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Faculdade de Psicologia
Universidade de Lisboa
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27/09/2018
Variedade de conceitos no
domínio das emoções
➢ Emoção
• “Episódio breve de modificações coordenadas a nível cerebral,
autonómico e comportamental, que facilitam a resposta do
organismo a eventos significativos, externos ou internos”
(Davidson, Scherer, Goldsmith, 2003)
➢ Sentimento
• Representação subjetiva da emoção
➢ Afeto
• Termo genérico para designar tudo o que se relaciona com o
domínio emocional
• Componente básica do estado emocional (valência e ativação,
sem uma identificação/rotulação – “core affect”)
➢ Humor (mood)
• Estado afetivo difuso, de baixa intensidade e longa duração
O conceito de emoção
➢ Os conceitos na área das emoções estão fortemente enraizados no
senso comum e as suas definições são pouco consensuais.
➢ A própria definição de emoção é muito variada consoante os
autores e nem sempre as definições são semelhantes.
➢ A perspetiva mais produtiva é provavelmente a de definir o domínio
a partir de um conjunto de características.
➢ Assim, poderíamos dizer que o domínio das emoções ou afetos diz
respeito a um conjunto de processos, com um grau de interação
muito variável entre si (ou seja, alguns estão muito relacionados
entre si, outros quase nada) e que se definem por um conjunto de
características que serão apresentadas de seguida: relação com a
motivação, compromisso, appraisal, sensação subjetiva, alterações
psicofisiológicas, tendências comportamentais e carácter
adaptativo.
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Compromisso
➢ Para além da relação com a motivação, já referida, a
emoção tende a surgir sobretudo em resposta a situações
em que a pessoa esteja pessoalmente envolvida ou
comprometida, por exemplo:
• A situação envolve a própria pessoa.
• Alguém (incluindo algum animal) com quem a pessoa tem uma
relação significativa e um investimento afetivo.
• Um objeto que a pessoa tenha como seu e de valor considerável.
• Uma entidade com relevância real ou simbólica para a pessoa
(país, família, empresa, ou outro grupo de pertença).
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Appraisal
➢ As emoções resultam da análise cognitiva que as pessoas fazem
das situações, em termos do seu significado e, sobretudo, das
suas implicações, para si e para os seus compromissos.
Sensação subjetiva
➢ Cada emoção tem uma sensação subjetiva que lhe é
característica, e permite às pessoas identificar o estado emocional
em que se encontram.
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Alterações Psicofisiológicas
➢ Em muitos casos, as emoções são acompanhadas de alterações fisiológicas
em zonas periféricas do corpo (i.e., fora do sistema nervoso central), por
ação de um ramo do sistema nervoso designado como autónomo (por a sua
ação ser independente da vontade).
➢ O mais comum é que as alterações mais salientes resultem da ativação do
ramo do sistema nervoso autónomo designado por simpático.
➢ O sistema nervoso simpático tende a promover alterações fisiológicas que
aumentam a energia disponível e preparam o organismo para a ação (e.g.,
aumento do ritmo cardíaco e respiratório, da tensão arterial e da tensão
muscular, sudação, inibição dos processo digestivos, libertação de glicose
para o sangue).
➢ No entanto, o sistema parassimpático, antagónico do simpático, também
pode ter um papel importante (e.g., a diminuição da tensão arterial numa
situação emocional pode dar origem a desmaios).
➢ O padrão de ativação fisiológico é diferente de pessoa para pessoa, e
também consoante o tipo de emoção e a sua intensidade. Esta informação
pode ajudar as pessoas a identificar a emoção que estão a sentir.
Tendências comportamentais
➢ As emoções tendem a induzir certos tipos de comportamento.
➢ Esta indução não é inevitável: os comportamentos podem ser influenciados
também por outros fatores, incluindo por um esforço consciente e deliberado
para que eles não se manifestem.
➢ Estes comportamentos pode ser classificados em dois grandes tipos:
• Comportamentos funcionais.
• Comportamentos expressivos.
➢ Os comportamentos funcionais permitem alterar a situação no ambiente
exterior, lidando de forma direta com a situação que gerou a emoção (e.g., fugir
quando se sente medo, atacar quando se sente raiva).
➢ Os comportamentos expressivos não têm uma ação direta sobre o ambiente,
mas visam apenas informar outros indivíduos acerca do estado emocional da
pessoa. Esta informação pode ter várias funções, e.g., a de resolver a situação
de forma indireta, por intermédio do comportamento dos outros (e.g., um adulto
elimina algo que estava a causar medo a uma criança).
➢ Os comportamentos expressivos podem ter vários canais: faciais, vocais (e.g.,
choro), posturais (e.g., baixar vs. levantar a cabeça), comportamentais (e.g.,
pular de alegria), etc.
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Carácter adaptativo
➢ As emoções constituem certamente um mecanismo adaptativo no comportamento
humano e de outros animais.
➢ É normalmente possível apontar vantagens das emoções em termos de adaptação,
sobrevivência e sucesso reprodutivo, tornando plausível que tenham sido
construídas pelos mecanismos da evolução.
➢ Este carácter adaptativo pode nem sempre ser evidente (e.g., a tristeza pode ter a
função de levar a pessoa a desligar-se de objetivos inacessíveis) e não significa
simplesmente promover o bem-estar do indivíduo (e.g., o medo é desagradável, mas
preserva a sobrevivência)
➢ Em termos da sua complexidade e flexibilidade, as emoções parecem constituir um
nível intermédio entre mecanismos de adaptação automática, de base biológica
(e.g., regulação da temperatura corporal, do equilíbrio e mesmo da fome) e
mecanismos mais flexíveis, baseados na análise cognitiva complexa e na decisão
racional e consciente.
➢ Apresentam bases cognitivas (appraisal), mas simples e focadas na situação
imediata, e tendências comportamentais automáticas, mas controláveis.
➢ Em termos neuropsicológicos, zonas infracorticais têm um papel determinante,
contrastando com o papel do córtex cerebral no processamento cognitivo mais
complexo.
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0.8
0.7
Ousado
Ardente Atrevido
Expansivo Enérgico
0.6 Arrojado
Excitado Audacioso
Agitado
Exaltado Irrequieto
Zangado Arrebatado Determinado
Animado
0.5 Impetuoso
Impulsivo Inspirado Activo
Desembaraçado
Inquieto
Irritado Agressivo Mexido Alegre
Furioso Irascível Emocionado Corajoso
Destemido
DespachadoVivo
Divertido Entusiasmado
0.4 IrritávelAnsioso Espantado Surpreendido Caloroso Vigoroso
Hostil Forte Capaz Estimulado
Apreensivo
Conflituoso Indolente Alerta Orgulhoso
Amedrontado
Magoado Afectuoso Competente Seguro
0.3 Receoso Trémulo Feliz
Preocupado
Assustado
Aflito Nervoso Decidido Contente
Perturbado
Transtornado Impaciente Simpático
Amável Sólido
Atencioso
Atento
Inimigo Interessado
0.2 Amargurado
Desesperado
Abatido DescansadoSatisfeito
Deprimido Melancólico Bondoso
Angustiado Culpado
Triste
Aborrecido Medroso
Desanimado
0.1 Preguiçoso
Infeliz Solitário Descontraído
Miserável Sonolento
Sózinho Desamparado
Pachorrento
0 Envergonhado Tranquilo
Vagaroso
Lento Sereno
Sossegado
-0.1
Calmo
-0.2
-1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8
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Abordagem dimensional
Abordagem categorial
➢ Baseada na perspetiva de Darwin, defende que existe um número
finito, e relativamente limitado, de emoções “básicas”
➢ Cada uma destas emoções básicas tem um padrão específico nos
componentes anteriormente listados (relação com a motivação,
compromisso, appraisal, sensação subjetiva, alterações
psicofisiológicas, tendências comportamentais e carácter adaptativo)
➢ Estes tipos de emoções correspondem a sistemas neuropsicológicos
específicos e identificáveis, sendo inatas e universais na espécie
humana
➢ Não significa que estejam todas funcionais logo ao nascimento,
emergindo de forma progressiva ao longo do desenvolvimento
➢ São partilhadas com outros animais, sobretudo primatas, devido à sua
origem evolutiva
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