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A VISÃO PSICANALÍTICA SOBRE A SEXUALIDADE E A DIVERSIDADE SEXUAL

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A sexualidade é uma dimensão humana essencial que deve ser


compreendida na totalidade dos seus sentidos como o tema e a área de
conhecimento. Um dos pioneiros em relação a sexualidade teórica foi Sigmund
Freud, sendo responsável por desenvolver a teoria da sexualidade infantil, durante
os tratamentos clínicos em seu consultório.
A sexualidade humana abordada por Freud pelo ângulo do nascimento do
erotismo. Em vez de partir da hipótese de um instinto biológico sendo destinado a se
assegurar da reprodução da espécie, o seu interesse acaba recaindo sobre a pulsão
sexual, que é despertada no corpo de maneira auto erótica, estando dispersa nas
zonas erógenas que são as genitais, a voz, a boca, o olhar e o ânus. Essas
experiências sexuais precoces e parciais se unificam entre os seis meses e um ano
e meio, trazendo à tona a aquisição da imagem corporal que permite que seja
reunido as pulsões auto eróticas por conta da mediação do espelho, da voz, do olhar
e do outro materno.
Vale discorrer que o desenvolvimento sexual estudado pela psicanálise e por
Freud aborda sobre fases psicossexuais sendo elas a fase oral, anal, fálica e genital.
A fase oral ocorre nos primeiros anos de vida da criança, onde ela possui as mais
puras reações, já que elas sabem expressar a alegria e a dor, demonstrando amor,
sentimentos e ciúmes que vivenciam com uma alta intensidade, principalmente por
conta de se observar que em nenhuma outra fase da vida a capacidade de recepção
e imitação é mais elevada do que os anos da infância.
A sexualidade infantil surge relacionada às necessidades orgânicas e acabam
se apresentando de forma auto erótica, procurando sempre a satisfação de seus
desejos em seu próprio corpo. Portanto, ao nascer a criança possui em sua estrutura
sensorial os lábios e a boca com zonas erógenas mais desenvolvidas, sendo por
meio deles que ela experimenta os primeiros momentos de prazer. Para Freud e o
dicionário de psicanálise, toda região que possui revestimento cutâneo-mucoso pode
funcionar como uma zona erógena.
Seguindo para a segunda fase entra a fase anal, sendo nesse momento no
qual a criança começa a estabelecer o controle de seus esfíncteres, fazendo com
que elas comecem a criar suas fantasias sobre o que produzem que seriam as
fezes. Essa produção possui um grande valor, já que os objetivos que vem de dentro
do corpo fazem parte da criança, proporcionando assim um prazer ao ser produzido.
Freud relata que é de suma importância a fase anal, já que as excitações
provenientes dela perpetuam por toda a vida, por conta da excitabilidade geral.
Já na fase fálica a libido passa a erotizar os órgãos genitais e as crianças
passam a apresentar o desejo de manipulá-los. Logo após se inicia o período de
latência ocorrendo por conta da repressão do Édipo, fazendo com que a energia da
libido se desloque dos seus objetivos sexuais. Por fim, se inicia a última fase,
chamada de fase genital, que ocorre por volta dos dez anos de idade, sendo um
período no qual ocorre a maturidade psíquica e a organização da estrutura da
psique. Alcançar essa fase genital para a psicanálise significa atingir o pleno
desenvolvimento de um adulto normal.
Para a psicanálise, as expressões do sexual estão totalmente atreladas aos
processos identificatórios, bem como as escolhas de objeto, onde o enredo se faz
pela dinâmica edípica protagonizada pelas vicissitudes pulsionais, fazendo com que
a sexualidade de cada sujeito seja sempre uma construção singular. Cada uma das
manifestações da sexualidade é uma criação única e particular de Eros, sendo
entendida como uma solução no sentido matemático do termo, ou seja, como uma
equação que comporta diversas variantes, sendo elas o desejo, amor, corpo e gozo,
frente às quais, como em um sistema vetorial de forças contendo uma resultante é
uma solução a ser encontrada. Todas essas novas dinâmicas pulsionais, bem como
as formas de conjugalidade repercutiram dos movimentos inconscientes
responsáveis pela excitação erótica.
Em relação ao tema das diversidades de orientação sexual, se torna preciso
esclarecer que antigamente se acreditava que todos os seres humanos deveriam ser
heterossexuais, onde a bissexualidade ou a homossexualidade eram considerados
uma doença. Contudo, na década de 70, diversas pesquisas e experimentos
científicos foram realizados sobre o tema da diversidade sexual, comprovando que a
homossexualidade sempre existiu, desde o começo da humanidade e que prevalece
em 20% de todas as espécies.
Sendo assim, a orientação sexual é o nome dado pela atração sexual que um
indivíduo sente por outro, independentemente do sexo que possui, podendo ser até
mesmo homossexual, heterossexual, bissexual ou assexual.
Portanto, de todos os elementos que compõem a teoria psicanalítica, a
questão da sexualidade, das orientações e diversidades sexuais é provavelmente a
que mais sofre modificações ao longo de toda obra freudiana. Por mais que o papel
preponderante da sexualidade fosse reconhecido por Freud desde o século XIX,
com a teoria do trauma e da sedução, a elaboração da teoria de todo esse conceito
sempre foi bastante complexa.

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