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RIBSP- Vol 2 nº 5 – Jul/Dez 2019 Ricardo Ziegle Paes Leme, Brunno Miranda Barros e Felizerdo Carneiro Brito Júnior

FUNDAMENTOS DA ESCOLA CLÁSSICA DA CRIMINOLOGIA E


PERSPECTIVAS DOS CADETES DA PMDF. AINDA PENSAMOS
COMO OS CLÁSSICOS?

Ricardo Ziegle Paes Leme


Brunno Miranda Barros*
Felizardo Carneiro Brito Júnior**

RESUMO: A pesquisa apresenta as premissas da Escola Clássica da Criminologia, sua base


filosófica, seus principais expoentes, métodos e implicações nas políticas criminais atuais e avalia
se os cadetes da 22ª Turma da PMDF se identificam com seus postulados, buscando analisar
quais políticas criminais e soluções na seara criminal interessarão aos futuros comandantes. Nesse
sentido, indagou-se se os cadetes se identificavam com esses postulados. Também, se o fato de
alguns desses cadetes já terem experiências em agências do Sistema Penal, suas concepções
sofreriam interferências. A metodologia de pesquisa consistiu em pesquisa bibliográfica e
aplicação de questionários aos cadetes da 22ª Turma, tendo como hipótese que os cadetes que já
exerceram funções no sistema criminal teriam maior identificação com a Escola Clássica. O
universo da amostra foi de 115 (cento e quinze) cadetes da 22ª Turma do CFO. Foram colhidos
87 (oitenta e sete) questionários respondidos manualmente e alimentados pelos pesquisadores na
plataforma “SurveyMonkey”, o que corresponde a 75% da população total em estudo. Com base
na análise dos resultados foi possível constatar que a maioria significativa dos cadetes da 22ª
Turma se identificam com pressupostos e valores da Escola Clássica da Criminologia.

Palavras-chave: Escola Clássica da Criminologia. Perspectivas de Cadetes da PMDF. Crime


como Escolha Racional.

 Cadete do 2º ano do Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal. Bacharel em
Administração (Universidade de Brasília – UnB -2010). Bacharel em Direito (Centro Universitário de Brasília-
UniCEUB- 2015). Bacharelando em Ciências Policiais (Instituto Superior de Ciências Policiais ISCP/APMB-2018-
2020).
* Cadete do 2º ano do Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal. Bacharel em Direito
(Centro de Educação Superior de Brasília - IESB- 2010). Bacharelando em Ciências Policiais (Instituto Superior de
Ciências Policiais ISCP/APMB-2018-2020).
** Cadete do 2º ano do Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal. Licenciatura em
Física(Universidade Federal de Alagoas- UFAL- 2015). Bacharelando em Ciências Policiais (Instituto Superior de
Ciências Policiais ISCP/APMB-2018-2020).

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mencionadas e resposta ao questionamento


1. INTRODUÇÃO do título: será que no século XXI ainda
pensamos como aqueles que estudavam o

A
fenômeno criminal no período da Escola
presente pesquisa apresenta as
Clássica da Criminologia?
premissas da Escola Clássica da
Criminologia, sua base filosófica,
seus principais expoentes, métodos e 2. FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA
implicações em políticas criminais atuais e
avaliar se os cadetes da 22ª Turma da PMDF
se identificam com seus postulados, 2.1 ORIGENS HISTÓRICAS DA
buscando analisar quais políticas criminais e ESCOLA CLÁSSICA DA
soluções na seara criminal serão área de CRIMINOLOGIA
interesse dos futuros comandantes da
PMDF. Os postulados da Escola Clássica
O livre arbítrio e o crime entendido acompanham o Iluminismo Europeu, um
como norma jurídica são os assoalhos da movimento que no campo das ciências
Escola Clássica, nesse sentido o indivíduo procurava libertar os homens dos dogmas da
seria livre e responsável para escolher violar religião e na política constituía instância
a lei penal ou se comportar de acordo com o crítica do absolutismo das monarquias
que ela prescreve. europeias.
Beccaria, 1764, principal As escolas liberais clássicas da
representante dessa corrente de pensamento criminologia se manifestavam contra as
criminológico, entende que a severidade das práticas penais e penitenciárias do antigo
penas ou condições socioeconômicas não regime e desejavam substituí-las por uma
interfere tanto para diminuir a incidência política criminal que respeitassem os
criminal quanto a certeza da punição. princípios da humanidade, legalidade e
Nesse sentido, indaga-se: 1) Os utilidade.
cadetes da 22ª Turma da PMDF se Essa reação contra as arbitrariedades
identificam com esses postulados? 2) O fato do absolutismo em face dos direitos do
de alguns desses cadetes já terem indivíduo foi fundamental para o substrato
experiências em agências do Sistema Penal, filosófico que a Escola Clássica desenvolveu.
interfere em suas concepções? 3) Quais Como exemplo, Beccaria, que escreveu sua
políticas criminais recentes decorrem do obra Dos delitos e das penas, em 1764, trouxe
pensamento da Escola Clássica? inovações humanistas propondo a restrição
Para responder essas questões, a da pena de morte (somente para crimes
metodologia da pesquisa consistiu em contra a figura do rei deveria permanecer) e
pesquisa bibliográfica e aplicação de a supressão de todos os tipos de penas de
questionários aos cadetes da 22ª Turma, suplício e físicas.
tendo como hipótese que os cadetes que já Embora para fins didáticos
exerceram funções no sistema criminal terão pedagógicos considera-se a escola clássica
maior identificação com a Escola Clássica e como a primeira expressão do pensamento
aqueles que não tiveram essa experiência criminológico de maneira sistematizada,
acreditarão que fatores socioeconômicos, quem cunhou esse termo (Escola Clássica)
desorganização social, família estruturada foi Enrico Ferri em Princípios do Direito
entre outros são mais preponderantes como Criminal, conforme leciona Viana, 2018, p.
causas da criminalidade. 40:
Espera-se como resultados,
apresentação de referencial bibliográfico
sobre os pressupostos da primeira Escola da E foi verdadeiramente um edifício de clássica
majestade e beleza, que os grandes
Criminologia e sua aplicação em políticas criminalistas desde Romangnosi a Filangieri,
criminais a confirmação da hipótese de Mario Pagano a Rossi, de Carmignani a

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Carrara, de Ellero a Pessina, construíram responsabilidade penal, o indivíduo


numa poderosa sistematização jurídica, que possuindo livre arbítrio e se
dominou os legisladores, a opinião pública e
quotidiana jurisprudência, continuando ainda responsabilizando pela conduta que viola a
hoje a sua influência como pensamento norma e da pena, que possui caráter
tradicional. retributivo com a finalidade de defesa social
para se evitar a impunidade, mas que deve
possuir limites na proporcionalidade.
Como se depreende, desde sempre, a Romagnosi concentra sua teoria no
maneira de lidar com a criminalidade, toda estudo da pena, caracteriza sua função de
política criminal, antes de existir nos campos defesa social como um contraestímulo ao
das legislações, pertencem inicialmente ao impulso criminoso, e também avança em
campo das ideias. Por meio deste trabalho, aspectos sociais, o que seria objeto essencial
pretende-se compreender quais ideias de futuras escolas criminológicas, conforme
criminológicas permeiam as reflexões dos leciona Baratta (2002, p.35):
cadetes da PMDF.
Segundo Romangnosi, a pena não é o único
meio de defesa social; antes, o maior esforço
da sociedade deve ser colocado na prevenção
2.2 PRINCIPAIS EXPOENTES do delito, através do melhoramento e
desenvolvimento das condições de vida social.

Segundo Baratta (2002, p.32), O nascimento da moderna ciência


quando se fala em escola liberal clássica do direito penal na Itália se deve à
como um antecedente ou como a “época sistematização jurídica promovida por
dos pioneiros” da moderna criminologia: Francesco Carrara. Na obra Programa do
Curso de Direito Criminal (1859) ele prega a
Se faz referência a teorias sobre o crime, sobre visão rigorosamente jurídica do delito.
o direito penal e sobre a pena, desenvolvidas
em diversos países europeus no século XVIII Escreve Carrara:
e início do século XIX, no âmbito da filosofia
política liberal clássica. Faz-se referência, Toda a imensa trama de regras que, ao definir
particularmente à obra de Jeremy Bentham, na a suprema razão de proibir, reprimir e julgar as
Inglaterra, de Feurbach na Alemanha, de ações dos homens, circunscreve, dentro de
Cesare Beccaria e da escola clássica de direito limites devidos, o poder legislativo e judicial,
penal na Itália. (sic) deve (no meu entender) remontar, como a raiz
mestra da árvore, a uma verdade fundamental,
que o delito não é um ente de fato, mas um
ente jurídico.
Na doutrina brasileira credita-se à
Viana apud Bruno (2018, p. 41) a divisão da
Escola Clássica em duas vertentes. “Uma, Baratta (2002, p.36), explicando o
sob influência do Iluminismo, pretendeu pensamento do mestre de Pisa, alerta:
criar um Direito punitivo baseado na
necessidade social (...)” se filiaram Beccaria, O delito é um ente jurídico porque sua
essência deve consistir, indeclinavelmente, na
Filangieri, Romangnosi e Carmignani. Por violação de um direito. Mas quando Carrara
outro lado, a outra vertente clássica, que é a fala de direito, não se refere às mutáveis
fase definitiva da Escala, “a metafísica legislações positivas, senão a “uma lei que é
jusnaturalista invade a doutrina do Direito absoluta, porque constituída, pela única ordem
Penal e vem acentuar a exigência ética da possível para a humanidade, segundo as
previsões e a vontade do Criador”.
retribuição da pena (...)”, compreendida por
Carrara e Pessina.
A fundamentação filosófica da Os pressupostos do jusnaturalismo
Escola Clássica encontra na obra de Beccaria estão presentes no pensamento de Carrara e
seus vetores principais que se fundam nos da Escola Clássica e ocasiona reflexos no
conceitos de delito, como ente jurídico, de entendimento de Carrara a respeito da

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função da pena, não se restringindo à comportar de acordo com a lei ou romper


retribuição, mas à proteção de uma ordem sua previsão e incorrer em crime.
jurídica superior. O fim da pena não é a O caráter da pena se baseava na
emenda do infrator, mas a eliminação do prevenção geral. A pena não precisava ser
perigo social que sobreviria da impunidade necessariamente cruel. Beccaria pregava a
do delito. celeridade da aplicação das penas; a
A emenda, a reeducação do sociedade deveria perceber que o castigo
condenado, afirma Baratta, seria um existiria, que seria rápida a punição, pois o
resultado acessório e desejável da pena, mas que reduziria os índices criminais seria a
não sua função essencial, nem o critério para certeza da sanção, mas não precisava ser
sua medida. necessariamente dolorosa.
Um dos objetivos do trabalho é A celeridade vai de encontro à
identificar quais as perspectivas dos cadetes sensação de impunidade. Essa ideia
em razão de futuras políticas criminais, predomina ainda hoje no senso comum de
eventualmente influenciadas por eles. que a resposta punitiva veloz como exemplo
Certamente conhecer a função da pena, na serve para que outros indivíduos não
opinião dos futuros comandantes da PMDF, cometam crime.
será de extrema relevância. A prevenção geral negativa se dá
com a intimidação ao assistir a eficácia da
pena, coibindo a atuação de outros
2.3 PREMISSAS FUNDAMENTAIS indivíduos no cometimento de delitos.
Também se tinha uma ideia mais liberal do
direito criminal (campo punitivo); um direito
Todo conhecimento científico não tão punitivista no sentido de crueldade,
carece de um método, um caminho para se mas que fosse mais útil (utilitarismo), com
chegar a determinadas conclusões. Os finalidade para o campo social, utilidade do
integrantes da Escola Clássica empregavam direito de punir pautada no direito social.
o método dedutivo ou lógico-abstrato. O Embora exista alguma divergência
estudioso, nesse caso, toma como ponto de entre autores, a retribuição da pena estava
partida uma premissa geral para verificar se é presente como finalidade, afinal estava ao
aplicável aos casos particulares. Segundo controle do homem praticar ou não a
Viana (2018, p.42), o método dedutivo deve conduta criminosa. Viana ( 2018, p.43)
admitir necessariamente um “a priori”, um afirma que alguns teóricos, como Bentham,
pressuposto do qual se derivam proposições se concentravam na elaboração de um
sucessivas. sistema no qual a pena seria exatamente
O crime, como vimos proporcional ao crime, sugerindo
anteriormente, na fundamentação de correspondência quase matemática entre o
Carrara, não é um simples fato, mas um ente direto violado e a medida da reação penal.
jurídico e o principal objeto de estudo da O campo de estudo dos Clássicos
Escola Clássica. Sua essência se baseia na não era o criminoso; já que os homens são
contrariedade entre a ação ou omissão mentalmente sãos e as pessoas tem
humana com o que está normatizado. capacidade de escolha e podem decidir qual
A responsabilidade penal está caminho percorrer, e dentro dessas opções
lastreada na moral e no livre-arbítrio, optam pelo crime; o criminoso, portanto, é
partindo do princípio que a vontade humana um ser imputável.
é livremente determinada pelo indivíduo,
portanto, embora alguns autores destaquem
a importância e influência do meio social no
comportamento criminoso, não se
caracterizam variáveis determinantes. A viga
mestre dos expoentes da Escola Clássica é a
responsabilidade individual entre escolher se

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2.4 PROPOSTAS ATUAIS burocratização para o exercício da atividade


autônoma, gerando empregos, por exemplo)
e concorrentemente atribuir custos
2.4.1 Teoria Econômica do Direito e adicionais sobre a prática delituosa, como o
Teoria da Escolha Racional fim da certeza da impunidade, maiores
sanções, sistema policial e penal mais
eficientes.
Para a Teoria Econômica do A Teoria da Escolha Racional, sob
Direito, a decisão de cometer um delito é um enfoque criminológico, foca no processo
influenciada por estímulos, partindo do de tomada de decisão do criminoso. A
princípio de que o sujeito não atua de modo principal hipótese é a de que os criminosos
plenamente racional, mas conforme as têm um comportamento intencional,
variáveis circunstanciais que envolvem o destinado a obter vantagem de alguma
crime. Assim, a motivação para o forma. Entretanto, as decisões são limitadas
cometimento do crime é a consciência de pelo tempo, pela capacidade cognitiva e pela
que aquele ato proporcione um retorno informação disponível, sendo as percepções
maior do que a provável sanção a ser da situação, dos riscos e das recompensas
aplicada. Ou seja, assim como economistas, mais importantes do que as circunstâncias
a escolha é dada por uma ponderação entre a em si. (BAERT, 1997)
vantagem a ser obtida pelo cometimento do As decisões variam de acordo com
delito e a probabilidade de ser penalizado, as diferentes fases do delito (seleção primária
semelhante a uma relação de custo e do alvo, determinação do alvo,
benefício utilizado no mercado. planejamento, espreita e ação delitiva) e
(CERQUEIRA, 2004) entre os diferentes autores.
Dessa forma, quando a Afirma, ainda, que o criminoso
probabilidade de ser sancionado ou pode ou não cometer um crime com base na
penalizado aumenta, o custo aumenta, percepção dos riscos e recompensas. E se
proporcionalmente, a vantagem a ser obtida um agente escolhe cometer um crime com
se torna mais arriscada sob o ponto de vista base em um rol de fatores, logo esses fatores
da decisão, diminuindo as chances do podem ser alterados a fim de dissuadi-los,
cometimento do delito. sendo de suma relevância o conhecimento
O maior custo está relacionado nas para prevenção e solução da incidência
esferas policial, judicial e social, coexistindo, criminal.
também, os custos prováveis, ligados ao
tempo e empenho necessários para lograr 2.4.2 Teoria das Atividades Rotineiras
êxito no cometimento do delito e na
vantagem pessoal a ser obtida.
O objetivo da teoria é buscar uma A Teoria das Atividades Rotineiras
eficiência, respeitando o Princípio da Ultima defende que para que um crime aconteça é
Ratio do Direito Penal, de modo a prevenir necessária a convergência de tempo e espaço
os crimes com menor custo social possível. em, pelo menos, três elementos: um
Busca-se, então, recorrer a instrumentos que provável agressor, um alvo adequado e a
reflitam um menor custo social do que ausência de um guardião capaz de obstar o
aquele a ser representado pelo crime ou, por cometimento de crime.
outro lado, que possa desencadear danos por Em relação ao infrator motivado,
meio da vingança particular, a título de os principais elementos são a patologia
reação informal ao crime. individual, a maximização do lucro, o
Por essa corrente teórica, há duas subproduto de um sistema social perverso
soluções para se reduzir o cometimento de ou deficiente, a desorganização social e a
crimes: proporcionar vantagens para a oportunidade.
prática de atividades lícitas (diminuindo a

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Quanto à ausência de um guardião indesejados e define quais devem ser


capaz, diz respeito a uma pessoa ou rotulados como crime ou contravenção e
equipamento que desestimule a prática de anuncia as penas. Entende o crime enquanto
delito. O guardião pode ser classificado com norma, por exemplo, define como crime de
formal ou informal, sendo estes, por furto o ato de subtrair coisa alheia móvel. A
exemplo, policiais, vigilantes, testemunhas, Criminologia, por sua vez, é uma ciência
sistema de segurança, entre outros. empírica que estuda o crime, o criminoso, a
A respeito da vítima e alvo vítima e o controle social, ocupa-se do crime
adequado pode se referir tanto a uma pessoa enquanto fato e, assim, vai indagar quais são
quanto a um local ou um produto. O crime os fatores que contribuem para a maior
quando cometido em um estabelecimento incidência do furto. Nutro giro, a Política
comercial, o alvo adequado se deve ao fato Criminal vai elencar quais as estratégias e
da facilidade de acesso aos valores. Um meios de controle social para a
crime cometido na rua deserta, sendo vítima criminalidade, portanto o crime tem valor
uma transeunte idosa, manuseando um negativo pelos prejuízos causados na
aparelho celular de alto valor, desprotegida e sociedade e seu trabalho se concentrará em
sem condições de reagir, o alvo é adequado. propor legislações e ações para diminuir os
Resumindo, a Teoria das crimes de furto de determinada região.
Atividades Rotineiras demandam mais do Inegável a contribuição da Escola
que um simples autor, mas fatores Clássica para a legislação penal brasileira e
ambientais propícios e um alvo vulnerável, para os alicerces de qualquer política
conhecido, também, como triângulo da criminal que se implementou no período
análise de problemas (TAP). Logo, para a pós-Constituição de 1988, afinal os
prevenção criminal deve ser alterar um dos princípios do Direito Penal foram
elementos situacionais do crime. idealizados para frear a sanha punitiva do
Estado Absolutista e combater os déspotas e
seus abusos de poder.
2.5 Influência na Política Criminal
Os pensadores da Escola Clássica
descreveram os princípios para impor limites
É a política criminal que tanto ao legislador como ao aplicador do
transforma a experiência criminológica em Direito para que as penas impostas pelo
estratégias concretas de controle da Estado sejam definidas em leis claras,
criminalidade. Salomão Shecaira estabelece a precisas, necessárias e proporcionais ao
diferença entre política criminal e delito praticado.
criminologia: a primeira “(...) implica as Os princípios da reserva legal e da
estratégias a adotarem-se dentro do Estado anterioridade penal expressos na
no que concerne à criminalidade e a seu Constituição Federal e no Código Penal
controle; já a criminologia converte-se, em decorrem do tratamento do crime como
face da política criminal, em uma ciência de ente jurídico, assim como Romagnosi entre
referências, na base material, no substrato outros entendiam ainda no século XVIII.
teórico dessa estratégia”.
A política criminal, pois, não pode Art. 5º, XXXIX, C.F. – “não há crime sem lei
ser considerada uma ciência igual à anterior que o defina, nem pena sem prévia
criminologia e ao direito penal. É uma cominação legal;”
disciplina que não tem um método próprio e
Art. 1º, C.P. - “Não há crime sem lei anterior
que está disseminada pelos diversos poderes que o defina. Não há pena sem prévia
da União, bem como pelas diferentes esferas cominação legal.”
de atuação do próprio Estado.
Rogério Sanches (2016, p.33)
diferencia Direito Penal, Criminologia e
Política Criminal da seguinte maneira: o
Direito Penal analisa os fatos humanos

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Sobre o Princípio da Taxatividade e neurociência tenham avançado em contestar


da vedação de criação de tipos penais vagos sua validade.
ou indeterminados, Sanches apud Beccaria, Cabe a esse trabalho demonstrar se
(2016, p. 88) recorda que estes imperam no esse pensamento também se encontra
ordenamento jurídico brasileiro no permeado nas concepções dos futuros
momento de se criar leis que criminalizam comandantes da Polícia Militar do Distrito
condutas: Federal.

Cesare Beccaria alerta quanto à necessidade de


edição de leis certas. Assevera o Marquês: 3. METODOLOGIA
"Ponde o texto sagrado das leis nas mãos do
povo e, quantos mais homens o lerem, menos
delitos haverá; pois não é possível duvidar A pesquisa do presente trabalho
que, no espírito do que pensa cometer um
crime, o conhecimento e a certeza das penas tem uma vertente exploratória, visando
coloquem um freio à eloquência das paixões identificar e compreender a concepção do
(...)" Cadete da Polícia Militar do Distrito Federal
com relação às linhas de pensamento da
Criminologia e sua relação com a sua
A imputabilidade, como um dos experiência profissional, fazendo a
fundamentos da culpabilidade, também se diferenciação dos que trabalharam na área de
trata de instituto jurídico desenvolvido por segurança pública com aqueles que
contribuições do pensamento da Escola trabalharam em qualquer outro setor,
Clássica. Quando a norma prescreve que o levando em consideração informações do
indivíduo, para ser responsabilizado senso comum a respeito da existência de
penalmente, deve compreender o caráter aspectos negativos ou positivos dos
ilícito do fato ou se comportar conforme postulados da escola clássica de
esse entendimento, a lei penal brasileira Criminologia, conforme questionário
apresenta uma dimensão do conceito do desenvolvido.
livre-arbítrio que, como Fábio Roque (2016, A pesquisa exploratória tem como
p. 21) leciona, ainda é o fundamento central objetivo proporcionar maior familiaridade
para responsabilização penal. com o problema, com vistas a torná-lo mais
explícito ou a construir hipóteses (GIL,
Existem, é verdade, autores de escolas penais 2007). A pesquisa envolve questionário
pretendendo substituir a culpabilidade por aplicado a pessoas que tiveram ou não
outros conceitos ou, mesmo, sufragando a sua
inutilidade, à luz dos conhecimentos trazidos
experiências práticas com o problema
por determinados ramos da psicologia ou da pesquisado.
psiquiatria. São, porém, vozes isoladas, Para Fonseca (2002), methodos
imersas em um contexto em que a significa organização, e logos, estudo
culpabilidade sobressai há muitos anos. E sistemático, pesquisa, investigação.
na esteira da construção de um Direito Penal
liberal, a culpabilidade restou construída e
Segundo Gil (2007, p.17), a
desenvolvida como um dos pilares do livre- pesquisa é definida como o:
arbítrio. (grifo nosso)
(...) procedimento racional e sistemático que
Portanto, seja a culpabilidade como tem como objetivo proporcionar respostas aos
problemas que são propostos. A pesquisa
pressuposto de aplicação penal, ou como desenvolve-se por um processo constituído de
elemento normativo do crime, a liberdade de várias fases, desde a formulação do problema
escolha do sujeito e possibilidade de se até a apresentação e discussão dos resultados.
responsabilizar por ela, trata-se do esteio de
praticamente todas as legislações penais do Primeiramente definimos a
mundo, que por seguinte irão orientar a hipótese de que os que antes eram policiais
política criminal, ainda que a psiquiatria e a civis, militares ou do sistema penitenciário
(ou que de forma geral já tenham exercido

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atividade em alguma agência criminal ou do Diferentemente da pesquisa qualitativa, os


contexto) tendem a se identificar com os resultados da pesquisa quantitativa podem ser
quantificados. Como as amostras geralmente
postulados da Escola Clássica. Trata-se de são grandes e consideradas representativas da
utilização do raciocínio indutivo. Para população, os resultados são tomados como
entendermos esse tipo de raciocínio: para os se constituíssem um retrato real de toda a
humanistas lógicos como Melanchthon, população alvo da pesquisa. A pesquisa
indução é um mecanismo de apresentação e quantitativa se centra na objetividade.
Influenciada pelo positivismo, considera que a
comunicação do conhecimento já possuído. realidade só pode ser compreendida com base
(OLIVEIRA, 2002, p.179.). na análise de dados brutos, recolhidos com o
Podemos entender raciocínio auxílio de instrumentos padronizados e
indutivo como a busca de conhecimento que neutros. A pesquisa quantitativa recorre à
se inicia com premissas consideradas linguagem matemática para descrever as
causas de um fenômeno, as relações entre
verdadeiras, para que se chegue a conclusões variáveis, etc. A utilização conjunta da
que podem ou não serem verdadeiras. Ou pesquisa qualitativa e quantitativa permite
seja, a hipóteses é: cadetes de maneira geral recolher mais informações do que se poderia
se identificam com os postulados da Escola conseguir isoladamente.
Clássica, esse fato fica mais evidente nos
cadetes oriundos de instituições do sistema Opta-se pela pesquisa qualitativa
criminal. com a necessidade de resultados estatísticos
O experimento proposto visou para complementar a tarefa, pois para
testar essa hipótese. O método usado confirmar ou rejeitar a hipótese será
integrou a experiência profissional do Cadete necessária uma análise subjetiva do objeto de
com as teorias criminológicas. As evidências estudo. Trata-se, portanto, de pesquisa
do experimento proposto foram tomadas quanti-qualitativa que pode auxiliar a
através das respostas dadas pelos cadetes, compreender as concepções sobre o crime e
quando escolheram dentre as assertivas, a políticas criminais dos futuros comandantes
que mais se identificaram. da PMDF.
O universo da amostra foi de 115
(cento e quinze) cadetes da 22ª Turma do
CFO. Foram colhidos 87 (oitenta e sete)
questionários respondidos manualmente e
alimentados pelos pesquisadores na 4. RESULTADOS
plataforma “SurveyMonkey”, o que
corresponde a 75% da população estudada. A hipótese testada por meio das
A pesquisa quantitativa prioriza respostas aos questionários era se os cadetes
resultados mensuráveis, avalia resultados da 22ª Turma se identificavam com os
numéricos do estudo proposto, coletando pressupostos da Escola Clássica da
dados por meio de questionários de múltipla Criminologia, com vistas a construir um
escolha e outros recursos objetivos. panorama de quais políticas criminais seriam
Quanto à abordagem, usaremos a defendidas por esses futuros comandantes.
pesquisa quanti-qualitativa. Segundo Rey: Outra hipótese tratava-se daqueles
cadetes que tiveram alguma experiência
Entende-se por pesquisa qualitativa, no
contexto desta investigação, como aquela que anterior no Sistema Justiça Criminal, se
visa compreender a subjetividade dos teriam uma compatibilidade maior com as
indivíduos e que sem propor generalizações ideias dos clássicos, talvez por estarem mais
procura gerar conhecimento, respeitando as familiarizado com os princípios do Direito
singularidades dos sujeitos (REY, 2005). Penal inspirados nesse período,
eventualmente, demonstrando uma
predisposição a crer na função retributiva da
Segundo Fonseca (2002, p.20): pena, se comparada com a função
ressocializadora, e encarar o crime mais

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como escolha individual do que influenciado Nessas perguntas, que procuravam


por fatores ambientais ou socioeconômicos. identificar quantos cadetes já possuíam
As três primeiras perguntas dizem experiência anterior no Sistema de Justiça
respeito à experiência profissional anterior Criminal, foi constado que 58% dos
do cadete: cadetes que responderam o questionário
já possuíam alguma experiência, sendo
1. Você já teve experiência profissional em que 35 (trinta e cinco) cadetes exerceram
alguma Agência do Sistema Criminal? alguma função em Polícias Militares, 9
( )SIM ou ( )NÃO
(nove) cadetes exerceram no Sistema
2. Durante quanto tempo você trabalhou Penitenciário, 5 (cinco) cadetes atuaram na
nesse local? Polícia Civil, 1 (um) cadete trabalhou no
( )1a 3 anos; ( )3 a 5 anos; ( )5 a 10 Sistema Socioeducativo e 1 (um) contribuiu
anos; ( )mais de 10 anos. na Defensoria Pública. A maioria, cerca de
3. Em qual desses órgãos você exerceu
73%, teve no máximo 5 anos de
suas funções? experiências nas Agências do Sistema
( )Polícia Militar Penal, conforme Quadros 1, 2 e 3:
( )Polícia Civil
( )Promotorias Criminal
( )Vara Criminal ou Execução Penal Quadro 1 – Resultado geral sobre
( )Sistema Penitenciário Experiência em agência do sistema criminal
( )Sistema Socioeducativo OPÇÕES DE RESPOSTA NUMERO
RESPOSTA DE
CADETES
Com essas perguntas pretendia-se
SIM 58,62% 51
identificar se a experiência pretérita no
sistema penal teria alguma correlação com as NÃO 41,38% 36
perspectivas de política criminal do futuro Fonte: Pesquisa
oficial.
Acreditava-se que aqueles com Quadro 2 – Resultado sobre a Agência
experiência em carreiras policiais e Criminal em que exerceu a atividade
penitenciárias tenderiam a concordar mais
OPÇÕES DE RESP. PERC. QUANT.
com as premissas da Escola Clássica,
enquanto que a experiência no Poder PM 68,63% 35
Judiciário e no Ministério Público levaria o PC 9,80% 5
cadete a ter visões mais ponderadas, ora
VARA CRIMINAL 0,00% 0
concordando, ora discordando dos
pressupostos da Escola Clássica. PROMOTORIA 0,00% 0
Já as respostas daqueles que nunca SISTEMA 17,65% 9
tiveram experiência nos órgãos de controle PENITENCIÁRIO
social formal indicariam baixa correlação SOCIOEDUCATIVO 1,96% 1
com a Escola Clássica, simpatizando com
outras correntes do pensamento DEFENSORIA 1,96% 1
criminológico. PÚBLICA
Fonte: Pesquisa

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Embora na amostra exista uma


quantidade relevante de cadetes com aqueles que não possuíam contato
experiência anterior no Sistema Penal, profissional em polícias ou sistema
verificou-se que não houve diferenças penitenciário, entre outros, de acordo com a
significativas das respostas sobre concepções 2ª parte do questionário com respostas
sobre a etiologia da criminalidade entre comparadas, conforme quadros 4 e 5.

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A quarta pergunta diz respeito à experiência no sistema criminal. Por


religião que o cadete professa: “Qual sua exemplo, na resposta em relação a quanto o
religião?”. Nessa pergunta desejava-se cadete acredita que o crime se tratava de
descobrir se a fé cristã influenciaria em uma um escolha individual, 45% dos católicos
concordância maior com as premissas da e 60% dos protestantes deram nota 4 ou
Escola Clássica, pois o livre-arbítrio é um 5; enquanto 41% das ex-praças da PM,
dos fundamentos tanto da doutrina cristã Agente Penitenciários e Policiais Civis
quanto da escola criminológica aqui deram nota 4 ou 5, conforme quadros 4 e
estudada. Verificou-se que 73% professam a 7.
fé cristã e apenas 15 % não tem religião,
conforme quadro 6.
Quadro 7 – Resultado comparado dos
dados sobre Religião e Crime como escolha
Quadro 6 – Resultado sobre a opção individual – Quantos atribuíram nota 4 ou 5
religiosa para Q1 – 1ª afirmativa
OPÇÃO DE RESPOSTAS CATÓLICO 45,45% 20
RESPOSTA
Católico 50,57% 44 PROTESTANTE 60,00% 12
Protestante 22,99% 20 Fonte: Pesquisa
Espírita 4,60% 4
Não Tem 14,94% 13
Outras 6,90% 6
TOTAL 100% 87 Em relação à função retributiva da
Fonte: Pesquisa pena preponderar sobre a função
ressocializadora, no caso de quem já teve
Revelou-se, também, que professar experiência no Sistema Penal, 68%
a fé católica ou protestante e se identificar acreditavam que sim (quadro 8) e, da
com teses centrais da Escola Clássica mesma forma, 68 % dos católicos e 55 %
influenciou tanto quanto o fato de ter tido dos protestantes também acreditaram
(quadro 9.

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quais das explicações sobre o fenômeno


A 2ª Parte do questionário
criminal o cadete mais se identifica.
procurou identificar as concepções sobre
Classificando a primeira e a última
Crime e Política Criminal. A primeira
alternativa com 4 (quatro) ou 5 (cinco) é
pergunta dessa segunda parte apresentou
possível inferir que o futuro Oficial
algumas das teses centrais de diversas
considerava que a Escola Clássica possui
vertentes do pensamento criminológico,
boas explicações e possivelmente seja
sendo que a primeira, “O crime é uma
simpático às políticas criminais orientadas
escolha racional do criminoso, fatores
por suas teses.
individuais são preponderantes sobre a
Os resultados, de maneira geral,
ocorrência ou não do crime do que
demonstraram uma tendência a considerar
fatores sociais econômicos”, e a última
as sentenças explicativas do fenômeno
afirmação, “A estrutura familiar é a base
criminal alinhavadas com a Escola Clássica
da educação moral do indivíduo, ainda
mais preponderantes entre os respondentes,
que uma pessoa conviva em um
independentemente se tiveram experiência
ambiente degradado, repleto de pessoas
anterior no Sistema de Justiça Criminal ou
que vivem do crime e com poucas
não.
oportunidades de melhoria de condições,
Conforme o quadro 10, verificou-
uma família estruturada que transmite
se que 48% acreditam que o crime como
pelo exemplo valores de respeito ao
um processo que decorre mais da
próximo e do valor das conquistas pelo
escolha individual do que de fatores
fruto do seu trabalho, essa pessoa não
socioeconômicos como uma boa
vai se enveredar para a carreira do
explicação, avaliando com notas 4 ou 5 tal
crime”, descrevem pressupostos da Escola
afirmação.
Clássica, em que a incidência do crime
estaria mais relacionada com escolhas
individuais do que com as peculiaridades do
sistema socioeconômico.
As respostas foram apresentadas
em uma ordem hierarquizada para verificar

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penal, 47% e 77% responderam 4 ou 5,


A sentença que recebeu a melhor
respectivamente para letra “a)” e “e)” da
avaliação sobre explicação do fenômeno
questão 5 do quadro 5.
criminal na sociedade brasileira, diz respeito
Nas demais perguntas 6, 7 e 8 da 2ª
àquela que leva em consideração a estrutura
parte do questionário o cadete deveria
familiar e a capacidade do indivíduo de
escolher qual sentença relacionada a
superar obstáculos sociais para não se
princípios do Direito Penal, a função da
enveredar para o crime. A explicação que
pena, e ao sistema penitenciário, oferece
tem forte inspiração em premissas da
melhor explicação acerca da realidade, de
Escola Clássica, sobretudo pelo apreço
acordo com sua visão.
ao individualismo metodológico, teve
cerca 71% das avaliações com nota 4 ou 6. Marque um (X) naquela
5. sentença que mais se amolda ao seu ponto
Entre aqueles que exerceram de vista em se tratando de políticas
função nas Agências Estatais de Controle criminais.
Formal, 50% concordam que o crime
( ) A crise que a Segurança Pública
decorre mais de uma escolha individual brasileira chegou exige medidas
do que de aspectos sociais e 66% diferenciadas, o aumento do quantum
consideram a estrutura familiar um máximo das penas, por exemplo, é
aspecto relevante para evitar que a imperioso para enfrentar a criminalidade
pessoas optem pela carreira criminosa, organizada, que para ser combatida e
vencida irá exigir uma nova interpretação
de acordo com o quadro 4. dos direitos fundamentais, que se
Já os cadetes que não tiveram tornaram na verdade um manto para
experiência profissional anterior no sistema impunidade.

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( ) Qualquer que seja a reação do Estado massivamente na educação básica. Afinal,


para diminuir a criminalidade, os devemos educar as crianças para não
princípios do Direito Penal, tais como , punir os adultos.
reserva legal, anterioridade, taxatividade, ( ) Muito embora, o Brasil ocupe a 4ª
proibição de penas de morte e cruéis posição de população carcerária no
devem ser respeitadas, pois as leis penais ranking mundial, trata-se de números
devem possuir limites, o que não significa absolutos e o Brasil possui a 5ª maior
que deva se tolerar as condutas criminosas população, a imensa maioria dos presos
que violem, sobretudo, a vida, a liberdade que aguardam julgamento, foram presos
e a propriedade. em flagrante, por crimes de baixa
complexidade de elucidação e estão nessa
7. Marque um (X) naquela circunstância por morosidade do
sentença que mais se amolda ao seu ponto Judiciário, não porque são inocentes, além
de vista em se tratando de políticas disso existem cerca de 800 mil mandados
criminais. de prisão em aberto e nem 8% dos 60.000
homicídios anuais são solucionados.
( ) Para diminuir a reincidência criminal Portanto, construir presídios, melhorar a
é fundamental o investimento na políticas capacidade das polícias investigar e
de ressocialização, a função prender e responsabilizar criminosos são
ressocializadora da pena prepondera sobre medidas imperiosas para se evitar o
a função retributiva das pessoas colapso total da segurança pública.
condenadas, se as pessoas continuarem
saindo das cadeias sem nenhuma A questão 6 diz respeito aos
perspectiva de trabalho e de uma vida
melhor, fatalmente voltará a delinquir.
princípios do Direito Penal e ao
( ) A função retributiva da pena enfrentamento da criminalidade. A produção
prepondera sobre a ressocializadora, haja intelectual da Escola Clássica inspirou a
vista que essa possui pouca eficácia sedimentação dos princípios do Direito
comprovada, nesse sentido o que se pode Penal, tais como a reserva legal,
afirmar é o que de fato diminui a
incidência criminal é a certeza da punição, anterioridade, taxatividade, entre outros que
a impunidade é a rainha mãe do crime. protegiam o cidadão das arbitrariedades do
Estado. Além disso, não sugeriam como boa
8. Marque um (X) naquela opção para frear a criminalidade o aumento
sentença que mais se amolda ao seu ponto da duração das penas em abstrato em
de vista em se tratando de políticas
criminais.
detrimento da certeza da punição.
( ) Os cárceres brasileiros estão Esperava-se que aqueles cadetes
absurdamente lotados, existem milhares que se identificavam com a Escola Clássica,
de pessoas presas que ainda aguardam optassem pela resposta que para enfrentar a
julgamento e essa política de criminalidade não se pode permitir que o
encarceramento em massa tem se
demonstrada ineficaz para o controle da Estado viole ou mitigue os princípios
criminalidade, sabe-se que a prevenção idealizados pelos clássicos, o que não se
por meio de políticas sociais são melhores verificou com os resultados, já que
para o enfretamento desse problema, somente 37% dos respondentes
portanto ao invés de construir cadeias consideraram essa resposta mais
nesse momento, deve-se investir
adequada, conforme quadro 11.

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mesmo patamar, respectivamente, 35% e


Entre os cadetes, com ou sem
40%, conforme quadros 12 e 13,
experiência anterior no Sistema Penal, as
respectivamente.
respostas também ficaram praticamente no

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Portanto, de maneira geral, cerca de Quadro 15 – Resultado Geral sobre a


63 % dos respondentes acreditam em função da pena)
políticas criminais que aumentam as Para diminuir a incidência criminal, é 32,18%
penas in abstrato, e consideram a fundamental o investimento nas políticas 28
hipótese, inclusive, de admitir a pena de de ressocialização, a função
morte como resposta para combater o ressocializadora da pena prepondera
crime, o que não coaduna com o sobre a função retributiva das pessoas
pensamento majoritário da Escola Clássica condenadas, se as pessoas continuarem
(ver quadro 14). saindo das cadeias sem nenhuma
perspectiva de trabalho e de uma vida
melhor, fatalmente voltará a delinquir.
Quadro 14 – Resultado Geral sobre solução A função retributiva da pena prepondera 67,82%
ao combate à criminalidade e princípios do sobre a ressocializadora, haja vista que 59
Direito Penal essa possui pouca eficácia comprovada,
A crise que a Segurança Pública 62,79% nesse sentido, o que se pode afirmar é o
brasileira chegou exige medidas que de fato diminui a incidência criminal
diferenciadas, o aumento do é a certeza da punição, a impunidade é a
quantum máximo das penas, por rainha mãe do crime.
exemplo, é imperioso para enfrentar Total 100%
a criminalidade organizada, que para 87
ser combatida e vencida irá exigir
uma nova interpretação dos direitos Fonte: Pesquisa
fundamentais, que se tornaram na
verdade um manto para a Antônio Henrique Graciano
impunidade.
Suxberger sobre legitimidade da intervenção
Qualquer que seja a reação do 37,21% pena, afirma:
Estado para diminuir a criminalidade,
os princípios do Direito Penal, tais “A pena consubstancia retribuição da
como, reserva legal, anterioridade, culpabilidade do sujeito, considerada a
taxatividade, proibição de penas de culpabilidade como decorrente da ideia
morte e cruéis devem ser respeitadas, kantiana de livre arbítrio. Esse é seu único
pois as leis penais devem possuir fundamento e, com amparo nesse argumento,
limites, o que não significa que deva é que se diz que, se o Estado não mais se
se tolerar as condutas criminosas que ocupasse em retribuir, materializar numa pena
a censurabilidade social de uma conduta, o
violem, sobretudo, a vida, a liberdade
próprio povo que o justifica também se
e a propriedade. tornaria cúmplice ou conivente com tal prática
TOTAL 86 e a censura também sobre o povo recairia.”
(SUXBERGER, 2006)
Fonte: Pesquisa
A função ressocializadora da pena é
característica da Escola Positivista da
Criminologia como explica Bandeira de
Moraes em artigo sobre as funções da pena:
A questão 7 procurava avaliar a
concepção do futuro oficial em relação à A função de reintegração social ou
função da pena. O caráter retributivo da ressocialização, como hoje é atribuída à pena
pena permeia o pensamento da Escola privativa de liberdade, incorporou-se
Clássica da Criminologia, dentro da ideia de gradativamente à pena principalmente como
proporcionalidade, e que a pena se justifica decorrência das pregações do Positivismo
Criminológico, que, retomando a ideia da
pela realização de justiça, não pela sua pena com caráter utilitário, como instrumento
finalidade. de defesa social, acentuada à época do
Iluminismo, condenava a concepção

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retributiva ou absoluta da pena, enfatizando social para diminuir a criminalidade, ao


que a ressocialização dos criminosos deveria passo que a segunda sentença reforça a
ser o objetivo essencial da execução penal.(
MORAES ,2013) necessidade de responsabilizar os sujeitos
que praticam infrações penais e que tenham
que pagar pelo mal feito com a restrição de
Esperava-se que aqueles cadetes que sua liberdade.
se identificaram com a Escola Clássica, Além disso, a segunda sentença
optassem pela resposta que considerava a prescreve aspectos de discussão recente no
função retributiva da pena preponderante âmbito acadêmico, a respeito da falácia do
sobre a função ressocializadora como a mais encarceramento em massa, tendo em vista
adequada. O que de fato se confirmou nos que os relatórios divulgados na mídia
resultados da pesquisa, pois 68% dos nacional desconsideram algumas
respondentes acreditam que a função informações como, por exemplo, a
retributiva da pena prevalece sobre a população relativa de presos e a população
função ressocializadora, conforme total do Brasil, quem efetivamente está
quadro 16, uma das premissas da Escola encarcerado e quem, embora condenado, se
Clássica com que os cadetes mais se encontre nos regimes aberto ou semiaberto1.
identificaram. Nesse sentido, acreditava-se que os
futuros oficiais implementadores de políticas
criminais estariam alinhados com o
pensamento da Escola Clássica e suas
Quadro 16 – Resultado Geral sobre a perspectivas atuais como a Teoria
função da pena Econômica do Delito, Teoria das Atividades
Para diminuir a incidência criminal, é 32,18% Rotineiras e marcariam, em sua maioria, a
fundamental o investimento nas 28 segunda alternativa, o que se confirmou nos
políticas de ressocialização, a função resultados da pesquisa, já que 54% acreditam
ressocializadora da pena prepondera que seja necessária a construção de mais
sobre a função retributiva das pessoas presídios para reforçar o caráter retributivo
condenadas, se as pessoas continuarem
da pena e conter o volume alarmante de
saindo das cadeias sem nenhuma
perspectiva de trabalho e de uma vida crimes violentos.
melhor, fatalmente voltará a delinquir. Contudo a hipótese de que os
cadetes com experiência no Sistema de
A função retributiva da pena 67,82% Justiça Criminal tenderiam a se identificar
prepondera sobre a ressocializadora, 59
mais com essa opção de política criminal não
haja vista que essa possui pouca
eficácia comprovada, nesse sentido, o se confirmou, já que 50% daqueles ex-
que se pode afirmar é o que de fato agentes de segurança pública acreditam
diminui a incidência criminal é a na tese do encarceramento em massa,
certeza da punição, a impunidade é a ao passo que 40% daqueles que não
rainha mãe do crime. tiveram experiência anterior creem nessa
Total 100% tese, também.
87
Fonte: Pesquisa

A questão 8 aborda o modo como


os cadetes enxergam o sistema penitenciário
e suas funções. A primeira sentença 1 Disponível em <
apresenta propostas que se identificam com https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/o
políticas criminais de escolas criminológicas -ministerio-da-verdade-
que privilegiam a transformação do contexto 8riwnzvcpvzyyzqw9p35d8jzf/ > .Acesso em: 01
Dez. 18.

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5. DISCUSSÃO quando os integrantes da turma ocuparem


posições capazes de influenciar decisões
políticas nesse sentido e comparar os
Com base na análise dos resultados resultados de políticas criminais semelhantes
foi possível constatar que a maioria dos para buscar as respostas mais adequadas para
cadetes da 22ª Turma se identifica com conter a criminalidade.
pressupostos e valores da Escola Clássica da Evidente que os futuros Oficiais da
Criminologia, ou seja, os cadetes ainda PMDF não serão os únicos atores nesse
pensam como os clássicos e possivelmente processo de implementação de políticas
optariam por políticas criminais de públicas de enfretamento ao crime, mas
enfrentamento à criminalidade alinhadas conhecendo a perspectiva filosófica de suas
com as perspectivas modernas da Escola posições e com aprofundamento dos
Clássica (Teoria Econômica do Delito e estudos comparado de políticas criminais
Teoria das Atividades Rotineiras). que produzem melhores resultados, podem
Embora exista esse alinhamento defender com embasamento científico suas
com as ideias da Escola Clássica, em relação propostas.
à preservação dos princípios do Direito De modo empírico, é possível que
Penal e vedação à pena de morte, os cadetes 90% da produção de conhecimento no
demonstraram pouco apego a essas campo da Criminologia no Brasil tenha
premissas, admitindo mitigá-las a depender como fundamento a Criminologia Crítica, de
do contexto. base marxista, que sem dúvida tem
A hipótese que se tratava daqueles influenciado as políticas criminais do Brasil.
que tinha experiência profissional em Ideias de crime como subproduto do modo
agências do Sistema Penal seriam mais de produção capitalista, criminoso vítima do
identificados com os ideais da Escola sistema, seletividade do sistema penal,
Clássica não se confirmou, haja vista que as função ressocializante da pena são discursos
respostas dessa parcela da amostra pouco se que se alastram nas Universidades e,
diferenciaram daqueles que não tinham tido também, nos gabinetes de legisladores e
experiência anterior, demonstrando em operadores do direito.
algumas respostas, como em relação à Portanto, se os futuros oficiais
necessidade de construção de presídios e a possuírem fundamentos para acreditarem
tese do encarceramento em massa, em outras propostas para a diminuição da
resultados divergentes. criminalidade na sociedade brasileira deve-se
Talvez o fator “professar uma aprofundar seus conhecimentos e ampliar a
religião cristã” seja um dos mais produção cientifica nesse campo para
significativos para o alinhamento com o conseguir que suas ideias ocupem espaço de
pensamento da Escola Clássica, o que se forma legítima e possam ajudar a conter o
inferiu no resultado comparado das questões “fiasco” das políticas criminais atuais.
5 e 7, mas que para se confirmar necessitaria Para os fundamentos da Escola
de uma abordagem estatística mais Clássica não permanecerem apenas no
abrangente. Cabe ressaltar que as hipóteses ideário dos futuros comandantes, é
para serem confirmadas ou refutadas necessário o aprofundamento das pesquisas
necessitam de um tratamento estatístico e construção de uma base sólida de
mais elaborado, mas que não se deve rejeitar conhecimento para possibilitar que as ideias
por completo as inferências realizadas por influenciem decisões políticas que produzam
meio desta pesquisa. resultados diferentes daqueles que vem
A importância de conhecer as sendo apresentados. Não basta que pensem
perspectivas dos futuros gestores da como os Clássicos, é tempo de aplicar o que
segurança pública se deve ao fato de se pensam.
poder traçar um panorama de como serão as
políticas criminais em um futuro próximo

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PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual esquemático de criminologia / Nestor


Sampaio Penteado Filho. – 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 2012.

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Penais, da Revolução Neurocientifica – Fabio Roque – Juspodvm, 2016

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Janeiro: Lúmen Júris, 2006.

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ZIEGLER, Ricardo Paes Leme: Criminologia para Concursos – Brasília: Oráculo dos
Concursos, 2018.

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THEORETICAL FOUNDATIONS OF CLASSICAL SCHOOL OF


CRIMINOLOGY AND PERSPECTIVES OF CADETS FROM THE
FEDERAL DISTRICT MILITARY POLICE (PMDF). DO WE STILL
THINK AS CLASSICS?

ABSTRACT: This research reports the premises from the Classical School of Criminology, its
philosophical basis, main theorists, methods and implications on current criminal policy, as well
as it analyses whether PMDF cadets from the 22nd Class identify themselves with its postulates,
so as to indicate criminal policies and solutions in the criminal area that will be of interest for the
future commanders. In this sense, it was asked whether the cadets identify with its postulates and
whether their background experience in the Criminal System would interfere on their
perceptions. In order to answer the questions, the methodology adopted consisted on
bibliographic research. Also, questionnaires were administered to cadets from the 22nd Class,
assuming that the ones who have previous experience on the criminal system would be more
likely to identify themselves with the Classical School principles. The research comprised a
sample of 115 cadets from the 22nd Class, from which 87 questionnaires were responded
manually. Researchers fed the “SurveyMonkey” platform with the data taken from the
respondents, which corresponds to 75% of the total population object of this study. Based upon
the analysis of the results, it was possible to verify that the majority of cadets from the 22nd Class
identify with the postulates and values from the Classical School of Criminology.

Keywords: Classical School of Criminology. PMDF Cadet Perspectives. Crime as a Rational


Choice.

Recebido em 30 de julho de 2019

Aprovado em 06 de novembro de 2019

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