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técnica psicanalítica
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O princípio da Psicanálise
O marco inicial da Psicanálise data de 1900 com a publicação do livro A interpretação dos
sonhos, de Sigmund Freud, sendo, até os dias atuais, um dos principais estudos sobre a
constituição do psiquismo humano e suas bases de investigação, afirmando que os sonhos
são fenômenos que proporcionam ao indivíduo a possibilidade de vislumbrar nuances do
inconsciente.
Sobre isso, Freud (1996, p. 183) afirma que “os sonhos em geral são interpretáveis e que,
uma vez completada a interpretação, eles podem ser substituídos por pensamentos
formados impecavelmente, inseríveis em um lugar conhecido dentro do contexto
psíquico”, ou seja, a análise desses sonhos não é, de fato, mera especulação.
É por meio dos sonhos então que é possível achar, em muitos casos, a raiz dos sintomas,
sendo que estes são vistos em todo o desenvolvimento dos estudos freudianos, como uma
espécie de hieróglifo, uma mensagem a ser traduzida, interpretada e elaborada no
momento da análise. Desta maneira, o ciframento da mensagem que é concretizada pelo
sintoma se pauta fundamentalmente nas leis de funcionamento do inconsciente.
Existem ainda basicamente dois processos que atuam nos sonhos, conhecidos como
condensação e o deslocamento desenvolvidos no inconsciente, sendo completamente
distintos dos processos desenvolvidos nos sistemas (pré) conscientes e por isso
denominados processo psíquico primário.
No caso Pequeno Hans, Freud afirma que não foi ele quem observou diretamente e
tampouco tratou, salvo um único contato, a criança, sendo o pai o principal responsável
pelo tratamento do filho por meio de suas orientações. Em um relato bastante completo
sobre a vida do garoto, que começa por volta dos três anos e de sua descoberta do corpo
e órgão sexual, é possível ver que por volta dos cinco anos desenvolveu fobia por cavalos.
Seu medo era extremo, tinha medo de ser mordido e por isso não queria nem mesmo sair
às ruas. Os estudos freudianos, entretanto, traçam logo uma relação entre a fobia e a
descoberta genital associada ao pênis e ao medo de castração, visto que o garotinho era
desencorajado e não tocar o próprio órgão.
Em suas observações feitas por meio dos relatos do pai de Hans, a figura do cavalo já
observada outrora era analisada em sua completude, inclusive pelo tamanho do falo. Isso
acontecia na verdade por uma transferência do medo que sentia do pai – e
consequentemente de seu falo grande – por gostar muito da mãe, ou seja, a fobia dos
cavalos representava um medo do pai pela possibilidade do que ele poderia fazer com a
mãe.
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Figura 1 - Freud e Hans
Fonte: EmCena.com
Tal fato pode ser explicado a partir da noção de complexo de Édipo, que conforme
explicam Bock; Furtado e Teixeira (2002), é quando os meninos passam a ver na mãe o
objeto do desejo e o pai se torna um rival direto, que impede o acesso a ele. Laplanche e
Pontalis (1991) observam ainda o complexo de Édipo está diretamente relacionado ao
complexo da castração, principalmente com as ações normativas e de interdição, ou seja,
no caso de Hans essas ações podem ser observadas na proibição de tocar o próprio órgão
genital.
Freud (1996) observa que esse complexo se desenvolve simultaneamente a fase fálica,
mas tende a ser resolvido à medida que a organização genital se torna definitiva quando
começa o período de latência.
Diante disso, existem mecanismos de defesa que são processos psíquicos que visam
afastar um evento gerador de angústia da percepção consciente, ou seja, são mecanismos
psicológicos que protegem os indivíduos das frustrações e os preparam para viver em
meio a limitações, chamadas de restrições de ordem moral e outras de ordem econômica
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002).
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O mecanismo de recalque faz com que o indivíduo não se aperceba dos fatos ocorridos, ou
seja, essa parte da realidade é omitida e compromete o significado e apreensão da
realidade total. Já o mecanismo da projeção se configura como uma distorção entre o
mundo interno e externo, então o sujeito projeta algo que está dentro de si para o mundo
exterior, sobretudo algo que não gosta nos outros, não percebendo o fato de modo geral.
A segunda lição apresenta o processo de tratamento proposto por Freud, que buscava
manter os pacientes em estado mental normal por meio da livre associação, se
colocando em contraponto direto a Charcot e sua metodologia de tratamento terapêutico.
Essa técnica consiste em permitir que o paciente fale livremente sobre seus pensamentos
e sentimentos, sem censura ou julgamento. Isso pode ajudar a acessar conteúdo do
inconsciente que podem estar causando desconforto ou sofrimento.
Na terceira lição, Freud faz suas observações sobre os chistes, a associação livre, os
atos falhos e os sonhos, sendo que estes processos, que deveriam ficar inconscientes
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ou ainda reprimidos, acabam provocando os sintomas e dando vasão aos sonhos como
uma forma de manifestação que pode ser observada no processo analítico.
A quarta lição proposta por Freud apresenta a sexualidade como a principal causadora
das neuroses, assumindo aqui a concepção da sexualidade infantil, que a princípio conflita
com a questão da moralidade e da repressão até que possa se ajustar ao longo da
puberdade. De acordo com o autor, o estudo da sexualidade infantil é importante porque
as teorias ajudam na determinação do caráter da criança e do conteúdo da neurose
futura.
Já Melanie Klein, uma psicanalista britânica reconhecida como uma discípula de Freud,
expandiu a teoria psicanalítica desse estudioso com sua própria abordagem. Ela se
concentrou no mundo interno da criança e na relação mãe-bebê. A técnica psicanalítica de
Klein envolve a interpretação da fantasia inconsciente da criança, que é expressa através
do jogo simbólico e da brincadeira, ela também desenvolveu a técnica de análise de
transferência, que envolve a exploração dos sentimentos transferenciais da criança em
relação ao terapeuta.
Entretanto, apesar dessas diferenças, a abordagem de Klein teve uma grande influência
na psicanálise contemporânea e ajudou a desenvolver técnicas terapêuticas eficazes para
o tratamento de crianças e adultos.
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Sendo assim, a prática e técnica psicanalítica são fundamentais para a teoria e prática da
psicanálise. Desde a sua criação por Sigmund Freud, ela tem evoluído com a contribuição
de muitos psicanalistas notáveis, como Melanie Klein, que expandiram e desenvolveram a
teoria psicanalítica original.
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Referências
BARBOSA, Mariana de Toledo. Freud e a criação da técnica psicanalítica. Ayvu: Revista de
Psicologia, [S.L.], v. 1, n. 1, p. 110-125, 19 dez. 2014.
BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi.
PSICOLOGIAS: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Editora Saraiva, 2001.
492 p.