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Assim, as parafilias são orientações ou preferências sexuais não convencionais, por oposição a orientações sexuais saudáveis ou
convencionais, tais como: bi e heterossexualidade. Por outro lado, a orientação sexual diz respeito ao que desperta desejo e atração física,
sexual e emocional. Por conseguinte, alguém com uma orientação homossexual sente-se predominantemente atraído/a e apaixona-se por
pessoas do mesmo género. Já na orientação parafílica, domina a prática e interesse sexuais por algo ou alguém que não é humano, não
apresenta um fenótipo normal ou não é adulto.
Todavia, há que distinguir entre parafilia e transtornos parafílicos. Enquanto que todo o transtorno parafílico é uma parafilia, nem sempre
as parafilias são transtornos parafílicos.
De acordo com a DSM V (última edição do manual de estatística e classificação das doenças mentais), deve ser feita a distinção entre aquilo
que é um comportamento sexual atípico e aquilo que é um comportamento sexual atípico que decorre de uma perturbação mental, sendo
que este último causa sofrimento, ameaça física ou psicológica para si ou para o bem-estar dos outros. Na maioria das vezes, as pessoas têm
interesses sexuais atípicos na ausência de perturbação mental.
Quem sofre de um transtorno ou perturbação parafílica tem uma orientação sexual não saudável, isto é, tem fantasias, impulsos ou
comportamentos sexuais intensos e recorrentes referentes a objetos e situações incomuns, portanto não considerados atrativos do ponto de
vista sexual pela maioria das pessoas.
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Assim, para que se considere que a pessoa sofre de uma parafilia, é necessário que, para além do sofrimento resultante da desaprovação
social, a pessoa sinta angústia pessoal em relação ao seu foco parafílico. Mas isto não chega, sendo também necessário que o seu desejo ou
comportamento sexual provoque o sofrimento, dano ou mesmo morte de outrem ou a prática sexual com pessoas que não querem ou que
não podem ou não conseguem dar o seu consentimento para a mesma.
Mas o diagnóstico de parafilias implica que estas fantasias, impulsos ou comportamentos sexuais atípicos sejam recorrentes, persistam há
pelo menos 6 meses e causem sofrimento pessoal ou disfunção a nível social.
Exemplos de parafilias
Os dois manuais mais usados de diagnóstico das doenças mentais (DSM-V e CID-10) enumeram como parafilias:
Exibicionismo: o foco de desejo sexual consiste em surpreender alguém com a exposição dos seus órgãos genitais ou ainda em
praticar atos sexuais com a intenção de que outras pessoas vejam;
Voyeurismo: aqui, o que provoca excitação é observar alguém que não sabe que está a ser observado quando esta está num momento
de intimidade, envolvida em práticas sexuais ou em situação de nudez;
Fetichismo: nesta parafilia, verifica-se a utilização de objetos inanimados para obtenção de excitação sexual, tais como: sapatos ou
cintos de ligas, entre outros;
Masoquismo sexual: nesta pedofilia, o prazer sexual advém de se ser humilhado/a, espancado/a, amarrado/a ou ser sujeito/a a
qualquer outra forma de sofrimento;
Sadismo sexual: por outro lado, no sadismo sexual, o prazer advém de causar dor ou humilhação na outra pessoa;
Transvestismo fetichista: consiste em obter prazer sexual através do uso de roupas e adereços do sexo oposto;
Frotteurismo: neste caso, a pessoa obtém prazer sexual ao tocar ou roçar partes do corpo em outra pessoa que não deu o seu
consentimento para o efeito;
Outras parafilias não especificadas: existem inúmeras parafilias documentadas, tais como: a zoofilia (desejo por animais), necrofilia
(mortos), coprofilia (fezes), urofilia (urina), entre muitíssimas outras.
As parafilias habitualmente têm início na infância e desenvolvem-se com a pessoa, tendo um percurso recorrente e cíclico, marcado por altos
e baixos e sendo causadas por uma combinação de fatores, que reflete a história de vida e experiências idiossincráticas de cada pessoa,
embora se defenda a existência de exposição e experimentação sexual no decurso do desenvolvimento psicossexual, durante a infância ou
na adolescência. Desta forma, as experiências de vida a nível sexual (traumáticas e não traumáticas), mas também todo o ambiente
envolvente (em termos culturais, educacionais e familiares) em conjunto com o seu desenvolvimento pessoal a vários níveis (emocional,
social, cultural, etc.) funcionam como pano de fundo para o desenvolvimento das parafilias e dos transtornos parafílicos.
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Por esse motivo, os transtornos parafílicos podem causar o mesmo prejuízo que qualquer outra perturbação mental, podendo levar ao
isolamento e depressão da pessoa que deles sofrem, bem como ao abuso de substâncias e disfunção sexual.
Porém, existem ainda os casos dos transtornos parafílicos cuja concretização é considerada ilegal ou criminosa, como é por exemplo, o caso
do abuso sexual de menores perpetrado por pessoas que sofrem de pedofilia. Nestas situações, o prejuízo para a vida da pessoa que sofre
do transtorno pode ser enorme, tal como o é para quem sofre com os seus atos, por não ter consentido ou não ter tido oportunidade ou
competência para o fazer.
Noutros casos, apesar de não ser ilegal ou criminoso, se se trata de um transtorno parafílico pode prejudicar profundamente o
relacionamento amoroso da pessoa, que se pode ver incapaz de se relacionar sexualmente com o/a parceiro/a, sempre que o objeto de
desejo parafílico não se encontra presente.
Em ambas as situações é comum que a pessoa tenta suprimir a perturbação parafílica, mas esta vai-se tornando cada vez mais difícil de
controlar, sendo quase impossível evitar a passagem ao ato sexual parafílico com o decorrer do tempo e evolução da perturbação, o que
naturalmente potencia as consequências negativas das perturbações parafílicas.
O tratamento das parafilias é muito desafiante e complexo, pelo que é muito importante combinar a psicoterapia com medicação, a longo
prazo. A natureza desafiante e complexa do tratamento está relacionada com a natureza da perturbação parafílica, que por definição é de
cunho impulsivo, obsessivo e incontrolável, sendo que na ausência do estímulo parafílico a pessoa não obtém a vivência de uma sexualidade
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com prazer, causando assim também problemas relacionais com o/a parceiro/a sexual.
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Autor: Dra. Sónia Araújo, Psicóloga Clínica, Membro Efetivo OPP (CP 1300).
Psicólogos
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Drª Sónia Araújo
Psicologia
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