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Descrição
Propósito
Preparação
Objetivos
Módulo 1
Módulo 2
Conceito de pulsão
Identificar o conceito de pulsão como um conceito fundamental da
Psicanálise.
Módulo 3
Elementos do desenvolvimento
psicossexual
Relacionar os elementos do desenvolvimento psicossexual.
Módulo 4
Complexos de Édipo e de
castração
Relacionar os complexos de Édipo e de castração no
desenvolvimento.
Introdução
A Psicanálise apresenta uma série de provocações importantes
para uma interpretação do psiquismo a partir de um novo olhar
sobre os fenômenos da sexualidade.
A construção moderna
sobre o infantil
A sexualidade infantil é uma grande novidade incorporada por Freud na
investigação sobre o psiquismo. Até o século XIX, podemos dizer que
não existia um olhar para a sexualidade infantil. A criança não
comportava nem mesmo um espaço de visibilidade social legítimo. O
conceito do infantil é uma construção eminentemente moderna, como
vai desenvolver Phillipe Ariès, um historiador que organiza um estudo
muito completo acerca de como as noções de criança e família foram
forjadas, sobretudo na modernidade.
Para aquela época, era uma grande novidade falar da criança como um
ser com especificidades próprias.
A criança, até então, é vista como uma espécie de anjinho, que não teria
sexualidade. Ou, no caso das famílias pobres, nem se tinha o
sentimento de intimidade com a criança, haja vista que provavelmente
não sobreviveria, por causa dos precários ou inexistentes cuidados
médicos. Quem sobrevivia era já um adulto. Não se tinha o sentimento
da infância.
O surgimento da infância
sexualizada
Freud organiza, nesse contexto, um ousado descentramento em relação
à infância imaculada. A Psicanálise, com seu inventor, desdobra
importantes considerações acerca do desenvolvimento psicossexual do
sujeito. Mas para entender isso, é importante frisar a distinção entre
uma sexualidade ligada a fins procriativos e uma outra dimensão da
sexualidade. Essa diferenciação é extremamente relevante.
Atenção
Freud explicava a neurose e, especialmente, a histeria como
consequências de um evento traumático relacionado com alguma
situação de sedução, que podia ocorrer na infância, mas que somente
era significada como tal na adolescência ou depois. Os efeitos tóxicos
dessa situação de sedução no psiquismo se deviam ao fato de
considerá-la como indevida ou proibida, gerando um incômodo
significativo na pessoa que passaria a recalcar tal situação.
Fantasia e cuidados
primários da criança
Estava colocada na cena a fantasia como eixo central na organização
do psiquismo. Para compreender melhor a questão das fantasias,
exploraremos, mais adiante, o complexo de Édipo. No entanto, a fim de
contextualizar preliminarmente a questão, continuaremos a pensar junto
com Freud na curiosidade a respeito dos relatos sexuais nas histéricas.
O fato de haver sucessivos relatos de abusos faz Freud se perguntar se
toda Viena era pervertida sexualmente, abusando de suas crianças.
O que ocorre é que o abuso poderia existir até certo ponto, pois o fato de
não ter acontecido na realidade não implicava que fosse uma mentira.
Fica evidente aqui a necessidade de enunciar a caracterização de outra
dimensão da realidade, a realidade psíquica. Essa é a realidade com a
qual o psicanalista trabalha, e ela é recheada de processos psicológicos
complexos, muitos deles inconscientes, e nos quais a fantasia de
sedução exerce uma centralidade.
Realidade material e realidade psíquica são dois eixos distintos, que se
entrecruzam. Quantas realidades podem existir na realidade? Questão
complexa, hein...
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A centralidade da fantasia
de sedução
O professor Maicon Pereira da Cunha explica a centralidade da fantasia
de sedução na organização do psiquismo e na delimitação da realidade
psíquica e da realidade fatual.
Maternagem
Termo originalmente usado por Winnicott e depois utilizado pelos
psicólogos para falar dos bons cuidados e da proteção que mães e
cuidadores têm com os seus bebês (incluindo não somente o atendimento
às necessidades fisiológicas dos filhos, mas também todo o amor e
aconchego).
Assim, dizemos que a função materna é essa que oferece uma forma de
comunicação inicial com o bebê, de modo que as necessidades do bebê
sejam sanadas e, nesse ínterim, a qualidade da relação com quem
exerce a função de maternagem é algo imprescindível para a
estruturação e o desenvolvimento global do bebê e, consequentemente,
daquele ser.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(IF ‒ SP ‒ Psicólogo ‒ 2012) Considerando a teoria do
desenvolvimento psicossexual, assinale a alternativa correta.
Questão 2
Qual das alternativas a seguir caracterizam a sexualidade infantil,
segundo a teoria psicanalítica?
2 - Conceito de pulsão
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar o conceito de
pulsão como um conceito fundamental da Psicanálise.
As pulsões e os cuidados
maternos primários
Com o desenvolvimento das primeiras marcas psíquicas do sujeito,
advindas do cuidado do outro, Freud afirma que a relação de uma
criança com quem cuida dela proporciona “uma fonte infindável de
excitação sexual e de satisfação de suas zonas erógenas.” (FREUD,
1905, p. 210). É importante que aquele que cuida da criança se atente
não apenas aos cuidados orgânicos, mas à qualidade da relação, à
forma como aquele cuidado marca o corpo. Para Freud, essa já é uma
marca de sexualização. O corpo passa a ser erogeneizado a partir dessa
relação.
Pulsão Instinto
O aspecto pulsional O instinto remete-se a
remonta à ideia de uma um impulso natural para
variabilidade do objeto a obtenção de objetos
que visa à satisfação. A close que visam satisfazer as
satisfação, refere-se à necessidades de
ideia da obtenção de sobrevivência própria
prazer, e não apenas a ou da espécie.
necessidade biológica.
Na maior parte de sua obra, Freud fala de Trieb (pulsão) e não de Instinkt
(instinto). Mas vamos explicar melhor essa diferença e o conceito de
pulsão ao longo deste texto.
As características da pulsão
Essa diferença fica mais nítida ao adentrarmos no texto dos Três
ensaios. Lendo a obra de Freud, podemos compreender melhor que a
caracterização da sexualidade infantil é marcada pela variabilidade
objetal, ou seja, as pulsões parciais.
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A pulsão: definição e
características
Neste vídeo, o professor Maicon Pereira da Cunha explicará a diferença
entre os conceitos de pulsão e de instinto, apresentando as principais
características da pulsão e a importância desse conceito para o
entendimento do traço de perversão polimorfa da teoria psicanalítica.
No segundo ensaio, Freud realiza sua maior polêmica para a época, que
é descrever sua teoria da sexualidade infantil. Afirmar que existe
sexualidade na infância foi algo bastante perturbador, como já
anunciamos. Mas vamos ao detalhamento do que Freud quer dizer com
isso.
Os destinos da pulsão
No texto A pulsão e os destinos da pulsão (1915), Freud disserta sobre
seus destinos. A questão gira não apenas em torno da discussão sobre
o que é a pulsão, mas sobretudo para o desenvolvimento dos seus
destinos.
Recalque expand_more
Questão 1
A Latência
B Libido
C Pulsão
D Zona erógena
E Disposição perverso-polimorfa
Questão 2
3 - Elementos do desenvolvimento
psicossexual
Ao final deste módulo, você será capaz de relacionar os elementos do
desenvolvimento psicossexual.
Desenvolvimento
psicossexual
Freud realiza, durante sua pesquisa, um importante mapeamento acerca
do desenvolvimento psicossexual do sujeito a partir da sexualidade
infantil. Para a Psicanálise, o desenvolvimento humano e a
personalidade não se encerram apenas na observação dos aspectos
orgânicos ou cognitivos. A experiência psicanalítica ressalta a
importância do aspecto emocional nesse sentido. Freud entendia que o
sujeito se desenvolve de forma integrada com seus aspectos físico e
psíquico, cognitivo e emocional. Nessa leitura, mente e corpo andam
juntos. E como é realizado esse desenvolvimento? É isso que veremos
neste módulo.
O desenvolvimento humano atrelado à sexualidade preconizado pela
Psicanálise está de acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), quando diz que:
Exemplo
Uma criança já passou por algumas fases do desenvolvimento, de
forma que ela já conseguiu adquirir um controle muscular e
esfincteriano e, portanto, ela já não faz xixi na cama. Após o nascimento
de uma irmã ou irmão, ela pode se sentir insegura com relação ao amor
dos pais por ela e reage à ameaça que a criança mais nova lhe causa.
Com isso, ela pode rechaçar aquele bebê e voltar a fazer xixi na cama.
Quer dizer, o aspecto emocional é importante para entender essa trama.
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As fases de evolução e
organização da libido
O professor Maicon Pereira da Cunha explicará por que, para Freud, o
desenvolvimento psicossexual pode ser dividido em fases, apresentará
sua relação com as zonas erógenas, bem como as cinco etapas de
desenvolvimento.
As fases do desenvolvimento
psicossexual
Conheça as fases do desenvolvimento psicossexual:
psychology
Fase oral
psychology
Fase anal-sádica
psychology
Fase fálica
psychology
Período de latência
psychology
Fase genital
A fase oral
É a primeira fase da evolução sexual pré-genital, corresponde aos
primeiros momentos de vida até 2 anos de idade, aproximadamente, e
refere-se ao momento em que o prazer ainda está ligado à ingestão de
alimentos e à excitação da mucosa dos lábios e da cavidade bucal. É
também relacionada ao caráter canibalístico, devido à centralidade da
oralidade, na qual o conhecimento do mundo se dá pela boca. O objetivo
sexual consiste na incorporação do objeto, o que funcionará como
protótipo para identificações futuras, como a significação comer-ser-
comido que caracteriza a relação de amor com a mãe, por exemplo.
A fase anal-sádica
A fase anal-sádica é a segunda fase pré-genital da sexualidade infantil,
situada entre os 2 e os 4 anos, aproximadamente. Essa fase é
caracterizada por uma organização da libido sob o primado da zona
anal e por um modo de relação de objeto que Freud denomina “ativo” e
“passivo”. É uma fase marcada pelo controle dos esfíncteres.
A fase fálica
Marcará o momento posterior às fases oral e anal, portanto, entre os 3–
5 anos. É nela que a criança reconhece apenas um órgão genital: o
masculino. Para Freud, essa fase apresentará a oposição entre os sexos,
por meio da distinção fálico-castrado, portanto, caracterizada pela
castração.
Período de latência
O período de latência no desenvolvimento da criança não é
caracterizado como uma fase do desenvolvimento psicossexual
exatamente, mas sim uma fase na qual o desenvolvimento fica como
que suspenso.
A fase genital é uma fase que marca o fim da vida etária infantil e marca
o início da vida adulta. A atenção da organização da energia libidinal se
concentra nos órgãos genitais.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Questão 2
B Fase genital
C Fase oral
D Fase anal
E Fase de latência
Origens do complexo de
Édipo
Chegamos a um ponto que diz respeito não exatamente às fases do
desenvolvimento psicossexual, mas aos eixos-chave na interpretação
sobre o processo de elaboração da subjetividade pela perspectiva da
Psicanálise. Aqui, a referência é à centralidade do complexo de Édipo e
ao seu correlato, o complexo de castração.
Logo a seguir, na famosa Carta 69, Freud dirige a Fliess sua dúvida com
relação à teoria do trauma, dizendo não acreditar mais em sua neurótica
[teoria das neuroses]. É nesse momento que ele articula a teoria da sua
neurótica com as fantasias edipianas, afirmando serem estas o motivo
de suas descrenças nas cenas de abusos reais em todos os casos. O
importante de ser compreendido aqui é a fantasia sexual tendo
invariavelmente os pais como tema.
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Os complexos edipiano e de
castração
O professor Maicon Pereira da Cunha refletirá sobre como a teoria do
trauma e a fantasia de sedução permitem que Freud articule o complexo
de Édipo e seu correlato, o complexo de castração, e derivados:
complexo de Electra, complexo de Édipo invertido.
A tragédia Édipo Rei trata-se de uma peça de teatro grego antigo, escrita
por Sófocles aproximadamente em 427 a.C. A história central dessa
tragédia relata a história de Édipo. Édipo é o governante de uma cidade
que está sendo dizimada por uma praga. Envia, então, Creonte, seu
cunhado, para consultar o oráculo de Delfos. A resposta que recebe é
que o homem responsável pela morte de Laio, rei anterior a Édipo, vive
entre eles e deve ser morto para findar o terror.
Um velho adivinho, Tirésias, acusa Édipo pela morte de Laio, pois existia
uma profecia na qual Édipo assassinaria seu pai para casar com sua
mãe. Nesse momento, um mensageiro revela que Édipo tem pais
adotivos. Então, ele descobre que é filho de sua esposa Jocasta e que
matou Laio, seu pai, em uma de suas viagens.
close
Resumindo
O complexo de Édipo se desfaz pela ameaça de castração, posto que
uma fantasia poderosa de que há seres castrados (as meninas) e o
medo de ele próprio também ser castrado leva o menino a abandonar o
apaixonamento pela mãe. Assim, ele se identifica com a lei simbólica,
atribuída ao pai. Em outras palavras, o menino se alia ao seu pai, como
forma de lidar com o medo de ser castrado por ele.
Questão 1
(FEPESE ‒ Prefeitura Municipal de Bombinhas ‒ Psicólogo ‒ 2019)
Analise as afirmativas abaixo a respeito do complexo de Édipo:
Questão 2
B
tal complexo envolve a relação mãe-filho, em nada
influenciando as demais relações da criança.
Considerações finais
Ao abordar a teoria da sexualidade no pensamento freudiano,
percorremos um caminho polêmico de desvios e de provocações em
relação à moral sexual vitoriana do século XIX. Ao abordar a sexualidade
infantil, Freud ousou não apenas afirmar que existe uma sexualidade na
infância, como, a partir daí, constituiu uma teorização sobre a vida
sexual dos neuróticos.
Referências
ARIÉS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1973.
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Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo, leia:
A biografia de Freud, por Peter Gay: Freud, uma vida para o nosso
tempo.