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Centro de Instrução
de PLANO DE SESSÃO
Guerra na Selva
FASE: TÉCNICA
I- INTRODUÇÃO
a. Apresentação do assunto e ligação com outras sessões:
Dando prosseguimento às instruções da fase vida na selva do
CURSO DE OPERAÇÕES NA SELVA CATEGORIA “B” OU “C”,
veremos nestes três tempos de instrução o assunto ARMADILHAS
PARA CAÇA E PESCA, que está inserido dentro da unidade didática
sobrevivência na selva.
Esta instrução está intimamente ligada com as seguintes
instruções:
- Rastreamento de animais (pré-requisito)
- Abrigos (pré-requisito)
- Tiro de caça
- Alimentos de origem animal
- Obtenção do pescado
b. Objetivos a serem alcançados:
- Preparar os diversos tipos de gatilhos necessários para o
acionamento de armadilhas para caça de animais de pêlo, casco, aves
e para a pesca.
- Construir armadilhas que possibilitem o homem a capturar
animais de pêlo, casco, aves e peixes como fonte de alimentação no
interior da selva utilizando materiais de dotação do militar ou
encontrados na região.
c. Sumário:
I- Introdução
a) Procedimentos;
b) Generalidades.
II – Desenvolvimento
a) Definição;
b) Regras para construção e utilização;
c) Pista
- gatilhos;
- armadilhas com armas de fogo;
- armadilhas para animais de casco e pêlo;
- armadilhas com laços;
- armadilha para aves;
- armadilhas para pesca.
III – Conclusão
I- INTRODUÇÃO
1. Procedimentos (conduta durante a sessão):
Alertar os instruendos quanto ao procedimento em caso de:
- dúvidas;
- sentir sono;
- anotações a serem realizadas;
- ser interrogado pelo instrutor.
2. Generalidades:
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II- DESENVOLVIMENTO
1. Aspectos fundamentais
a. Definição:
Engenho ou artifício para apanhar qualquer animal; cilada;
trapaça. Armadilhas são construções feitas pelo homem com recursos
que a selva lhe oferece ou com equipamento e armamento individual
para capturar aves, animais de pêlo, de casco e peixes.
b. Regras para construção e utilização:
1) As armadilhas deverão ser montadas antes do cair da noite,
em locais de passagem ou permanência da caça, tais como trilhas (nas
partes estreitas), bebedouros e comedias. Aproveitando-se assim o
período claro do dia e não atrapalhando o hábito do animal.
2) Canalizar a caça para o interior da armadilha, por meio de
túneis, troncos ou cercas.
3) Manter o terreno com seu aspecto natural (camuflagem).
Evitando descaracterizar a selva de forma a dificultar por parte do
animal a percepção da armadilha. O material utilizado na confecção da
armadilha deve ser obtido em local diferente ao de sua construção. É
interessante também que se utilizem açoites vivos. Denomina-se açoite
vivo qualquer vara de vergar utilizando a própria planta nas
proximidades da armadilha, evitando-se o corte e a fixação ao solo uma
vara de vergar morta.
4) Após a confecção da armadilha, procurar retirar o cheiro
humano macerando folhas de árvores e misturando com água. Aplicar a
solução no local da armadilha. Esta conduta evitará que a caça perceba
a armadilha pelo olfato.
5) Toda a equipe deverá saber a localização das armadilhas,
para que as armadilhas de caça não se tornem armadilhas anti-pessoal,
principalmente aquelas que empregam armamento, ou mesmo fosso
(estacas panji). Se possível, confeccionar um croqui.
6) As horas mais recomendáveis para caça serão entre 0400
e 0600 h e entre 1800 e 2100 h, por ser este o horário da troca de
hábito entre os animais de hábito diurno e noturno. Lembrar que a lua
influencia neste horário.
7) Os locais em que forem carneadas as caças poderão atrair
outros animais, nestes, portanto, será aconselhável e vantajoso colocar
armadilhas. As vísceras poderão também servir para a pesca.
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2. Pista de gatilhos:
A oficina de gatilhos deverá ser iniciada com as estruturas
didáticas desmontadas para não desgastar o material silvestre.
- Açoite
c) À utilização em:
- Ponto
- Área
b. Tipos de gatilhos:
Esta oficina presta-se a visualização e conhecimento de
alguns tipos de gatilhos. Procurem visualizar o gatilho e não a
armadilha à retaguarda. Esta oficina não esgota o assunto.
1) Gatilho com entalhes múltiplos (4 invertido).
Confeccionam-se dois entalhes a 22 cm um do outro em
um suporte de madeira (fincado ao solo) ou árvore de cerca de 06 cm
de diâmetro (suporte “A” da figura). Em um suporte “B” com 23 cm de
comprimento confeccionam-se outros dois entalhes com as mesmas
características. Achatam-se as pontas de uma vareta de 1,5 cm de
diâmetro por 11 cm de comprimento para fazer oposição de esforços
nos entalhes de cada um dos suportes. O funcionamento deste gatilho
ocorre quando o suporte “B” é tracionado, liberado a vareta onde está
ancorado o cordel e em conseqüência acionando a armadilha.
SUPORTE “B”
SUPORTE “A”
VARETA
VARETA VERTICAL PEQUENA
TRAVE
TRAVE
VARETA
HORIZONTAL
MÓVEL
OBSERVAÇÃO
Há uma variação deste gatilho,que é o gatilho “H”
simples, retirando-se a vareta fixa mais baixa na armação da trave.
Desta forma deve-se tomar o cuidado de inverter o sentido de
passagem do cipó que liga o gatilho à armadilha.
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CIPÓ
4) Unha de gato:
Gatilho de tração. Confeccionado utilizando-se dois
âmagos pequenos, onde será talhado em uma das pontas de cada
âmago uma espécie de gancho assemelhando-se a “unha de gato”.
FIGURA “A”
VARETA
seção;
- Da parte restante do talo, fazer uma ponta e enfiar em um
ponto da “área de matar”, até a marca da linha de terra ficar nivelada
pelo solo;
- Realizar o ajuste da arma, tomando como ponto de pontaria a
seção branca que estará bem destacada. Não haverá,
portanto,necessidade de se ter um outro homem pisoteando a “área de
matar”.
f. Medidas auxiliares:
Experiência: fruto de observação de Instrutores e Monitores e
da vivência dos mateiros foi possível a determinação de algumas
medidas que auxiliam a pontaria (ajuste da arma).
- Paca, tatu
medidas auxiliares: “chave”
C
D
B
d. Laços
- Finalidade: paca, cutia e veado;
- Material: madeira para cerca, madeira para o gatilho, vara de
vergar, cadarço de nylon ou cipó.
- Comedias: buriti, uixi, piquiá (paca e cutia) flor de piquiá
(veado).
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- Construção:
Corta-se uma vara flexível, de preferência o matá-matá, com
08 ou 10m de comprimento. A 2m de uma árvore ou suporte, fixa-se a
ponta da vara ao solo. Amarra-se a vara na árvore a cerca de 1,5m de
altura. A outra ponta da vara fica elevada do solo cerca de 4m, devendo
fixar-se um cordel de 3m de comprimento e 5mm de diâmetro. No
prolongamento da vertical que desce da ponta da vara, confecciona-se
um cercado em meia lua, de 60 a 80cm de altura. Na abertura do
cercado posiciona-se o gatilho da armadilha. O laço é colocado no
centro da meia lua e na ponta do cordel que flexiona a vara apoiando-se
no sistema de gatilho.
e. Fosso
- Finalidade: qualquer tipo de animal;
- Local: trilhas e locais onde há indícios;
- Material: ferramentas de sapa e estacas panji;
- Obs: quando confeccionada fora de trilhas torna-se
necessária a colocação de uma isca adequada ao animal.
- Construção:
Faz-se a escavação de um buraco proporcional ao tamanho
do animal que se deseja aprisionar. Normalmente, utilizam-se as
dimensões: 1,5m x 1,5m por 2m de profundidade. As paredes devem
ser verticais e lisas, sem sulcos que facilitam a saída do animal.
f. Mundéu
- Finalidade: qualquer tipo de tatú;
- Material: tora pesada, madeira para gatilho, cadarço e cipó;
- Local: trilha;
- Comedia: uixi, piquiá, buriti;
- Construção:
- Corta-se uma tora pesada: 2,5m x 0,2m diâmetro.
Constrói uma trave de 0,8 a 1m de altura, fixando em sua
ponta uma travessa horizontal. O tronco é suspenso entre duas traves
por um cordel que passa por cima da travessa horizontal. Este cordel
vai para um sistema de gatilho, normalmente uma trave. Várias estacas
de 0,8m são fixados ao solo para canalizar o movimento da presa e
acionar o gatilho quando a caça estiver embaixo do tronco de madeira.
g. Quebra-cabeça
- Finalidade: gambá, mucura, etc.
- Material: vara de vergar, madeira para o cercado, tarugos de
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h. Esparrela
- Finalidade: aves em geral
- Comedias: frutas e larvas
- Material: uma vara de vergar, dois tarugos e um pedaço de
cadarço ou cipó.
- Construção:
Utiliza-se uma vara de vergar, dois tarugos e um pedaço de
cadarço ou cipó. Confecciona-se dois entalhes em uma árvore: (“A” e
“B”), à um palmo de distância um do outro.
Prepara-se um tarugo ”C” com 25 cm de comprimento,
prendendo-lhe uma folha com talo para permitir a abertura do laço e o
pouso da ave para comer as iscas. Achata-se as pontas de um tarugo
de 12 cm de comprimento por 1 cm de diâmetro para facilitar a sua
fixação nos entalhes, onde é ancorado um cordão que vai para uma
vara de vergar.
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i. Gamboa
- Finalidade: aves de pequeno porte
- Comedias: larvas e frutas
- Material: varetas de madeira com aproximadamente 1 cm de
diâmetro, cipó.
- Construção:
Utiliza-se varetas de madeiras com 2 cm de diâmetro e 1,90
m de comprimento.Constrói-se um cercado fechado em forma de
triângulo utilizando-se estas varas, como exemplo de dimensões: 2 m
de comprimento por 1,30 m de largura e 1,20 m de altura. Coloca-se um
“jiqui” em cada lateral.
j. Tarranga
c. Curral
Construção: em rios estreitos e pouco profundos pode-se
fechar o curso d’água com uma cerca de estacas de madeira, deixando-
se frestas para que passe somente a água, impedindo a passagem do
peixe. As estacas de madeira devem ficar com uma ponta sobrando de
15 a 20 cm acima do nível d’água (exemplos de peixes que saltam fora
d’água: aruanã/sulampa/macaco d’água, peixe voador e outros). Em
uma das laterais ou centro, constrói-se uma entrada em forma de funil
para que um pequeno compartimento. O funil deve permitir a entrada do
peixe, aprisionando-o em seu interior para posterior apanha, também
pode ser utilizado a sanga como um processo de entrada.
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Obs
d. Matapi
Construção: constrói-se um cercado com estacas de madeira
em forma de seta, fincando-as na água à semelhança do “curral”. A
ponta da seta deve ficar apontada para a montante do rio. Nas bases da
seta, ocorre remanso, onde se acumulam os materiais comestíveis para
os peixes. Estes entram no interior da seta através da abertura
afunelado.
correnteza
e. Cacuri
Construção: a construção do cacuri é semelhante à do curral,
tendo a particularidade não fazer a ligação de margem a margem. O
cercado deve ser feito com a abertura voltado para a correnteza. Esta
abertura será afunilada para impedir o retorno dos peixes.
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correnteza
f. Sanga (entrada das armadilhas de pesca)
A sanga servirá de bloqueio à saída do peixe de dentro da
armadilha. É necessário colocar um pedaço de madeira que servirá de
peso e tranca permitindo a entrada do peixe e impedindo sua saída. As
pontas desse pedaço de madeira vão se apoiar na estrutura da
armadilha cessando o movimento de retorno da sanga após a entrada
do peixe.
III - CONCLUSÃO
Como conclusão, veremos se objetivos propostos nesta
instrução foram alcançados:
- Preparar os diversos tipos de gatilhos necessários para o
acionamento de armadilhas para caça de animais de pêlo, casco, aves
e pesca.
- Construir armadilhas que possibilitem o homem a
capturar animais de pêlo, casco, aves e peixes como fonte de
alimentação no interior da selva utilizando materiais de dotação do
militar ou encontrados na região.
Por fim, o conhecimento dos hábitos dos animais é tão
importante quanto o conhecimento das técnicas de construção e este
conhecimento não se adquire numa sessão de instrução e sim com a
vivência. Um mateiro, por exemplo, nunca assistiu a uma instrução,
contudo, com certeza, terá melhor aproveitamento na apanha da caça
do que uma pessoa sem a sua vivência.
Aconselha-se, portanto, que toda oportunidade de contato com animais
seja aproveitada. Lembrando sempre que em uma situação de
sobrevivência as condições serão bem mais difíceis e a apanha da caça
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ORIENTAÇÃO AO INSTRUTOR
1 . Antes da instrução
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2. Durante a instrução
b. A prática por parte dos Alunos será realizada antes do término da instrução.
c. O Cb/ Sd Aux que não estiver realizando nenhuma atividade se posiciona fora do cenário da
instrução.
3. Após a instrução
ORIENTAÇÃO AO MONITOR
1. Antes da instrução
2. Durante a instrução
3. Após a instrução