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Psicanálise
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Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico especialista em neurologia que se tornou o
precursor da psicanálise, sendo reconhecido até os dias atuais pela revolução que
provocou nesse campo do conhecimento ao propor questões estruturais sobre o
funcionamento da personalidade dos indivíduos.
Entretanto, seus estudos e sua atuação na psicanálise só tomaram forma de fato quando
teve contato e tomou conhecimento das teorias de Joseph Breuer, que observava a
existência de ideias dissociadas da consciência e a quem o próprio Freud atribui a origem
da psicanálise.
Freud (1996) afirma que o método de Breuer é importante visto que, foi através dele que
se formulou a compreensão de que os sintomas dos pacientes histéricos tinham origem
em traumas e situações do passado que foram esquecidas, ou seja, situações essas
alijadas da consciência.
Freud acompanhou o tratamento da paciente Anna O., que foi tratada Breuer durante dois
anos e os principais sintomas apresentados por ela eram paralisias, perturbações da fala e
da visão, inibições e alucinações. Bock, Furtado e Teixeira (2002) explicam que a paciente,
quando em estado de vigília, era incapaz de indicar as bases de seus sintomas,
entretanto, quando estava sob efeito de hipnose, não só era capaz de relatar cada uma
das origens de seus traumas como também observar a relação que eles tinham com o seu
histórico pessoal e também com o início da doença de seu pai.
Embora muito importante, o método hipnótico deu espaço para uma nova abordagem
psicanalítica, motivada, sobretudo, pela descoberta da etiologia sexual das neuroses e da
descoberta do método da “concentração”.
Bock, Furtado e Teixeira (2002) explicam que esse novo método utilizado por Freud
consistia em deixar os pacientes livres para pensar e expor suas ideias, mas muitas vezes
eles ficavam envergonhados do teor e conteúdo deles. O psicanalista batizou então essa
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força coercitiva que os impedia de tornar consciente os seus pensamentos de
“resistência” e chamou de “repressão” o processo que tentava fazer sumir da consciência,
como se o pensamento nunca tivesse ocorrido, concluindo que esses assuntos estavam
em um lugar “inconsciente”.
Inconsciente
Pré-consciente
Consciente
Id
Ego
Superego
Desta maneira, o inconsciente é como uma manifestação que reprime o indivíduo diante
de pensamentos que ferem os seus ideais de ética e moral, evitando que ele sinta a dor
ou constrangimento por tais manifestações, ou seja, é onde estão contidos os conteúdos
da memória, as lembranças boas e ruins, isto é, fatos ou lembranças de episódios não
conscientes. Logo, ele “guarda” esses conteúdos que não estão no campo da consciência,
que são fruto da censura interna (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002).
1. O inconsciente (Ics)
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obscura, o inconsciente é a parte mais arcaica da psique humana, constituído por traços
mnêmicos (lembranças primitivas).
2. O Pré-consciente (Pcs)
3. O consciente (Cs)
Por fim, o consciente está disponível de forma imediata à mente humana, sendo
diferenciado, portanto, do inconsciente. É a parte em que se armazenam os códigos e leis,
com noção da realidade (princípio da realidade) e de nosso ambiente externo, por isso,
temos noções de nossas ações.
1. Id
2. Ego
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3. Superego
As feridas narcísicas
Outro aspecto importante proposto pela teoria freudiana foram as feridas narcísicas,
que de acordo com Freud são três. A primeira delas consistia na percepção equivocada de
que a Terra - e por associação, o homem - se constituiam como o centro do universo. Os
estudos de Copérnico, no século XVI, foram responsáveis por desmistificar essa visão. De
acordo com o estudiosos, "quando essa descoberta atingiu um reconhecimento geral, o
amor-próprio da humanidade sofreu o primeiro golpe, o golpe cosmológico" (FREUD, 1917,
p. 148).
O segundo golpe narcísico foi chamado de biológico, reconhecendo que o homem não era
efetivamente superior em relação aos animais, visto que embora tenha evoluído do ponto
de vista racional, ainda apresenta aspectos semelhantes a eles. De acordo com Freud
(1917, p. 148),
"todos sabemos que, há pouco mais de meio século, as pesquisas de Charles Darwin e
seus colaboradores e precursores puseram fim a essa presunção por parte do homem. O
homem não é um ser diferente dos animais, ou superior a eles; ele próprio tem
ascendência animal, relacionando-se mais estreitamente com algumas espécies, e mais
distanciadamente com outras".
A terceira ferida narcísica é considerada por Freud (1917) a possivelmente a que mais fere
os indivíduos, visto o seu caráter psicológico. Nesse sentido, ela representa ao homem a
sua incapacidade de realmente se controlar, visto que os acontecimentos que permeiam
as relações do id, ego e superego podem ser "invadidas" por estímulos extremamente
ocultos, tirando dele a capacidade de se comandar. O estudioso afirmava que
"nada vindo de fora penetrou em você; uma parte da atividade da sua própria mente foi
tirada do seu conhecimento e do comando da sua vontade. Isso, também, é porque você
está tão enfraquecido em sua defesa; você está utilizando uma parte da sua força para
combater a outra parte e é impossível concentrar a totalidade da sua força como você o
faria contra um inimigo externo. E nem mesmo é a parte pior ou menos importante das
suas forças mentais que se tornou, desse modo, antagônica e independente de você. A
culpa, sou forçado a dizer, está em você mesmo" (FREUD, 1917, p. 151).
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Referências
BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi.
PSICOLOGIAS: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Editora Saraiva, 2001.
492 p.
LIMA, Andréa Pereira de. O modelo estrutural de Freud e o cérebro: uma proposta de
integração entre a psicanálise e a neurofisiologia. Archives Of Clinical Psychiatry (São
Paulo), [S.L.], v. 37, n. 6, p. 280-287, dez. 2010.