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OM:

Centro de Instrução
de PLANO DE SESSÃO
Guerra na Selva

CURSO: COS “A”, “B”, “C”, “D”, “E” e “F”

FASE: TÉCNICA

DISCIPLINA: VIDA NA SELVA

UNIDADE DIDÁTICA: I – SOBREVIVÊNCIA

ASSUNTO: 08 – ARMADILHAS PARA CAÇA E PESCA

OBJETIVOS:. - Praticar a montagem dos diversos tipos de gatilhos necessários para


o acionamento de armadilhas para caça de animais de pêlo, casco,
aves e para a pesca.
- Descrever o funcionamento das armadilhas que possibilitem ao
homem capturar animais de pêlo, casco, aves e peixes como fonte de
alimentação, no interior da selva, utilizando materiais de dotação do
militar ou aqueles encontrado na região, identificando os danos
causados ao meio ambiente pela utilização inadequada dos recursos
renováveis.
- Citar as principais regras para escolha do local das armadilhas.
- Descrever o triângulo do habitat.
LOCAL DA INSTRUÇÃO: conforme QTS
- Palestra, Interrogatório;
TÉCNICA(S) DE INSTRUÇÃO: - Demonstração;
- Prática individual e coletiva.
Quadro mural; material nativo encontrado na selva para
MEIOS AUXILIARES:. armadilhas; Armt utilizado para a construção de
armadilhas, alvos de chapa galvanizada ou lisolene
INSTRUTOR: MONITOR: AUXILIAR (ES):
Conforme QTS Conforme QTS Conforme QTS
- Preparar o local da instrução (limpeza e
montagem dos gatilhos e das armadilhas);
MEDIDAS ADMINISTRATIVAS:
- Cautelar o Armt e fazer pedido de munição para
a instrução

MEDIDAS DE SEGURANÇA: Conforme Plano de Segurança

FONTES DE CONSULTA: - IP 21 - 80 - Sobrevivência na Selva


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TEMPO DISTRIBUIÇÃO DO ASSUNTO E
Obs

Elaborado em___/___/___ Aprovado em___/___/___ Aprovado em___/___/___

Supervisao Escolar Ch DDP Ch Seç Op Sl

I- INTRODUÇÃO
a. Apresentação do assunto e ligação com outras sessões:
Dando prosseguimento às instruções da fase vida na selva do
CURSO DE OPERAÇÕES NA SELVA CATEGORIA “B” OU “C”,
veremos nestes três tempos de instrução o assunto ARMADILHAS
PARA CAÇA E PESCA, que está inserido dentro da unidade didática
sobrevivência na selva.
Esta instrução está intimamente ligada com as seguintes
instruções:
- Rastreamento de animais (pré-requisito)
- Abrigos (pré-requisito)
- Tiro de caça
- Alimentos de origem animal
- Obtenção do pescado
b. Objetivos a serem alcançados:
- Preparar os diversos tipos de gatilhos necessários para o
acionamento de armadilhas para caça de animais de pêlo, casco, aves
e para a pesca.
- Construir armadilhas que possibilitem o homem a capturar
animais de pêlo, casco, aves e peixes como fonte de alimentação no
interior da selva utilizando materiais de dotação do militar ou
encontrados na região.
c. Sumário:
I- Introdução
a) Procedimentos;
b) Generalidades.
II – Desenvolvimento
a) Definição;
b) Regras para construção e utilização;
c) Pista
- gatilhos;
- armadilhas com armas de fogo;
- armadilhas para animais de casco e pêlo;
- armadilhas com laços;
- armadilha para aves;
- armadilhas para pesca.
III – Conclusão

I- INTRODUÇÃO
1. Procedimentos (conduta durante a sessão):
Alertar os instruendos quanto ao procedimento em caso de:
- dúvidas;
- sentir sono;
- anotações a serem realizadas;
- ser interrogado pelo instrutor.
2. Generalidades:
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Os animais de sangue quente e com pêlos são cautelosos e


difíceis de apanhar. No entanto, é importante que sejam capturados
para servirem de alimento ao sobrevivente, pois constituem grande
fonte de proteínas, necessárias à manutenção da vida. As proteínas
são a 3ª fonte de energia do organismo, representam 20% do peso
corporal, vindo logo depois da água. É parte fundamental nos
músculos, sendo responsável por sua contração, na formação do
cabelo, unhas, pele e órgãos internos como cérebro e coração. É
essencial para o crescimento, manutenção e reparação dos tecidos
musculares. As enzimas, anticorpos e hormônios, responsáveis por
regular as reações químicas do organismo são todos feitos por
proteínas. Sendo então fundamental que o sobrevivente adquira
proteína através do alimento de origem animal, tendo em vista não
serem encontrados de modo tão fácil nos alimentos de origem vegetal.
Com isso, associando-se a astúcia e a habilidade, o sobrevivente
poderá construir implementos denominados armadilhas.

II- DESENVOLVIMENTO
1. Aspectos fundamentais
a. Definição:
Engenho ou artifício para apanhar qualquer animal; cilada;
trapaça. Armadilhas são construções feitas pelo homem com recursos
que a selva lhe oferece ou com equipamento e armamento individual
para capturar aves, animais de pêlo, de casco e peixes.
b. Regras para construção e utilização:
1) As armadilhas deverão ser montadas antes do cair da noite,
em locais de passagem ou permanência da caça, tais como trilhas (nas
partes estreitas), bebedouros e comedias. Aproveitando-se assim o
período claro do dia e não atrapalhando o hábito do animal.
2) Canalizar a caça para o interior da armadilha, por meio de
túneis, troncos ou cercas.
3) Manter o terreno com seu aspecto natural (camuflagem).
Evitando descaracterizar a selva de forma a dificultar por parte do
animal a percepção da armadilha. O material utilizado na confecção da
armadilha deve ser obtido em local diferente ao de sua construção. É
interessante também que se utilizem açoites vivos. Denomina-se açoite
vivo qualquer vara de vergar utilizando a própria planta nas
proximidades da armadilha, evitando-se o corte e a fixação ao solo uma
vara de vergar morta.
4) Após a confecção da armadilha, procurar retirar o cheiro
humano macerando folhas de árvores e misturando com água. Aplicar a
solução no local da armadilha. Esta conduta evitará que a caça perceba
a armadilha pelo olfato.
5) Toda a equipe deverá saber a localização das armadilhas,
para que as armadilhas de caça não se tornem armadilhas anti-pessoal,
principalmente aquelas que empregam armamento, ou mesmo fosso
(estacas panji). Se possível, confeccionar um croqui.
6) As horas mais recomendáveis para caça serão entre 0400
e 0600 h e entre 1800 e 2100 h, por ser este o horário da troca de
hábito entre os animais de hábito diurno e noturno. Lembrar que a lua
influencia neste horário.
7) Os locais em que forem carneadas as caças poderão atrair
outros animais, nestes, portanto, será aconselhável e vantajoso colocar
armadilhas. As vísceras poderão também servir para a pesca.
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8) Gatilhos são estruturas confeccionadas com material


natural, ou artificial, que visam iniciar o funcionamento da armadilha por
meio da ação da caça. Os gatilhos e açoites deverão ser camuflados e
feitos com material da selva, a paca, por exemplo, percebe o açoite
artificial e desborda a armadilha. Evitar fio da linha de pesca (naylon).
9) Deve-se “adoçar” o gatilho para que o mesmo acione com
facilidade.
10) Alguns animais possibilitam a utilização de iscas. Podem
ser vivas para aguçar o instinto de matar dos mais predadores, carne,
frutas e sementes. As iscas deverão ser adequadas ao animal
procurado.
11) As armadilhas devem ter dimensões e consistência
adequadas ao animal.

2. Pista de gatilhos:
A oficina de gatilhos deverá ser iniciada com as estruturas
didáticas desmontadas para não desgastar o material silvestre.

a. Tipos e sistema de gatilhos para armadilhas


Os gatilhos utilizados para acionar armadilhas devem permitir
o seu acionamento pelo homem, caça ou peixe de maneira simples e
eficiente. O cipó que melhor permite a montagem de gatilho é o cipó
ambé (dado de manual). Na prática, o melhor cipó é o titica por ser
mais fácil de manusear e de ser encontrado na região, porém, o cipó
ambé suporta mais peso.
Os gatilhos classificam-se quanto:
a) Ao acionamento em:
- Tração
- Pressão
- Equilíbrio
- Misto
b) Ao funcionamento por:
- Peso
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- Açoite
c) À utilização em:
- Ponto
- Área
b. Tipos de gatilhos:
Esta oficina presta-se a visualização e conhecimento de
alguns tipos de gatilhos. Procurem visualizar o gatilho e não a
armadilha à retaguarda. Esta oficina não esgota o assunto.
1) Gatilho com entalhes múltiplos (4 invertido).
Confeccionam-se dois entalhes a 22 cm um do outro em
um suporte de madeira (fincado ao solo) ou árvore de cerca de 06 cm
de diâmetro (suporte “A” da figura). Em um suporte “B” com 23 cm de
comprimento confeccionam-se outros dois entalhes com as mesmas
características. Achatam-se as pontas de uma vareta de 1,5 cm de
diâmetro por 11 cm de comprimento para fazer oposição de esforços
nos entalhes de cada um dos suportes. O funcionamento deste gatilho
ocorre quando o suporte “B” é tracionado, liberado a vareta onde está
ancorado o cordel e em conseqüência acionando a armadilha.

SUPORTE “B”

SUPORTE “A”

2) Gatilho com trave e vareta vertical(Pára-tatu)


Confecciona-se uma trave com cerca de 40 cm de altura
utilizando duas varetas verticais de 05 cm de diâmetro fincadas ao solo
e amarrando-se uma travessa ligando suas pontas. Coloca-se uma
vareta vertical estaqueada ao solo, com 35 cm de altura e a 20 cm do
centro da trave. Em sua ponta é feito um entalhe. Prepara-se uma
vareta pequena com 03 cm de diâmetro e 25 cm de comprimento,
achatando-se suas pontas. A vareta pequena é sustentada pela trave e
pelo entalhe existente na ponta da vareta vertical. Em seu centro,
amarra-se um cordão ligado à armadilha e mantendo-a puxada para
cima. O acionamento do gatilho ocorre quando traciona-se a vareta
vertical desfazendo o equilíbrio.
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VARETA
VARETA VERTICAL PEQUENA

TRAVE

3) Gatilho com trave e vareta móvel(H simples e H Duplo)


Confecciona uma trave com 40 cm de altura idêntica à da
letra anterior. A 10 cm do solo, amarra-se uma vareta na horizontal com
aproximadamente 03 cm de diâmetro. Prepara-se uma vareta horizontal
móvel de 34 cm de comprimento para deslizar sobre as duas traves.
Uma vareta “A” de 20 cm de comprimento por 02 cm de diâmetro é
preparada para ancorar um cordel e ligar-se a uma armadilha,
mantendo o sistema em equilíbrio. Um cordão ou cipó é preso ao centro
da vareta horizontal móvel para puxá-la deslizando na vertical. O cordão
passa por baixo da vareta inferior da trave, atravessa a trilha ou
caminho, sendo em seguida fixada a um ponto. Ao puxar o cordão ou
cipó por meio de tração ou tropeço, faz com que a vareta móvel seja
puxada para baixo, liberando a vareta “A” e em conseqüência a
armadilha.
VARETA
VARETA “A”

TRAVE

VARETA
HORIZONTAL
MÓVEL

OBSERVAÇÃO
Há uma variação deste gatilho,que é o gatilho “H”
simples, retirando-se a vareta fixa mais baixa na armação da trave.
Desta forma deve-se tomar o cuidado de inverter o sentido de
passagem do cipó que liga o gatilho à armadilha.
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CIPÓ

4) Unha de gato:
Gatilho de tração. Confeccionado utilizando-se dois
âmagos pequenos, onde será talhado em uma das pontas de cada
âmago uma espécie de gancho assemelhando-se a “unha de gato”.

5) Gatilho com forquilha invertida e travessa (Gatilho “V”


invertido):
Fixar uma ponta do cipó de tropeço e distendê-lo
transversalmente à trilha. Na outra, dividi-lo ao meio transformando-a
em duas pontas. Preparar vareta com 10 cm de comprimento, amarrar
a dupla ponta do cipó nas extremidades da mesma. Obter madeira em
forquilha, enterrando-a invertida na posição em que o cipó de tropeço
permaneça distendido próxima da vareta. Preparar uma vareta de 1,5
cm de diâmetro por 11 cm de comprimento achatando as pontas. Em
uma das pontas fixar cipó que ligará o gatilho à armadilha. Passar a
vareta por dentro da forquilha e por sobre a primeira vareta, obtendo-se
equilíbrio.

6) Gatilho de travessa vertical (Gatilho do mateiro):


Fixar uma ponta do cipó de tropeço e distendê-lo
transversalmente à trilha. Na outra, prendê-la uma travessa vertical
flexível fixada no solo, com 20 cm de comprimento (FIGURA “A”).
Preparar uma vareta de 1,5 cm de diâmetro com comprimento suficiente
para escorar na travessa vertical e, ao mesmo tempo, no tarugo de
sustentação da arma da arma. Em uma das pontas fixar cipó que ligará
o gatilho ao açoite que fará a arma disparar.
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FIGURA “A”

VARETA

c. Fatores importantes para o funcionamento


- Gatilho sensível (doce)
- Armadilhas e iscas adequadas à caça
- Dimensões e consistência proporcionais ao porte do animal
que se deseja capturar.
3. Armadilhas com Armas de Fogo:
a.Finalidade de utilização: animais que utilizam passagens
obrigatórias (trilhas, acessos à fonte d’água), comedias e bebedouros
canalizados.
b. Material: arma de fogo, madeira e cipó.
c.Construção: escolhe-se um local, preferencialmente plano, e
instala-se a arma perpendicularmente ao eixo de progressão.
d. Este tipo de armadilha é comumente empregado para agir no
gatilho do armamento disparando-o.
O armamento (fuzil, pistola ou arma de caça) é fixado na
horizontal a duas estacas verticais na altura desejada, batendo a
provável direção de aproximação do inimigo ou caça. Na fixação do
armamento, deve-se ter cuidado de não impedir o movimento de seu
mecanismo. A aproximadamente 30 cm ao lado do armamento na altura
do gatilho e na direção perpendicular à do armamento, fixa-se ao solo,
na vertical, um suporte para fixar a ponta de outra vara menor a mais
fina, com aproximadamente 2 cm de diâmetro e passando à frente do
gatilho pelo interior do guarda mato. A vara que passa pelo guarda
mato do gatilho deve ultrapassá-lo cerca de 30 cm. Uma vara de vergar
flexível fincada ao solo, próxima ao gatilho, com a inclinação de 70 a
80º. Em sua ponta, amarra-se uma linha ligada a um sistema de gatilho
(unha de gato, trave, etc.). A vara de vergar é flexionada de maneira
que ao soltar o cordel, o seu flexionamento é desfeito bruscamente,
fazendo com que bata na vareta colocada à frente do gatilho,
pressionando-o e disparando o armamento.
e.“Macete” da pontaria: Deve-se evitar ao máximo andar na trilha
do animal, principalmente na “área de matar”. Para tanto, utiliza-se o
seguinte “macete”.
- Cortar um pedaço de talo de madeira;
- Fazer um corte transversal em uma extremidade, de forma que
se verifique uma seção branca de cerca de 45º de inclinação.
- Tomar a medida auxiliar (considerada para animal que se
deseja abater) e fazer uma marca (marca da linha de terra) a partir da
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seção;
- Da parte restante do talo, fazer uma ponta e enfiar em um
ponto da “área de matar”, até a marca da linha de terra ficar nivelada
pelo solo;
- Realizar o ajuste da arma, tomando como ponto de pontaria a
seção branca que estará bem destacada. Não haverá,
portanto,necessidade de se ter um outro homem pisoteando a “área de
matar”.

f. Medidas auxiliares:
Experiência: fruto de observação de Instrutores e Monitores e
da vivência dos mateiros foi possível a determinação de algumas
medidas que auxiliam a pontaria (ajuste da arma).
- Paca, tatu
medidas auxiliares: “chave”

- Veado de pequeno porte


medida auxiliar: do cotovelo à ponta do dedo médio
distendido.

- Veado grande ou anta adulta


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medida auxiliar: na posição de pé , mão colada à


coxa, da ponta do dedo médio ao solo (linha de terra).

g. Cordão de tropeço: o acionamento do gatilho deverá ser


realizado com cipó, pois alguns animais (a paca, por exemplo) ao
pressentirem o cordão de material estranho à selva, pulam ou
contornam, ficando fora da “área de matar”.
h. Teste: após a construção da armadilha deve ser realizado um
teste em seco, ou seja, sem munição. Antes de adotar uma medida
auxiliar, identificar o rastro do animal e avaliar seu porte.
i. Armadilha com pistola:
- açoite (ligado ao cipó de tropeço); “A”
- travessa horizontal de ponta livre para pressionar o gatilho
da arma (dentro do guarda-mato da arma); “B”
- suporte da travessa; “C”
- fixação da arma (preservar partes móveis). “D”

C
D
B

4. Oficina de armadilhas para animais de pelo e/ou casco e


aves.
a. Chiqueiro para onça
-Finalidade: onça;
-Comedias: animais vivos (preferencialmente), animais
mortos ou vísceras;
-Material: toros de madeira;
-Construção:
Cortam-se troncos de madeira de 1,80m por 8cm de
diâmetro. A paxiuba é a madeira ideal, por ser dura. Constrói-se um
retângulo com os troncos cortados, tendo 10cm de largura por 70cm de
altura.
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Em um dos lados menor do retângulo, prepara-se uma trave


de 1,90m de altura com 40cm de altura, para sustentar uma tábua que
feche-o quando a caça entrar. A tábua é suspensa por um cordel que
passe por cima de uma travessa horizontal fixada na ponta da trave.
Este cordel vai para um gatilho no interior do chiqueiro. No local que a
porta deslizante cai, deve ser colocado um batente para impedir que o
animal empurre a tábua e saia.
Para aprisionar o gato maracajá, há necessidade de fazer-
se um assoalho para impedir que fuja cavando o solo. O gatilho ideal
para ser utilizado para aprisionar este animal é o que funcione por
tração, já que este animal tem o costume de arrastar sua presa. Para
utilização de animais como iscas, deve ser construída uma repartição
para evitar que acione o gatilho da armadilha prematuramente. Neste
caso, o chiqueiro terá 1,90m de comprimento.
b. Chiqueiro para gato maracajá
- Finalidade: gato maracajá
- Comedias: vísceras de animais
- Material: toros de madeiras;
- Construção: semelhante ao chiqueiro da onça, não necessita
de compartimento, há necessidade de assoalho (o gato maracajá cava
o solo).
c. Arapuca
- Finalidade: jacu, jacamim, mutum galinha, etc.
- Comedias: patauá, buriti, açaí, larvas, etc.
- Construção:
Cortam-se duas varetas de madeira de 50 cm por uma
polegada de diâmetro. Une-se as pontas da vareta por cordão, cipó ou
arame, de aproximadamente 60 cm de comprimento. Após a amarração
das varetas pelo cordão, estas são giradas formando um “x”. Sobra a
base em figura de “X”, coloca-se por dentro do cordão de ligação,
varetas perpendiculares, duas a duas, até fechar a arapuca por
completo.

d. Laços
- Finalidade: paca, cutia e veado;
- Material: madeira para cerca, madeira para o gatilho, vara de
vergar, cadarço de nylon ou cipó.
- Comedias: buriti, uixi, piquiá (paca e cutia) flor de piquiá
(veado).
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- Construção:
Corta-se uma vara flexível, de preferência o matá-matá, com
08 ou 10m de comprimento. A 2m de uma árvore ou suporte, fixa-se a
ponta da vara ao solo. Amarra-se a vara na árvore a cerca de 1,5m de
altura. A outra ponta da vara fica elevada do solo cerca de 4m, devendo
fixar-se um cordel de 3m de comprimento e 5mm de diâmetro. No
prolongamento da vertical que desce da ponta da vara, confecciona-se
um cercado em meia lua, de 60 a 80cm de altura. Na abertura do
cercado posiciona-se o gatilho da armadilha. O laço é colocado no
centro da meia lua e na ponta do cordel que flexiona a vara apoiando-se
no sistema de gatilho.
e. Fosso
- Finalidade: qualquer tipo de animal;
- Local: trilhas e locais onde há indícios;
- Material: ferramentas de sapa e estacas panji;
- Obs: quando confeccionada fora de trilhas torna-se
necessária a colocação de uma isca adequada ao animal.
- Construção:
Faz-se a escavação de um buraco proporcional ao tamanho
do animal que se deseja aprisionar. Normalmente, utilizam-se as
dimensões: 1,5m x 1,5m por 2m de profundidade. As paredes devem
ser verticais e lisas, sem sulcos que facilitam a saída do animal.
f. Mundéu
- Finalidade: qualquer tipo de tatú;
- Material: tora pesada, madeira para gatilho, cadarço e cipó;
- Local: trilha;
- Comedia: uixi, piquiá, buriti;
- Construção:
- Corta-se uma tora pesada: 2,5m x 0,2m diâmetro.
Constrói uma trave de 0,8 a 1m de altura, fixando em sua
ponta uma travessa horizontal. O tronco é suspenso entre duas traves
por um cordel que passa por cima da travessa horizontal. Este cordel
vai para um sistema de gatilho, normalmente uma trave. Várias estacas
de 0,8m são fixados ao solo para canalizar o movimento da presa e
acionar o gatilho quando a caça estiver embaixo do tronco de madeira.

g. Quebra-cabeça
- Finalidade: gambá, mucura, etc.
- Material: vara de vergar, madeira para o cercado, tarugos de
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TEMPO DISTRIBUIÇÃO DO ASSUNTO E
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madeira para o gatilho e cadarço;


- Comedias: ovos de aves, frutas, vermes (mucura); rã, frutas e
aves (gambá).
- Construção
Utiliza-se uma vara de 08 a 10cm de diâmetro por 4 a 5m de
comprimento.
O princípio de funcionamento do quebra-cabeça é o mesmo
do mundéu, sendo que neste, o efeito não é causado pelo peso da tora
que faz cair, mas sim o desflexionamento da vara de vergada. A vara de
vergar deve ter sua ponta mais fina ancorada ao solo. A
aproximadamente 1m deste ponto é feita outra ancoragem. A ponta
mais grossa da vara é utilizada para atingir o animal. Uma trave, à
semelhança do mundéu, flexiona a vara de vergar para cima através de
um cordão ligado a um sistema de gatilho. A isca deve ser colocada
numa posição que direcione a caça para baixo da vara de vergar, para
isso, Constrói-se um cercado em forma de “meia-lua” com varas de
80cm, onde se coloca a isca.

h. Esparrela
- Finalidade: aves em geral
- Comedias: frutas e larvas
- Material: uma vara de vergar, dois tarugos e um pedaço de
cadarço ou cipó.
- Construção:
Utiliza-se uma vara de vergar, dois tarugos e um pedaço de
cadarço ou cipó. Confecciona-se dois entalhes em uma árvore: (“A” e
“B”), à um palmo de distância um do outro.
Prepara-se um tarugo ”C” com 25 cm de comprimento,
prendendo-lhe uma folha com talo para permitir a abertura do laço e o
pouso da ave para comer as iscas. Achata-se as pontas de um tarugo
de 12 cm de comprimento por 1 cm de diâmetro para facilitar a sua
fixação nos entalhes, onde é ancorado um cordão que vai para uma
vara de vergar.
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i. Gamboa
- Finalidade: aves de pequeno porte
- Comedias: larvas e frutas
- Material: varetas de madeira com aproximadamente 1 cm de
diâmetro, cipó.
- Construção:
Utiliza-se varetas de madeiras com 2 cm de diâmetro e 1,90
m de comprimento.Constrói-se um cercado fechado em forma de
triângulo utilizando-se estas varas, como exemplo de dimensões: 2 m
de comprimento por 1,30 m de largura e 1,20 m de altura. Coloca-se um
“jiqui” em cada lateral.

j. Tarranga

Utilizada quando se possui uma tarrafa


- Finalidade: Aves de pequeno porte;
- Comedias: milho, arroz, frutas, larvas (tapuru e broca), etc.
- Material: tarrafa, tronco, varetas de madeira
- Local: próximo à indícios de caça
- Construção:
Estende-se a tarrafa deixando-a aberta e elevada 1m do
solo, em seu centro, por uma vara de madeira. As laterais da tarrafa
ficam fixas ao solo. Em volta da tarrafa é feito uma ou duas aberturas
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onde se coloca uma sangra de jiqui – espécie de cone de palha.

5. Armadilha para pesca


Os peixes de modo geral, são excelentes fontes de nutrientes
capaz de permitir a manutenção das condições físicas do homem por
longos períodos. Apenas as vísceras dos peixes não devem ser
aproveitadas.
Os melhores locais para colocação de armadilhas para peixes
são os poços profundos, ao pé das cachoeiras, no final das corredeiras
e entre pedras. Nos rios da Amazônia, pode-se aprisionar: tucunarés,
traíras, acará, jaraqui, tambaqui, surubim, etc.
a. Anzol Automático
Construção: amarra-se uma linha de 2 a 3m de comprimento
ligando a ponta de uma vara de vergar a um gatilho, colocando na
ponta da linha um anzol que fique no mínimo a 30 cm de profundidade
dentro d’água. Quando o peixe comer a isca e acionar o sistema de
gatilho, a vara de vergar é solta e puxando o anzol e fisgando o peixe.
b. Jiqui, ou covo
Construção: constrói-se um cilindro com 1,5 m de diâmetro
por 1,80 m de altura, usando-se varetas colocadas à pequena distância
uma da outra ou também pode-se confeccionar uma armação em forma
cilindro e envolve-la com uma rede, tela de arame, etc. Em volta do
cilindro confecciona-se uma ou mais abertura onde se coloca um jiqui
para que o peixe entre e não saia.

c. Curral
Construção: em rios estreitos e pouco profundos pode-se
fechar o curso d’água com uma cerca de estacas de madeira, deixando-
se frestas para que passe somente a água, impedindo a passagem do
peixe. As estacas de madeira devem ficar com uma ponta sobrando de
15 a 20 cm acima do nível d’água (exemplos de peixes que saltam fora
d’água: aruanã/sulampa/macaco d’água, peixe voador e outros). Em
uma das laterais ou centro, constrói-se uma entrada em forma de funil
para que um pequeno compartimento. O funil deve permitir a entrada do
peixe, aprisionando-o em seu interior para posterior apanha, também
pode ser utilizado a sanga como um processo de entrada.
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d. Matapi
Construção: constrói-se um cercado com estacas de madeira
em forma de seta, fincando-as na água à semelhança do “curral”. A
ponta da seta deve ficar apontada para a montante do rio. Nas bases da
seta, ocorre remanso, onde se acumulam os materiais comestíveis para
os peixes. Estes entram no interior da seta através da abertura
afunelado.

correnteza

e. Cacuri
Construção: a construção do cacuri é semelhante à do curral,
tendo a particularidade não fazer a ligação de margem a margem. O
cercado deve ser feito com a abertura voltado para a correnteza. Esta
abertura será afunilada para impedir o retorno dos peixes.
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TEMPO DISTRIBUIÇÃO DO ASSUNTO E
Obs

correnteza
f. Sanga (entrada das armadilhas de pesca)
A sanga servirá de bloqueio à saída do peixe de dentro da
armadilha. É necessário colocar um pedaço de madeira que servirá de
peso e tranca permitindo a entrada do peixe e impedindo sua saída. As
pontas desse pedaço de madeira vão se apoiar na estrutura da
armadilha cessando o movimento de retorno da sanga após a entrada
do peixe.

III - CONCLUSÃO
Como conclusão, veremos se objetivos propostos nesta
instrução foram alcançados:
- Preparar os diversos tipos de gatilhos necessários para o
acionamento de armadilhas para caça de animais de pêlo, casco, aves
e pesca.
- Construir armadilhas que possibilitem o homem a
capturar animais de pêlo, casco, aves e peixes como fonte de
alimentação no interior da selva utilizando materiais de dotação do
militar ou encontrados na região.
Por fim, o conhecimento dos hábitos dos animais é tão
importante quanto o conhecimento das técnicas de construção e este
conhecimento não se adquire numa sessão de instrução e sim com a
vivência. Um mateiro, por exemplo, nunca assistiu a uma instrução,
contudo, com certeza, terá melhor aproveitamento na apanha da caça
do que uma pessoa sem a sua vivência.
Aconselha-se, portanto, que toda oportunidade de contato com animais
seja aproveitada. Lembrando sempre que em uma situação de
sobrevivência as condições serão bem mais difíceis e a apanha da caça
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TEMPO DISTRIBUIÇÃO DO ASSUNTO E
Obs

ORIENTAÇÃO AO INSTRUTOR

1 . Antes da instrução
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TEMPO DISTRIBUIÇÃO DO ASSUNTO E
Obs

a. Verificar com antecedência devida, antes do embarque do apoio, em que condições de


conservação se encontra o caixote de instrução substituindo o material que for necessário e também
fazendo a reposição daquele que estiver faltando. O Monitor é o responsável direto.
b. Verificar se os quadro - murais estão ECD e se os objetivos e a seqüência dos assuntos estão
em conformidade com o PLADIS. .
c. Estudar o Plano de Sessão.
d. Orientar o Monitor na montagem da instrução com pelo menos dois (02) dias de
antecedência.
e. Ensaiar a demonstração.
f. Reconhecer o local da instrução com o Monitor (de véspera) e o local da prática.
g. Fiscalizar o material a ser empregado na instrução.
h. Este plano de sessão está configurado para atender as exigências curriculares dos
cursos de Operações na Selva. Para os estágios serão necessários os ajustes ou a suspensão
de itens, em função do tempo disponível e dos objetivos específicos.

2. Durante a instrução

a. Verificar se todos os armamentos solicitados entraram para a selva.

b. A prática por parte dos Alunos será realizada antes do término da instrução.
c. O Cb/ Sd Aux que não estiver realizando nenhuma atividade se posiciona fora do cenário da

instrução.

d. Proibido fotografar/filmar a instrução;

3. Após a instrução

a. Fiscalizar a limpeza do local de instrução para o próximo rodízio e posterior devolução do


caixote ao Depósito de Selva da Base de Instrução.
b. Após a instrução, se possível, repassar ao Al os detalhes de montagem da instrução, PCP
quanto à segurança.
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TEMPO DISTRIBUIÇÃO DO ASSUNTO E
Obs

ORIENTAÇÃO AO MONITOR

1. Antes da instrução

a. Preparar o local da instrução no tocante à (o):


- Limpeza e arrumação do local e das trilhas de acesso ao anfiteatro;

b. Estudar o Plano de Sessão, retirando as dúvidas no tocante ao assunto e à seqüência da


instrução, com o Instrutor da matéria;
c. é interessante que se leve para a instrução pelo menos dois ponchos para serem utilizados para
proteger o material da instrução em caso de chuva;
d. conduzir para o local da instrução os QM;
e. conferir a caixa;
f. checar se todos armamentos entraram
f. Cobrir os armamentos com lona preta.
g. checar anfiteatro, arquibancada,

2. Durante a instrução

a. Proceder conforme o ensaio; e

3. Após a instrução

- Realizar a manutenção necessária no local e material, restituindo o caixote da instrução ao


Depósito em perfeitas condições de utilização.

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