Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DISCIPLINA: Criminologia
CÓDIGO: 5932
Longe de ser a ultima ratio, o Direito Penal, para aqueles configurados como
“criminosos” se configura como a primeira e principal intervenção estatal para supostamente
o combate da criminalidade, através da construção de um discurso do medo e da necessidade
de extirpação desses indivíduos do convívio social. Sob a falácia da “defesa social” e das
funções declaradas da pena, baseadas na ideia de prevenção geral e especial e de
“ressocialização” do encarcerado, o Sistema de Justiça Criminal cumpre seu papel de alijar da
sociedade aqueles indivíduos considerados descartáveis. Nas palavras de Angela Davis, a
prisão funciona como um instrumento de “gestão dos indesejáveis”, ou seja, serve como um
depósito onde são disciplinados aqueles que não correspondem ao padrão de uma sociedade de
classes, sustentada pelo racismo estrutural.
Na Escola Penal clássica tomavam como objeto o crime e não o criminoso. Esta,
fundada basicamente na noção de livre arbítrio, contrapõe o totalitarismo do estado absolutista.
Trabalhava com o jusnaturalismo, os direitos inerentes ao homem. Centrada nas figuras de
Francesco Carrara e Cesare Beccaria, a Escola Clássica vê a pena como retribuição em razão
de fato praticado por seres de livre arbítrio e esta era uma característica do discurso de
legitimação do poder punitivo, nesse primeiro momento, pune-se o ato criminoso e não a
pessoa do delinquente.
Na virada do século XIX para o século XX, se opondo a ideia de culpabilidade como o
objeto do crime e não da pessoa criminosa, surge a Escola Positivista como resposta a um
aumento da criminalidade. Defende o corpo social. Contrapõe o livre arbítrio da teoria clássica
e traça um perfil do criminoso nato por meio do determinismo. Lombroso o principal expoente
da escola, trouxe a ideia de características inatas do criminoso.
Com isso, o racismo – que foi uma invenção da colonização – vira um discurso
científico na criminologia positivista e vai passar a ter um lugar muito expressivo no âmbito
do controle social por meio do direito penal e do poder punitivo, a teoria da evolução de Darwin
foi instrumentalizada para esse propósito. A ideia de que havia um processo evolutivo, um elo
perdido entre o homem e o macaco contribuiu para a ideia de que há diferentes raças e que
haveria uma escala entre uma raça e outra.
Houve uma disputa discursiva entre as duas escolas, todavia as duas com seus diferentes
discursos se somam para compor o arcabouço ideológico que orienta as práticas do Direito até
os dias atuais. A Ideologia da Defesa Social, basicamente transmite a ideia de que todo o
aparato repressivo do Estado está organizado para defender a sociedade de algo que estaria fora
dela, é fruto da contribuição destas duas escolas e serviram para a afirmação desta.