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NEUROPLASTICIDADE E EMOÇÕES

André Mario Vieira1


Anne Elyse da Silva Emiliano2
Dilcione Carvalho Freire3
Eysies Ariani Ferreira4
Fernanda Amaro de Souza5
Railane Torres Alkimin6

RESUMO

Estudos de Neurociência demostram a capacidade do sistema nervoso central de


responder a diferentes estímulos que levam o cérebro a modificações e
readaptações, conhecidas como neuroplasticidade. Entre as diferentes modificações
e readaptações que o cérebro pode realizar, destaca-se neste artigo, a plasticidade
emocional, sendo esta a capacidade humana de adaptação a diferentes situações
por meio das emoções, permitindo ao indivíduo gerenciá-las e usá-las em seu
proveito. Considerando a importância das emoções como fatores que conduzem a
uma nova conformação neural, é importante defini-las e identifica-las. Neste trabalho
são enumeradas cinco emoções primárias: alegria, tristeza, medo, raiva e nojo. A
organização psíquica do ser humano, associada às emoções corresponde a um
conjunto de ferramentas que o indivíduo utiliza na solução de situações conflitivas, o
que demonstra que a neuroplasticidade pode colaborar moldando comportamentos,
gerando novas perspectivas e ressignificando as experiências vividas.

Palavras-chave: Neurociência, neuroplasticidade; cérebro; plasticidade emocional,


emoção.
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1. Introdução

O presente trabalho tem como objetivo elucidar sobre a capacidade admirável


que o sistema nervoso central tem de adaptar-se as mudanças e novas situações
através dos estímulos que por sua vez são inúmeros. Sem sombra de dúvida esta é
uma área da neurociência que desperta a curiosidade de muitos leitores. A
neuroplasticidade emocional ocorre quando o cérebro se adapta e muda em
resposta a experiências emocionais e estímulos ao longo da vida. Esta por sua vez
envolve a reorganização das conexões neurais e a plasticidade das estruturas
cerebrais relacionadas às emoções. A plasticidade emocional abarca as mudanças
na maneira como as emoções são expressas, percebidas e reguladas. Ela molda os
comportamentos, ressignifica experiências vividas que trouxeram prejuízos
emocionais e gera novas expectativas sobre a maneira de perceber e sentir aos
novos estímulos.
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2. Neuroplasticidade: A capacidade do cérebro de se readaptar

Inúmeros estudos no campo da Neurociência têm demonstrado a


capacidade do sistema nervoso central de responder aos diferentes estímulos que
levam o cérebro a modificações e readaptações durante toda a vida de um indivíduo.
Tais modificações são conhecidas como neuroplasticidade, e podem ocorrer nos
mais diferentes campos da vida. De acordo com CAIMAR e LOPES, As
características da neuroplasticidade mostram que o sistema nervoso pode ser muito
maleável, o que leva a crer na possibilidade do desenvolvimento do indivíduo
através de estímulos emocionais, estímulos de aprendizagem e estímulos externos.
A neuroplasticidade é sequencial e promove a remodelação do cérebro em pequeno,
médio e longo prazo, a fim de readaptar as funções neuronais.

2.1. Plasticidade Emocional

De acordo com SUTACHAN, plasticidade emocional refere-se à capacidade


humana de adaptação a diferentes situações por meio das emoções, permitindo ao
indivíduo gerenciá-las e usá-las em seu proveito. Considerando que os
pensamentos afetam os estados emocionais, é possível moldá-los de forma a
direcionar as emoções para objetivos específicos promovendo adaptação a
diferentes situações e transformando estados emocionais em agentes ativos no
cotidiano para o enfrentamento eficaz de desafios diários.

Nesse sentido, a plasticidade emocional pode ser treinada. SUTACHAN


lembra que alguns estudos comprovam que o treinamento em emoções como a
compaixão pode levar a criação de laços empáticos que ajudam a desenvolver
atitudes eficazes na resolução de problemas. Do mesmo modo, cita eventos
passados e imaginação sobre o futuro como recursos para desenvolver plasticidade
emocional. Para Andrews (2011, p. 93),

“Podemos esculpir os circuitos emocionais do cérebro de forma sistêmica


assim como esculpimos o corpo exercitando os músculos, elevando assim
nosso ponto basal de satisfação com a vida”.
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De acordo com MORAIS, a plasticidade cerebral está relacionada diretamente


às emoções, à cognição e ao comportamento humano, e qualquer processo
cognitivo acompanha mudanças no aprender, no corpo, e estão também
relacionadas a “processos psicofisiológicos de ordem emocional” (MORAIS,2020,
P.40). O cérebro reaprende o aprendido, que normalmente é esquecido, através de
conexões sinápticas. Esse processo está relacionado à maneira de nossas células
nervosas se conectarem umas às outras, orientadas por modelos úteis em
determinadas circunstâncias.

Não basta, porém, compreender a definição de plasticidade emocional. É


preciso ter em mente a definição de emoção para então entender como ela poderá
interferir e conduzir a uma nova conformação neural. De acordo com FÓZ, as
emoções são processos biologicamente determinados, que dependem de processos
inatos do sistema cerebral. Os componentes que produzem emoções ocupam um
conjunto restrito de regiões subcorticais, iniciados no nível do tronco cerebral, até as
porções superiores, configurando um conjunto complicado de respostas químicas e
neurais. FÓZ enumera cinco emoções, consideradas primárias: alegria, tristeza,
medo, raiva e nojo. Também classifica outras, chamadas emoções secundárias ou
emoções sociais, que seriam: vergonha, ciúmes, culpa, orgulho, bem-estar, calma e
tensão.

O importante é compreender que a vida afetiva – emoções e sentimentos –


compõe o homem e constitui um aspecto de fundamental importância na
vida psíquica. As emoções e os sentimentos são como alimentos de nosso
psiquismo e estão presentes em todas as manifestações de nossa vida.
Necessitamos deles porque dão cor e sabor a nossa vida, orientam-nos e
nos ajudam nas decisões (BOCK e colaboradores, 1999, p. 198).

A organização psíquica do ser humano, associada às emoções resultantes


das mais variadas experiências, são ferramentas que o indivíduo utiliza na solução
de situações conflitivas, o que demonstra que a neuroplasticidade pode colaborar
moldando comportamentos, gerando novas perspectivas e ressignificando as
experiências vividas.
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3. Considerações Finais

Dessa forma, a neuroplasticidade emocional emerge como um campo de


estudo essencial na neurociência contemporânea. Ela nos leva a compreender que
as emoções não são apenas reações passivas, mas sim ferramentas dinâmicas que
moldam nosso cérebro e comportamento ao longo da vida. Ao reconhecer a
existência das cinco emoções primárias: medo, nojo, alegria, tristeza e raiva.

A plasticidade emocional não apenas nos permite lidar com as situações que
encontramos, mas também nos capacita a encontrar novas maneiras de perceber o
mundo ao nosso redor. O cérebro humano está em constante evolução, adaptando-
se para melhor atender às demandas da vida.

Resumidamente podemos então dizer que a neuroplasticidade emocional é


um conceito que destaca a capacidade do cérebro de mudar a se adaptar em
reposta a experiências emocionais, promovendo a aprendizagem emocional e o
desenvolvimento de habilidades para lidar com as emoções. Tendo implicações
profundas na terapia e no bem-estar emocional ao longo da vida.
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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6022:


informação e documentação: artigo em publicação periódica técnica e/ou científica:
apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.

ANDREWS, Susan. A ciência de ser feliz. São Paulo: Ágora, 2011.

BOCK, A. M. B. e colaboradores. Psicologias: Uma introdução ao estudo da


psicologia. São Paulo: Saraiva, 1999.

CAIMAR, Bruna Araújo; LOPES, Gabriel Cesar Dias. NEUROPLASTICIDADE:UMA


ANÁLISE DA NEUROCIÊNCIA. In: Revista Científica Cognitionis. Disponível em:
https://revista.cognitioniss.org/index.php/cogn/article/view/34/32.
Acesso: 10 de set. de 2023.

FÓZ, Adriana. A emoção na escola, uma importante lição. In: Direcional Escolas –
A revista do gestor escolar. 31 de jan. 2014. Disponível em:
https://direcionalescolas.com.br/emocao-na-escola-uma-importante-licao/
Acesso 10 de set. de 2023

FÓZ, Adriana. Frustração – Como treinar suas competências emocionais para


enfrentar os desafios da vida pessoal e profissional. São Paulo, Benvirá, 2019.

MORAIS, Everton Adriano de. Neurociência das emoções, 1ª Edição, Curitiba:


Intersaberes, 2020

SUTACHAN, Helena. Plasticidade emocional: Usando as emoções a nosso


favor. In: A mente é maravilhosa. 22 de dezembro de 2022. Disponível em:
https://amenteemaravilhosa.com.br
Acesso: 10 de set. de 2023.

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