECARINA, 2014, p. 261)

A importância do rotulo é tamanha que faz pensar no que é preciso para ser um crimi-
noso, e infelizmente ou felizmente a resposta é simplista: basta incorrer em algum delito. Ou
seja, para ser o criminoso, o bandido, o delinquente, é necessário apenas o delito.

O que atualmente é legal, pode não sê-lo daqui a algum tempo, contudo não parece
ser simples para a coletividade, visto que o olhar para aquele que pratica uma determinada
conduta, que inicialmente qualquer um com sua natureza humana poderia realiza-lo, acredi-
tam que tal comportamento praticado revela o seu íntimo, o que de mal aquele ser representa
a sociedade, como se aquela conduta revela-se o nefasto e miserável da escória da sociedade.

Para Baratta, as instituições do Estado com as propostas em torno da ressocialização


do sujeito e para o controle estatal tornaram se um grande sinistro ao passo que são um dos
meios essenciais para criação da desviação secundária e da carreira criminal. Tal suposição
causa espanto e olhos incrédulos pela sociedade, que refutá-la-iam com afirmações de que a
culpa não seria dos agentes de policia ou do judiciário, tampouco do sistema carcerário se o
delinquente retorna a delinquir.

Porém, pensemos: um ser humano, após a inserção em sociedade, comete um crime.

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Sabe-se que antes da conduta delituosa, o mesmo tinha um nome, uma religião, uma cultura,
uma vida em grupo e familiar, jeitos e trejeitos, então é inserido em local com desconhecidos
estranhos a seus olhos, hierarquia sobre seu nome, suas roupas, eu corte de cabelo e até suas
opções de comer entre outros.

Vamos mais adiante, ponha-se a pensar naquele sujeito que na verdade não foi inseri-
do na sociedade, nunca o foi. Aquele sujeito que nunca teve uma cultura, que é considerado
um “subproduto do crime”, sem seio familiar e sem estrutura social. O primeiro será apresen-
tado uma nova vida, uma subcultura e o sistema penal atual dirá que fará com que passe pela
ressocialização, para quando cumprir sua pena volte a sociedade como um ser social e apto
para a vida em sociedade. Enquanto, o segundo será apresentado, ou melhor reapresentado
ao que já conhece e será socializado, no mundo do crime. Em ambos os casos, a sociedade
perde.

A sociedade perde um ser humano, pois a ressocialização tornou-se uma das maiores
falácias do sistema atual, confirmando-se pelo levantamento realizado em 2015 pela ONG
Human Rights Watch (HRW), em que apurou-se que das 6 pessoas torturadas diariamente
no Brasil 84% estão presas, sejam em delegacias, penitenciárias ou unidades especificas para
jovens.

Apesar do espantoso percentual, um dos destaques principais vai para a justificativa


encontrada pela HRW, onde a impunidade daquele que tortura e o encarceramento “massi-
vo” seriam juntos os motivos ensejadores das torturas as quais os presos da estatística acima
mencionada foram submetidos.

Portanto, com o rotulo em mãos e um sistema que não promove sua ressocialização,
mas sim o socializa em uma subcultura, aquele que cometeu um delito retorna a sociedade
não sentindo fazer mais parte daquela realidade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em que pese todas as formas possíveis de abordar o que a teoria do etiquetamento


social conduziu para o estudo da criminologia, a maneira mais acessível e compreensível é
analisar a máxima de que: para ser criminoso, basta cometer um crime.

Por conseguinte, Shecaria apresenta a cadeia abordada pela teoria do etiquetamento


social, com a seguinte sequencia:

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“(...) delinquência primária, resposta ritualizada e estigmatização, dis-


tância social e redução de oportunidades, surgimento de uma subcul-
tura delinquente com reflexo na autoimagem, estigma decorrente da
institucionalização, carreira criminal e, por fim, a delinquência secun-
dária”. (SHECARIA, 2014, p.269)

Contudo, não se pretende ignorar no presente estudo crimes brutais e odiosos como
homicídio ou estupro, mas sim considerados a realidade de uma sociedade e suas escolhas de
criminalização e seus motivos ensejadores e a reação social causada após a consumação do
crime.

Retirando o véu ideológico do “bandido mau”, enxerga-se além da necessidade exces-


siva de punir e encarcerar, o que é visivelmente no Brasil, que é o terceiro país com maior nú-
mero de pessoas presas, dados levantados pelo INFOPEN – Levantamento Nacional de infor-
mações Penitenciárias realizado em 2017, sendo divulgado pelo Ministério da Justiça através
do DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional.

É, com tais informações que torna-se possível a análise do sentimento brasileiro de


insegurança causado pela falsa ideia da impunibilidade dos crimes no país, equivale a um tra-
paceiro modo de pensar e refletir, ao passo em que se é o terceiro país com mais presos em
nível mundial.

Ocorre que, é justamente pela rotulação e as carreiras criminais oriundas do atual sis-
tema carcerário que há necessidade do prequestionamento e consciência crítica quanto ao
sujeito desviante, para os rótulos e estigmas que lhe são empregados, a reação social perante
ao delito, a criminalização e encarceramento de forma massiva.

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