Você está na página 1de 3

29/11/2018 FREUD E A TEORIA DA SEXUALIDADE - Instituto Inclusão Brasil

www.ins tutoinclusaobrasil.com.br

A Teoria da Sexualidade foi o grande passo inovador em Freud: a sexualidade em todas as idades, inclusive
na infância. Sua teoria da sexualidade infan l lhe custou muitos dissabores com seus colegas médicos.

Nesta época, a sexualidade era vista como algo transgressor, justamente porque as prá cas sexuais
começavam a desvincular-se da procriação, modelo cristão-cultural vigente. A sexualidade sai do campo
privado do casamento e da procriação para o público, onde as novas relações são entendidas como
perversas.

Ao lado das ideias de Freud sobre o papel da sexualidade na e ologia das “doenças nervosas”, vai surgindo
também a ideia de que as transgressões da sexualidade eram uma violação das pregorra vas masculinas: a
liberdade sexual e o poder intelectual como condição masculina.

A sexualidade até poderia ser aceita como ingrediente da doença, mas como fonte de prazer e com
autonomia, aí já era demais. Assim sendo, a gênese do sexual feminino, atribuída à transgressão da
sexualidade, marca uma posição, ou mais claramente, uma oposição à ruptura da sexualidade com a função
reprodutora.

Freud, apesar disto, introduz uma nova maneira de pensar a sexualidade, deslocando o eixo divino e
cultural para o inconsciente e para a moralidade. A moral sexual estava definida pela noção divina de bem e
de mal e as prá cas sexuais pecaminosas (sexo sem procriação) e as transgressivas (pros tuição, aborto,
traves smo e amizades român cas) nham como resultado a punição.

Freud ao discu r em seu texto “A moral sexual cultural e a nervosidade moderna” (1908) dizia que a cultura
da época se edificava sobre o “sufocamento das pulsões” e que a pulsão sexual não está, em sua origem a
serviço da reprodução, senão que tem por meta o ganho de prazer. Mostrava que a limitação do comércio
sexual faz aumentar o medo frente à vida e a angús a frente à morte. Medo e morte se associam aos
limites da sexualidade e principalmente nas formas de seu exercício.

Assim, mais uma vez, Freud introduz a questão do desejo e do prazer em dissociação com o medo e a
punição-morte. O mal deixa de ser um problema da ordem do divino, porém aparece como uma forma de
exercício de violência e punição que os seres humanos infligem sobre si mesmos, sufocando o desejo, a
a vidade e a capacidade do juízo.

O mal passa a ser em nossos dias uma questão do ser que emudece, calando o desejo. Não podemos deixar
de pensar a atualidade deste enunciado frente tantas formas de emudecimento que presenciamos nas
relações familiares, de casal, de mãe-filho e em relação à própria falta de in midade da mulher com seu
corpo ou nas formas de violência contra ele!

Ao final de sua obra, Freud reconhece que a questão do feminino teria de ser repensando, levando-se em
conta a relação primeira e intensa da menina com sua mãe.

Deixou o caminho aberto para o debate atual na psicanálise que é o da passagem da passividade para a
a vidade e do abandono do falicismo como o paradigma da compreensão do feminino-masculino.

Freud soube ouvir as mulheres de seu tempo, abrindo o caminho para que o desejo e o prazer se
desvinculassem do religioso e da punição cultural. Abriu o caminho para que os enigmas das mulheres se
fizessem ouvir ao poderem ser falados.

http://www.institutoinclusaobrasil.com.br/freud-e-teoria-da-sexualidade/ 1/3
29/11/2018 FREUD E A TEORIA DA SEXUALIDADE - Instituto Inclusão Brasil

Enunciou o inconsciente como fonte de onde é possível ouvir o que é o bem e o mal para o sujeito. As
teorias cien ficas surgem influenciadas pelas condições da vida social, polí ca, econômica e nos seus
múl plos aspectos durante um determinado período da vida do autor.

O primeiro grande conceito desenvolvido por Freud (1856-1939) foi o de Inconsciente. Ele inicia seu
pensamento teórico assumindo que não há nenhuma descon nuidade na vida mental. Ele afirmou que
nada ocorre por acaso e, muito menos, os processos mentais. Há uma causa para cada pensamento, para
cada memória revivida, sen mento ou ação. Cada evento mental é causado pela intenção consciente ou
inconsciente e é determinado pelos fatos que o precederam (determinismo psíquico).

Uma vez que alguns eventos mentais “pareceram” ocorrer espontaneamente, Freud começou a procurar e
descrever os elos ocultos que ligavam um evento consciente a outro. Quando um pensamento ou
sen mento parece não estar relacionado aos pensamentos e sen mentos que o precederam, as conexões
estão no inconsciente. Uma vez que estes elos inconscientes são descobertos, a aparente descon nuidade
está resolvida. O consciente é apenas a ponta do iceberg.

Freud em suas inves gações na prá ca clínica sobre as causas e funcionamento das neuroses, descobriu
que a grande maioria de pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a conflitos de ordem sexual,
localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos, isto é, na vida infan l estavam as experiências de
caráter traumá co, reprimidas, que se configuravam como origem dos sintomas atuais e, confirmava-se,
desta forma, que as ocorrências deste período de vida deixam marcas profundas na estruturação da
personalidade. As descobertas colocam a sexualidade no centro da vida psíquica e é desenvolvido o
segundo conceito mais importante da teoria psicanalí ca: a sexualidade infan l.

Estas afirmações veram profundas repercussões na sociedade puritana da época pela concepção vigente
de infância “inocente”.

Os principais aspectos destas descobertas são:

1. A função sexual existe desde o princípio de vida, logo após o nascimento e não só a par r da
puberdade como afirmavam as ideias dominantes.
2. O período da sexualidade é longo e complexo até chegar a sexualidade adulta, onde as funções de
reprodução e de obtenção de prazer podem estar associadas, tanto no homem como na mulher. Esta
afirmação contrariava as ideias predominantes de que o sexo estava associado, exclusivamente a
reprodução.
3. A libido, nas palavras de Freud, é a “energia dos ins ntos sexuais e só deles” .

Foi no segundo dos “Três ensaios de sexualidade” das obras completas, que Freud postulou o processo de
desenvolvimento psicossexual, o indivíduo encontra o prazer no próprio corpo, pois nos primeiros tempos
de vida, a função sexual está in mamente ligada à sobrevivência. O corpo é ero zado, isto é, as excitações
sexuais estão localizadas em partes do corpo (zonas erógenas) e há um desenvolvimento progressivo
também ligado as modificações das formas de gra ficação e de relação com o objeto, que levou Freud a
chegar às fases do desenvolvimento sexual:

Fase oral (0 a 2 anos) – a zona de ero zação é a boca e o prazer ainda está ligado à ingestão de alimentos e
à excitação da mucosa dos lábios e da cavidade bucal. Obje vo sexual consiste na incorporação do objeto.

Fase anal (entre 2 a 4 anos aproximadamente) – a zona de ero zação é o ânus e o modo de relação do
objeto é de “a vo” e “passivo”, in mamente ligado ao controle dos es ncteres (anal e uretral). Este controle
é uma nova fonte de prazer. Acontece entre 2 e 5 anos o complexo de édipo, e é em torno dele que ocorre a
estruturação da personalidade do indivíduo.

No Complexo de Édipo, a mãe é o objeto de desejo do menino e o pai (ou a figura masculina que represente
o pai) é o rival que impede seu acesso ao objeto desejado.

http://www.institutoinclusaobrasil.com.br/freud-e-teoria-da-sexualidade/ 2/3
29/11/2018 FREUD E A TEORIA DA SEXUALIDADE - Instituto Inclusão Brasil

Ele procura então assemelhar-se ao pai para “ter” a mãe, escolhendo-o como modelo de comportamento,
passando a internalizar as regras e as normas sociais representadas e impostas pela autoridade paterna.
Posteriormente por medo do pai, “desiste” da mãe, isto é, a mãe é “trocada” pela riqueza do mundo social
e cultural e o garoto pode, então, par cipar do mundo social, pois tem suas regras básicas internalizadas
através da iden ficação com o pai.

Este processo também ocorre com as meninas, sendo inver das as figuras de desejo e de iden ficação.

Freud fala em Édipo feminino. Fase fálica – a zona de ero zação é o órgão sexual. Apresenta um objeto
sexual e alguma convergência dos impulsos sexuais sobre esse objeto.

Assinala o ponto culminante e o declínio do Complexo de Édipo pela ameaça de castração. No caso do
menino, a fase fálica se caracteriza por um interesse narcísico que ele tem pelo próprio pênis em
contraposição à descoberta da ausência de pênis na menina. É essa diferença que vai marcar a oposição
fálico/castrado, que subs tui nessa fase, o par a vidade/passividade da fase anal.

Na menina esta constatação determina o surgimento da “inveja do pênis” e o consequente ressen mento
para com a mãe porque esta não lhe deu um pênis, o que será compensado com o desejo de ter um filho.
Em seguida vem um período de latência, que se prolonga até a puberdade e se caracteriza por uma
diminuição das a vidades sexuais, como um intervalo.

Fase Genital – finalmente, na adolescência é a ngida a úl ma fase quando o objeto de ero zação ou de
desejo não está mais no próprio corpo, mas em um objeto externo ao indivíduo – o outro.

Neste momento meninos e meninas estão conscientes de suas iden dades sexuais dis ntas e começam a
buscar formas de sa sfazer suas necessidades eró cas e interpessoais.

http://www.institutoinclusaobrasil.com.br/freud-e-teoria-da-sexualidade/ 3/3

Você também pode gostar