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EMOÇOES
Introdução
Todos sabemos o que é uma emoção até que nos seja pedido para dar uma
definição. Segundo Strongman, uma boa teoria deve possuir um resumo
irrefutável sobre um aspeto do mundo e conter um razoável poder de explicação.
Vários autores possuem diferentes perspetivas sobre aquilo que uma boa teoria
sobre a emoção deve conter:
Cabanac, diz que o termo de emoção é definido com referência a uma lista
de emoções, por exemplo, raiva, nojo, medo, etc. Segundo este autor, quando
estamos a tentar ganhar consciencia de uma emoção estamos a ter a ativaçao de
quatro grandes dimensões na nossa experiência com essa situação,
nomeadamente: intensidade, prazer, duração, qualidade (o juízo de valor entre ser
bom ou mau para o individuo).
Em 2002, Oatley e Jenkins dizem-nos que a emoção é provocada pela
avaliação de um acontecimento que interfere de forma relevante quando se está a
tentar atingir um objetivo importante. A emoção é positiva quando o objetivo
avança e negativa quando é impedido. O seu núcleo seria a prontidão para agir e a
sugestão de planos. É urgente e interrompe ou compete com ações ou cognições
que decorriam. É sentida como um estado mental distinto que é acompanhado com
mudanças corporais, cognições, ações e expressões próprias. É imediata e intensa.
A ordem de ação de acordo com estes autores seria:
• Apreciação rapida
• Prontidão para ação
• Alteração psicologica e corporal
• Cognição sobre corpo e mente abalados
• Reflexão sobre o sucedido e recuperaçao ou mudança no
estado mental
• Há emoções primarias que são inatas, possuem uma base genética e que são
expressas desde pouca idade. Os animais também revelam emoções
primarias, mas sem o uso da cognição, sendo esta o motor de ação que
diferenciam o ser humano;
Emoções Sentimentos
Forças motivadoras para a ação Forma como interpretamos as
emoçoes
Processos espontâneos e biológicos Consciência do que sentimentos e
fora do nosso controlo decisões baseadas nesta tomada de
consciência
Autores Visão
Ainda analisando o ponto de vista de Plutchik, em 1980, ele apresenta uma lista de
emoções secundarias que seriam compostas pela combinação de emoções básicas.
Resumo
Na emoção temos quatro processos simultâneos. Os sentimentos, a experiência
subjetiva de prazer ou desprazer que da significado a uma experiência afetiva. As
cognições, a nossa expressão social das emoções que faz com que tentemos
suprimir ou demonstrar, a perceção que eu tenho e como e que a vou categorizar-
As modificações corporais que me prepara para agir do ponto de vista da ativaçao
fisiologia e das respostas motoras. E, por fim, os comportamentos através que nos
motiva para um objetivo, tem uma função especifica e tem uma expressão ou o
reconhecimento que podem ser adaptativos ou disfuncionais.
Neste texto de Levenson vemos as funções das emoções:
As emoções são fenómenos psicológico-fisiológicos de curta duração que
representam modos de adaptação às mudanças das exigências ambientais.
Psicologicamente, as emoções alteram a atenção e modificam a hierarquia de
resposta, ativando redes associativas relevantes na memória. Fisiologicamente,
rapidamente organizam as respostas de diferentes sistemas biológicos, incluindo
expressão facial, postura, tom de voz, atividade do SNA, atividade endócrina, etc.,
para preparar uma resposta eficaz. As emoções definem a nossa posição no nosso
ambiente, direcionando-nos para certas pessoas, objetos, ações e ideias, ou
afastando-nos de outros. Servem como como um repositório de respostas inatas e
invariantes, mas também podem ser aprendidas e variar entre grupos, culturas e
pessoas.
Stress
Em 2019, a OMS classificou o stress como a epidemia de saúde do século XXI. O
stress é uma preocupação das instituições de saúde, pois está também na base do
trauma, burnout, ansiedade, depressão e gestão desadequada de emoções
negativas intensas.
Selye, um endocrinologista, dizia que o stress era uma Síndrome Geral de
Adaptação ou resposta aos agentes patogénicos, sendo uma resposta adaptativa do
organismo quando este perceciona uma ameaça real ou imaginária. Segundo este
autor existiam três fases:
1- Reação de alarme. Há a ativaçao do SNV, com resposta de luta ou fuga. No
entanto vale ressaltar duas nuances. Há emoções que permitiram a
sobrevivência face aos predadores, pois a cólera e o medo dão uma força
extra. Por outro lado, a fuga pode ser interna e há o “freeze”.
4. Quando temos uma situação com alta exigência e poucos recursos temos
uma situação de alto distress com risco de doença física ou psicológica e
uma ameaça de emoções negativas intensas.
Comportamento
• Perca de apetite
• Mais vontade de fumar e beber
• Maior propensão a ter acidentes automobilísticos
Emoções
• Irritabilidade
• Apatia
• Alienação
• Apreensão
• Perca de confiança
•
Avaliação do impacto emocional
Stress pós-traumático
O stress pós-traumático é associado a algumas características, nomeadamente:
• Evitamento do estimulo desencadeador
• Sintomas dissociativos
• Sentimento de culpa
• Reviver do trauma constantemente
Chamamos de “tirania do passado” porque é algo que já ocorreu, mas que continua
a despertar emoçoes negativas que não perdem a sua intensidade e que estão
constantemente na consciência.
Nos EUA, a PTSD é muito estudada devido ao enfoque nesta patologia durante as
Guerras Mundiais. Um estimulo é capaz de disparar memórias dolorosas. Há
também uma maior dificuldade em controlar a cólera e a existência de flashbacks
que prejudicam os relacionamentos sociais.
Até 1 mês após a situação ocorrer é normal que estas três classes de sintomas
(evitamento, ativação intrusão) possam ocorrer e neste caso falamos de uma
perturbação aguda de stress. Se as coisas persistem nos três domínios depois de
mês entramos num sinal de patologia.
PAS: três domínios menos de 4 semanas ou apenas 1 ou 2 domínios
PTSD: os três domínios durante mais de quatro semanas
Mecanismos da PTSD
• Fixação do trauma
Fracassa a cicatrização do organismo; não ocorre o envio do acontecimento
para a memória, retenção no presente e reviver dos detalhes.
• Intrusões
Emoções ou impressões somatossensoriais intensas quando a vítima está
em alerta ou exposta a situações que lhe recordam o trauma; flashbacks,
pânico, cólera, sensações corporais, pesadelos; um novo trauma reaviva o
anterior.
• Reexposição compulsiva ao trauma
Procura de situações com contexto que recorda o trauma; explicação
psicanalítica: reviver para tentar controlar, ciclo vicioso.
• Evitamento e embotamento
Afogados nas recordações; acordados visualizam e sentem as mesmas
situações, evitam tudo os que lhes recorde e sentem-se como estranhos,
“estar morto para o mundo”; embotamento porque esgotaram capacidade
de angustiar pela sobrecarga psicológica, ficam anestesiados, não reagem.
2. Dificuldade de concentração
Burnout
O burnout é o esgotamento, a exaustão emociona, a falta de realização profissional
e os erros no desempenho. Vemos o burnout como uma doença da moda que em
2019 foi reconhecida pela OMS como um fenómeno ocupacional. O burnout tem
impacto pessoal pelo presentismo, absentismo e pela diminuição de autoestima,
mas também a nível organizacional por que causa mais erros de desempenho o que
tem impacto na imagem da instituição. Muitas vezes há o cuidar do outro sem que
se cuide de si o que leva então ou ao burnout ou a depressão pelo trabalho. O
burnout pode ser sentido em todas as profissões, por exemplo, nos professor, nos
estudantes ou nos profissionais de saúde.
Diferenças entre três fenómenos
Stress Stress ocupacional Burnout
O que é o burnout? O burnout é processo que ocorre ao longo do tempo pelo modo
de enfrentar o stress crónico no trabalho; culmina num estado do qual é difícil sair.
É um estado de esgotamento físico e emocional, erosão da alma do trabalhador (já
não aguento mais); esvaziar dos recursos perante as exigências constantes;
“explosão” no trabalho (comportamento atípico; choro e remorso após).
Demasiado Insuficiente
Temporário Duradouro
Do ponto de vista teórico há dois nomes famosos: Maslach e Freudenberger. Estes
autores dizem que:
• O burnout pode surgir a meio da carreira profissional pelo envolvimento
em situações emocionalmente desgastantes;
• Qualquer pessoa pode ter stress, mas o burnout só pode ser experienciado
por quem entra para a carreira com ideias elevados, devido a uma
frustração do investimento pessoal e dos objetivos;
2. Despersonalização e cinismo
- desinvestir no trabalho para gerir a perda de energia
- afastar-se do trabalho porque tu stressa
- não se envolver, não ter ilusões
- pessimismo, postura fria e desligada
- diminui o desempenho, o bem-estar e a eficácia
- irritabilidade e desconfiança
3. Ineficácia ou realização pessoal diminuída
- falta de recursos pessoais para desempenhar a tarefa com qualidade
- sensação de fracasso
- afastamento dos colegas porque se sente cansado e incompetente
- diminuição das expetativas
Estratégias de atuação
Podemos prevenir, monitorizar e tratar o burnout.
Prevenção Intervenção
Regulação emocional
Quando falamos no processo de regulação falamos de um processo em que a
pessoa procura determinar qual a emoção a experienciar, quando e como se
expressa publicamente de que forma observável. Porque é que devemos regular as
emoções? Porque são o resultado de um processo de avaliação e de significado do
acontecimento para os objetivos e bem-estar da pessoa e diferentes estratégias
possuem impactos diferentes. A regulação das emoções pode ter uma motivação
hedónica ou instrumental sendo que nesta segunda distinguimos os motivos pro
sociais, os motivos de autoproteção e o motivo de gestão das impressões.
A regulação emocional pode ser definida como uma habilidade para a interação
social, influenciando o comportamento e a expressão emocional. Tem sido definida
como um conjunto de estratégias conscientes e/ou inconscientes para manter,
aumentar ou diminuir um ou mais componentes da resposta emocional, incluindo
os sentimentos, comportamentos e respostas fisiológicas que constroem as
emoçoes. A regulação é afetada por diferenças individuais e existem
inclusivamente patologias que se caracterizam pela persistência das emoçoes
negativas resultantes da dificuldade ou incapacidade de regulá-las.
As emoções teriam inicio com a avaliação de pistas emocionais de origem interna
ou externa e quando fazemos uma avaliação muito imediata da pista emocional
vamos ter uma resposta emocional que dispara e que nos permite sobreviver e que
está condicionada com a experiência prévia. Quando o inicio da emoção acontece
ainda vamos a tempo de a modular e regular. Como as emoçoes são disparadas a
todo o momento, as estratégias de regulação podem ser distinguidas em termos de
quando surgiriam durante os processos de geração da emoçao.
Consequências cognitivas:
- supressão mais exigente cognitivamente
- foco dirige-se a aspetos internos e reduz a capacidade de codificar os
acontecimentos externos
- aumenta a auto-monitorização
Consequências sociais:
- a supressão distrai a pessoa da interação e do outro interlocutor
- esconde os sentimentos, motivos e intenções do individuo tornando a interação
mais stressante
- pode ter efeitos benefícios em situações especificas.
Outras estratégias:
• Exercícios de relaxamento ou exercício físico
• Distração temporária
• Manipulação das emoçoes
• Mindfulness
• Identificação e rotulação das emoçoes
• Normalização das emoçoes
• Perceção da temporalidade das emoçoes
• Exploração das emoçoes como meta
O uso das estratégias vai variar de acordo com o tipo de problema. Se a sensação é
de agitação problemática devemos utilizar o relaxamento e o mindfulness. No
entanto, se for uma sensação insuportável devemos usar a restruturação cognitiva
ou a resolução de problemas.
Desregulação emocional
A desregulação emocional pode manifestar-se por:
• Intensificação excessiva das emoçoes
• Desativação excessiva das emoçoes – despersonalização, desrealização,
entorpecimento emocional em situações onde seria expectável que as
emoçoes fossem sentidas com alguma intensidade;
Coping
O coping é o enfrentar e o lidar. Consiste em esforços cognitivos e
comportamentais que procuram dominar, reduzir ou tolerar uma situação criada
por um fator stressor. Envolve a elaboração de estratégias de coping e de estilos de
coping. Perante uma situação critica há um mal-estar. Face a essa situação há uma
analise do contexto, dos recursos, das experiências prévias, dos riscos associados,
etc. que levam a uma reavaliação secundária e a escolha da estratégia de coping.
Sumariando, o coping é concebido como um conjunto de estratégias utilizadas
pelas pessoas para se adaptarem a circunstâncias adversas.
O coping nasceu enquanto fenómeno teórico da psicologia e o conceito deste dizia
que cada pessoa tinha as suas estratégias que levava até o resto da vida. Este
estudo via o coping enquanto algo estável e o seu estudo era feito muito na
vertente da dicotomia entre saúde e patologia, servindo como um mecanismo de
defesa. Na década de 60-80 este conceito explode e Lazarus fala-nos do coping
como transação entre a pessoa e o contexto e que depende das cognições, traços de
personalidade e da avaliação situacional. Mais tarde, já na década de 80 já falamos
que o ambiente não explica tudo na forma como lidamos com a situação e é
mencionado novamente os traços de personalidade que, supostamente, tornariam
as pessoas mais propensas a lidar melhor com a regulação emocional.
Susan Folkman foi uma das parceiras de Lazarus. No modelo transacional do stress
e coping de Folkman e Lazarus vemos a seguinte ordem: depois do contacto com o
estimulo stressor temos uma primeira avaliação entre o desafio e a ameaça.
Associado ao desafio temos uma ambiguidade entre o positivo e o negativo, o medo
e o entusiasmo. No entanto, se o estimulo for percebido como uma ameaça é feita
uma segunda avaliação para compreender se temos recursos suficientes para lidar
com a situação e isto culmina na distinção entre stress negativo ou stress positivo.
Partimos sempre do meio e da avaliação para saber se a situação é positiva,
negativa ou relevante. A segunda avaliação é mais cognitiva enquanto que a
primeira é mais instintiva.
5. Religião
Aumento da participação em atividades religiosas
6. Reinterpretação positiva
Fazer o melhor da situação, crescendo dela e vendo-a de modo mais
favorável
7. Auto-culpabilização
8. Aceitação
9. Expressão de sentimentos
10. Negação
14. Humor
Estratégias de coping
Como exemplos de estratégias temos as de evitamento que estão relacionadas com
a negação e a crença baseada na realidade do desejo e as de aproximação que são
tomar medicação, procurar um medico, descansar ou conversar com amigos e
familiares. As estratégias de coping são uma tentativa de reestabelecer aquilo que
é a normalidade saudável. Há mais estratégias como os pensamentos positivos, p
conhecimento de que se possui conhecimentos específicos para resolver a situação,
as capacidades sociais e o apoio social.
Tipos de coping:
Há mais tipos de coping que os definidos pela escala acima mencionada. Alguns
tipos de coping são:
- Focar nos nossos sentidos: modificação das sensações corporais através do toque,
som, audição, olfato e paladar;
- Ação oposta: fazer algo que vai contra os nossos impulsos e que é mais
consistente com uma emoçao positiva
- Plano de crise: contacto com família, amigos, 122, etc. para quando as estratégias
de coping não funcionam
Há um ciclo, pois quem tem mais inteligência emocional utiliza estratégias focadas
na resolução de problemas e não estratégias na gestão inadequada das situações. O
coping focado na tarefa e não nas emoções, faz com que o foco atencional seja
desviado para uma estratégia ativa.
Interligação de conceitos
A ligação entre coping, stress, emoçoes e inteligência emocional é muito complexa
de tal forma que as estratégias podem ser adaptativas, mas também disfuncionais
como é o exemplo da comida de conforto. As emoçoes motivam e modificam
comportamentos, no entanto é necessário termos uma boa regulação emocional de
modo a que elas sejam adaptativas e não disfuncionais.
Abordagens sociocognitivas da emoção
Existem diferentes abordagens para explicar as emoções e aquelas que são mais
complexas utilizam a abordagem sociocognitiva.
Recapitulando
Recapitulando, a emoção é u, fenómeno afetivo intenso, rápido no tempo, que
interrompe a ação e muda a forma de pensar, sentir e agir. A emoção tem uma
componente fisiológica, com expressão na face e no corpo, mas que depende da
avaliação da pessoa no contexto. Por sua vez, o reconhecimento emocional com
atribuição de significado à expressão do outro, com ou sem ajuda das pistas, leva a
uma consequente reação.
O stress pode ser visto enquanto o desequilíbrio entre as exigências e os recursos
numa situação avaliada como importante e que leva a alterações fisiológicas,
cognitivas e comportamentais.
Por sua vez, o coping são os esforços cognitivos e comportamentais para modificar
um estimulo agressor e estados emocionais aversivos, sendo que as estratégias de
coping podem ser focadas na tarefa, na emoçao ou no evitamento.
A regulação emocional é vista como um processo em que a pessoa procura
determinar qual a emoçao a experienciar, quando e como se expressar, o conjunto
de estratégias conscientes e inconsciente para manter / aumentar ou diminuir
componentes da resposta emocional, incluindo sentimentos, comportamentos e
respostas fisiológicas que constroem as emoçoes.
Emoção e cognição
A ligação entre a emoção e a cognição tem suscitado o interesse dos cientistas ao
longo do tempo. O debate principal era: o que acontece primeiro? Emoção ou
cognição?
Descartes e Pascal falam um pouco sobre este debate. Segundo Descartes, haveria
um acontecimento, a perceção do estimulo a cognição e depois a emoção, enquanto
que para Pascal, os dois últimos passos estavam invertidos. Há uma oposição ao
racionalismo puro e uma associação ao coração que seria responsável pelas
sensações.
Modelos do comportamento
Há modelos sobre o comportamento que atribuem importância apenas à cognição
ou apenas à emoção, no entanto, existem outros modelos que fazem uma
interligação entre estes dois processos sendo que existem modelos que incluem a
perceção. A cognição afeta a emoção na autorregulação e na interpretação dos
estímulos, mas a emoção também afeta a cognição porque influencia a nossa
perceção, a nossa memória, a capacidade de decisão e correr riscos e também de
desempenho.
A perspetiva atual vê a emoção como mediadora da cognição e do comportamento.
Temos a mente, o nosso corpo biológico e o contexto (interno ou externo) que são
os três níveis onde teremos a emoção, a cognição e o comportamento.
Quando fazemos a ligação entre a emoção e a cognição enquanto processos
distintos, estamos, ao partir da emoção, a utilizar a emoção como um guia para
avaliar o estimulo num sentido de perceber se ele nos traz prazer/desprazer,
utilidade ou ameaça, beneficio ou prejuízo, gosto ou não gosto. Quando falamos do
processo cognitivo ele avalia a complexidade da situação para fazer compreender
se vamos precisar de enfrentar/lutar ou fugir, dando atenção ao estimulo,
avaliando-o, utilizando a memória para saber se já vivenciamos uma situação
semelhante ou não e a linguagem, nem que seja simbólica para atribuir um nome a
coisa.
Este processo complexo pode funcionar em dois sentidos dependo das pessoas
1. Esquema bottom-up effect: partimos da perceção, do estimulo, da avaliação
direta, quase num instinto que nos faz reagir muito rapidamente Ativação
das estruturas cerebrais e neuronais mais básicas. Reação rápida ao
estimulo.
Do ponto de vista teórico há imensa bibliografia, sendo que todos os estudos estão
bem fundamentados. Do ponto de vista da interação podemos classificar as
diferentes teorias das emoções em:
- psicofisiológicas (alterações fisiológicas desencadeiam emoçoes)
- neurológicas (atividade cerebral desencadeia respostas emocionais)
- cognitivas: (pensamentos desencadeiam e alteram as emoçoes)
Teorias ambiciosas
A Teoria Diferencial das Emoções de Izard apresenta 11 emoções e diz-nos que:
- A emoção associada a alterações fisiológicas;
- A experiência subjetiva
- O comportamento expressivo e a resposta instrumental a um estimulo
- Os aspetos inatos e adquiridos da emoção são traduzidos em padres de respostas
emocionais cognitivas e motoras
- Há influência social
- Emoções associadas ao comportamento e influenciando este de forma
diferenciada a todos os níveis
-Emoção como fenómeno afetivo complexo que ocorre durante o desenvolvimento
do ser humano;
- Componente cognitiva existe quando a aprendizagem e experiência geram
representações mentais que permitem comparar e discriminar
Estudos percursores
Carol tentou identificar quais as cognições, emoções, comportamentos que as
crianças associavam ao fracasso. As suas experiências iniciais foram desenvolvidas
da seguinte forma. As crianças foram selecionadas e testadas inicialmente para
saber se tendencionalmente eram desistentes ou persistentes (avaliadas também
nos níveis de competição para garantir a igualdade).
Depois desta avaliação elas iam para um ambiente não escolar e eras-lhe dado um
cartão com uma imagem, sendo que a criança tinha de reproduzir essa imagem
através da associação de cubos. Inicialmente existia uma serie de 8 problemas
fáceis e depois desse primeiro conjunto era dado um segundo conjunto de
problemas muito difíceis ou insolúveis. Posteriormente era-lhes pedido que
verbalizasse o que estava a pensar e a sentir. Depois deste exercício era dado
novamente um conjunto de problemas acessíveis. A análise do discurso dos
estudantes permitiu identificar dois padrões diferentes.
Alunos Persistentes Alunos desistentes
Padrão orientado para a mestria Padrão orientado para o abandono
Persistência Desistência
Manutenção do nível de realização Redução do nível de realização
Tentativa de resolução do problema Abandono precoce
Atenção centrada no problema Atenção centrada no ego
Estratégias de maior qualidade Estratégias rígidas
Atribuições ausentes Atribuições para a incapacidade
Ativaçao do comportamento Inibição do comportamento
Aumento do esforço / atenção Minimiza o papel do esforço
Discurso de auto-encorajamento Discurso de auto-desvalorizaçao
Pensamentos irrelevantes, temem
Autoinstrução avaliação publica
Recordação de sucessos anteriores Recordação de fracassos anteriores
Afetos positivos Afetos negativos como vergonha
Utilização de reforços intrínsecos Bloqueio dos reforços intrínsecos
Expetativas positivas Expetativas negativas
Avaliação do desempenho positiva Avaliação do desempenho negativa
Padrões de realização
Estes dois padrões foram confirmados em contexto escolar habitual de crianças,
adolescentes e universitários. Os padrões não estão associados nem ao nível de
capacidade efetivo, nem com a sorte nem com os resultados escolares anteriores.
Estes padrões surgem depois de uma situação de confronto com o fracasso. O
padrão de abandono também existe em estudantes ditos brilhantes, no entanto,
pode é ser mais difícil de identificar por estarem menos confrontados com
situações de fracasso.
Dweck procurou relacionar como um obstáculo pode ser visto de forma tão
diferente pelas diferentes pessoas, chegando à conclusão de que há uma
valorização de objetivos diferentes, objetivos que estarão depois relacionados com
as duas teorias implícitas.
Enquanto que para alguns uma tarefa é vista como uma oportunidade para ganhar
novas competências, para outros é uma oportunidade de mostrarem o quão
competentes são. Para uns, as tarefas ideais são as fáceis para si e difíceis para os
outros enquanto que para os outros é algo onde se pode aprender algo novo,
mesmo que não obtenha bons resultados. Estes últimos, valorizam mais a
aprendizagem do que o sucesso. Ambos os tipos de objetivos são partilhados pela
maioria dos alunos, no entanto, o problema coloca-se quando os objetivos são
conflituosos e há que escolher um para decidir. Quando temos de escolher uma UC
optativa, por exemplo, temos de escolher entre mostrar a nossa competência ou
escolher a aprendizagem de algo novo, útil e importante, mesmo que essa escolha
nos faça parecer menos inteligente. O ideal seria conciliar ambos, mas quando
temos de escolher o que é que nos faça optar?
ESTUDOS EMPIRICOS
Alguns alunos do 8º ano tiveram as suas conceções avaliadas previamente e,
posteriormente, foi-lhes dada a opção de escolher uma de três tarefas.
Tarefa A – objetivo de performance – tarefa muito facil
Tarefa B – objetivo de performance – tarefa difícil para mostrar capacidade
Tarefa C – objetivo de aprendizagem
Os resultados demonstraram que 82% dos alunos com uma CPI estável escolhiam
tarefas de performance e que 61% dos alunos com uma CPI dinâmica escolheram
as tarefas de mestria. Vimos que os estudantes teriam escolhas de objetivos
distintos dependendo da sua CPI. Estudos subsequentes mostraram que isto é
estável para outras idades e que pessoas com CPI estável tendem a não fazer
formações extras para não revelarem aquilo que eles menos sabem.
CPI
Qual a sua prevalência? A prevalência é bastante idêntica sendo que 40% dos
indivíduos têm uma CPI estável, 40% dinâmica e 20% indefinidos, sendo que não
há relação entre o tipo de CPI e o nível efetivo de inteligência. Será que é possível
termos uma conceção estática num traço e mais dinâmica noutra? Há conceções
diferentes e focando até em domínios particulares. Por exemplo, a capacidade
matemática tende a ser vista como mais estável e a verbal mais maleável. As
conceções dinâmicas podem ser mais benéficas e por isso podemos tentar mudar
as conceções de estáticas para dinâmicas. Há uma abordagem que faz a indução
experimental dos dois tipos de CPI.
Numa situação experimental era dado aos alunos uma brochura com referências a
diferentes personalidades e os seus traços:
CONTEXTOS DIFERENCIAIS
Alguns indicadores em Portugal vão mostrando que as CPI evoluem num sentido
progressivamente dinâmico. No entanto, isto pode não ser positivo, porque pode
não indicar um aumento de alunos com uma CPI dinâmica, mas sim o abandono
dos estudantes com uma CPI estática. Os estudantes que atinge maiores níveis de
escolaridade possuem uma CPI dinâmica.
Voltando ao género, os estudos feitos sobre as CPI tendem a mostrar que as
raparigas possuem padroes de desistência quando enfrentam o fracasso, insucesso
ou pressão e por isso tendem a escolher tarefas mais fáceis para não terem juízos
de valor. Isto tem impacto no futuro, pois revela que as mulheres tendem arriscam
menos nas suas escolhas vocacionais. As crenças não refletem a competência
efetiva.
Nos pais a mesma coisa verifica-se. Os pais tendem a ter expetativas de sucesso
mais elevadas de sucesso para os rapazes no que diz respeito à matemática. Para
além disso, atribuem o sucesso à maior capacidade aos rapazes, mas nas raparigas
a causa desse sucesso é o trabalho árduo e os hábitos de estudo. A escolha distinta
dos brinquedos, o discurso e a expetativa vocacional são diferentes de rapazes
para raparigas. Há mais ajuda não solicitas às raparigas.
Em termos de NSE, há poucos estudos sobre este assunto, mas os que existem
tendem a demonstrar que os indivíduos pertencentes a um NSE alto possuem
conceções mais dinâmicas. Uma das explicações refere o facto de as pessoas do
NSE baixo terem menos probabilidade de ascensão social o que os leva a CPI mais
estática dos atributos pessoais porque parece que não conseguem ter este
progresso.
INTERVENÇAO
A premissa de base nos programas de intervenção é que se alteramos o mindset
das pessoas vamos também alterar a sua forma de dar significado às experiências,
assim como as aprendizagens e a própria realização dos indivíduos.
Um estudo experimental foi feito com estudantes do 7º e, nessa situação
experimental, foram dados diversos workshops aos alunos. A um grupo (controlo)
foram ministrados somente workshops sobre competências de estudo. No entanto,
no grupo experimental, eram ministrados workshops sobre competências de
estudo, mas também sobre a CPI dinâmica. Antes desta situação experimental já
havia sido notado um declínio dos resultados nos testes de matemática em ambos
os grupos. Os resultados de matemática foram monitorizados ao longo do ano
letivo, depois dos workshops também, e, o que se constatou foi que o grupo
experimental teve uma recuperação e uma alteração na tendência de declínio
enquanto o grupo experimental manteve essa tendência.
Um outro estudo, desta vez com alunos do secundário, mencionava um processo de
mentoria com alunos universitários num processo de criar uma pagina web. Um
dos grupos (experimental) teve de desenvolver uma página sobre as conceções
dinâmicas enquanto o outro (controlo) desenvolveu uma página sobre o consumo
de drogas. Os estudantes do primeiro recebiam textos e liam informação que se
baseava na expansão da inteligência. No final do ano compararam-se os resultados
académicos em leitura e matemática. O grupo experimental apresentou melhores
resultados nas áreas estudadas, sendo que esta tendência foi mais benéfica e
evidente nas raparigas.
A magnitude dos efeitos desta experiência evidencia que o efeito e relevante para
os resultados de todos, mas especialmente na matemática nas raparigas.
Avaliação da teoria