Você está na página 1de 39

OSTENSIVO CGCFN-3101.

CAPÍTULO 5
TÉCNICA DE TIRO DA METRALHADORA A GÁS 7,62 mm
5.1 - INTRODUÇÃO
A técnica de tiro abrange os princípios de emprego e os métodos existentes para se
engajar os alvos da metralhadora.
5.2 - PRINCÍPIOS DE EMPREGO
A máxima eficiência no emprego de metralhadoras pode ser obtida pela aplicação dos
seguintes princípios: Emprego por Seção; Cruzamento de Fogos; Coordenação de
Fogos; Apoio Mútuo; Desenfiamento; Enfiamento; Economia de Fogo e Segurança.
5.2.1 - Emprego por Seção
O emprego de metralhadoras por seção (duas Mtr) assegura um elevado e contínuo
volume de fogos. Esse emprego provê maior capacidade de engajar eficientemente
alvos de grande largura e profundidade, daquela que uma peça isolada poderia
proporcionar com eficácia. O emprego por seção proporciona, ainda, a oportunidade
para realizar fogo contínuo com uma peça enquanto outra peça está envolvida em
sanar uma interrupção, avaria ou defeito ocasionados por um incidente ou acidente
de tiro.
5.2.2 - Cruzamento de Fogos
Assegurar que o setor de tiro atribuído a uma peça cruze fogos com o setor designado
a outra peça previne a existência de brechas nas linhas amigas que possam ser
exploradas pelo inimigo para se aproximar e atacar as posições amigas. A eficácia
dos fogos é ampliada apropriadamente por meio do emprego de obstáculos e de
fogos de outras armas entre as posições amigas e inimigas.
5.2.3 - Apoio Mútuo
Nenhuma peça de metralhadora deve ser posicionada isoladamente. Metralhadoras
devem ser posicionadas aonde as peças possam se apoiar por meio de seus fogos, de
modo que os fogos desencadeados por uma peça possam auxiliar a repelir ataques
inimigos a outra peça. Um aspecto importante do apoio mútuo é a segurança. Em
algumas situações, pode ser necessário o emprego de outras armas orgânicas do
BtlInfFuzNav, para garantir que uma peça possa proporcionar apropriado apoio
mútuo a outra.
5.2.4 - Desenfiamento
As metralhadoras devem ser empregadas em posições desenfiadas. Ao se posicionar

OSTENSIVO - 5-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

as metralhadoras em posições desenfiadas deve-se buscar cobertas e abrigos eficazes


contra os fogos diretos do inimigo e se possível contra os fogos indiretos.
5.2.5 - Enfiamento
Para se obter a máxima eficácia nos fogos de metralhadora deve se posicionar as
peças de modo que o eixo longitudinal da zona batida coincida com o eixo da maior
dimensão do alvo. Enfiamento ou tiro de enfiada é normalmente associado a fogos de
flanqueamento.
5.2.6 - Economia de Fogos
O consumo elevado de munição, principalmente, quando são requeridas altas
cadências de tiro para se atingir o efeito desejado sobre o alvo deve ser uma das
prioridades do Comandante. Um modo de se economizar munição é a realização de
rajadas alternadas por peças. Ao se alternar o emprego das peças, no momento em
que uma peça encerra a seu disparo ou esta por encerrá-lo, a outra peça abre fogo
contra o alvo. Alem disto, além de ser uma maneira eficaz de se controlar o consumo
de munição, esta técnica de disparo reduz o desgaste das partes móveis do
armamento, bem como, previne danos e o superaquecimento dos canos.
5.2.7 - Segurança
O planejamento e o emprego eficientes de posições alternadas e suplementares que
proporcionem apropriados cobertas e abrigos às peças é essencial. O emprego de
metralhadoras deve ser realizado preferencialmente a partir de posições cobertas e
abrigadas e somente se deve abrir fogo quando necessário. Outro ponto importante é
o posicionamento de elementos de segurança nos acessos às posições de
metralhadoras, com vistas a impedir a realização de ataques inimigos às peças.
5.3 - CONCEITOS BÁSICOS
O tiro de MAG 7,62 mm apresenta os seguintes conceitos básicos que são essenciais ao
entendimento da técnica de tiro.
5.3.1 - Milésimo
O milésimo é a unidade de medida angular, utilizada, normalmente, para aferir a
frente de alvos e aplicar as técnicas de tiro de diversas armas. O milésimo é o ângulo
sob o qual a medida linear de um metro é vista à distância de 1000 m. É igual ainda a
1/6400 milésimos, do círculo. Portanto 360º correspondem a 6400 milésimos, donde
se conclui que um grau é igual a 17,8 milésimos. Para o cálculo dos elementos
iniciais de tiro de metralhadora, a unidade de comprimento (distância) e largura

OSTENSIVO - 5-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

(frente) são utilizadas as medidas em milésimos.


FÓRMULA DO MILÉSIMO.
n = F x 1000, onde:
D
n - ângulo em milésimos
F - frente ou largura em metros
D - distância em metros
A seguir são apresentados os três tipos de problemas, básicos no emprego das
metralhadoras, utilizando a fórmula do milésimo.
- Sob que ângulo em milésimos é visto um alvo de 20 m de largura, sabendo-se que
está distante 1000 m da peça de Mrt?
SOLUÇÃO
F = 20 m
D = 1000 m
n=?
n = F x1000 = 20 x 1000 = 20000 = 20’’’
D 1000 1000
- Um alvo está enquadrado num ângulo de 60 milésimos e está a 1500 m da peça de
Mrt. Qual é a largura deste alvo?
SOLUÇÃO
n = 60’’’
D = 1500 m
F=?
F = n x D = 60 x 1500 = 90000 = 90 m
1000 1000 1000
- A que distância está um alvo de 100 m de frente, sabendo-se que ele foi visto sob
um ângulo de 50 milésimos?
SOLUÇÃO
F = 100 m
n = 50’’’
D=?
D = F x 1000 = 100 x 1000 = 100000 = 2000 m
n 50 50
A unidade de medida em milésimos é particularmente importante para as
metralhadoras, tendo em vista que a plataforma é provida de uma dupla graduação

OSTENSIVO - 5-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

em milésimos (de 0 a 600’’’ para cada lado da plataforma) a qual permite a


regulagem do tiro em direção. Em sua parte superior, encontram-se os dois batentes
limitadores do tiro em ceifa, providos de parafusos de travamento.
Além disso, duas cremalheiras também utilizam uma escala graduada para que seja
realizada a regulagem da elevação para o ajuste do tiro em profundidade.
5.3.2 - Trajetória
É a curva descrita pelo centro de gravidade do projétil em seu trajeto da boca da
arma até o ponto de impacto. Os seguintes fatores afetam a trajetória: a velocidade do
projétil, a força da gravidade e a resistência do ar; fazendo com que a trajetória tenha
uma curvatura que aumenta proporcionalmente ao alcance, isto é, quanto maior a
distância maior será a curvatura da trajetória.
5.3.3 - Ordenada máxima
É a distância máxima entre o ponto mais alto da trajetória e a linha de visada. Este
ponto ocorre normalmente a ⅔ da distância do atirador ao alvo. Este dado é
particularmente relevante para condução do tiro rasante. Em função da gravidade e
da resistência do ar, normalmente é necessário se apontar o armamento para uma
direção acima da linha de visada direta do atirador para o alvo, fazendo com que o
projétil venha, literalmente, a cair sobre o mesmo.
5.3.4 - Rajada e tiro intermitente
Há duas formas de se atirar com a metralhadora. Uma delas é exercer a pressão no
gatilho e mantê-la, até que um certo número de tiros tenha sido dado. Esta série de
tiros disparados automaticamente é conhecida como rajada. A execução de rajadas
com pequenas quantidades de tiros disparados depende do adestramento do atirador
em pressionar a tecla do gatilho, pelo tempo requerido para executá-las. A duração
da rajada e, consequentemente, a quantidade de tiros a serem disparados depende
ainda da forma e das dimensões do alvo, da formação adotada pelo alvo, no caso de
tropas, bem como, do efeito desejado a ser atingido com o disparo e da munição
disponível. Para alvos terrestres, normalmente, são empregadas rajadas de 6 a 12
tiros por metralhadora.
A outra forma é pressionar o gatilho e liberá-lo rapidamente, de modo que apenas um
disparo seja feito, repetindo esta ação até que uma série de tiros isolados sejam
disparados em rápida sequência. Esta série de tiros rápidos e isolados é chamada de
tiro intermitente.

OSTENSIVO - 5-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

5.3.5 - Cone de dispersão


Quando uma rajada é disparada por uma metralhadora, cada projétil descreve uma
trajetória que difere ligeiramente das trajetórias de outros projéteis. Esta ligeira
diferença de trajetórias, ou seja, dispersão é causada por três fatores: trepidação da
arma e do tripé, variações de munição e mudanças nas condições atmosféricas. O
conjunto dessas trajetórias forma uma figura semelhante a um cone, denominada
“CONE DE DISPERSÃO”.
5.3.6 - Zona batida
É a área do terreno atingida pelos projéteis cujas trajetórias formam o cone de
dispersão. A zona batida tem a forma de uma elipse, cujo eixo maior é paralelo à
direção de tiro. O centro da zona batida é chamado de “CENTRO DE IMPACTO”,
pois a maior parte dos tiros são uniformemente distribuídos em sua volta.
A área dentro da elipse da Zona Batida aonde 82% dos impactos atingem o terreno,
dentro de um padrão uniforme, é definida como sendo a Zona Batida Eficaz. A oval
da Zona Batida Eficaz para um alvo situado a 1000 m da posição da metralhadora
possui as seguintes dimensões: largura 2 milésimos (2 m) e comprimento 55 m. A
medida que a distância da peça para o alvo aumenta, a oval da Zona Batida tem a
largura ampliada e o comprimento reduzido. Por exemplo, para um alvo situado a
1500 m da posição da metralhadora, a Zona Batida possui largura de 3 m e
comprimento de 50 m. Quando se dispara contra alvos em aclives a Zona Batida é
diminuída. Ao se disparar em alvos situados em declives esta zona se amplia.
Quando se atira contra um alvo situado em uma parede ou encosta vertical, a Zona
Batida é um círculo. A encosta do terreno onde o os disparos caem não afetam a
largura da Zona Batida.
5.4 - ELEMENTOS DE TIRO
5.4.1 - Elementos iniciais
a) Origem
É o centro da boca do cano.
b) Linha de tiro
É o prolongamento do eixo da alma, quando a pontaria está terminada.
c) Ângulo de elevação
É o ângulo formado pela linha de sítio com a linha de tiro.

OSTENSIVO - 5-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

5.4.2 - Elementos finais


a) Ponto de queda
É o ponto no qual a trajetória encontra de novo o plano horizontal que passa pela
origem.
b) Alcance
É a distância da origem ao ponto de impacto.
c) Ângulo de queda
É o ângulo formado pela tangente à trajetória, no ponto de queda com o plano
horizontal.
5.4.3 - Elementos da trajetória correspondente a um dado alvo
a) Ponto de impacto
É o ponto em que o projétil encontra o alvo ou o terreno.
b) Linha de sítio
É a linha que une a origem ao alvo (Fig 5.1).
c) Ângulo de sítio
É o ângulo que a linha de sítio forma entre a origem e o plano horizontal, ou seja,
é o ângulo vertical formado pela linha de sítio e a linha horizontal que passa pela
boca da arma (Fig 5.1).
d) Ângulo de chegada
É o ângulo formado pela tangente à trajetória, no ponto de incidência com a linha
de sítio.
e) Ângulo de incidência
É o ângulo formado pela tangente à trajetória, no ponto de incidência com o
terreno.
5.4.4 - Elementos compreendidos entre a origem e o ponto de queda
a) Vértice
É o ponto mais elevado da trajetória.
b) Flecha
É a altura do vértice da trajetória em relação ao plano horizontal que passa pela
origem.

OSTENSIVO - 5-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

Fig 5.1 - Elementos da trajetória

5.4.5 - Linhas de pontaria e zonas de tiro


a) Linhas de pontaria
I) Linha de mira
É a linha que une o meio do entalhe de mira ao vértice de mira.
II) Linha de visada
É a linha de mira prolongada até o ponto em que se quer, ou seja, é a reta que
liga a linha de mira ao alvo.
III) Alça de mira
É o aparelho que serve para regular o tiro em diferentes distâncias e dar à arma
a inclinação conveniente a fim de se atingir o alvo.
b) Zonas de tiro
I) Zona rasada
Para um determinado alvo, de altura , zona rasada é a porção de terreno
acima do qual a trajetória não se eleva a uma altura maior que a do alvo.
II) Zona perigosa
Para alvo de altura e para determinada trajetória, dá-se o nome de Zona
Perigosa à porção de terreno aquém do ponto de impacto, onde a trajetória
decai a uma altura inferior a do alvo (Fig 5.2). Esta zona é tanto mais
considerável quanto mais tensa é a trajetória.
III) Zona desenfiada
A Zona Desenfiada por um obstáculo é a profundidade do terreno que esse
obstáculo põe a salvo dos tiros. Essa profundidade varia de acordo com a
trajetória, com a distância e com a configuração do terreno (Fig 5.2).

OSTENSIVO - 5-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

IV) Zona de proteção


É a parte da zona desenfiada em que a trajetória fica mais elevada que a altura
do alvo colocado atrás do obstáculo (Fig 5.2).

(Inserir Figura 5.2)

5.5 - CLASSIFICAÇÃO DO TIRO


O tiro da MAG 7,62 mm é classificado de acordo com: a posição da arma, o alvo, o
terreno, o efeito desejado no alvo e o processo de pontaria.
5.5.1 - De acordo com a posição da arma
a) Tiro fixo
É o tiro tal que a largura e a profundidade da zona batida são suficientes para
cobrir todo o alvo. É empregado contra alvos tipo ponto, ou seja, que não tenham
largura e comprimento maiores que a zona batida, tais como: passagens e pontes
estreitas, posições de pequenas armas, etc.
b) Ceifa em profundidade
É o tiro tal que a zona batida é suficiente para cobrir a largura do alvo, mas não a
profundidade, por isso necessita de sucessivas mudanças na elevação da arma.
Esse tiro é empregado contra alvos profundos para serem batidos pelo tiro fixo.
Um exemplo de alvo para desse tipo é uma coluna de homens se deslocando em
direção à arma (Fig 5.3).

Fig 5.3 - Ceifa em profundidade

OSTENSIVO - 5-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

c) Ceifa em largura
É um tiro tal que a zona batida é suficiente para cobrir a profundidade do alvo,
mas não a largura, por isso necessita de sucessivas mudanças na direção da
arma. Este tipo é empregado contra alvos demasiadamente largos para serem
batidos pelos tiros fixos. A frente de uma tropa em linha, as trincheiras e a orla
de um bosque são exemplos de alvos para este tiro (Fig 5.4).

Fig 5.4 - Ceifa em largura

d) Tiro escalonado
É um tiro tal que a zona batida não possua largura nem profundidade para cobrir
o alvo requerendo, portanto, modificações sucessivas na arma, tanto em direção
como em elevação. Este tiro é empregado contra alvos cujo eixo maior é oblíquo
à direção do alvo, quando a diferença entre a extremidade mais distante e a mais
próxima é maior que a profundidade da zona batida. Um exemplo de alvo para
este tipo de tiro é uma linha ou coluna de Atiradores deslocando-se
diagonalmente em direção à arma.

OSTENSIVO - 5-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

Fig 5.5 - Tiro escalonado

5.5.2 - De acordo com o alvo


a) Tiro frontal
É o tiro no qual o eixo maior da zona batida é perpendicular à frente do alvo. É o
mais eficaz contra alvos estreitos e profundos, tendo, porém sua eficácia bastante
reduzida contra um alvo pouco profundo, tal como uma tropa em linha, pois não
se aproveita a profundidade da zona batida (Fig 5.6). Quando o eixo maior da
zona batida coincide com o eixo maior do alvo, diz-se que está sendo realizado
um tiro de enfiada.

Fig 5.6 - Tiro frontal

b) Tiro de flanco
É o tiro no qual o eixo maior da zona batida é paralelo à frente do alvo. É eficaz
contra um alvo, tal como: o flanco de uma tropa em linha (Fig 5.7).

OSTENSIVO - 5-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

Fig 5.7 - Tiro de Flanco

c) Tiro oblíquo ou de escarpe


É um tiro no qual o eixo maior da zona batida é oblíquo ao maior eixo do alvo
(Fig 5.8).

Fig 5.8 - Tiro oblíquo ou de escarpe

5.5.3 - De acordo com o terreno


a) Tiro mergulhante
É o tiro tal que a zona perigosa é praticamente limitada à zona batida.
Há três ocasiões em que o tiro mergulhante é conseguido:
- quando a metralhadora está atirando a grandes distâncias. Como a distância
aumenta, o tiro torna-se consideravelmente mergulhante, pois o ângulo de queda
dos projéteis é maior.
- quando a metralhadora está localizada em terreno elevado, atirando para baixo.
- quando a metralhadora está atirando de uma encosta íngreme.
b) Tiro rasante
É um tiro cuja trajetória não se eleva acima da altura média de um homem em pé

OSTENSIVO - 5-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

(1,65 m). Quando a metralhadora está montada no terreno, fixa e atirando, as


trajetórias dos projéteis com alcance até 650 m em terreno nivelado ou
uniformemente inclinado, produzem o tiro rasante.
5.5.4 - De acordo com o efeito desejado no alvo
a) Tiro de destruição
É um tiro desencadeado sobre pessoal descoberto com a finalidade de causar
baixas.
b) Tiro de neutralização
É um tiro desencadeado sobre pessoal abrigado ou dissimulado, tendo em vista
impedi-los de fazer uso de suas armas ou dos meios de observação, fixando-os em
seus abrigos.
c) Tiro de barragem
É um tiro que tem por fim tornar intransponível uma determinada faixa do terreno.
O tiro de barragem pode ser de interdição ou de flanqueamento.
I) Tiro de interdição
É executado sobre uma via de acesso ou pontos de passagem obrigatórios para
as forças inimigas.
II) Tiro de flanqueamento
É executado para interditar os flancos, mediante tiros com uma direção geral
que seja aproximadamente paralela à linha a interditar.
d) Tiro de Inquietação
É um tiro executado para impedir a observação, os movimentos
(reabastecimentos, trabalhos e substituições) e o estacionamento do inimigo.
5.5.5 - Quanto ao processo de pontaria
Quanto ao processo de pontaria o tiro pode ser:
a) Tiro direto
É um tiro em que todas as operações relativas à pontaria são feitas diretamente
sobre o alvo.
b) Tiro indireto
É um tiro em que o alvo não é visto da posição. Este tipo de tiro pode ser
executado utilizando-se a tabela de tiro. Neste tipo de tiro o Chefe de Peça (CP) se
posiciona de modo a poder observar o alvo e os impactos e comandar a sua peça
determinando as correções da direção e alcance do tiro, utilizando-se das

OSTENSIVO - 5-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

gradações em milésimos existentes no tripé da arma.


c) Tiro mascarado
É um tiro indireto executado à distâncias maiores que 800 m e por detrás de uma
máscara, situada a pequena distância da arma, de onde o alvo é visto.
d) Tiro sobre tropa
É um tiro direto ou indireto, em que se tomam cuidados especiais devido a suas
trajetórias passarem sobre as tropas amigas.
e) Tiro amarrado
É um tiro que permite a execução de um fogo ajustado sob condições restritas de
visibilidade.
f) Tiro antiaéreo
É um tiro cuja pontaria é realizada empregando-se, preferencialmente, o tripé para
o tiro antiaéreo, utilizando-se corretores de aproximação que permitem apontar a
arma para o ponto futuro, onde o alvo será atingido. Para a realização deste tiro
devem ser utilizados os reparos antiaéreos que proporcionam maiores variações de
elevação.
5.6 - DESIGNAÇÃO DE ALVOS
Há três métodos de designação de alvos: verbalmente, atirando e apontando com a
arma.
5.6.1 - Verbalmente
Existem três elementos essenciais em uma designação verbal e eles são sempre
enunciados na seguinte ordem: distância, direção e descrição.
a) Distância
Neste método, é dito ao Atirador a que distância deverá olhar para ver o alvo
quando a direção for enunciada. É transmitida em 1º lugar para que o Atirador
possa graduar a alça de sua arma e esteja pronto a atirar, assim que os outros
elementos de designação de alvos tenham sido transmitidos e entendidos. Ela
pode ser dada por voz ou por gesto e é determinada por um dos métodos de
avaliação de distância.
b) Direção
Sempre que possível, a direção deve ser dada apontando-se; para isso é
recomendável utilizar somente palavras estritamente necessárias. Compreende-se
por frente a direção para a qual a boca da arma aponta. A partir daí, as direções

OSTENSIVO - 5-13 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

ficam determinadas por sucessivos ângulos de 45 graus. São eles: frente direita,
flanco direito, retaguarda, flanco esquerdo e frente esquerda.
Um dos melhores métodos de se designar alvos indistintos é usar pontos de
referência sucessivos. O Atirador é conduzido passo a passo, indicando-se os
pontos sucessivos de referência, até que o seu olhar seja posto sobre o alvo. Por
exemplo: “REFERÊNCIA: CASA DE TELHADO VERMELHO” (uma barreira,
centro de barreira ou portão); “ALVO: UMA METRALHADORA NA ORLA DO
CAMPO”. A referência precede a descrição do alvo.
c) Descrição
Uma breve descrição, usualmente uma ou duas palavras, é tudo que se necessita
para descrever um alvo; porém, deve ser criada na mente do Atirador uma
imagem do alvo a ser atingido. Por exemplo: “COLUNA DE HOMENS” -
“AQUELA BARREIRA” - “LINHA DE ATIRADORES”.
5.6.2 - Atirando
Atirando com a arma é um método rápido, seguro e simples de se designar um alvo.
Para fazer isso, o chefe vai para a arma carregada com munição comum, traçante ou
então com ambas, registra a alça correspondente a distância que estimou e então
anuncia a viva voz para a sua unidade a direção e o tipo de tiro. Por exemplo:
“FRENTE DIREITA” - “OBSERVEM MEUS TIROS” ou “OBSERVEM MEUS
TRAÇANTES”. Ele então dá alguns disparos e completa a designação oralmente. A
desvantagem deste método é que a posição da arma é revelada, assim como perde-se
o efeito surpresa e do choque.
5.6.3 - Apontando com a arma
Quando se designa o alvo apontando a arma, o Comandante da Seção ou CP anuncia
a distância e a direção, vai a cada arma e aponta-a para o alvo completando a
designação oralmente. Este método tem a vantagem de não se sacrificar o efeito da
surpresa.
5.7 - AVALIAÇÃO DE DISTÂNCIAS
A determinação das distâncias é de grande importância, pois habilita a peça de
metralhadora a fazer um fogo eficaz. É necessário que todas as armas atinjam o alvo
com a primeira rajada e isto só é possível se a distância for determinada corretamente.
Há cinco métodos de se determinar as distâncias: à vista, medindo-se em uma carta ou
fotografia aérea, atirando com a arma, por meio de outra unidade e utilizando-se

OSTENSIVO - 5-14 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

instrumentos.
5.7.1 - Avaliação à vista
Este método consiste em se medir a distância aplicando-se a unidade correspondente
a 100 m. Isto requer perfeita familiaridade com a unidade que se está aplicando,
como ela aparece nas diversas espécies de terreno sob as várias condições de
visibilidade. Neste processo pode-se empregar também distâncias já conhecidas tais
como: linhas de postes, alta tensão, etc.
5.7.2 - Medindo em carta ou fotografia aérea
Aplicando este método, a primeira rajada normalmente poderá não cair sobre o alvo.
Isto acontece porque as cartas e as fotografias aéreas possuem imprecisões. As
vantagens de sua utilização é que são facilmente obtidas, constituem um método
razoavelmente preciso e, muitas vezes, é a única maneira de se conseguir avaliar as
distâncias em combate.
5.7.3 - Atirando
É um dos métodos mais precisos e seguros de se determinar as distâncias. A sua
desvantagem é que a posição da arma é revelada, aumentando o perigo da guarnição
ser descoberta.
5.7.4 - Por meio de outra unidade
As distâncias dos acidentes de terreno geralmente podem ser obtidas das unidades
adjacentes ou de unidades que estejam sendo substituídas. Neste último caso, a tabela
de alcance que já tenha sido preparada pode ser utilizada.
5.7.5 - Utilizando instrumentos
Há vários instrumentos, como binóculos, GPS ou telêmetro laser, que podem ser
utilizados para medir as distâncias.
5.7.6 - Condições que influenciam a avaliação das distâncias
Serão mostradas a seguir algumas das condições que influenciam na avaliação de
distâncias.
a) Alvo parece mais próximo
O alvo parece estar mais próximo e se faz uma avaliação inferior à distância real
quando:
- quando é visto sob luz muito forte;
- a cor do alvo contrasta com o fundo;
- é visto sobre a água, neve ou superfície uniforme como campos de trigo ou

OSTENSIVO - 5-15 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

desertos;
- é visto de cima de uma depressão, cuja parte maior não é visível;
- é visto ao longo de uma reta ou linha férrea; e
- é visto no sopé de uma elevação, olhando-se de cima da mesma.
b) Alvo parece mais distante
O alvo parece estar mais distante e se faz uma avaliação superior à distância real
quando:
- é visto de cima de uma depressão, cuja parte maior é visível;
- somente uma pequena parte do alvo está exposta;
- há pouca luz, neblina ou ainda se estiver chovendo;
- a cor do alvo se confunde com o fundo;
- é visto no alto de uma elevação, olhando-se do sopé da mesma; e
- há árvores, tocas, vegetação etc., interpostas entre o observador e o alvo.
Deve ser praticada a avaliação de distâncias sob as várias condições acima
mencionadas.
5.8 - DISTRIBUIÇÃO DO TIRO
O tiro para ser eficaz deve ser distribuído sobre todo o alvo e variará com as dimensões
do alvo. Assim os alvos podem ser classificados da seguinte forma:
5.8.1 - Tipo ponto
São os alvos que não têm largura e comprimentos maiores que os da zona batida no
terreno em que estão localizados. Os alvos tipo ponto devem ser batidos pelo tiro
fixo.
5.8.2 - Tipo largo
São os alvos que possuem largura maior do que a da zona batida.
- Quando a Seção de Metralhadoras bate, de frente, um alvo cuja largura é menor ou
igual a 50 milésimos e o comprimento é menor que o da zona batida, usa-se a ceifa
em largura. Inicialmente, cada peça é apontada para um ponto imediatamente após
a extremidade do seu lado correspondente no alvo (cerca 2 milésimos à direita ou à
esquerda); seu tiro é ajustado naquele ponto e é cruzado através do alvo, até um
ponto situado imediatamente após a extremidade do lado correspondente a outra
peça (cerca 2 milésimos à direita ou à esquerda). Cada peça desloca seus tiros
(incrementos de 2 a 4 milésimos) de um lado para outro entre estes tais pontos, a
fim de cobrir todo o alvo.

OSTENSIVO - 5-16 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

- Quando uma Seção de Metralhadoras bate um alvo de frente, cuja largura é maior
que 50 milésimos e o comprimento é menor que o da zona batida, o comandante da
seção determina uma parte do alvo para cada peça. Cada arma faz a ceifa em
largura, cobrindo a parte do alvo que lhe foi atribuída. Cabe ressaltar que o alvo
poderá ser dividido equitativamente entre as peças ou não. No caso de cada
metralhadora disparar contra uma metade do alvo, normalmente, emprega-se o
seguinte comando: “1a PEÇA; 1 a METADE/2 a PEÇA: 2 a METADE”. Um exemplo
de comando de tiro em que o alvo não é dividido equitativamente entre as peças é
apresentado a seguir: “1 a PEÇA: 1o TERÇO/2 a PEÇA: 2 TERÇOS” (Ver exemplos
de Comandos de Tiro - inciso 5.12.5).
- Se os flancos de um alvo tipo largo são invisíveis para o Atirador, este alvo pode
ser designado atirando-se com a metralhadora ou com o fuzil, colocando a arma em
posição ou utilizando um ponto de referência que seja visível e próximo ao alvo.
Neste último caso, a designação desse alvo é executada anunciando-se o
afastamento do alvo em milésimos à direita ou à esquerda do ponto de referência.
- No caso de alvo tipo área engajado por duas ou mais seções de metralhadoras, em
princípio, deve-se bater o alvo como um todo por todas as seções, de maneira a
obter melhor eficácia do tiro. No caso do alvo necessitar ser divido entre as seções
são empregados procedimentos descritos acima.
5.8.3 - Tipo profundo
É aquele cujo comprimento é maior do que o da zona batida. Para este tipo de alvo
utiliza-se a ceifa em profundidade, realizada por uma peça ou por uma seção.
a) Por uma peça
A peça é apontada para a extremidade do alvo que se encontra mais próxima e em
seguida faz a ceifa em profundidade até que todo o alvo tenha sido coberto.
b) Por uma seção
Se o alvo está parado e suas extremidades são visíveis aos Atiradores, a primeira
peça é apontada para a extremidade mais próxima e em seguida faz a ceifa em
profundidade, aumentando a elevação da arma. A segunda peça é apontada para a
extremidade mais distante e faz a ceifa em profundidade, diminuindo a elevação
da arma.
Alvos profundos não são divididos quando se emprega uma seção de
metralhadoras. Ambas as peças de uma seção disparam no alvo como um todo,

OSTENSIVO - 5-17 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

movendo a arma em incrementos apropriados para se atingir o efeito desejado no


alvo.
Quando o comprimento do alvo é inferior ou igual a 200 m, o CP divulga às peças
a distância do centro alvo para a posição da seção. Uma das peças estabelece
como direção inicial de tiro, a elevação da arma que possibilite ao atirador bater 2
milésimos aquém da extremidade mais próxima do alvo; a outra peça toma como
direção inicial de tiro a elevação da arma que possibilite ao atirador bater 2
milésimos além da extremidade oposta do alvo. As armas irão realizar fogos sobre
o alvo em movimento de vai e vem de maneira a cobrir todo o alvo com os
disparos.
No caso de o comprimento ser superior a 200 m, o CP anuncia às distâncias da
posição da seção até as extremidades anterior e posterior do alvo. Os atiradores
das peças introduzem os ajustes referentes ao alcance e quanto à elevação da
arma. A técnica de tiro empregada para se bater o alvo é idêntica à aplicada para
alvos de comprimento igual ou inferior a 200 m.
Quando se engaja um alvo profundo em movimento, aproximando-se rapidamente
da posição da seção, o CP anuncia a distância para extremidade mais próxima
(ANTERIOR) do alvo. As peças conduzem ceifa em profundidade, batendo
inicialmente aquela extremidade, e realizam incrementos na elevação, após cada
rajada, de modo a bater todo o alvo, realizando um movimento de vai e vem até o
cumprimento da missão de tiro. O comando de tiro empregado nestas situações é
o seguinte: “PEÇAS: EXTREMIDADE ANTERIOR” seguido da distância em
metros.
Na necessidade de se bater um alvo profundo em movimento, afastando-se
rapidamente da posição da seção, o CP anuncia a distância para extremidade mais
afastada (POSTERIOR) do alvo. As peças conduzem ceifa em profundidade,
batendo inicialmente aquela extremidade, e realiza incrementos na elevação, após
cada rajada, de modo a bater todo o alvo, realizando um movimento de vai e vem
até o cumprimento da missão de tiro. O comando de tiro empregado nestas
situações é o seguinte: “PEÇAS: EXTREMIDADE POSTERIOR” seguido da
distância em metros.
Mesmo quando são empregadas 2 ou 3 seções de metralhadoras, não se deve
dividir um alvo tipo profundo na condução de uma missão de tiro.

OSTENSIVO - 5-18 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

5.8.4 - Tipo oblíquo


É aquele cujo eixo maior é oblíquo à direção de tiro, e a distância entre sua
extremidade mais próxima e mais distante é maior que o eixo maior da zona batida.
Para bater este tipo de alvo é realizado o tiro escalonado.
O método empregado para se engajar um alvo oblíquo é o resultado da combinação
das técnicas de tiro empregadas para se bater um alvo largo e as utilizadas para se
bater um alvo profundo. Os alvos oblíquos são divididos dependendo da largura,
empregando-se as técnicas de tiro para alvos largos. O CP anuncia a distância ao
centro ou a cada extremidade do alvo, conforme a profundidade do alvo requerer. O
atirador realiza incrementos em largura de 2 a 4 milésimos e introduz incrementos
em elevação apropriados, após cada rajada, de modo a manter a zona batida sempre
sobre o alvo, cobrindo toda a sua extensão, realizando um movimento de vai e vem,
encerrado após o cumprimento da missão de tiro.
- Quando um alvo tipo oblíquo tem 200 m ou menos de profundidade e 50 milésimos
ou menos de largura, cada peça é apontada para o ponto imediatamente após a
extremidade do seu lado correspondente no alvo; faz o tiro escalonado através do
alvo, até um ponto imediatamente após a extremidade do lado correspondente a
outra peça e volta cobrindo todo o alvo.
- Quando um alvo tipo oblíquo tem 200 m ou mais de profundidade e sua largura é
maior que 50 milésimos, o Comandante da Seção de Metralhadoras atribui uma
parte do alvo para cada peça, que apontará para um ponto imediatamente após a
extremidade do seu lado correspondente no alvo. Cada peça faz o tiro escalonado
somente sobre a parte que lhe foi atribuída. No caso de se empregar mais de uma
seção para engajar o alvo, cada seção engaja o alvo de forma independente e o
comando de tiro é efetuado pelo CP.
5.8.5 - Tipo área
São alvos que não podem ser cobertos somente pela ceifa em largura, ceifa em
profundidade, ou ainda, pelo tiro escalonado. Se as extremidades forem visíveis para
os atiradores, cada peça é apontada para um ponto imediatamente após a extremidade
do seu lado correspondente no alvo. Então fará a ceifa em largura sobre a parte do
alvo que lhe foi atribuída, muda a elevação, a fim de corresponder ao maior alcance
contido no comando de tiro inicial, volta realizando a ceifa em largura sobre sua
parte no alvo para o ponto de onde iniciou o tiro e cessa fogo.

OSTENSIVO - 5-19 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

Tiro adicional a este, depende do comandante da seção. Um método rápido de se


determinar as mudanças na elevação é o seguinte: para as distâncias até 1000 m,
variam 2 milésimos e para distâncias entre 1000 e 2000 m, variam 3 milésimos. Se o
tiro for mergulhante, a variação deve ser aumentada.
5.9 - REGULAÇÃO DO TIRO
O tiro é regulado pelos seguintes métodos:
- observação dos impactos;
- observação dos traçantes; e
- reapontamento frequente ou verificação da pontaria.
A regulação do tiro por meio da observação é o elemento mais importante para se
controlar o tiro. Deve ser contínua durante toda a ação. O Atirador deve ser adestrado
para prever as ações inimigas depois que o tiro é iniciado e também para deslocar seu
tiro, a fim de cobrir qualquer mudança de formação ou localização por parte do mesmo.
A responsabilidade pela regulagem do tiro permanece com o Atirador, sob a supervisão
do Chefe de Peça e do Comandante da Seção.
5.10 - CORREÇÕES DE TIRO
Quando a arma está sobre o tripé, as correções são anunciadas ou sinalizadas como:
“ACIMA”, “ABAIXO”, “DIREITA” ou “ESQUERDA”, tantos milésimos. Pequenas
mudanças em elevação ou em direção tais como: “ACIMA” 5 milésimos ou
“DIREITA” 10 milésimos, são registradas nos mecanismos de elevação e de direção.
Grandes correções em distâncias são feitas anunciando-se ou sinalizando-se uma nova
distância por meio de gestos convencionados.
5.11 - TIROS SOBRE TROPA
Este tipo de tiro é executado por cima das tropas amigas. A MAG 7,62 mm é capaz de
fazer este tipo de tiro, devido à pequena e uniforme variação que ocorre no cone de
dispersão resultante de determinada rajada. O tiro sobre tropa aumenta o raio de ação
da metralhadora e desde que não esteja na posição das tropas que devem ser apoiadas,
poderá utilizar uma posição à retaguarda dessas tropas, possibilitando maior uso do
seu poder de fogo.
Existem dois métodos de se determinar o limite até onde a tropa amiga pode avançar
com segurança, sem o perigo de ser atingida pelo tiro sobre tropa oriundo de
metralhadoras amigas. Estes métodos são conhecidos como Regra de Atirador e Regra
do Chefe de Peça.

OSTENSIVO - 5-20 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

5.11.1 - Regra do Atirador


É usada para determinar o ângulo de segurança, quando a distância para o alvo é de
800 m ou menos e é aplicada pelo Atirador, a não ser quando o limite de segurança
tiver sido determinado pelo Comandante do Pelotão de Petrechos ou Comandante
da Seção de Metralhadoras (Fig 5.9).
Como proceder:
- apontar a metralhadora para bater o alvo, com a alça graduada para a distância que
ele se encontrar;
- sem modificar a posição da metralhadora, graduar a alça para 1350 m; e
- observar pelo aparelho de pontaria e verificar onde a linha de visada toca o
terreno. Este ponto é o limite de segurança. Se este ponto está além da posição das
tropas amigas mais avançadas, o tiro sobre tropa pode ser feito até que elas o
atinjam.

Fig 5.9 - Regra do Atirador


5.11.2 - Regra do Chefe de Peça
É aplicada para determinar o ângulo de segurança quando a distância para o alvo é
maior que 800 m.
Como proceder:
- apontar a arma para o alvo com a distância correspondente graduada na alça de
mira;
- selecionar o ponto no terreno no qual se acredita que a tropa possa avançar com
segurança;
- determinar tão precisamente quanto possível a distância até esse ponto;

OSTENSIVO - 5-21 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

- sem modificar a inclinação do cano (que está apontando para o alvo com a alça
para a distância correspondente a que ele se encontra), graduar a alça para a
distância do ponto escolhido, acrescida de 550 m. Caso a soma seja inferior a
1350 m, graduar a alça para esta distância. Nunca se deve graduar a alça para
menos de 1350 m; e
- verificar o ponto onde a linha de visada toca o terreno.
 Se a linha de visada cair sobre o ponto escolhido, este será o limite de segurança
e as tropas podem avançar sem perigo até este ponto;
 Se cair antes do ponto escolhido, as tropas só avançarão com segurança até o
ponto onde a linha de visada toca o terreno; e
 Finalmente, se cair após do ponto escolhido, as tropas que avançarem até este
ponto, o farão com segurança.
Só é desejável atirar depois que as tropas amigas avançarem para um ponto mais
distante, deve ser determinado um novo ponto, testando-se novos pontos
escolhidos, até que a linha de visada e o ponto escolhido coincidam no terreno
(Fig 5.10).

Fig 5.10 - Regra do Chefe de Peça

5.11.3 - Medidas de segurança


Quando vai ser efetuado tiro sobre tropa, devem ser observadas as seguintes
medidas de segurança:

OSTENSIVO - 5-22 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

ATENÇÃO - AVISOS DE SEGURANÇA

1) Se a segurança tiver sido verificada somente pelas Regras do Atirador e do


Chefe de Peça, o tiro não deve ser executado se as tropas estiverem a menos de
400 m ou mais de 1300 m da posição da metralhadora, exceto se o intervalo
vertical entre a tropa e a linha de visada for tal que a segurança seja
indiscutível.
2) Como além de 700 m as trajetórias dos projéteis traçantes se tornam
imprevisíveis, esse tipo de munição não deve ser usado para o tiro sobre tropa.
3) O tiro sobre tropa não pode ser feito através de matas, bosques etc., pois seria
o mesmo que desviar os projéteis para atingir as tropas amigas.
4) Sempre que possível, o Comandante da tropa sobre a qual será executado o
tiro deverá ser informado.
5) O cano que der 5000 tiros ou que produza chamas excessivas na boca da arma,
não deve ser usado para o tiro sobre tropa.
6) A velocidade de tiro não deve ser superior a cadência normal.
7) Todo cano que tenha dado 750 tiros consecutivos, com munição comum, deve
ser posto para esfriar ou ser trocado antes de iniciar o tiro sobre tropa.

5.11.4 - Informações necessárias para a utilização da tabela de tiro sobre tropa


a) Distância à tropa
Corresponde a distância que a tropa, tanto amiga quanto inimiga, se encontra em
relação à posição ocupada pela metralhadora.
b) Alça Mínima (AM)
A alça mínima ou ângulo de elevação mínima é a alça ou ângulo com o qual o
tiro poderá ser feito sem perigo para a tropa amiga. É determinada para a
distância que a tropa amiga se encontra.
c) Ângulo de Elevação (AE)
O ângulo de elevação mais um determinado ângulo de segurança, dará a
elevação necessária para se bater o inimigo, sem perigo para a tropa amiga. É
determinado para a distância que a tropa inimiga se encontra.
d) Ângulo de Sítio (AS)
O ângulo de sítio ou ângulo de segurança varia com o alcance e corresponde a
altura média de um homem em pé (1,65 m).
A distância à tropa, a alça mínima e os ângulos de elevação e de sítio são

OSTENSIVO - 5-23 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

mostrados nas colunas 1, 2, 3 e 4 da tabela de tiro em Anexo C.


5.11.5 - Possibilidade de tiro sobre tropa
A resolução de problemas dessa espécie de tiro, ou seja, o estudo da possibilidade
de tiro, ficará reduzido à comparação de elevação para o nosso alvo e a soma da
alça mínima para a distância da tropa amiga com o seu sítio (1,65 m, considerando
a tropa de pé). O tiro só será possível se o ângulo de elevação for maior que a soma
da alça mínima acrescida do ângulo de sítio.
AE > AM + AS
EXEMPLO: Estando nossa tropa a uma distância de 1200 m, deve-se observar qual
a possibilidade de tiro e qual a alça para bater o inimigo, na mesma
direção e a uma distância de 1800 m.
- AE para 1800 m = 54,83’’’
- AM para 1200 m = 22,74’’’
- AS para 1200 m = 1,50’’’
AE > AM + AS (V/F)
54,83’’’ > 22,74’’’ + 1,50’’’
54,83’’’ > 24,24’’’ (V)
RESPOSTA: O tiro é possível
5.11.6 - Outros exercícios em que se utiliza a tabela de tiro
a) Determinar o ângulo de elevação para 1250 m
O ângulo de elevação para 1300 m é de 26,73’’’ e para 1200 é de 22,70’’’. A
diferença é de 4,03’’’.
1300 m ______________________ 26,73’’’
1200 m ______________________ 22,70’’’
100 m _______________________ 4,03’’’
Se 100 m correspondem a 4,03’’’, 50 m corresponderão a x’’’.
100 m _______________________ 4,0’’’
50 m ________________________ x’’’
x = 50 x 4,0
100
x = 2,0’’’
Como o ângulo de elevação para 1200 m é de 22,70’’’, o de 1250 m será de:
22,70’’’ + 2,0’’’, ou seja: 24,70’’’.
1200 m ______________________ 22,70’’’

OSTENSIVO - 5-24 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

50 m ________________________ 2,0’’’
1250 m_______________________ 24,70’’’
b) Determinar a alça mínima para 840 m
A alça mínima para 900 m é de 12,85’’’ e para 800 m é de 10,24’’’.
A diferença é de 2,6’’’.
900 m _______________________ 12,85’’’
800 m _______________________ 10,24’’’
100 m _______________________ 2,61’’’
Se 100 m correspondem a 2,6’’’, 40 m corresponderão a x’’’.
100 m________________________ 2,6’’’
40 m ________________________ x’’’
x = 40 x 2,6 x = 1,0’’’
100
Como a alça mínima para 800 m é de 10,24’’’, a de 840 m será de:
800 m _______________________ 10,24’’’
40 m ________________________ 1,0’’’
840 m _______________________ 11,24’’’
O procedimento para este tipo de exercício será o mesmo para quaisquer valores
intermediários da tabela de tiro.
5.12 - COMANDOS DE TIRO
Os Comandos de Tiro se subdividem em Comandos Iniciais de Tiro e Comandos
Subsequentes.
Os Comandos Iniciais de Tiro são ordens verbais transmitidas a uma seção ou peça de
metralhadora visando a prepará-la para engajar um ou mais alvos designados.
Comandos Subsequentes são todos os comandos que seguem ao Comando Inicial de
Tiro de uma missão de tiro específica. Estes comandos são empregados para regulação
ou para ajustagem do tiro e se constituem de correções introduzidas no disparo inicial
à luz dos impactos observados. Incluem ainda os comandos intermediários e final de
cessar fogo.
Um comando de tiro correto é aquele tão breve e claro quanto possível e emitido na
sequência em que devem ser executadas as ações necessárias ao seu cumprimento.
Quatro elementos básicos constituem os Comandos Iniciais de Tiro: ordem de alerta,
designação do alvo; distribuição do tiro e controle de tiro. Estes elementos poderão ser
enunciados, submetidos ou subentendidos, conforme o caso.

OSTENSIVO - 5-25 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

Apesar de somente as partes aplicáveis em cada caso serem anunciadas, a sequência de


emissão do comando de tiro deve ser sempre a seguinte: ordem de alerta, designação
do alvo; distribuição do tiro e controle de tiro.
5.12.1 - Ordem de alerta
FINALIDADE COMANDOS
- Alerta........................................ ATENÇÃO!
- Designação da peça ou seção.... 2ª SEÇÃO.
- Tipo do alvo.............................. ALVO MÓVEL.
- Ação a tomar............................. MISSÃO DE TIRO.

5.12.2 - Designação do alvo


FINALIDADE COMANDOS
- Distância................................... SETE-ZERO-ZERO (700 m)
- Direção...................................... FRENTE-DIREITA (Frente ou frente esquerda)
- Referência................................. REFERÊNCIA: ORLA DO BOSQUE
- Descrição.................................. METRALHADORA INIMIGA
As distâncias são anunciadas em metros. Não há menção direta ao termo distância.
Na sequência dos comandos são enunciados os algarismos que correspondem a
centena, a dezena e a unidade da distância em metros da posição da fração até o
alvo designado.
Quando se designa um alvo, a descrição é normalmente enunciada no caso do alvo
não ser facilmente identificável, sendo essencial para a seleção da munição a ser
empregada. A descrição do alvo deve ser concisa, contendo somente as
informações necessárias ao engajamento do alvo. Alguns termos são usualmente
empregados para se descrever um alvo, como por exemplo:
- Tropa: normalmente empregado para se referir a tropa a pé ou em posição
defensiva;
- Ninho de metralhadora: posição de arma automática; e
- Carro de Combate/Blindado: designar viaturas blindadas inimigas.
No caso de serem detectados alvos diversos, somente o alvo específico ou parcela do
alvo a ser engajada com os fogos deverá ter a descrição transmitida às frações do
PelPtr. Alguns exemplos enquadrados nessa situação são apresentados a seguir:
Viatura Ponta da Coluna; Construção da Direita; Limite Posterior ou Coluna em Auto.

OSTENSIVO - 5-26 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

5.12.3 - Distribuição do tiro


A eficácia dos fogos de metralhadora depende de uma distribuição dos tiros sobre o
alvo, principalmente nos disparos realizados sobre tropas inimigas, de maneira que
não sejam oferecidas ao inimigo brechas, que possam ser exploradas para o avanço
de tropas inimigas, proporcionando oportunidade para realização de ataques,
emboscadas, condução de fogos ou contra-ataques.
Este elemento do tiro do comando de tiro é muito importante para o caso de ser
necessário dividir o alvo em partes a serem batidas.
A Divisão do Alvo é empregada quando não se pode bater o alvo como um todo
pela seção. Neste caso, é atribuída uma parte do alvo a cada uma das peças, como
no exemplo a seguir: “1ª PEÇA - porção esquerda; 2ª Peça - porção direita”
Neste elemento de tiro é enunciado o Tipo de Tiro a ser conduzido. Exemplos:
Fixo, Ceifa em Largura etc.
FINALIDADE COMANDOS
- Tipo de tiro................................. FIXO (ceifa em largura, ceifa em
profundidade ou escalonado).

5.12.4 - Controle de tiro


O controle de tiro das metralhadoras compreende habilidade do CP em: abrir fogo
no momento exato; colocar os tiros sobre o alvo; deslocar os tiros de um alvo para
outro; regular a velocidade de tiro; e cessar fogo quando necessário ou determinado
pelo Cmt da Seção.
FINALIDADE COMANDOS
Instruções para o tiro sobre tropa............ SOBRE A TROPA (ou tropa a frente)
Cadência de tiro...................................... RÁPIDA (normal ou lenta)
Sinal ou Comando para abertura do tiro. AO MEU COMANDO (ao meu sinal)
Comando ou sinal no momento exato ABRIR FOGO (ou gesto)
para abertura do tiro................................
Comando ou sinal no momento exato CESSAR FOGO (ou gesto)
para cessar fogo......................................

As cadências de tiro disponíveis são a rápida e normal. Os fatores considerados


para se estabelecer a cadência de tiro são a natureza e o tamanho do alvo e a

OSTENSIVO - 5-27 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

disponibilidade de munição.
A cadência de tiro é selecionada por meio do ajuste do regulador do cilindro de
gases que possui as posições 1, 2 e 3 (Fig 5.11). As cadências de tiro são as
seguintes:
- Normal - de 600 a 800 tiros por minuto - Posição 1; e
- Rápida - de 800 a 1000 tiros por minuto - Posição 3.

Fig 5.11 - Regulagem dos gases.

5.12.5 - Exemplos de comando de tiro


a) Alvo tipo ponto
- ATENÇÃO! 2ª SEÇÃO;
- MISSÃO DE TIRO;
- SETE CINCO ZERO;
- FRENTE;
- REFERÊNCIA: BORDA ESQUERDA DA CASA AZUL, ÁRVORE
ISOLADA;
- ALVO: METRALHADORA INIMIGA;
- TIRO FIXO;
- CADÊNCIA RÁPIDA; e
- ABRIR FOGO.
b) Alvo tipo largo (50 milésimos ou menos de largura)
- ATENÇÃO! 2ª PEÇA;
- ALVO MÓVEL;
- QUATRO ZERO ZERO;

OSTENSIVO - 5-28 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

- FRENTE ESQUERDA;
- LINHA DE ATIRADORES;
- CEIFA EM LARGURA;
- CADÊNCIA NORMAL; e
- ABRIR FOGO.
c) Alvo tipo largo (largura acima de 50 milésimos)
- ATENÇÃO! 3ª SEÇÃO;
- MISSÃO DE TIRO;
- OITO ZERO ZERO;
- FRENTE DIREITA;
- ALVO:ATIRADORES ENTRINCHEIRADOS;
- 1ª PEÇA: METADE DIREITA;
- 2ª PEÇA: ESQUERDA 2/3;
- CEIFA EM LARGURA;
- CADÊNCIA RÁPIDA; e
- ABRIR FOGO.
d) Alvo tipo profundo
- ATENÇÃO! 1ª PEÇA;
- ALVO MÓVEL;
- CINCO ZERO ZERO;
- FRENTE ESQUERDA;
- ALVO: PATRULHA INIMIGA;
- CEIFA EM PROFUNDIDADE;
- CADÊNCIA RÁPIDA; e
- ABRIR FOGO.
e) Alvo tipo oblíquo
- ATENÇÃO! 2ª PEÇA;
- MISSÃO DE TIRO;
- SETE ZERO ZERO;
- FRENTE;
- REFERÊNCIA: EXTREMIDADE ESQUERDA DO GRUPO DE ÁRVORES,
CRISTA DE COLINA;
- ALVO: LINHA DE ATIRADORES;

OSTENSIVO - 5-29 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

- ESCALONADO;
- CADÊNCIA: NORMAL; e
- AO MEU COMANDO: ABRIR FOGO.
Nota: Sempre que se empregar “REFERÊNCIA”, a descrição de alvo deverá vir
precedida da palavra “ALVO”.
5.13 - ROTEIRO DE TIRO
É um esboço orientado de um setor de tiro, mostrando os elementos que facilitarão à
execução correta do tiro, principalmente em períodos de visibilidade reduzida.
Os roteiros de tiro são preparados para a metralhadora cobrir seu setor de tiro. Um
limite do setor de tiro, em uma situação defensiva, usualmente incluirá a barragem
principal. Dentro do setor de tiro, são determinados elementos de tiro para todos os
prováveis alvos e pontos chaves, tais como entroncamento de estradas e outros
acidentes do terreno (Fig 5.12). Os elementos consistem de um simples esboço ou
descrição de cada alvo, com anotações tais como: direção, elevação e distância
necessária para engajá-los.
Os roteiros de tiro são preparados em duas vias para a posição principal,
imediatamente após sua ocupação e posteriormente para as posições de muda e
suplementar. Uma via do roteiro de tiro permanece na posição da Seção de
Metralhadoras e a cópia deve ser enviada ao CmtPelPtr, o qual anota as informações
essenciais em seu mapa tático.

Fig 5.12 - Exemplo de Roteiro de Tiro

OSTENSIVO - 5-30 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

5.14 - ELEVAÇÃO
Para apontar a arma em elevação, é necessário o conhecimento dos seguintes
fundamentos de pontaria indireta e do uso da tabela de tiro:
5.14.1 - Ângulo de Sítio
Quando a arma e o alvo não estão na mesma altura, um ângulo adicional deve ser
tomado em consideração.
Este é um ângulo vertical, formado pela linha de sítio e a linha horizontal que passa
pela boca da arma. Ele é chamado ângulo de sítio (AS). Se o alvo estiver mais
elevado que a arma, o AS será positivo; caso contrário será negativo.
5.14.2 - Ângulo de Elevação
Quando o projétil inicia seu curso no prolongamento do eixo da alma e então, em
virtude dos fatores que influenciam na trajetória, cai em curva gradual, será
necessário elevar o eixo da alma acima da linha de sítio, a fim de bater um alvo a
uma dada distância. O ângulo vertical acima da linha de sítio através do qual o
eixo da alma deverá ser elevado, de modo que o projétil atinja o alvo é chamado
ângulo de elevação (AE). Portanto, o AE é sempre positivo e aumenta com os
acréscimos de distância. A variação de aumento do AE para distâncias de 100 até
1800 m é fornecida por meio da tabela de tiro. Exemplo: para se bater um alvo
distante 1200 m da posição ocupada pela metralhadora, é necessário elevar a arma
de modo que a alma forme um ângulo de 22,70’’’ com a linha de sítio.
5.14.3 - Elevação do Quadrante
O ângulo de elevação do quadrante (QE) é o ângulo formado pela linha que se
estende do eixo da alma, na direção do alvo, e a alma horizontal que passa pela
origem das trajetórias. O QE é positivo sempre que a arma estiver apontada acima
da horizontal e será negativo sempre que a arma estiver apontada abaixo da
horizontal. O QE é a soma algébrica do AE e do AS, isto é, se o AS é positivo ele é
adicionado ao AE e se o AS é negativo ele será subtraído do AE.
QE = AE + /- AS
Vejamos então as três situações em que poderemos enquadrar o QE:
Dados:
Distância para o alvo: 700 m
Frente do alvo: 2,5 m
- QE quando a arma e o alvo estão no mesmo plano horizontal que a arma, esta

OSTENSIVO - 5-31 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

deverá ser elevada para formar um ângulo de 8,05’’’ com a linha de sítio, uma vez
que: 8,05’’’ é o AE para a distância de 700 m. O AS é o 0 (zero), pois a linha de
sítio coincide com a horizontal. Consequentemente, o QE é 8,05’’’, ou seja, a
soma algébrica de AE = 8,05’’’ e AS = 0’’’ (Fig 5.13).

Fig 5.13 - Alvo e Arma no mesmo Plano Horizontal

- QE quando o alvo está mais alto que a arma. Se o alvo está a uma distância de 700
m e mais alto que a arma, para que este possa batê-lo deve atirar com o ângulo
igual ao AE mais o AS para a distância determinada, de modo que a arma seja
apontada com um QE de 8,05’’’ mais 3,5’’’, ou QE = 11,55’’’ (Fig 5.14).

Fig 5.14 - Alvo mais alto que a arma

- QE quando o alvo está mais baixo que a arma. O alvo está a uma distância de
700 m, porém mais baixo que a arma. Para que se possa batê-lo, este deve atirar
com um ângulo igual ao AE menos o AS para a distância determinada. Logo, a
arma deve ser apontada com um QE = 4,55’’’, ou seja, a soma algébrica de AE =
8,05’’’ e AS = - 3,5’’’. A Fig 3-14 ilustra um caso em que o QE é negativo. O

OSTENSIVO - 5-32 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

alvo está a uma distância de 700 m e o AS é igual a - 15’’’.


Como o QE = AE + /- AS temos: AE = 8,05’’’, ou seja, QE = - 6,95’’’. Ângulos
de elevação do quadrante negativos não são comuns, porém podem ser
encontrados em certos tipos de terreno. (Figuras 5.15 e 5.16).

Fig 5.15 - Alvo mais baixo que a arma

Fig 5.16 - Alvo mais baixo que a arma - QE Negativo (eixo da alma abaixo da horizontal)

5.14.4 - Método para calcular o “QE”


- A distância para o alvo é determinada pelo emprego de calculador de distância e o
AE correspondente obtido na tabela de tiro.
- O ângulo de sítio é determinado com o goniômetro-bússola ou com o binóculo.
Quando o binóculo é usado, o ângulo de sítio é determinado medindo-se a altura
do alvo em milésimos acima ou abaixo do plano horizontal.
- O ângulo de elevação do quadrante é determinado pela soma algébrica dos dados
determinados em a e b acima.

OSTENSIVO - 5-33 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

5.14.5 - Método para medir o “QE”


- A arma é colocada em desenfiamento parcial e apontada sobre o alvo pelo método
de pontaria direta. O QE é então medido com o inclinômetro (instrumento
destinado a determinar a intensidade da inclinação magnética).
- A arma é deslocada para a posição desenfiada e o QE medido é colocado na arma.
Para cada metro de diferença em elevação, entre a posição em desenfiamento
parcial e a posição de tiro, é adicionado 1’’’ no QE quando a arma atira a uma
distância de 1000 m e ½’’’ quando atira-se a uma distância de 1800 m.
5.15 - POSIÇÃO DESENFIADA
A metralhadora é hoje uma arma importante, sendo largamente empregada no
combate, tanto na ofensiva, quanto na defensiva. No emprego da metralhadora em
combate, devemos evitar a sua exposição aos tiros inimigos, sem, contudo deixar de
aproveitar o seu grande poder de fogo. Uma das maneiras mais eficazes de se proteger
a metralhadora é atirar de uma posição desenfiada.
Esta é a razão pela qual se torna imprescindível ao CP o conhecimento da técnica de
tiro da posição desenfiada.
5.15.1 - Posições de tiro
Uma arma se encontra em uma posição desenfiada quando, está de tal modo
colocada que ela e sua guarnição possuam proteção contra a observação terrestre
inimiga e contra tiros de armas de trajetória tensa, proporcionada por uma máscara
(coberta das vistas).
Entretanto, um observador de pé, na posição da arma ou próximo a ela, poderá ver
o alvo e assim regular o tiro. A posição poderá ser uma contra-escosta ou encosta
de qualquer máscara ou ainda uma pequena dobra do terreno. Uma posição de tiro
desenfiada nem sempre reduz a eficácia de tiro contra um alvo parado, nem impede
o tiro sobre tropa.
a) Vantagens
- a guarnição e a arma têm disfarce e cobertura;
- a guarnição tem alguma liberdade de movimento nas vizinhanças da posição; e
- os controles de suprimento são simplificados.
b) Desvantagens
- alvos deslocando-se rapidamente não são facilmente engajados em virtude da
regulação do tiro ser feita por um observador; e

OSTENSIVO - 5-34 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

- alvos à distância relativamente próxima da máscara e alvos que se encontrem


muito abaixo da linha horizontal que passa pela arma não podem ser engajados.
c) Características
I) Contra-Encosta
Uma posição numa contra-encosta tem proteção relativa contra tiros com
grandes ângulos de elevação. É caracterizada pelo posicionamento da arma
numa posição desenfiada, que oferece proteção contra tiros diretos de armas
de tiro tenso e, parcialmente, de armas que executam tiros com trajetória
curva sendo, ainda, bem protegida da observação direta do inimigo.
II) Encosta
Uma posição numa encosta é vulnerável aos tiros rasantes partidos da área do
alvo, entretanto, tiros de morteiro e de metralhadoras são eficazes contra esta
posição.
III) Posição Desenfiada Máxima
Uma arma está numa posição desenfiada máxima quando se encontra no
ponto mais baixo da posição desenfiada e sobre a encosta da qual esta pode
engajar o alvo. Neste caso, a arma terá boa cobertura, porém, pouca
flexibilidade para engajar novos alvos.
IV) Posição desenfiada mínima
Uma arma está numa posição desenfiada mínima quando se encontra no
ponto mais alto da encosta de uma posição desenfiada. Neste caso, a arma
terá grande flexibilidade para engajar novos alvos, porém, sem a cobertura
máxima.
V) Desenfiamento Parcial
Uma arma está parcialmente desenfiada quando ela e o Atirador têm alguma
proteção dos tiros diretos partidos da área do alvo e o Atirador é capaz de
engajar os alvos utilizando a pontaria direta. O desenfiamento parcial deve ser
feito sempre que uma missão de tiro não possa ser desenfiada e a
metralhadora só é deslocada para a posição parcialmente desenfiada
imediatamente antes do tiro.
5.15.2 - O tiro de uma posição desenfiada
Os elementos essenciais para uma metralhadora engajar um alvo de uma posição
desenfiada são: direção, elevação, altura de segurança e regulagem do tiro. Para se

OSTENSIVO - 5-35 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

encontrar os elementos tanto de direção, quanto os de elevação e altura de


segurança, existem vários métodos. Aqui, trataremos somente de um dos métodos
de cada um desses elementos.
a) Direção
Método do ponto de pontaria: é escolhido um ponto proeminente do terreno e
visível ao Atirador. Este ponto deve estar, de preferência, sobre a linha peça-alvo
e a uma distância igual ou maior que a distância do alvo. Entretanto, um ponto
de pontaria sobre a máscara pode ser usado.
- Se o ponto de pontaria está sobre a linha peça-alvo, a arma deverá ser apontada
sobre o ponto de pontaria e em consequência disso, estará alinhada sobre o
alvo.
- Se o ponto de pontaria não está sobre a linha peça-alvo, a deriva é medida por
meio de um binóculo ou bússola.
b) Elevação
Método do ponto de pontaria: um ponto de pontaria visível da pontaria da arma é
escolhido, (no caso poderá ser o mesmo ponto de pontaria utilizado para a
direção) e a distância para o alvo é determinada tão precisamente quanto
possível. O CP, usando o binóculo, mede o ângulo vertical em milésimos do
ponto de pontaria para a base do alvo. Ele então aponta a arma sobre o ponto de
pontaria, com a alça para bater o alvo e comanda ao Atirador para registrar, na
arma, o número de milésimos correspondentes ao ângulo vertical medido.
c) Altura de segurança
- Depois da arma ter sido apontada, se a altura de segurança não for clara, será
necessário determinar, por meio de um dos métodos apresentados, se todo o
cone de dispersão ultrapassará a máscara.
- Método Visual - Quando a distância para a máscara é menor que 250 m, a
altura de segurança existirá quando o eixo da alma é elevado dois milésimos
acima da linha arma-máscara. A altura de segurança é obtida com maior
precisão removendo-se o bloco de fechamento e o ferrolho, baixando-se a boca
da arma de dois milésimos e visando-se através da alma.
5.15.3 - Regulação do tiro
Sob condições de combate, raramente a rajada inicial dada pela metralhadora
atingirá diretamente o alvo. Por esta razão, uma regulagem rápida de tiro sobre o

OSTENSIVO - 5-36 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

alvo se torna necessária. Se o observador estiver treinado na regulagem do tiro, a


precisão da rajada inicial é relativamente sem importância, desde que o impacto dos
projéteis desta rajada se dê numa posição que possa ser vista por ele.
A regulagem do tiro deverá ser arrojada, agressiva e o observador comandará
correções subsequentes e evitará lances na direção do alvo.
Quando a rajada inicial é imprecisa tanto em elevação, quanto em direção, o
comando seguinte do observador incluirá correções em alcance e direção.
A rapidez é vital. Isto é conseguido por meio de um treinamento esmerado de
avaliação de distâncias e afastamento lateral e sua transformação em milésimos.
Para assegurar-se de que os impactos dos projéteis da rajada inicial serão vistos
pelo observador, esta deverá ser longa (20 a 40 disparos). Exceto para grandes
distâncias ou quando por outras razões a observação a olho nu é difícil, o binóculo
ordinariamente não será usado para a observação da rajada inicial, por que no caso
de uma pontaria inicial imprecisa, a limitação resultante do campo de vista do
observador pode levá-lo a falhas na observação dos impactos dos projéteis.
5.16 - NOVOS ALVOS
Novos alvos podem ser engajados por meio de nova pontaria sobre o novo alvo ou
transformando-se o tiro do alvo anterior para o novo por meio do ângulo de transporte.
O ângulo de transporte é medido com o binóculo. O comando DIREITA
(ESQUERDA) e o número de milésimos são anunciados.
Quando o tiro é feito por uma SeçMtr sobre um alvo tipo largo, com as armas
apontadas sobre os respectivos flancos, o ângulo de transporte para cada arma deve ser
anunciado separadamente. Cada arma deve ser reapontada sobre o flanco no qual
estava anteriormente apontada, antes do ângulo de transporte haver sido determinado
(Fig 5.17).
EXEMPLO DE EMPREGO DO ÂNGULO DE TRANSPORTE (PROBLEMA)
Uma SeçMtr está executando tiro sobre um alvo cuja frente é de 8 m e distante 700 m.
Há, porém, necessidade de transportar o tiro para outros alvos com 5 m de frente e
com a mesma distância, a 20 m à direita (Fig 5.17).
De acordo com os dados acima, pergunta-se:
- Qual o ângulo de transporte, em milésimos, para cada peça; e
- Qual o comando dado para as peças baterem o novo alvo.

OSTENSIVO - 5-37 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

Fig 5.17 - Exemplo do cálculo do ângulo de transporte

1ª Peça 2ª Peça
F = 20 m + 5 m F = 8 m + 20 m
F = 25 m F = 28 m
D = 700 m D = 700 m
n=F n= F
D D
n = 25 n = 28
0,7 0,7
n = 36’’’ n = 40’’’
RESPOSTA:
a) 1ª Peça: 36’’’
2ª Peça: 40’’’
b) 1ª Peça: Direita 36’’’
SETE ZERO ZERO
2ª Peça: Direita 40’’’
SETE ZERO ZERO

NOTA: A não ser que haja ordem em contrário, a 1ª Peça de metralhadora


posiciona-se sempre à direita. Consequentemente, a 2ª Peça estará
posicionada sempre à esquerda.

OSTENSIVO - 5-38 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-3101.2

5.16.1 - Ângulo de transporte para a direita


O ângulo de transporte para a 1ª Peça é determinada medindo-se, em milésimos, o
ângulo entre as distâncias dos dois alvos e o flanco mais afastado do novo alvo.
O ângulo de transporte para a 2ª Peça é determinado medindo-se, em milésimos, o
ângulo entre todo o alvo anterior e o flanco mais próximo do novo alvo.
5.16.2 - Ângulo de transporte para a esquerda
O ângulo de transporte para a 1ª Peça no ângulo de transporte para esquerda é
medido da mesma maneira que o da 1ª Peça no ângulo de transporte para a direita.

OSTENSIVO - 5-39 - ORIGINAL

Você também pode gostar