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Capítulo
6
Introdução
Carlinhos, menino de 9 anos de idade, normalmente introvertido em
relação aos companheiros do colégio, experimentou um momento de imensa
felicidade no dia em que o professor de Educação Física escalou-o para o jogo
final de futebol de salão na copa estudantil de iniciantes. Carlinhos até então,
jamais jogara na equipe da escola. Graças ao que o professor ouvira de um
outro professor que morava próximo ao campo no qual Carlinhos jogava, decidiu
colocá-lo na equipe em um momento no qual o seu principal jogador havia se
machucado e constatado fora de condições de jogo.
O anúncio foi feito em sala de aula, momento em que os companheiros de
turma conseguiram saber sobre as habilidades de Carlinhos. O rubor de sua
face, o olhar lânguido e a sua modificada postura física revelavam um outro
Carlinhos. A emoção foi tão grande que ele correu toda a escola em direção ao
setor de merenda para abraçar a sua mãe, uma jovem senhora merendeira, de
muitos anos de trabalho, na mesma escola de Carlinhos.
- Mãe, hoje sou outro homem, o professor disse que sou um grande
jogador de futebol. Ele me colocou no time da escola, vou jogar
amanhã. Com certeza vou fazer um gol pra você. . .!
Sua mãe, espantada e feliz, dizia-lhe em sucessivas mesmas palavras
- Parabéns, parabéns . . . Calma Carlinhos, você vai acabar explodindo
de tão vermelho que está!. . .
O caso de Carlinhos é, sem dúvida, bastante comum no dia-a-dia da
escola de base e, muitas vezes ocorre de maneira não perceptível para um
professor pouco cuidadoso. Ou mais amplamente falando, experiências
emocionais fazem parte do cotidiano, da vida escolar, da aprendizagem e da
prática desportiva da criança ou seja, da sua vida social como um todo.
Pesquisas na área que trata especificamente das emoções humanas e
atividade física, têm demonstrado os efeitos positivos desta variante em uma
grande variedade de contextos. Por exemplo, experiências emocionais positivas
podem ser decisivas para a continuidade em atividades desportivas (Klint e
associados, 1987, Scalan e associados, 1989 e Scalan e Lewthwaite, 1986),
aumento em confiança na execução de movimentos complexos (Crocker e
Leclerc, 1992 e Crocker e associados, 1995) e, entre outros vários estudos, em
desejo de participação em atividades que sejam altamente desafiantes (Crocker
e Bouffard, 1992). Ao contrário, experiências emocionais negativas têm se
mostrado altamente correlacionada com abandono desportivo, baixa
performance e dificuldade de aprendizado ( Exs., Gould e associados 1982
Burton, 1988 e Burton e Martens, 1986 e Wankel e Sefton, 1989,
respectivamente).
Devido a estreita relação da variante emoção com o aprendizado e a
performance desportiva, é fundamental que professor ou instrutor físico tenha
um considerável conhecimento sobre a mesma e sobre estratégias e técnicas
assessórias ao processo do ensino desportivo do seu aprendiz.
Emoção definida
Muitos autores definem o fenômeno emoção em intremitência com
condições neurofisiológicas motivadas por gestões diretas do organismo límbico
sobre o cérebro (ou vice-versa) e, que se configuram por estados de
excitabilidade e/ou descompasso orgânico emocional de diferentes intensidades.
Paul Mac-Lean, neurocientista inglês, enfatiza um ramo do
desenvolvimento da correspondência entre a evolução do nosso cérebro e as
nossas condições emocionais. Admite ele que ao longo do seu desenvolvimento
e evolução, este cérebro passou por três organizações que hoje se articulam em
forma de um sistema emocional - - - O cérebro do réptil (arquipálio), o
intermediário (paleopálio) no qual surge o centro límbico das emoções e ,
finalmente, ostentando a condição de racionalidade, o neopálio, mais conhecido
por neocórtex, estabelece, no homem, a relação de equilíbrio no trato das
emoções. O cérebro dos répteis, o mais primitivo, garantiu aos animais a
condição de auto-preservação na qual a agressão se caracteriza como uma
proteção contra seus adversários.
Bear associados (2002) definem que amor, ódio, desgosto, vergonha,
alegria, culpa, medo, ansiedade e tudo o mais relacionados aos nossos
sentimentos, podem ser considerados como condições emocionais inerente a
vida humana que podem se deflagrar sob diferentes intensidades e direções.
Este mesmo autor intitula a emoção humana como extremamente necessária ao
percurso das realizações objetivadas com bases em valores específicos da
experiência individual.
Desde os primeiros indicativos de que o homem possui diferentes níveis
emocionais e que este fenômeno é característico em todos os animais, cientistas
têm, de uma forma em geral, buscado explicações teóricas e aplicáveis que
pudessem revelar com mais detalhes a natureza da emoção humana. Algumas
teorias foram formuladas e têm servido como base para uma grande variedade
de investiduras neste campo das ciências humanas. Dentre elas, as mais
contemporâneas e mais representativas da orquestração emocional no homem,
são de estruturação neural e serão apresentadas a seguir.
Figura 6.2. Como pressuposto na teoria de James-Lange, um estímulo assustador percebido por
um indivíduo, provoca neste uma expressão emocional de medo a qual, por sua vez, produz no
seu cérebro uma experiência emocional relacionada.
Teoria de Cannon-Bard
______________________________________________________________________________________
(1-algo q meta medo) (2 – desenho de um olho em uma cabeça) (3 – um cérebro
sentindo medo) (4- uma cara sentindo medo. Idem acima).
EXPRESÃO EMOCIONAL
Aprendizagem
Motivação
FIGURA 2.1. A figura de um “U” invertido, abaixo desenhada, indica que uma
eqüidistância, a partir do ponto central (ponto médio), entre o ponto mais baixo e o mais
alto de um estado de emoção define níveis mais elevados de aprendizagem e
provavelmente de performance desportiva.
META ATINGIDA
PLANO DE AÇÃO +
PERFORMANC CONSUMAD EMOÇÃ
E A
O
NÃO ATINGIDA
__
MOTIVAÇÃO
__
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2. O quanto o melhor jogador da sua equipe ou classe é bom ? (Se você for o melhor jogador do grupo ou classe,
marque o mesmo valor do item anterior)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
3. Em quanto você avalia o esforço e dedicação com as quais você se envolve na prática deste esporte?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4. Em quanto você avalia a dificuldade que você encontra para ser bom nesta modalidade?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
5. Em quanto você avalia a sorte que você tem na prática e/ou aprendizado deste esporte?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Bloco 2- Motivação
1. O quanto a prática deste esporte representa para a sua vida?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
3. O quanto você pretende se empenhar fisicamente para ser “extremamente bom” neste esporte?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
5. Mesmo tendo outras atividades importantes (exemplo; estudar) e outras dificuldades, o quanto você acha que irá
se empenhar pra resolver todas os problemas e se manter praticando este esporte?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Instruções para o professor instrutor:
1. Leia as instruções sobre como proceder a realização do teste para o aprendiz/atleta e pergunte e escreva a
complementação na parte de instruções.
2. Quando o grupo a ser testado tiver idade inferior a 10 anos, o professor (ou testador) deverá ler e explicar as questões
para os testandos. Em grupos com idade superior, a explicação também procede. Isto porque as questões precisam ser
“bem entendidas” pelo indivíduo sendo testado.
DP = Σ (X –M)2
N
Encontrado o desvio padrão, substitui-se na fórmula (do teste z) o
representativo DP pelo valor (numérico) resultante da operação do desvio padrão
do grupo de escores. No caso do escore 38, o escore z é . . . . . e, portanto
estando distribuído a 1 . . . desvio padrão da média. Considerando-se que o
indivíduo mais motivado do grupo está muito próximo do escore máximo (50
pontos), a atitude do professor instrutor poderia se centrar em termos de tentar
motivar o restante do grupo para desvios próximos ao do melhor escore, devido
ao fato do maior quantitativo de aprendizes/atletas estar concentrado próximo a
média ou abaixo dela (uma motivação média pode não ser boa para um bom
desenvolvimento desportivo, muito menos os estados motivacionais abaixo da
média). Todavia, conforme já explicado anteriormente, uma motivação muito
elevada pode se transformar em um estado de ansiedade prejudicial a
performance do aprendiz/atleta. Cabe ao professor instrutor controlar bem as
técnicas motivacionais para manter o equilíbrio motivacional dos mesmos. Para
tanto se faz necessário o conhecimento sobre a capacidade e reatividade a
incentivos do indivíduo sendo incentivado. Ou seja, indivíduos que se motivam
com níveis baixo de incentivo, podem atingir níveis de ansiedade indesejáveis
quando são altamente motivados. Já um indivíduo com baixa reatividade a
técnicas motivacionais dependem de um considerável quantitativo de incentivos
para atingir um nível adequado de motivação.
Da mesma forma que a motivação externa, tal qual o formato mostrado
acima, pode resultar em níveis melhores de performance atlética ou aprendizado,
também a motivação intrínsica pode também ter uma potencial influência nesta
direção. Como poderia o treinador e/ou professor trabalhar a motivação intrínsica
do seu pupilo? Um método (ou abordagem) desenvolvida por Suzuki um
renomado professor japonês de violino, como descrito em Singer (1984), pode
ser uma forma bastante efetiva. Na maioria das vezes, o método é utilizado em
substituição a práticas motivacionais efetivadas através de punição ou premiação
e corresponde ao ato de se tentar, através de situações aparentementes não
encorajadoras, um estado interno de mobilização à motivação. Normalmente
descrito como “psicologia ao inverso”, o método aconselha, em relação a
participação em desporto, que o instrutor/professor ou pai (mãe) deve se
mostrar indiferente à participação do aprendiz/atleta no desporto de sua escolha,
mas ajudar, de forma discreta, aquela participação. Neste caso, ao mesmo
tempo que um treinador, por exemplo, pudesse não demonstrar nenhuma forma
verbal (ou gestual) de incentivo à participação do seu aprendiz/atleta no esporte
em questão, o mesmo estaria criando espaço para ele (o aprendiz/atleta) na
equipe, e restringir aquele espaço mesmo diante de sucesso alcançado, citar a
eficácia da posição por ele ocupada para a performance da equipe (mas sem
citar o nome do aprendiz/atleta em pauta), identificar para ele uma forma mais
adequada de passar a bola (quando em esporte com bola) mas mostrar-se
indiferente a forma por ele alcançada, mesmo diante de sucesso em
performance, não escalá-lo quando por ele solicitado (talvez dizendo que em
outro momento, talvez . . .) e aumentar gradualmente a sua entrada na equipe
e assim por diante.
Singer (1984) explica em relação a indiferença que um treinador/professor
deve demonstrar ao seu aprendiz/atleta o seguinte:
“O ser humano é estranho. O que aparentemente não podemos ter, nos intriga,
e provavelmente iremos querer aquilo muito mais”. (P.29).
Evitar
Ajudar