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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ETICA E CIENCIAS HUMANAS


PSICOLOGIA CLÍNICA
Psicologia Forense
Tema: Exame
Turma: 4L7LPC2

Discente:
 Dominique Talacha Kabasso

Docente:
PhD. Hachimo Chagana

Maputo, 27 de Junho 2022


Índice
Objectivo geral……………………………………………………………………………………3
Objectivos específicos………………………………………………………………………….....3
Introdução………………………………………………………………………………………...4
Escola clássica…………………………………………………………………………………….6
Princípios fundamentais da Escola Clássica……………………………………………………...6
Contribuição da escola clássica…………………………………………………………………...7
Períodos da Escola Clássica……………………………………………………………………....8
Escola positiva…………………………………………………………………………………....8
Algumas comparações entre as escolas: clássica e positiva……………………………………..10
Conclusão……………………………………………………………………………………......11
Referências bibliográficas………………..………………………………………………............12

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 Objectivo geral
 Explicar a Escola Clássica e a Escola Positiva.

 Objectivos específicos
 Explicar o que é criminologia, seu objecto e suas vertentes;
 Apresentar a historiada escola clássica, seus princípios e suas contribuições;
 Mostrar os períodos da escola clássica;
 Apresentar o surgimento da escola positiva e suas contribuições;
 Comparar a escola clássica da escola positiva.

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Introdução
A Criminologia é conceituada como sendo uma ciência empírica (baseia-se na observação),
interdisciplinar (alimenta e é alimentada por outras ciências) voltada para o estudo do crime, do
criminoso, da vítima e do controle social formal, constituído pelo aparato oficial de segurança e
por controle social informal, ou seja, a sociedade.

Especialmente atrelada aos saberes da sociologia e do Direito Penal, as análises das observações
criminológicas oferecem aos legisladores os mais seguros subsídios no momento da criação das
leis penais, contribuem para o melhor desenvolvimento do processo penal e têm papel
fundamental na proposição de políticas públicas de segurança.

Embora se possa buscar a origem dos estudos criminológicos nas reacções aos suplícios
impostos aos condenados durante a Idade Média, este aspecto será, aqui, apenas motivo de
breves considerações, já que sobre este tema existem numerosos e abrangentes trabalhos dos
mais renomados autores.

A Criminologia é considerada ciência, tem objecto de estudo amplo e não possui um único
método (a depender da corrente de pensamento que se adopte), tem finalidades próprias que a
destacam de outros campos do conhecimento.

 Objectos da Criminologia
Quando se fala em objectos da criminologia, estuda-se o crime, o criminoso, a vítima e o
controle social.
São as quatro vertentes:
1. Crime
Analisa a conduta anti-social, suas causas geradoras, o efectivo tratamento dado ao delinquente
visando sua não reincidência, bem como as falhas da profilaxia preventiva. Para a criminologia,
crime é um fenómeno social, comunitário e que se mostra como um “problema maior”,
necessitando entender suas múltiplas facetas.
A criminologia entende o crime como um fenómeno comunitário e como um problema social.

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Significa dizer que o tratamento do crime deve ser pensado para a criminologia no sentido
amplo, como um fenómeno que é ao mesmo tempo individual e social.
2. Criminoso
Para a Escola Clássica o criminoso era um ser que pecou, que optou pelo mal.
Para a Escola Positiva o criminoso era um ser atávico, preso a sua deformação patológica (nascia
criminoso).
Para a Escola Correcionalista o criminoso era um ser inferior e incapaz de se governar.
Por fim, para o Marxismo, o criminoso era uma vítima inocente das estruturas económicas.
Para a Criminologia Moderna o delinquente não possui mais a mesma importância, ficando em
segundo plano
3. Vítima
O estudo da vítima passou por três grandes momentos históricos:
 Idade do Ouro: compreende desde os primórdios a civilização até o fim da Alta Idade
Média (época da justiça privada);
 Período de Neutralização surgiu quando o estado reivindica o monopólio da jurisdição;
 Redescobrimento surge após a 2ª guerra mundial, com a revisão do papel da vítima no
fenómeno criminoso (vitimológica).
4. Controle social
Constitui-se em um conjunto de mecanismos e sanções sociais que buscam submeter os
indivíduos às normas de convivência social.
Há dois sistemas de controle: controle social informal (família, escola, religião, profissão, etc.)
com visão preventiva e educacional e o controle social formal (polícia, Ministério público,
justiça, Administração Penitenciária, etc) o qual é mais rigoroso que o anterior e possui
conotação político-criminal.
São missões (finalidade) da Criminologia:
 Compreender cientificamente o crime, incluindo todos os seus personagens (criminoso,
vítima e sociedade);
 Preveni-lo;
 Intervir com eficácia e de modo positivo no criminoso.

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Escola clássica
A Escola Clássica foi a primeira Escola Criminológica possuindo origens intrínsecas com a
antiga filosofia grega que qual sustentava ser o delito a afirmação da justiça.

Dentro dessa escola, surgiram duas vertentes: o jusnaturalismo e o contratualismo. Eram opostas
em muitos aspectos, mas coincidiam na ideia da contestação da tirania estatal, visando à
dignidade humana. Francesco Carrara foi o principal autor desta escola, sendo considerado o
criador da dogmática penal. Acreditava que o direito penal estava a serviço da liberdade do
homem

A criação da Escola Clássica não se deu a partir de um corpo teórico comum, não houve uma
homogeneidade durante sua existência até porque sua denominação parte dos representantes do
positivismo criminológico (a escola positiva), pois estes negavam o carácter científico das
valorações jurídicas do delito.

O nascimento da Escola Clássica ocorreu ao fim do século XVIII, no auge do Iluminismo,


período em que se buscava, principalmente, romper paradigmas absolutistas. Como principal
ideal iluminista, tem-se: a liberdade, a igualdade e a fraternidade.
Àquela época, estudiosos como Hugo Grocius, John Locke, Rousseau e Thomas Hobbes foram
responsáveis por decifrar as origens do nascimento da sociedade e do Estado, trazendo o
conceito de “contrato social” à tona dizendo respeito ao fato de que o indivíduo abri mão de
parte de sua liberdade individual para poder viver em sociedade, formando assim um corpo
social, em troca de segurança e protecção de sua propriedade.
É fruto dos ideais do Iluminismo (liberalismo, racionalismo, humanismo).

Princípios fundamentais da Escola Clássica:


1. Crime é um ente jurídico;
2. A punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio;
3. A pena deve ter nítido carácter de retribuição pela culpa moral;
4. Método e raciocínio lógico-dedutivo.

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Tem por objecto de estudo o delito, visto como fato individual, isolado, mera infracção à lei. A
aplicação da pena surge como consequência lógica do descomprimindo ao ordenamento jurídico.
Tem como tracção marcante a ideia de livre arbítrio. O homem é visto como um ser racional e
livre, e a teoria do pacto social é tida como fundamento da sociedade e do poder.
Não pesquisa os motivos que levam à criminalidade, não se preocupando com a etiologia do
fenómeno criminoso.
Incapaz de fornecer aos poderes públicos as informações necessárias para um programa político-
criminal de prevenção e luta contra o crime
Esta linha de pensamento utilizava um método racionalista, partindo da observação geral para
um fato específico, de forma que o acto-crime foi mais evidenciado do que o criminoso em si.
Um progresso importante realizado nesse período foi a valorização da defesa do indivíduo contra
as arbitrariedades do Estado, uma vez que o crime foi abordado como conceito jurídico e alocado
como instituto de direito.
Entende-se, portanto, que a Escola Clássica possui princípios de cunho humanitário e liberal,
defendendo os direitos individuais e se voltando contra o absolutismo e o processo inquisitório.

Contribuição da escola clássica


A escola baseava-se nos seguintes princípios: via o crime como um conceito meramente jurídico,
pois o crime não é uma acção, e sim uma infracção; só pode ser culpado o indivíduo que agir
movido pelo livre-arbítrio, ou seja, o homem possui capacidade de autodeterminação; a pena é
uma retribuição ao crime, um meio de restaurar a ordem violada; princípio da reserva legal, isto
é, somente é crime o que é contrário a lei.
Segundo Bitencourt, “a pena era, para os clássicos, uma medida repressiva, aflitiva e pessoal,
que se aplicava ao autor de um fato delituoso que tivesse agido com capacidade de querer e de
entender. Os autores clássicos limitavam o Direito Penal entre os extremos da imputabilidade e
da pena retributiva, cujo fundamento básico era a culpa (2014, p. 102)”.

Outra contribuição da escola clássica foi propor um exame analítico do crime, sendo ponto de
partida para a teoria geral do delito. Além disso, deu inicio a tendência de eliminar as penas
cruéis e os suplícios públicos.

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Períodos da Escola Clássica
É possível dividir a corrente classicista em dois grandes períodos: Filosófico/Teórico e
Jurídico/Prático.
Ao longo do primeiro período desenvolve-se o ideal de um sistema penal baseado na legalidade,
onde o Estado deve punir, mas ao mesmo tempo se submeter às limitações legais. Beccaria
trabalha bem essa ideia, baseando-se em conceitos contratualistas, estabelecendo que o pacto
social define que o indivíduo se compromete a viver conforme as leis. Quando uma lei é
transgredida, a punição por parte do Estado restabelece a ordem social.
Tratando-se do segundo período, Franchesco Carrara trabalha mais a fundo o conceito de crime
como instituto jurídico e da pena como retribuição ao mal exercido contra a sociedade. O
classicista lecciona que “a pena é uma resposta do Estado visando a conservação da humanidade
e a protecção dos seus direitos, com observância às normas de Justiça”.

Escola positiva
O positivismo surgiu no final do século XIX, e início do século XX, principalmente na Europa
quando pretendeu transplantar até mesmo para a Filosofia o rigor do método científico. E com
sua evolução surte efeitos no âmbito do Direito e consequências nas ciências criminais.

Assim esta escola teve 3 grandes influenciadores, que foram: Cesare Lombroso, Enrico Ferri e
Garafalo. Esta escola era responsável pela visão biológica do crime.

A escola positivista buscava entender como o homem se torna um criminoso e quais são os
factores que o circundam (interna e externamente) que o levam a ser um criminoso.

Os influenciadores desta escola divergiam em suas opiniões, como: Lombroso preocupava com
as características mentais ou físicas de algum antepassado, além da aparência do criminoso como
factores que determinavam à prática do crime. Para Ferri, o outro influenciador desta escola
dizia que o indivíduo torna-se criminoso pelas condições sociais que o circundam.

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Nesta escola o delito é tido como fato histórico e real que prejudica a sociedade, originando
assim o delito e a natureza, tendo aqui como objectivo “cortar o mal pela raiz” com programas de
prevenção, priorizando os estudos do delinquente independente dos delitos.

Segundo Molina (2006) “O positivismo é determinista, qualifica de ficção a liberdade social, ou


no do mero fato de se viver em comunidade”.

Foram inúmeras as contribuições trazidas para o direito penal pela criminologia durante o
período da escola positiva, que são:
a) O Direito tem uma natureza transcendente, segue a ordem imutável da Lei natural: O
direito é congénito ao homem, porque foi dado por Deus à humanidade desde o primeiro
momento de sua criação, para que ela pudesse cumprir seus deveres na vida terrena. O
direito é a liberdade. Portanto, a ciência criminal é o supremo código da liberdade, que
tem por objecto subtrair o homem da tirania de si mesmo e de sua próprias paixões. O
Direito Penal tem sua génese e fundamento na lei eterna da harmonia universal;
b) O delito é um ente jurídico, já que constitui a violação de um direito. É dizer: o delito é
definido como infracção. Nada mais é que a relação de contradição entre o fato humano e
a lei;
c) A responsabilidade penal é lastreada na imputabilidade moral e no livre arbítrio humano;
d) A pena é vista como meio de tutela jurídica e como retribuição da culpa moral
comprovada pelo crime. O fim primeiro da pena é o restabelecimento da ordem externa
na sociedade, alterada pelo delito. Em consequência, a sanção penal deve ser aflitiva,
exemplar, pública, certa, proporcional ao crime, célere e justa;
e) O método utilizado é o dedutivo ou lógico-abstrato;
f) O delinquente é, em regra, um homem normal que se sente livre para optar entre o bem e
o mal, e preferiu o último;
g) Os objectos do estudo do Direito Penal são o delito, a pena e o processo.

Assim conclui que esta escola é caracterizada pela defesa social, investigação do delito e os
factores que determinam a capacidade do criminoso.

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Algumas comparações entre as escolas: clássica e positiva

Estas duas escolas se opõe, mas também buscam aprimorar a curiosidade em busca de
averiguações sobre a criminologia, dentre algumas de suas diferenças, aqui estão:

1. Quando se fala em crime, para a escola clássica ele tem previsão legal, já para a escola
positiva o crime é considerado um fato natural, decorrente de factores sociais, físicos ou
biológicos.
2. O indivíduo é livre, inteligente, consciente e capaz de diferenciar entre o bem e o mal
para a escola clássica, enquanto a escola positiva acontece o oposto, na qual o indivíduo
torna-se um criminoso porque é influenciado.
3. A escola clássica diz que o mal deve ser pago com outro mal, enquanto para a escola
positiva este mal tem como reacção social onde a sociedade pune o criminoso de acordo
com o grau de periculosidade determinando a pena a aplicar.
4. A escola clássica nasceu como forma de combater e desestimular o absolutismo estatal
através do direito penal, enquanto a escola positiva surgiu quando o foco dos estudos
voltou para o criminoso e a descobrir qual seria o motivo que o levaria a praticar
determinado delito.

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Conclusão
Conclui-se sobre as ideias da Escola Penal Clássica que o crime é uma violação do Direito, de
forma que a defesa contra este ato provém do próprio ordenamento. A pena como meio de tutela
jurídica deve ser retributiva e não pode ser arbitrária ou desproporcional. Por fim, o criminoso
não se mostra como objecto primordial de estudo, tendo em vista que realiza o ato
conscientemente utilizando o livre-arbítrio.

A crítica a uma concepção ingénua de livre-arbítrio como característica fundamental dos seres
humanos, como a defendida pela racionalidade clássica, é extremamente válida; porém, há que
questionar-se: não será a negação total ao livre-arbítrio e, em consequência, à culpabilidade, tão
ingénua e até mesmo mais violenta que sua pressuposição generalizada? Ao verificar o
desenrolar e as consequências das teses da Escola Positiva verificou-se que sim.

Resta incontroverso que Lombroso foi um homem de seu tempo: teorizou ideias que pairavam
nos mais diversos pensamentos, intelectuais e populares. De algum modo podemos identificá-lo
como um cronista do senso comum.

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Referências bibliográficas
https://
canalcienciascriminais.com.br›...Escola_Clássica_da_Criminologia:_seus_principais_pensadores
_e_pontificados
Acesso em: 27/06 Hora: 11:48

https://www.institutoformula.com.br ›...Criminologia-Escola-Clássica-InstitutoFórmula
Acesso em: 27/06 Hora: 11:51

https://www.Escola Clássica | Trilhante


Acesso em: 27/06 Hora: 11:57

https://www.O direito penal brasileiro e as contribuições das escolas clássica ...


Acesso em: 27/06 Hora: 12:09

https://www.estrategiaconcursos.com.br › ...Teorias Sociológicas da Criminalidade: Resumo para


a PC-SP
Acesso em: 27/06 Hora: 12:18

https://conteudojuridico.com.br › a-...A escola positiva na criminologia tradicional - Conteúdo


Jurídico
Acesso em: 27/06 Hora: 13:17

https://ambitojuridico.com.br › uma...Uma análise da Escola Positiva e das teses lombrosianas na


Europa do ...
Acesso em: 27/06 Hora: 13:34

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