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Psicólogo André Oliveira

Parafilia
 A parafilia é qualquer interesse sexual intenso e persistente que não
aquele voltado para a estimulação genital ou para carícias preliminares
com parceiras ou parceiros humanos adultos que consentem.

 Só diagnosticar como transtorno se causar sofrimento ou desadaptação do


próprio sujeito ou de outros/as (exemplo: dificuldades conjugais, afeta
crianças).

 Cuidados necessários com as diferenças culturais.

 Raramente procuram os/as profissionais por livre vontade.


Transtornos Parafílicos
 Vários mais transtornos do que o DSM classifica.

 Por vezes procuram profissões ou trabalhos que


os/as coloquem em contato com o estímulo
desejado.

 Pode existir culpa/vergonha.

 Menos documentados nas mulheres.


Especificadores

 Em ambiente protegido

 Em remissão completa (5 anos ambiente não


protegido)
Caso Sebastião
 Sebastião é um homem solteiro de 32 anos. Todas as
noites, aos fins de semana, Sebastião sai de casa,
procurando locais onde casais de namorados
normalmente se encontram para manter relações
sexuais dentro do carro, como por exemplo em áreas
isoladas ou perto da praia.
 Nestas situações, o paciente observa escondido pelo
maior tempo possível masturbando-se. Quando
descoberto, Sebastião foge do local procurando um
novo casal.
Transtorno Voyeurista
 Relaciona-se com o fato de se observar sujeitos desprevenidos,
estranhos, que estão nus, que estão a despir-se ou envolvidos em
atividade sexual.

 O fato de observar proporciona a excitação sexual.

 O orgasmo obtido pela masturbação pode dar-se durante a atividade


do Voyeurismo, ou mais tarde como resposta daquilo que observou.

 Frequentemente, os primeiros episódios ocorrem na adolescência.

 Prevalência maior em sujeitos do sexo masculino. Podem negar ou


tentar justificar.
Critérios de Diagnóstico
A. Por um período de pelo menos seis meses, excitação sexual recorrente e
intensa ao observar uma pessoa que ignora estar sendo observada e que está
nua, despindo-se ou em meio a atividade sexual, conforme manifestado por
fantasias, impulsos ou comportamentos.

B. O indivíduo colocou em prática esses impulsos sexuais com uma pessoa


que não consentiu, ou os impulsos ou as fantasias sexuais causam sofrimento
clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional
ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

C. O indivíduo que se excita e/ou coloca em prática os impulsos tem, no


mínimo, 18 anos de idade.
Caso Reed
 Reed é um homem de 29 anos que já por várias vezes
foi encaminhado à delegacia devido aos seus
comportamentos. Reed é graduado em física quântica
tendo um salário bem acima da média. Contudo,
apesar de ser mais fácil viajar de carro para o emprego,
Reed prefere usar o metrô.
 Principalmente nas horas de muito movimento, com o
metro cheio, Reed procura ficar perto de mulheres não
conseguindo controlar a sua ereção. Nestas situações,
habitualmente, esfrega o seu membro nas pernas e
nádegas das vitimas.
Frotteurismo
 O foco parafílico implica tocar e roçar-se num sujeito que
não o consente.
 Ocorre frequentemente em lugares públicos com muitas
pessoas facilitando a fuga (por exemplo, passeios
públicos ou transportes públicos).
 O individuo com esta parafilia tem por habito roçar os
seus genitais nas coxas e nádegas da vítima ou acariciar
com as mãos os genitais ou seios de mulheres.
 Esta perturbação pode iniciar-se na adolescência,
apresenta elevada prevalência e parece ser mais comum
em homens.
Critérios de Diagnóstico
A. Por um período de pelo menos seis meses, excitação
sexual recorrente e intensa resultante de tocar ou esfregar-
se em pessoa que não consentiu, conforme manifestado por
fantasias, impulsos ou comportamentos.

B. O indivíduo colocou em prática esses impulsos sexuais


com pessoa que não consentiu, ou os impulsos ou as
fantasias sexuais causam sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social,
profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
Caso Tilda & Admilson
Tilda e Admilson são um casal de namorados que está
junto há 3 anos. Os dois sempre estiveram envolvidos em
relações sexuais de sadomasoquismo contudo
recentemente a situação tem sido levada a extremos.
Admilson gosta de ser torturado, amarrado, humilhado e
fisicamente obrigado a prestar serviços sexuais e Tilda
sente prazer em dominar por completo o parceiro.
Contudo, apesar de assumirem o prazer pelas atividades
afirmam que gostariam de controlar melhor a situação
pois já por diversas vezes Admilson foi conduzido de
emergência ao hospital com ferimentos graves e devido a
longas paragens respiratórias.
Transtorno de Masoquismo
Sexual
 O Masoquismo sexual implica o ato de ser humilhado/a,
agredido/a, amarrado/a, ou seja ser submetido/a a
qualquer sofrimento de qualquer maneira.
 Algumas das fantasias masoquistas podem ser
desencadeadas no ato sexual ou na masturbação.
 As fantasias masoquistas podem implicar ser violado/a
estando amarrado/a ou preso/a por outro sujeito. Por
outro lado, outros sujeitos executam em si mesmo os
atos masoquistas, por exemplo: amarrando-se a si
próprios, queimando-se e cortando-se, etc….
Transtorno de Masoquismo
Sexual
 Os atos masoquistas desejados com um/a parceiro/a
podem incluir: esbofetear, espancar, chicotear, bater,
choques elétricos, cortar, prefurar... Pode haver uma
procura pela humilhação (ex: ser tratado como criança,
cachorro ou insultado/a).
 Asfixiofilia: consiste na excitação sexual pela privação de
oxigénio obtida através da utilização de uma corda, as
mãos, uma ligadura, um saco de plástico, etc…
 Pessoas que aumentam a gravidade dos atos masoquistas
ao longo do tempo poderão inadvertidamente provocar a
morte.
Critérios de diagnóstico
A. Por um período de pelo menos seis meses, excitação sexual
recorrente e intensa resultante do ato de ser humilhado, espancado,
amarrado ou vítima de qualquer outro tipo de sofrimento,
conforme manifestado por fantasias, impulsos ou
comportamentos.

B. As fantasias, os impulsos sexuais ou os comportamentos causam


sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes
da vida do indivíduo.

Especificar se:
Com asfixiofilia
Sadismo Sexual
 Nesta perturbação o sujeito excita-se com o sofrimento
psicológico ou físico da vítima. Muitos sujeitos com
esta parafilia sentem-se mal com as suas fantasias
sádicas, podendo nunca executa-las.
 Alguns agem sob os impulsos sexuais sádicos com
pessoas que o permitem de livre vontade. Em alguns
casos apenas o sofrimento involuntário da vítima
provoca a excitação.
 A idade do início das atividades sádicas é variável, mas
habitualmente ocorre no início da idade adulta.
Prevalência elevada em criminosos sexuais.
Sadismo Sexual
 Muitos sujeitos com esta perturbação podem efetuar
atos sádicos durante anos. A gravidade dos atos sádicos
tende a aumentar ao longo do tempo. Quando a
perturbação é grave e está associada a perturbação
Antissocial da personalidade, os sujeitos com sadismo
sexual podem ferir seriamente ou matar as suas
vítimas.

 Prevalência maior no sexo masculino.


Critérios de Diagnóstico
A. Por um período de pelo menos seis meses, excitação
sexual recorrente e intensa resultante de sofrimento físico
ou psicológico de outra pessoa, conforme manifestado por
fantasias, impulsos ou comportamentos.

B. O indivíduo coloca em prática esses impulsos com pessoa


que não consentiu, ou os impulsos ou as fantasias sexuais
causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
funcionamento social, profissional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo.
Caso Lara
Lara é uma jovem de 24 anos que já teve alguns
relacionamentos amorosos com outras mulheres mas
todos terminam em função do seu comportamento sexual.
A paciente refere que tem um fascínio especial por roupas
e calçado feitos de couro preto ou borracha. Tem várias
destas vestes e sempre pede à parceira que as use.
Habitualmente, as parceiras de Lara alinham na situação
mas, a mesma começa a causar problemas pois a paciente
não sente prazer em relações sexuais que não mantenham
este contexto.
Lara procurou atendimento psicológico por se sentir
muito constrangida com a situação.
Transtorno Fetichista
 O foco parafílico implica o uso de objetos inanimados,
ou partes do corpo.

 Objectos-fetiche mais comuns:


 calcinhas de mulher
 soutiens
 sapatos
 botas
 pés
O individuo masturba-se frequentemente enquanto
segura, esfrega ou cheira ou sento o gosto do objecto/ parte
do corpo fetiche.
Pode incluir ou não, a participação de parceira/o.

Podem usar mais do que um tipo de artigo


Transtorno Fetichista
 Frequentemente, o fetiche é necessário ou
essencialmente preferido para a excitação sexual e a
ausência pode provocar disfunção eréctil.
 Não se pode diagnosticar esta perturbação quando os
fetiches se limitam a peças de vestuário feminino
utilizado no trasvestismo ou quando o objeto estimula
os genitais, porque foi concebido para esse propósito,
por exemplo, o vibrador.
 Esta perturbação inicia-se na adolescência, uma vez
estabelecida, a perturbação tende a ser crónica.
 Pode levar a invasão/ furto.
Critérios de Diagnóstico
A. Por um período de pelo menos seis meses, excitação sexual recorrente e
intensa resultante do uso de objetos inanimados ou de um foco altamente
específico em uma ou mais de uma parte não genital do corpo, conforme
manifestado por fantasias, impulsos ou comportamentos.

B. As fantasias, os impulsos sexuais ou os comportamentos causam


sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento
social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

C. Os objetos de fetiche não se limitam a artigos do vestuário usados em


travestismo/cross-dressing (como no transtorno transvéstico) ou a
dispositivos especificamente criados para estimulação genital tátil (p. ex.,
vibrador).
Especificar
 Parte(s) do corpo

 Objeto(s) inanimado(s)

 Outro
Caso Lidomar
 Lindomar é um homem casado com 45 anos. Foi
encaminhado para o acompanhamento psicológico
quando a mulher o surpreendeu em casa a masturbar-se
vestindo algumas das roupas dela.
 Lindomar referiu ao terapeuta que tem muita vergonha
desta situação mas que frequentemente vai trabalhar
vestindo calcinhas da mulher ou mesmo soutiens e
lagerie desta por baixo da sua roupa. A sua maior
fantasia é ter relações sexuais com a esposa totalmente
vestido com as roupas desta.
Transtorno Transvéstico
 O fetichismo trasvestido relaciona-se com o fato de um
homem vestir roupas de mulher para obter satisfação
sexual.
 Habitualmente são homens heterossexuais, sem
desejos por relações com outros homens.
 O vestuário feminino é excitante pois é símbolo da
feminilidade. Normalmente o homem com fetichismo
trasvestido tem bastante roupa que usa para se
travestir.
 Muitos homens usam apenas uma roupa feminina de
baixo do seu vestuário masculino, como por exemplo:
roupa interior ou lingerie. Outros vestem-se
completamente como mulheres e usam maquiagem.
Critérios de Diagnóstico
A. Por um período de pelo menos seis meses, excitação
sexual recorrente e intensa resultante de vestir-se como o
sexo oposto (cross-dressing), conforme manifestado por
fantasias, impulsos ou comportamentos.

B. As fantasias, os impulsos sexuais ou os


comportamentos causam sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social,
profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
Caso Fritz
Fritz é um professor de 46 anos, casado e com dois filhos
homens adolescentes. Frequentemente, Fritz ficava em casa
a tomar conta de duas sobrinhas, uma de 6 anos e outra de
9 que eram vitimas de abusos sexuais de sua parte. As
meninas ocultavam a situação pois eram igualmente alvo de
ameaças constantes mas, a família começou a suspeitar que
algo estava errado pois ambas choravam muito quando
tinham de ir para casa do tio. Exames corporais detetaram
também marcas de unhas nas zonas dos mamilos e
inflamações genitais. Quando confrontados com a situação,
a esposa e os filhos não queriam acreditar mas Fritz foi
apanhado em flagrante quando todos/as fingiram sair
deixando as meninas a seu cuidado…
Transtorno Pedofílico
 O foco parafílico da Pedofilia implica a atividade
sexual com uma criança na pré-puberdade
(geralmente 13 anos ou menos).
 O indivíduo com Pedofilia tem de ter 16 anos ou mais e
ser pelo menos 5 anos mais velho do que a criança.
 Os indivíduos com esta perturbação apresentam
geralmente uma atração por crianças de determinada
faixa etária.
 Alguns indivíduos preferem crianças do sexo
masculino, outros do sexo feminino e alguns excitam-
se com ambos os sexos.
Transtorno Pedofílico (médias)
Transtorno Pedofílico
 Há maior número de Pedofilia implicando vitimas do
sexo feminino do que do sexo masculino.
 Indivíduos com esta perturbação, podem limitar a sua
atividade a despir a criança e a observá-la, exibindo-se
eles/as próprios/as e masturbando-se na presença da
criança ou tocando-lhe e acariciando-a suavemente.
 Outros indivíduos, penetram a vagina, a boca ou o
ânus com os seus dedos, objetos ou com o pénis e
empregam a força física em graus variáveis para
concretizarem o seu objetivo.
Critérios de Diagnóstico
A. Por um período de pelo menos seis meses, fantasias
sexualmente excitantes, impulsos sexuais ou
comportamentos intensos e recorrentes envolvendo
atividade sexual com criança ou crianças pré-púberes (em
geral, 13 anos ou menos).

B. O indivíduo coloca em prática esses impulsos sexuais, ou


os impulsos ou as fantasias sexuais causam sofrimento
intenso ou dificuldades interpessoais.

C. O indivíduo tem, no mínimo, 16 anos de idade e é pelo


menos cinco anos mais velho que a criança ou as crianças do
Critério A.
Critérios de Diagnóstico
Nota para a codificação: Não incluir um indivíduo no final da
adolescência envolvido em um relacionamento sexual
contínuo com uma criança com 12 ou 13 anos de idade.

Especificar se:
Atração Sexual pelo sexo masculino
Atração Sexual polo sexo feminino
Atração Sexual por Ambos os Sexos
Especificar se:
Limitada ao Incesto
Especificar tipo:
Tipo Exclusivo
Tipo Não-Exclusivo
Outro Transtorno parafílico
Especificado
 Escatologia telefónica (telefonemas obscenos),
 Necrofilia (cadáveres),
 Zoofilia (animais),
 Clismafilia (enemas),
 Coprofilia (fezes),
 Urofolia (urina).

Transtorno parafílico Não


Especificado
Leitura Obrigatória

 DSM – Transtornos Parafílicos

Ver slides do grupo sobre “Exibicionismo”.


Referências
 American Psychiatric Association (2014). DSM-5 - Manual diagnóstico e
estatístico de transtornos mentais (5ª ed.). Porto Alegre: Artmed.
 Corty, E. W. (2006). Sexual dysfunction. In M. Hersen& J. C. Thomas (Series
Eds.) & F. Andrasik(Vol. Eds.) Comprehensive handbookof personality and
psychopathology: Vol. 2. Adult psychopathology (pp. 423-435). New Jersey:
Wiley.
 Barnhill, J. W. (2015). Casos Clínicos do DSM-5. Porto Alegre: Artmed.
 Kaplan, H. I., & Sadock, B. (Eds.). (1999). Tratado de psiquiatria(6º ed., Vol.
2). São Paulo: Artmed. McConaghy, N. (2005). Sexual dysfunctions and
disorders. In J. E. Maddux and B. A. Winstead(Eds.) Psychopathology:
Foundations for a Contemporary Understanding (pp. 255-280). Mahwah, NJ:
Erlbaum.

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