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CADERNO DE INSTRUÇÃO SOBRE O PELOTÃO DE FUZILEIROS d.

Este caderno de instrução se baseia em algumas situações


DE SELVA NO EMPREGO DAS TÉCNICAS DE AÇÃO IMEDIATA padrão para desenvolver suas idéias, porém temos certeza que
diversas outras situações que exijam uma Ação Imediata podem
1. INTRODUÇÃO ocorrer em combate. As soluções apresentadas para as situações
padrão não são doutrinariamente consagradas, elas foram as julgadas
a. Este caderno de instrução tem por finalidade orientar os melhores durante o adestramento dos pelotões de fuzileiros de selva
comandantes de pequenas frações (particularmente no nível pelotão) do 1º BIS durante o ano 1998, e servem como sugestões para os
quanto ao preparo e execução das Técnicas de Ação Imediata (TAI). comandantes de pequenas frações que sintam a necessidade de
b. A Técnica de Ação Imediata é uma ação coletiva executada preparar sua tropa para um possível emprego em área de selva.
com rapidez e com um estudo de situação mínimo. Ela deve ser pré -
planejada e exaustivamente treinada pela fração que a realiza, 2. DESENVOLVIMENTO
visando executá-la no menor espaço de tempo e com o menor
número de ordens possível. Tem a finalidade de assegurar a esta a. De acordo com a nossa Missão e com o nosso Poder de
fração uma vantagem inicial quando do contato com o inimigo ou Combate em relação ao do inimigo, as TAI poderão ser de
mesmo de evitar este contato. duas naturezas distintas:

1) TAI OFENSIVAS 1) MISSÃO

- São aquelas cuja objetivo de nossa tropa é engajar o a) Se a missão for de reconhecimento, as TAI adotadas
inimigo e destruí-lo em caso de contato. serão normalmente defensivas.

2) TAI DEFENSIVAS b) Se a missão for de combate, as TAI adotadas até seu


cumprimento, normalmente, serão defensivas, com a finalidade de
- São aquelas cujo objetivo de nossa tropa é não engajar o manutenção do sigilo. No itinerário de retorno, poderão ser adotadas
inimigo e no caso de contato, rompê-lo o mais rapidamente possível. as TAI ofensivas, com a finalidade de destruir um eventual alvo
compensador.
c. De uma maneira genérica, veremos a seguir como os fatores
Missão e Poder Relativo de Combate influenciarão na natureza das c) A missão de Patrulha de Oportunidade é normalmente
TAI que iremos adotar. caracterizada pela adoção, do início ao fim, das TAI ofensivas.

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2) PODER RELATIVO DE COMBATE
a) Grau de adestramento da tropa.
a) Se o poder de combate do inimigo for superior ao
nosso, serão normalmente adotadas as TAI defensivas. b) Ação dos esclarecedores, uma vez que, normalmente serão
esses os primeiros elementos a estabelecerem o contato com o
b) Se o poder de combate do inimigo for inferior ao nosso, inimigo e que emitirão os sinais e gestos convencionados.
serão normalmente adotadas as TAI ofensivas.
DISPOSITIVO ADOTADO PARA FINS DE
c. SITUAÇÃO PROPOSTA DESLOCAMENTO
1) Para fins didáticos, a situação adotada será a de um
Pelotão de Fuzileiros de Selva isolado, deslocando-se por uma trilha 1º GC
em região de floresta primária. Acreditamos que as soluções para as
situações propostas sejam facilmente adaptáveis em eventuais
necessidades. Ainda para fins didáticos, exploraremos neste caderno Cmt Pel
de instrução as seguintes situações padrão:
ROp
a) Nós vemos o inimigo e ele nos vê.
Msg
b) Nós vemos o inimigo e não somos vistos.
Pç Sentido
c) O inimigo nos vê e nós não o vemos ( emboscada do
inimiga). Deslocamento
2º GC
3) Cabe ressaltar que a rapidez, aspecto básico a ser
observado para os sucesso das TAI, dependerá sobremaneira de dois 3º GC
fatores.

Adj Pel
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d. 1a SITUAÇÃO
- A Pç Mtr MAG entra em posição em local que lhe
Nós vemos o inimigo e ele nos vê. permita fazer fogos em profundidade sobre a trilha e ocupar posições
sucessivas para acompanhar os 1º e 2º GC.
Natureza das nossas TAI - Ofensiva
- O 3º GC fica em condições de proteger o Pel de ações
Nessa situação, o objetivo é desenvolver o pelotão no terreno, o vindas de flanco ou retaguarda.
mais rápido possível, com grande poder de fogo à frente e buscar a
manutenção do contato até a total destruição do inimigo. É - Ao ouvir a troca de tiros dos esclarecedores, todos os
importante permanecer uma fração destacada do pelotão para homens devem sair da trilha o mais rapidamente possível e seguir
realizar a proteção dos flancos e retaguarda. em coluna até a linha dos esclarecedores, tomando então a posição
em linha.

ADOÇÃO DO DISPOSITIVO Obs: O fato de seguir em coluna para depois entrar em linha
deve-se à necessidade da tomada da posição o mais rapidamente
1º GC Entra em linha à direita da trilha (à altura dos possível. A primeira tropa que se desdobrar corretamente no terreno
esclarecedores) e alcançar uma grande potência de fogo à frente terá uma vantagem
2º GC Entra em linha à esquerda da trilha (à altura dos muito grande sobre o adversário. Cabe ressaltar que, no início da
esclarecedores) ação, o volume de fogo de ambos os contendores será extremamente
3º GC Em coluna (30 metros à retaguarda) * reduzido.
Pç À direita do 2º GC e à esquerda da trilha
MAG Ações Subsequentes

* A formação em coluna permite a este GC mais rapidez no - Busca do engajamento decisivo.


caso de um eventual emprego. - Quando o inimigo estiver decisivamente engajado, será dado
o comando de assaltar e será buscada sua total destruição.
Ações Realizadas - Perseguição do inimigo em fuga.
- O 1º e o 2º GC realizam a marcha do papagaio por
grupos, na direção do inimigo, a comando do comandante de
pelotão.

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Natureza das nossas TAI - Defensiva
DISPOSITIVO ADOTADO

2º GC Pç 1º GC Nessa situação, o objetivo da nossa tropa é colocar uma fração


MAG entre a tropa inimiga e o grosso do pelotão, que realizará o
30 m retraimento. Após realizar uma base de fogos esta fração interposta
retrai.
Cmt Pel

ADOÇÃO DO DISPOSITIVO
3ºGC sentido 1ª Esq / 1º GC Entra em linha à direita da trilha
de 2ª Esq / 1º GC Entra em linha à esquerda da trilha com a Pç
deslocamento Mtr MAG
2º e 3º GC Saem da trilha e retraem em coluna

Ações Realizadas
Adj Pel
- O 1º GC lança fumígeno à frente, a fim de estabelecer
uma cortina de fumaça entre o inimigo e a nossa tropa,
proporcionando assim melhores condições para o desengajamento.
Obs : Para adotar-se este dispositivo, gasta-se cerca de 1 min e
30 seg, lembrando que após os 30 primeiros segundos já teremos um Ações subsequentes
grande poder de fogo à frente com 1º GC em posição.
- O 1º GC faz marcha de papagaio para a retaguarda e
rompe contato.
e. 2a SITUAÇÃO
- Reorganização no último Ponto de Reunião no
Nós vemos o inimigo e ele nos vê Itinerário.

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DISPOSITIVO ADOTADO 3) O tempo para a tomada do dispositivo deve ser de, no máximo,
40 seg.
FUMÍGENOS
4) O Pel deve sair da trilha em até 10 seg.

2ª Esq / 1º GC Pç Mtr 1ª Esq / 1º GC 5) Após entrar em linha, o 1º GC e a PÇ de Mtr MAG realizam


MAG fogos à frente por alguns segundos, com a finalidade de desorganizar
o Inimigo. Após isso, o Cmt GC comanda a marcha do papagaio
para a retaguarda. Após recuar aproximadamente 30 m, e caso o
Cmt Pel volume de fogo inimigo permita, dá a ordem de retraimento. É
seguido pela PÇ Mtr MAG.

6) Toda a ação deve durar, no máximo, 3 minutos.


2º GC Retraimento
f. 3a SITUAÇÃO

Nós vemos o inimigo e não somos vistos


3º GC
Natureza das nossas TAI- Ofensiva

Nessa situação, devemos montar uma emboscada de


oportunidade para surpreender e destruir o inimigo.
Obs:
1) O ideal é que sejam determinados Pontos de Reunião de Km em
Km, ou seja, de 1 em 1 hora de marcha.

2) Cada militar deve ser dotado de, pelo menos, 1(uma) granada
de mão fumígena.

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Ações Realizadas

- O Esclarecedor informa a aproximação do inimigo; DISPOSITIVO ADOTADO

- Todo o Pelotão sai da trilha para o mesmo lado; Seg flanco (1ª Esq / 1º GC)

Gp Bloqueio 1 e Vig
( 2ª Esq / 1º GC)
ADOÇÃO DO DISPOSITIVO

1ª Esq / 1º Segurança de flanco


GC Gp Assalto (2º GC )
2ª Esq / 1º Grupo Bloq 1 e Vig
GC
Gp Ap Fogo (Mtr MAG)
2ª GC Grupo de Assalto
Pç MAG Grupo de Apoio de Fogo
1ª Esq / 3º Grupo Bloq 2 Gp Bloqueio 2
GC
2ª Esq / 3º ( 1ª Esq / 3º GC)
Segurança de flanco
GC Sentido de
deslocamento Seg flanco (2ª Esq / 3º GC)

- Neste caso, dificilmente um deslocamento superior a 20 m


para fora da trilha deixaria de ser percebido pelo inimigo, tendo em
vista a grande profundidade da coluna (cerca de 350 m). Obs: Os aspectos mais importantes a serem observados
nesta formação são o sigilo e o tempo de tomada de posição o
qual não deve ultrapassar 30 segundos.

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Ações subsequentes DISPOSITIVO ADOTADO

- Desencadeamento da emboscada e busca da destruição do


inimigo no local
- Perseguição do inimigo em fuga 1º GC

g. 4ª SITUAÇÃO
Cmt Pel
Nós vemos o inimigo e não somos vistos.

Natureza das nossas TAI- Defensiva. Pç MAG sentido


Nessa situação, o nosso objetivo é tentar evitar o contato com de
o inimigo. A maneira mais rápida de conseguirmos isso é deslocamento
simplesmente abandonar a trilha e esconder-se na mata.

Ações Realizadas 2º GC

- O Esclarecedor define para que lado o pelotão vai abandonar


a trilha.
- Todos os homens saem da trilha por, aproximadamente 20 3º GC
metros e deitam-se de frente para a trilha, procurando ocultarem-se
no terreno. Obs:
Ações Subsequentes 1) O tempo de saída da trilha e ocultação no terreno deve ser de,
- Caso seja percebida a presença do pelotão, deve ser no máximo, 30 segundos.
desencadeada uma curta, porém volumosa, seqüência de fogos à
frente, com a finalidade de gerar uma vantagem inicial sobre o 2) É importante ressaltar que, como na situação anterior,
inimigo. dificilmente um deslocamento superior a 20 m para fora da trilha
- Em seguida deverá ser feito o retraimento do Pel como um deixaria de ser percebido pelo inimigo, tendo em vista a grande
todo, aproveitando-se da vantagem inicial gerada pelos fogos profundidade da coluna.
desencadeados e pelos fumígenos lançados à frente.
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h. 5a SITUAÇÃO - Ao início da contra- emboscada, os elementos engajados
devem parar de atirar. O comando pode ser dado através silvo de
O inimigo nos vê e nós não o vemos ( emboscada inimiga). apito, à voz ou por outro sinal convencionado.

Natureza das nossas TAI- Ofensiva. Ações Subsequentes


- Busca da destruição do inimigo no local.
Nessa situação, tentaremos realizar um desbordamento com os - Reorganização e perseguição do inimigo.
elementos não engajados e uma contra- emboscada de flanco. Obs: Em área de floresta fica extremamente dificultada a
realização de um duplo desbordamento. A grande dificuldade de
Ações Realizadas comando e controle gera, normalmente, o fratricídio.

- O pessoal engajado se abriga e responde o fogo. É lançado o i. 6a SITUAÇÃO


fumígeno imediatamente à frente para diminuir a eficácia dos fogos
inimigos. O inimigo nos vê e nós não o vemos (emboscada inimiga)

- Elementos da frente da coluna de marcha que não estiverem Natureza das nossas TAI – Defensiva.
engajados se abrigam e aguardam ordens.
- A manobra será igual a adotada na TAI ofensiva
- Elementos da retaguarda da coluna de marcha (caso a área de
destruição esteja incluindo a porção anterior do pelotão) que não Ações Realizadas
estiverem engajados, organizam-se, a comando do Adj, e entram em
linha, ao lado da trilha, em que o Inimigo se encontra, assaltando-o. - Os procedimentos são iguais aos da ofensiva, com as
seguintes ressalvas:
- Se a emboscada for muito na retaguarda do pelotão, o Adj - O GC que realiza a ação desbordante deverá evitar o
informa através rádio ou de outro sinal convencionado, que não tem engajamento decisivo com o inimigo, detendo sua progressão antes
condições de assaltar. O pessoal da frente então toma os que isso ocorra. O volume de fogo inimigo indicará o momento de
procedimentos de assalto. A ação é a mesma. deter o movimento.

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- A ação desbordante terá como conseqüência a divergência
dos fogos inimigos em duas direções distintas. Desta maneira, ao 3. CONCLUSÃO
pessoal engajado será possibilitado o desengajamento nas melhores
condições possíveis.
Esperamos que, com o estudo aprofundado deste Caderno de
Ações Subsequentes Instrução e sua prática pelas pequenas frações, possamos direcionar
- Retraimento descentralizado por GC ou Esquadra, e a instrução das TAI dentro de um padrão mínimo de desempenho e,
reorganização no Ponto de Reunião no Itinerário, anterior. consequentemente, aperfeiçoar os conhecimento já adquiridos.

TUDO PELA AMAZÔNIA!


DISPOSITIVO ADOTADO NA CONTRA- SELVA!
EMBOSCADA (OFENSIVA E DEFENSIVA)

INIMIGO

Adj 3º GC
Pel
FUMÍGENOS

2º GC MAG Cmt 1º GC

sentido de deslocamento

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