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FAVENI

PSICANÁLISE

GLEYSER TURATTI

FASES PSICOSSEXUAIS FREUDIANAS

Votuporanga
2021
FASES PSICOXESSUAIS FREUDIANAS

Declaro que sou autor deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído,
seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas
consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados
resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste
trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de violação aos
direitos autorais.

RESUMO - O homem passa por fases relevantes e necessárias para o seu


desenvolvimento durante seu crescimento que vai da infância a vida adulta, e isso inclui as
fases do desenvolvimento psicossexuais. Desta maneira, a medida que as crianças vão
crescendo, mudanças no comportamento sexual são percebidas. Este trabalho teve por
objetivo compreender as fases psicossexuais nos estudos de Freud, a relação do caráter do
adulto com possíveis fixações nas fases psicossexuais não elaboradas que tende a agir de
maneira estereotipada. Para tanto, utilizou-se de uma pesquisa bibliográfica, cujo foco foi
pesquisar a contribuição de Freud para o estudo da sexualidade infantil; descrever as fases
psicossexuais de acordo com os pensamentos freudianos e as consequências da fixação. Por
meio deste estudo foi possível conhecer teoricamente como se dá o desenvolvimento
psicossexual da criança. Conclui-se com a realização deste trabalho que compreender e saber
detectar os característicos elementos de cada fase do desenvolvimento psicossexual ajuda a
conduzir bem as crianças durante o seu desenvolvimento para que cresçam com mais saúde
mental, de forma que possa contribuir para relações mais sadias.

Palavras-chave: Fixação. Fases. Desenvolvimento. Personalidade.


INTRODUÇÃO

O ser humano passa no decorrer da vida por constantes transformações.


Durante o seu crescimento decorrem fases que são relevantes e necessárias
para o seu desenvolvimento, e isso inclui as fases psicossexuais.
Conforme as crianças crescem, as mudanças no comportamento sexual
podem ser percebidas, tais mudanças podem causar um certo susto e
desconforto a quem não compreende ou não está preparado para lidar com
certas situações relacionadas a sexualidade.
A sexualidade das crianças é um tema que traz dificuldades para ser
abordado, apesar de já ter sido abordado pelo fundador da psicanálise há cem
anos atrás ainda causa impacto por propor a ideia de uma infância que se
afasta da tradicional noção de pureza que é relacionada as crianças. Desta
forma, expondo na realidade uma criança dotada de afetos, desejos e conflitos.
Ao escutar seus pacientes, Freud demonstrou a existência do
inconsciente, através da observação das vivências passadas dos mesmos, as
quais eram desconhecidas e só puderam ser compreendidas através do
processo de interpretação, método tradicional utilizado no processo
psicanalítico. Freud descreveu processos reconhecendo funcionamento
psíquico problemático, já que implicam em condutas, ideias e sentimentos, que
caracterizam padrões de ação compatíveis a idade cronológica anterior a da
pessoa queixosa. São sentimentos de ‘estar preso’, com ‘conduta penosa’,
relacionados à passado remoto, porém sem clareza consciente do significado.
(FREUD, 1974).
Em seus estudos, Freud alegou que estímulos que possibilitem as
adequadas satisfações ou repressão dos impulsos sexuais característicos às
etapas psicossexuais favorecerão o alcance da genitalidade. (FREUD, 1974).
Compreender e saber detectar os característicos elementos de cada
fase do desenvolvimento psicossexual ajuda a conduzir bem as crianças
durante o seu desenvolvimento para que cresçam com mais saúde mental, de
forma que possa contribuir para relações mais sadias.
Diante do exposto, o referido trabalho terá como objetivo compreender
as fases psicossexuais nos estudos de Freud, a relação do caráter do adulto
com possíveis fixações nas fases psicossexuais não elaboradas que tende a
agir de maneira estereotipada. De início será apresentado uma breve
bibliografia de Sigmund Freud, a sua contribuição para o estudo da sexualidade
infantil, também foram abordadas as fases psicossexuais de acordo com os
pensamentos freudianos e as consequências da fixação.

1 DESENVOLVIMENTO

1.1 Freud e sua Contribuição

O homem durante toda sua caminhada encontra-se em constante


desenvolvimento, e isso inclui o desenvolvimento da sua sexualidade.
Freud deu ênfase ao impulso sexual como força biológica inata do
indivíduo que busca satisfação imediata de suas necessidades mais primitivas
e nesta baseou toda a explicação do desenvolvimento afetivo, contribuindo
imensamente na investigação do comportamento humano para a escola de
psicologia.
Nos estudos na área do desenvolvimento sexual põem ser citados
nomes que são referências no assunto, mas para este referido estudo será
adotado os estudos de Sigmund Freud. Nessa perspectiva:
Durante mais de quarenta anos Freud explorou o inconsciente pelo
método da associação livre, desenvolvendo a primeira teoria
abrangente da personalidade. Ele traçou os contornos da sua
topografia, penetrou nas fontes de suas correntes de energia e
determinou o verdadeiro curso do seu desenvolvimento.
Desempenhando essas proezas incríveis, ele se tornou uma das
figuras mais influentes e controvertidas do nosso tempo. (HALL e
LINDZEY, 1984. p. 24).

Para melhor compreender o tema que tange este estudo, se faz


substancial uma breve explanação sobre a vida e obra de Sigmund Freud.
Sigmund Freud de acordo com a Federação Brasileira de Psicanálise
(FEBRAPSI) nasceu em 06 de maio do ano de 1956 na Morávia. Passou quase
oitenta anos de sua vida em Viena, tendo deixado a cidade levado pela
ocupação da Áustria pelos nazistas.
A decisão de se tornar cientista veio ainda na juventude, se matriculando
na escola de medicina da cidade de Viena no ano de 1873. Mesmo não sendo
de sua vontade clinicar, as necessidades pessoais e sociais fizeram com que
optasse pela atuação na área. Se especializou no tratamento das doenças
nervosas, optando pela área da neurologia, e então conheceu e utilizou os
métodos de Joseph Breuer, que buscava a cura de seus pacientes fazendo
com que eles falassem de seus próprios sintomas. Breuer e Freud fizeram
parceria nos estudos de alguns casos de histeria que foram curados por meio
desta técnica. Mas, as divergências em seus pontos de vista apareceram
quando suas ideias se tornaram divergentes ao se tratar do fator sexual na
histeria, pois enquanto Breuer mantinha um ponto de vista tradicional sobre a
sexualidade, Freud defendia que os conflitos sexuais seriam as causas da
histeria. Com isso Freud começou a sustentar seus estudos sozinhos,
desenvolvendo ideias que viriam a fundamentar a sua teoria psicanalítica.
(HALL; LINDZEY, 1984).
Os estudos de Freud são fundamentalmente essenciais para que hoje
seja reconhecido que a sexualidade também está presente na infância. Ele
organizou a teoria do inconsciente no decorrer de seus estudos, que permitia
entender a origem dos traumas em cada indivíduo, e para a realização de seus
trabalhos foi preciso estudar as crianças. Após muita observação, foi possível
chegar à percepção de que a origem dos traumas se encontra no período da
infância, mais precisamente na repressão sexual que o indivíduo sofre neste
período. No ano de 1909, Freud participou da conferência nos Estados Unidos
que tratava dos estudos psicanalíticos, onde teve a oportunidade de apresentar
os motivos que fizeram com que ele remetesse a infância para entender os
motivos das neuroses na fase adulta (NUNES; SILVA, 2000).
Freud, com os seus estudos, considerou que a criança já nascia com o
que ele chamava de “germes de movimentos sexuais”, e que esses “germes”
que vinham a evoluir de acordo com o desenvolvimento da criança, até que
“em algum período da infância sofram repressões progressivas com algumas
interrupções pelo próprio desenvolvimento particular do indivíduo”. (NUNES;
SILVA, 2000).
Deste modo, Freud chegou a estabelecer os períodos e estágios e
acreditava que as crianças passam durante suas vidas, estágios que eram
consequentemente interrompidos com a chegada de um novo, que foram
denominados por estágio oral, anal, fálico, latência e por último o estágio
genital.

1.2 As Fases Psicossexuais de Acordo com os Pensamentos Freudianos

O trabalho de Sigmund Freud, inspirado das disciplinas especializadas


de Neurologia e Psiquiatria, inova ao propor uma concepção de personalidade
que surtiu importantes efeitos na cultura ocidental. Sua visão da condição
humana, atacando violentamente as visões predominantes de sua época,
oferece um modo complexo e atraente de perceber o desenvolvimento normal
e anormal.
O resultado dos estudos desenvolvidos por Sigmund Freud foi
denominado como o desenvolvimento psicossexual humano, que em sua
perspectiva psicanalítica ressaltou a devida importância às forças inconscientes
que, segundo ele, permeariam o comportamento humano. Essas forças foram
nomeadas por ele como energia libidinal. (CORDEIRO, 2010).
Segundo Brígido e Silva (2016), o pensamento psicanalítico exposto por
Freud expõe um novo fundamento ao tema da sexualidade, pois, traz um
reconhecimento excepcionalmente incomum a tudo aquilo que já se havia
refletido sobre o assunto; desta maneira, o autor fundamenta a sua concepção
sob o eixo da energia libidinal; explica que essa energia vital está diretamente
conectada aos instintos e que diante do ato concernente imbuísse de um papel
significativo na disposição orgânica dos seres humanos, conduzindo-se tanto
no ambiente interior quanto no exterior da vida do homem, desde o seu
nascimento.
Hall e Lindzey (2000) afirmam que a criança durante os cinco (ou seis)
primeiros anos de sua vida perpassam por estágios distintos de
desenvolvimento, o que é confirmado pelo próprio Freud. E em cada estágio
desse desenvolvimento uma área especifica do corpo é tomada como zona
erógena, o que caracteriza as fases do desenvolvimento psicossexual que
iremos abordar a seguir.

1.2.1 Fase Oral


Para Freud (1937-1939) o órgão incipiente da vida sexual que aflora
como zona erógena, engendrando exigências libidinosas ao psiquismo humano
é, desde o nascimento, a boca.
Desde o nascimento, a necessidade e a recompensa estão ambas
concentradas predominantemente nos lábios, língua e, um pouco mais tarde
nos dentes. A pulsão básica do bebê não é social ou interpessoal, é apenas
receber alimento para cessar a sensação de fome e sede. Enquanto está
sendo alimentada, a criança também se sente confortada, animada, acalentada
e acariciada. No início ela associa prazer e redução da tensão ao processo de
alimentação (FADIMAN, 1986).
A primeira área do corpo que o bebê pode controlar é a boca, portanto a
maior parte da energia libidinal disponível é direcionada ou focalizada nesta
área. Conforme cresce, outras áreas do corpo desenvolvem-se e tornam-se
importantes regiões de gratificação. Todavia, alguma energia permanentemente
fixada nos meios de gratificação oral. Em adultos existem muitos hábitos orais
bem desenvolvidos e um interessante contínuo em manter prazeres orais.
Comer, chupar, mascar, fumar, morder e lamber ou beijar com estalos, são
expressões físicas destes interesses. Pessoas que tem o hábito de mordicarem
constantemente, fumantes e os que costumam comer demasiadamente podem
ser pessoas parcialmente fixadas na fase oral, pessoas cuja maturação
psicológica pode não ter se completado (HERMANN, 2015).
A fase oral tardia, depois de ter aparecido os dentes, inclui a gratificação
de instintos agressivos. Morder o seio, que causa dor à mãe e leve a um
retraimento do seio, é um exemplo deste tipo de comportamento. Os
sarcasmos do adulto, o arrancar o alimento de alguém, a fofoca, têm sido
descritos como relacionamentos a esta fase do desenvolvimento (FADIMAN,
1986).
A retenção de alguns interesses em prazeres orais é normal, e só pode
ser considerado como patológico se for o modo dominante de gratificação, isto
é, se uma pessoa for excessivamente dependente de hábitos orais como forma
de aliviar a ansiedade.

1.2.2 Fase Anal


No decorrer do desenvolvimento da criança, novas áreas de tensão e
gratificação são trazidas à consciência. Quando completa entre dois e quatro
anos de idade, as crianças geralmente aprendem a controlar os esfíncteres
anais e a bexiga.
Como consequência, a criança começa a prestar uma atenção especial
à micção e a evacuação. O treinamento do uso da toalete desperta um
interesse natural pela autodescoberta. A obtenção do controle fisiológico é
ligada à percepção de que esse controle é uma nova fonte de prazer. Além do
que, as crianças aprendem com rapidez que quanto mais aprendem a controlar
mais ganham atenção e elogios por parte dos pais. Entretanto, o inverso
também é verdadeiro; o interesse dos pais no treinamento da higiene permite à
criança exigir atenção tanto pelo controle bem-sucedido quanto pelos “erros”
(FADIMAN, 1986).
Adultos podem apresentar características que estão associadas à
fixação parcial na fase anal são: ordem, parcimônia e obstinação. Freud
observou que esses três traços em geral são encontrados juntos. Ele fala do
“caráter anal” cujo comportamento está intimamente ligado a experiências
sofridas durante esta época da infância (FADIMAN, 1986).
Também o prazer de evacuar permanece representado nos atos de
expulsão, tanto na doação, no presente e na produção, como na sensação de
se livrar de coisas ruins e perigosas, na expulsão violenta que certos jogos
encarnam à maravilha. A vida econômica, por exemplo, quanto tem ela de
avidez, de domínio, de satisfação em reter... (HERMANN, 2015)
A confusão que pode acompanhar esta fase em parte se dá pela
aparente tradição entre o pródigo elogio e o reconhecimento, por um lado e,
outro a ideia de que ir no banheiro é “sujo” e deveria ser guardado em segredo.
A criança não tem discernimento para compreender o motivo de que suas
fezes e urina não sejam apreciadas.
O modo como a criança é educada e o jeito que a mãe
encara as situações de proscrição das fezes pode produzir nas crianças efeitos
que dizem respeito com a formação de valores da criança. (HALL;
LINDZEY,1984)
Nenhuma outra área da vida contemporânea é tão carregada de tabus e
proibições, tal como a área que lida com o treinamento da higiene e
comportamentos típicos da fase anal.

1.2.3 Fase Fálica

Logo cedo, ainda aos três anos, a criança entra na fase fálica, que é
caracterizada por focalizar as áreas genitais do corpo. Freud afirmava que essa
fase é melhor caracterizada por “fálica” uma vez que é o período em que uma
criança compreende que tem um pênis ou da falta de um. É a primeira fase em
que as crianças se tornam conscientes que existem as diferenças sexuais.
O sentimento de desejo de ter um pênis e a aparente descoberta de que
lhe falta “algo” constituem um momento crítico no desenvolvimento feminino,
daí partem três linhas de desenvolvimento possíveis: uma conduz à inibição
sexual ou à neurose, outra à modificação do caráter no sentido de um
complexo de masculinidade e a terceira, à feminilidade normal (FADIMAN,
1986).
Algumas diferenças psicológicas que se processam entre o sexo
masculino e feminino fundamentam-se na divergência dos complexos de Édipo,
pois, enquanto que na menina o complexo é ínfimo, no menino aparece de
forma mais coarctada (AGUIAR; FARIAS e NANTES, 2015). De acordo com o
relato das autoras, o complexo de Édipo é o principal marco dessa fase;
afirmam que o fenômeno se estrutura a partir das práticas masturbatórias
decorrentes de fantasias eróticas que a criança desenvolve em sua vida: o
objeto de excitação é, em geral, um dos pais. Complementam a sua descrição
acentuando as caracterizações deste portento: o desejo do menino é
canalizado para a figura materna e o da menina à efígie paterna, com isso
dá-se a aspiração de ambos em retirar do seu caminho todo o protagonismo
que lhes ajuízam emulação. Descrevem também que o próprio Freud chegou a
reconhecer o complexo de Édipo como uma de suas maiores conquistas no
estudo da sexualidade.
Freud se esforçou para compreender as tensões que uma criança
vivencia quando sente excitação “sexual”, isto é, o prazer a partir da
estimulação de áreas genitais. Na mente da criança, esta excitação está ligada,
à presença física próxima de seus pais. O desejo deste contato torna-se cada
vez mais difícil de ser satisfeito, ela batalha pela intimidade que seus pais
compartilham entre si. Esta fase caracteriza-se pelo desejo que a criança sente
de ir para a cama de seus pais e pelo ciúme da atenção que seus pais dão um
ao outro, ao invés de dá-la à criança (FADIMAN, 1986).

1.2.4 Fase Genital

Esta fase ocorre com o início da puberdade, se caracteriza por mais uma
vez volta a sua energia sexual para seus órgãos genitais, nesta fase deve ser
liquidado o complexo de Édipo para uma sexualidade equilibrada e uma vida
psíquica saudável possam ser constituídas.
É, portanto, a última fase do desenvolvimento biológico e psicológico
que ocorre com o início da puberdade e com o consequente retorno da energia
libidinal para os órgãos sexuais. Neste momento, meninos e meninas já estão
ambos conscientes de suas identidades sexuais diferentes e começam a
buscar formas de satisfazer suas necessidades eróticas e interpessoais
(FADIMAN, 1986).
Segundo Zimerman (1999) a representação cronológica da latência é
marcada pelo período estabelecido entre os 6 aos 12 anos de idade. O autor
também afirma que, nesta fase, emerge, sistematicamente, duas
características distintas: a repressão da sexualidade infantil e a estruturação de
um reforço das aquisições do ego; esclarece ainda que, da combinação desses
dois elementos resulta a sublimação das pulsões sexuais, que, por sua vez, é
canalizada para o desenvolvimento moral, social e intelectual da criança. Deste
modo conclui-se que é neste interim que se regula a construção do caráter.

1.3 Fixação no desenvolvimento psicossexual

No decorrer da transformação de um bebê para uma criança, da criança


em adolescente e um adolescente em adultos, ocorrem mudanças marcantes
no que é desejado e em como estes desejos são satisfeitos. As modificações
nas formas de gratificação e as áreas físicas de gratificação são os elementos
básicos na descrição de Freud das fases de desenvolvimento. Freud usa o
termo “fixação” para descrever o que ocorre quando uma pessoa não progride
normalmente de uma fase para a outra, mas permanece muito envolvida numa
fase particular. Uma pessoa fixada numa determinada fase preferirá satisfazer
suas necessidades de forma mais simples e infantil, ao invés dos modos mais
adultos que resultariam de um desenvolvimento normal. (FADIMAN, 1986)
A fixação busca gratificação do que é sentido como falta. Logo, segue
neuroticamente a busca daquilo que carência. Para Freud, 'fixado' indica
‘estagnação em determinada maneira de agir’. Fixação é também definida
como processo defensivo: sendo desejo latente, impossibilitado de satisfação
pela repressão, torna-se ameaça ao equilíbrio do ego tenta manter. Desejos
insatisfeitos e experiências desagradáveis não toleráveis pelo ego são
rechaçadas da consciência. Fixar-se é resistir a impulsos que não podem
emergir à consciência. É a fixação libidinal que determina os tipos de
mecanismos defensivos e desempenha importante papel na etiologia dos
distúrbios psíquicos. (FADIMAN, 1986).
Cada fase, cada estágio do crescimento infantil, apenas pode ser
superada se um prazer equivalente ao que nela se desfrutava for obtido na
fase ulterior, conquanto em forma diversa. Quando há problemas graves, se
por exemplo há muita frustração durante o desmame, proibição da oralidade
sádica ou exigência extrema na educação para a higiene anal, o
desenvolvimento estará comprometido. A criança então passará a repetir a
última forma libidinal que lhe proporcionou adequada satisfação. É como se
ficasse em parte lá, onde foi bom. Chama-se a isso: um ponto de fixação.
(HERMANN, 2015)
Se porventura ocorre mais tarde na vida uma insatisfação maior com as
circunstâncias reais, o sujeito tenderá a voltar aos padrões que lhe foram
satisfatórios, isto é, regredirá aos pontos de fixação já marcados, como a
página de um livro que marcamos, por tê-la achado interessante e prazerosa.
Ainda conforme Hermann (2015), o selo dos pontos de fixação fica
visível no caráter do indivíduo. O caráter oral-receptivo alia certa passividade
ao desejo perene de receber, como se o mundo sempre lhe estivesse a dever
as primeiras satisfações. No caráter oral-sádico, há uma constante voracidade
agressiva, insaciável, sempre atacando para conseguir, mas destruindo ou
desaproveitando o que consegue. A primeira fase anal, onde o prazer expulsivo
domina, leva a um caráter especialmente violento, que despreza o outro, que
tende a expulsar de si todos os aborrecimentos, intolerante a frustrações e a
limites. A marca da fase anal-retentiva, a segunda parte da fase anal, é ao
contrário uma espécie de cautela excessiva, timidez, respeitoso temor por
ordens e hierarquia, meticulosidade exagerada.
Para existir o trauma não é preciso que algo terrível tenha sucedido, são
pequenos fatos, pequenas seduções, frustrações minúsculas que se somam e
se organizam em fantasias prevalentes, diversas para cada indivíduo. Não há
tanto a temer. É falsa a imagem comum que opõe impulso instintivo a trauma,
como se o impulso tivesse um caminho natural, que os traumas desviam. Não
existem amostras reconhecíveis desse caminho natural, na espécie humana. O
trauma é antes a forma do impulso, da mesma maneira em que um nó é
apenas a forma do barbante. Caberá à análise desfazer alguns nós, é claro,
mas não é sequer possível pensar o barbante psicossexual sem forma alguma,
mesmo que esta seja embaraçosamente nodal. (HERMANN, 2015)
A sexualidade reprimida na infância pode acarretar os sintomas da
neurose, e esses sintomas são elementos sexuais reprimidos que se
manifestam em forma de comportamentos doentios. Nos estudos de Freud, ele
considerou que a sexualidade vem desde o nascimento da criança, assim ele
foi o primeiro a considerar como natural em crianças o que para muitos pode
ser considerado com errado ou até mesmo estranho, como ereções,
masturbação e até mesmo algumas coisas que podem ser consideradas
simulações sexuais. (NUNES, 2000)
Cada novo passo dado, todavia, envolve certa frustração e ansiedade.
Se elas se tornam muito intensas, o crescimento normal pode ficar temporária
ou permanentemente interrompido. Em outras palavras, a pessoa pode ficar
fixada nos estágios iniciais do desenvolvimento, porque dar o passo seguinte
desperta muita ansiedade. A criança excessivamente dependente exemplifica a
defesa pela fixação; a ansiedade a impede de aprender a ser independente.
Uma defesa estreitamente relacionada é a da regressão. Nesse caso, uma
pessoa que encontra experiências traumáticas recua para um estágio anterior
de desenvolvimento.
Se eram excessivamente dependentes quando crianças, é provável que
se tornem mais uma vez excessivamente dependentes quando sua ansiedade
atingir um nível intolerável.
A fixação e a regressão em geral são condições relativas: uma pessoa
raramente se fixa ou regride completamente. Mais propriamente, a
personalidade tende a incluir infantilismos, isto é, formas imaturas de
comportamento, e predisposição a manifestar conduta infantil quando frustrada.
As fixações e as regressões são responsáveis pela irregularidade no
desenvolvimento da personalidade.

3 CONCLUSÃO

Com o findar deste trabalho, com base na breve exposição das etapas
iniciais do desenvolvimento psicossexual foi possível perceber que a
sexualidade infantil, é mais do que um estudo sobre a genitalidade ou
distúrbios sexuais, pois envolve a compreensão do ser humano nas raízes de
sua personalidade. Personalidade que é fruto de experiências bem conduzidas
na infância ou da repressão e fixação de algumas das fases, que determina
muitos atos e manias que expressamos em nosso cotidiano. São reflexos
inconscientes de alguma fase que não foi bem vivida e que geraram em nós
sentimentos que foram se acumulando.
Este artigo se propõe investigar a relação do caráter do adulto com
possíveis fixações as fases sexuais não elaboradas que tende à agir de
maneira estereotipada. Fixação e regressão são fenômenos dinâmicos e
relacionados. Frente a uma dificuldade atual de lidar com uma situação de vida,
o sujeito regride até seu ponto de fixação, passando a utilizar os mecanismos
de defesa próprios da época. Traços de ganância ou independência se devem
a conflitos não superados na fase oral, enquanto o excesso de ordem,
parcimônia e obstinação são traços característicos de fixação na fase anal. Já
a fixação a fase fálica poderia ser representar pelo movimento de poder ou
submissão para com o objeto de desejo.
Compreender e saber detectar os característicos elementos de cada
fase do desenvolvimento psicossexual ajuda a conduzir bem as crianças
durante o seu desenvolvimento para que cresçam com mais saúde mental, de
forma que possa contribuir para relações mais sadias.

4 REFERÊNCIAS

AGUIAR, S. M.; FARIAS, T. M. S.; NANTES, E. S. Fases psicossexuais


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