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PERTURBAÇÕES SEXUAIS E

PSICOSEXUAIS

CLÓVIS C. BARRETO JR

PSICÓLOGO CRP0313147

P Ó S G R A D S A Ú D E M E N TA L E AT E N Ç Ã O P S I C O S S O C I A L
A SEXUALIDADE
A sexualidade normal da experiência humana
A sexualidade não se identificaram influências hormonais, biológicas ou psicológicas que contribuam
substancialmente para a orientação sexual da pessoa. A atração parece ser o resultado final das
influências biológicas e ambientais e não uma escolha deliberada.

A homossexualidade, que outrora foi considerada como anormal pela profissão médica, já não é
considerada uma doença; está amplamente reconhecida como uma orientação sexual que está
presente desde a infância. A prevalência da homossexualidade é desconhecida, mas estima-se que
cerca de 6 % a 10 % dos adultos têm exclusivamente relações homossexuais ao longo das suas vidas
Homossexualismo: os caminhos da
oficialidade psiquiátrica
Século XIX – Nosógrafa-"doença“) psiquiátrica: a homossexualidade entendida e acolhida como um desvio
de normalidade; resumia-se na atração sexual orientada para pessoas do mesmo sexo.

CID-9 (1975): o homossexualismo fazia parte do grupo que circunscreve as Desordens Neuróticas,
Desordens de Personalidade e Outras Não Psicóticas. A homossexualidade era classificada entre os
Desvios e Transtornos Sexuais, sob o código 302.0.

Definição de homossexualidade no CID-9 (1975):


“A atividade sexual dirigida primariamente para pessoas do mesmo sexo ou que se processa por meio
de atos sexuais não associados normalmente ao coito, ou coito realizado sob circunstâncias anormais”.
Homossexualismo: os caminhos da oficialidade
psiquiátrica
DSM-III (1980): a homossexualidade constava entre os Distúrbios Sexuais, inserida na categoria
Outros Transtornos Psicossociais, em que aparecia como Homossexualidade Egodistônica.

DSM-III-R (1987): já não constava mais o termo homossexualidade entre os Distúrbios Sexuais.

DSM-IV (1994): pode-se encontrar a classificação do Distúrbio de Identidade de Gênero, entre os


quais estariam contempladas situações clínicas envolvendo

CID-10 (1992): possui o item Transtornos Psicológicos e de Comportamento Associados ao


Desenvolvimento e Orientação Sexual (F66) e o subitem Orientação Sexual Egodistônica (F66.1)

Assim, escolha homossexual de objeto só se constituiria como patológica à medida que


determinasse sofrimento e desconforto pessoal ao indivíduo, Homossexualismo sendo caminhos
da oficialidade psiquiátrica
Teorias ou ideologias de gênero

conceito contemporâneo apareceu pela primeira vez em 1985,


no 3º Fórum Mundial da Mulher promovido pelas Nações
Unidas, em Nairobi, no Quênia.

A palavra “gênero” é usada para substituir a palavra “sexo” na


descrição dos papéis sexuais das pessoas.

Esses conceitos e teorias foram acolhidos por setores


voltados à defesa dos Direitos Humanos em vários países.
Entre os articuladores do conceito de “gênero” estão
inicialmente representantes de Movimentos Feministas e
depois do Movimento LGBT [de Lésbicas, Gays, Bissexuais e
Transexuais].
4 etapas do conceito “gênero”
Conceito “gênero” é resultado de um longo processo de revoluções filosóficas e culturais do
ocidente
ETAPAS:
1-Surgimento e elaboração do conceito por psiquiatras, psicólogos e psicanalistas americanos (a
partir de 1955)
2-Transferência do conceito para as ciências sociais nas universidades dos EUA e da França (a
partir de 1960)
3-Maturação e transformação do conceito num projeto sociocultural (anos 1970-1980)
4-Globalização pós-moderna do gênero (anos 90)
Transferência do conceito para as ciências
sociais nas universidades dos EUA e da França

Psiquiatra Robert Stoller (1925-1992)

Gênero = “quantidade de masculino e feminino” presente em


cada pessoa

Defende que os pais e a cultura importam mais na identidade


sexual de uma criança que suas características biológicas

Identidade sexual é sentimento psicológico, independente do


sexo

Papel sexual são os estereótipos culturais masculinos e


femininos
Perturbações de Identidade de Gênero

É o desejo de ter o sexo oposto ou a sensação de estar preso num corpo do outro sexo.
A diferença entre sexo e gênero pode ser simplificada como se segue: o sexo é a
masculinidade ou feminilidade biológica e o gênero é como uma pessoa se vê a si própria,
masculina ou feminina.

O papel do gênero é a apresentação pública objetiva como masculino ou feminino, na nossa


cultura.

O papel sexual é o comportamento público associado à escolha de um parceiro sexual


(homossexual; heterossexual ou bissexual). Para a maioria, a identidade de gênero (o
sentimento íntimo de ser masculino ou feminino)

A identidade de gênero estabelece-se geralmente na primeira infância (18 a 24 meses).


Transexualismo X Parafilias

O transexualismo é uma perturbação característica da identidade de gênero. As pessoas com esta perturbação
acreditam que são vítimas de um acidente biológico (ocorrido antes de nascer) num corpo incompatível com a
sua verdadeira identidade de gênero. são biologicamente homens que se identificam a si próprias como mulheres
na sua primeira infância e olham com repugnância os seus órgãos genitais e as suas características masculinas.

As parafilias (atrações desviadas) são desvios socialmente inaceitáveis das normas que regem
tradicionalmente as relações sexuais. incluem o aparecimento de fantasias; comportamentos sexuais
excitantes que são repetitivos e intensos e que geralmente implicam objetos (sapatos, roupa interior, couro
ou produtos de borracha); a provocação de sofrimento de dor em si próprio, no parceiro ou o manter
relações sexuais com pessoas sem o seu consentimento (crianças, pessoas desprotegidas ou em cenários
de violação).
Travestismo X Pedofilia

No travestismo, um homem prefere de modo ocasional vestir-se com roupas de mulher ou, menos
frequentemente, uma mulher prefere vestir-se com roupas de homem. A troca de roupas nem sempre é
considerada como uma perturbação mental e pode não afetar de forma adversa as relações sexuais do casal.
O travestismo só é considerado como uma perturbação se provocar sofrimento, deterioração de algum tipo ou
um comportamento insensato que possa conduzir a lesões, à perda do trabalho ou à prisão.

A pedofilia é uma preferência pela atividade sexual com crianças pequenas. Nas sociedades ocidentais, a
pedofilia é geralmente considerada como o desejo de ter atividades sexuais com crianças de 13 anos de idade
ou menos. Uma pessoa a quem se diagnostica pedofilia tem no mínimo 16 anos e é pelo menos 5 anos mais
velho que a criança vítima Uma pessoa com pedofilia angustia-se ou preocupa-se intensamente com fantasias
sexuais relacionadas com crianças, embora não tenha lugar qualquer relação sexual.
Exibicionismo x Voyeurismo
No voyeurismo, uma pessoa excita-se sexualmente com a visão de alguém que se está a despir, que está
despido ou em plena atividade sexual. O que excita o voyeurista é o ato da observação e não a atividade
sexual com a pessoa observada. É particularmente frequente algum grau de voyeurismo entre crianças e
homens adultos

No exibicionismo, uma pessoa (geralmente um homem) mostra de surpresa os seus órgãos genitais a
estranhos e fazer isso o excita sexualmente. A exposição pode ser seguida de masturbação. Quase nunca
procuram um contacto sexual; por isso, os exibicionistas raramente cometem violação. Em geral, os
exibicionistas que são detidos têm menos de 40 anos.
Masoquismo x Sadismo

O masoquismo constitui a obtenção de prazer sexual ao ser fisicamente magoado, ameaçado e submetido a
abusos.

O sadismo é o prazer sexual de uma pessoa ao infligir sofrimento físico ou psicológico ao parceiro sexual.
Certo grau de sadismo e de masoquismo tem lugar nas relações sexuais de pessoas saudáveis, e os
membros mutuamente adaptados de um casal procuram-no frequentemente um no outro.
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A identidade sexual para a psicanálise

A identidade sexual para psicanálise: é uma


construção que se dá a partir do percurso
erótico na relação com o outro – normalmente o
pai e a mãe, ou, quando da ausência destes, as
pessoas que cuidaram da criança durante a
infância – e não como a realização de um
desígnio biológico.
A concepção freudiana da escolha do objeto
sexual
Em Análise de uma fobia de um menino de cinco anos, Freud afirma: “Não há absolutamente qualquer
justificativa para distinguir um instinto homossexual especial. O que constitui um homossexual é uma
particularidade não ´na sua vida instintual, mas na sua escolha de um objeto”.

O ser humano nasceria com uma prontidão para a sexualidade, mas o objeto desta não seria dado a
priori; antes, teria de ser encontrado a partir de uma história pessoal marcada por vicissitudes
especiais e particulares.

Em 1915, Freud acrescenta uma nota de rodapé ao texto dos Três ensaios da sexualidade:

“A pesquisa psicanalítica se opõe com o máximo de decisão que se destaquem os homossexuais,


colocando-os em grupo à parte do resto da humanidade, como possuidores de características
especiais. Estudando as excitações sexuais, além das que se manifestam abertamente, descobriu que
todos os seres humanos são capazes de fazer uma escolha de objeto homossexual e que na realidade
o fizeram em seu inconsciente”.
Projeto da Cura Gay entra na pauta da Comissão
de Direitos Humanos
A Resolução CFP 001/99 orienta profissionais da área a não usar a mídia para reforçar preconceitos
contra os homossexuais nem propor tratamento para curá-los. A homossexualidade deixou de constar
no rol de doenças mentais classificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) há mais de 20 anos,
no entanto, ainda há pessoas que insistem em tratá-la como patologia e propõem formas de cura.

"A atuação profissional, desta forma, deve estar vinculada diretamente ao respeito, proteção e
expansão dos direitos de todos os cidadãos, independente de sua identificação étnico-racial, de gênero
ou de orientação sexual", O texto está na pauta da CDHM, O PDC deve ser analisado, ainda, pela
Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) e pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da
Câmara.
PERTURBAÇÕES SEXUAIS E
PSICOSEXUAIS

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