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Freud e a homossexualidade

Para saber científico - e psiquiátrico - de até então, a homossexualidade era considerava como
algo da ordem de uma perversão, de uma anomalia e de um desvio.
- Termos tidos como sinônimo pelo saber científico de até então.
- Instinto sexual enquanto aquilo que governa a nossa sexualidade - aquilo que
responde pelo nosso apetite sexual.

Para os cientistas da época, esse instinto tinha um objeto privilegiado e específico.


- Ex: Homem sendo objeto privilegiado da mulher e vice-versa.
- Alvo específico: penetração genital.
- Tudo que fugisse à essa configuração de normalidade (genital e heterossexual) era
atrelado ao campo da perversão, da anomalia e do desvio.
- Ex: Sadismo, masoquismo, voyeurismo, exibicionismo, fetichismo e sobretudo à
homossexualiade.

As concepções da psiquiatria
a) A homossexualidade é uma perversão;
b) A homossexualidade representa uma degeneração (concepção usada por psiquiatras
da escola francesa, a degeneração seria uma anomalia no percurso da evolução
genética)
c) Há uma causa inata ou adquirida para a homossexualidade (uns acreditavam que já
nasciam homossexuais, outros acreditavam que eram as experiências da vida que
faziam com que alguns se tornassem homossexuais);
d) É possível curar a homossexualidade.

Freud: Se situa contra todas essas concepções sobre a homossexualidade, entrando nessa
discussão para problematizar tais concepções.
1. Freud não possui uma teoria - em si - a respeito da homossexualidade.
2. Os três ensaios sobre a teoria da Homossexualidade (1905)

As concepções de Freud:
a) É impossível categorizar ou universalizar a homossexualidade, pois há os
Homossexuais absolutos, os anfígenos, os ocasionais e tantos outros. → demonstrar a
total impossibilidade de se categorizar homossexuais e de se construir concepções
universalizantes a respeito de comportamentos e relações tão singulares.
b) A homossexualidade não pode ser considerada como da ordem de uma degeneração
(o degenerado é menos evoluido)
→ Freud faz uma crítica ao próprio saber científico da época que passa a enxergar
“degeneração” em diversos campos, denunciando esse vício da psiquiatria de sua
época de relacionar à degeneração em diversos fenômenos.
→ Nesse sentido, Platão e Leonardo da Vinci poderiam ser um erro evolutivo,
anormais
c) Há uma causa para a homossexualidade, mas a discussão sobre ela ser inata ou
adquirida não é bem fundamentada.
- Se a homossexualidade é inata, como podemos explicar os homossexuais anfígenos e
ocasionais?
- Se é inata, como haveria cura?
- Critica o determinismo das análises de até então.
d) Mesmo em uma sexualidade tida como “normal” jamais faltam desejos e fantasias
homossexuais (correspondência entre um ato homossexual e uma fantasia
heterossexual. Logo, ou o homossexual é normal, ou todo mundo é anormal, ou essa
concepção de uma sexualidade normal tenha que ser repensada).
- problematiza a questão da normalidade no campo do masoquismo, do
sadomasoquismo e de outras fantasias (prazer, imaginação) → não podem ser
prevenções nem desvios, pois todo mundo vai ser anormal, ou o normal é ser
perverso.
e) Conclusão: É impossível continuar argumentando que há uma sexualidade “normal” e
outras “desviantes”.

Instinto Sexual X Pulsão Sexual


- Freud passa a desconstruir o conceito de instinto sexual (concepção limitadora diante
de toda a amplitude de todas as fantasias sexuais)
- Nossa sexualidade não seria regida por um instinto sexual mas sim por uma pulsão
sexual, trazendo esse conceito para problematizar o “instinto”.
- Pulsão: Se diferencia do instinto por possuir objetos completamente variáveis e alvos
extremamente variáveis. Neste sentido, um homem pode tanto amar outra mulher
como outro homem, assim como ambos. Sobre o alvo, a relação iria muito além da
questão genital, abarcando uma complexa rede de desejos, abrindo-se para
manifestações orais, anais, sádicas entre outros. Portanto, nossa sexualidade não teria
um objeto e um alvo específico.
- O ser humano teria, portanto, uma predisposição à bissexualidade, inclusive na
infância. A princípio, a nossa sexualidade é livre e disposta a amar e desejar tanto
homens quanto mulheres. O que ocorre então é que essa sexualidade passa a encarar
uma moral sexual “civilizada”, que governa a nossa sociedade e que coloca a
homossexualidade do lado do ilícito. Logo, a criança é educada para ser
heterossexual, transformando uma sexualidade livre em uma sexualidade
preferencialmente heterossexual.
- Freud insere a questão da homossexualidade na discussão entre desejo e moral.
- Cada sujeito homossexual se tornou homossexual por motivos estritamentes
individuais e singulares - não havendo equivalências.
- Conflito entre seu desejo sexual e a lei moral. Desejo livre e uma moral contingente e
específica.

Complexo de Édipo: Conjunto de sentimentos (de amor e ódio) que a criança dirige a ambos
os pais. (ambivalência dos sentimentos).
- Possibilidade deste convívio - na infância - afetar na sexualidade da pessoa.
- Busca por equivalências de aspectos de seus genitores em futuros parceiros.
- Um menino pode se tornar homossexual por ver o corpo masculino como mais
completo.

1. Nunca é uma causa só: é uma constelação de vivências e conflitos que formam uma
sexualidade.
2. Há sempre fatores inconscientes em jogo, onde a causa de homossexualidade alguém
é sempre desconhecida.
3. Para que ficar se perguntando por que se é homossexual? Essa pergunta só faz sentido
quando se tem a hetessexualidade como norma.

É a sociedade moralizante e moralizadora que há uma sexualidade normal e uma sexualidade


perversa.

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