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A DOR E AS EMOÇÕES

(Por Maria Cristina A. Santos, CRP 12/11515, especialista em Terapias


Integrativas Complementares

A definição revisada pela Associação Internacional para o Estudo da


Dor (IASP) conceitua a dor como “uma experiência sensitiva e emocional
desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão
tecidual real ou potencial”
As emoções são reflexos naturais diante de acontecimentos, são
uma resposta física ou química comandada pelo cérebro humano.
Já os sentimentos são uma consequência das emoções e são
sentidos por cada pessoa de acordo com a sua experiência, personalidade,
cultura e criação. Alguns exemplos de sentimentos são o ódio, a compaixão, o
amor, a decepção e a inveja.
As emoções são divididas em três partes: as primárias, as
secundárias e as de fundo.

Emoções Primárias: são facilmente perceptíveis pelas pessoas, como o


medo e a alegria.
Emoções secundárias: são difíceis de perceber como, o nervosismo, a
culpa e a vergonha.
Emoções de fundo: não são perceptíveis, como a calma ou fadiga pois
estão mais relacionadas ao mundo interno do indivíduo do que ao
externo.
Situações vivenciadas no dia a dia, despertam as emoções que são
cinco e são universais, todos sentem um dia ou outro; como: o medo, tristeza,
alegria, raiva e o nojo.
Segundo estudos importante salientar que quaisquer emoção
exacerbada tira seu mecanismo do equilíbrio ocasionando doenças.
A neurociência vem desenvolvendo técnicas especializadas de
pesquisa em neurofisiologia e em neuroimagem, estudando as bases neurais
dos processos envolvidos nas emoções, a partir da caracterização e das
investigações sobre o sistema límbico (SL).
Assim, reconhece-se que as áreas cerebrais envolvidas no controle
motivacional, na cognição e na memória fazem conexões com diversos
circuitos nervosos, os quais, através de seus neurotransmissores, promovem
respostas fisiológicas que relacionam o organismo ao meio (sistema nervoso
somático) e também à inervação de estruturas viscerais (sistema nervoso
visceral ou da vida vegetativa), importantes à manutenção da constância do
meio interno (homeostasia).
O sistema nervoso autônomo, responsável pela coordenação do
funcionamento de todos os órgãos internos, é regulado pelo sistema límbico,
que por sua vez é afetado pelas experiências afetivas e emocionais do
indivíduo em seu contexto social.
Na experiência da emoção, o corpo passa por mudanças
significativas e é levado a um novo estado. O processo inicia-se com uma
avaliação cognitiva do acontecimento, que invoca imagens cerebrais verbais e
não verbais. Num nível não consciente, redes no córtex préfrontal reagem
automática e involuntariamente aos sinais resultantes do processamento de
tais imagens.
Essa resposta pré-frontal provém de representações dispositivas
que incorporam informações relativas à forma como determinados tipos de
situações têm sido habitualmente combinados com certas respostas
emocionais na experiência do indivíduo. Ainda de forma não consciente,
automática e involuntária, a resposta das disposições pré-frontais é assinalada
à amígdala e ao cíngulo anterior.
As disposições nessas últimas regiões respondem:
ativando os núcleos do sistema nervoso autônomo e
enviando os sinais ao corpo por meio dos nervos periféricos;
b) enviando sinais ao sistema motor, de modo que a
musculatura esquelética complete o quadro externo de uma
emoção por meio de expressões faciais e posturas corporais;
c) ativando os sistemas endócrino e peptídico, cujas ações
químicas resultam em mudanças no estado do corpo e do
cérebro;
d) ativando, com padrões especiais, os núcleos
neurotransmissores não específicos no tronco cerebral e
prosencéfalo basal, os quais liberam então as mensagens
químicas em diversas regiões do telencéfalo (ex: gânglios
basais e córtex cerebral) (DAMÁSIO, 1996).
Podemos aqui relacionar emoções suas vias e a Anatomofisiologia
do estresse e o processo de adoecimento, vários autores e pesquisas
relacionadas
O estresse, tem como função, atuar no organismo humano como
promotor da motivação e da busca por melhorias nas atividades cotidianas,
estimulando os indivíduos para a superação dos desafios. Esse é o eustress,
estresse fisiológico do organismo que funciona como elemento impulsionador
(SILVA, 2005).
Na atualidade estilo de vida tornaram-se extremamente frenético
quanto à exigência por resultados e produtividade, e, esta busca desencadeia
emoções negativas quanto à busca por poder, sucesso e dinheiro, levando ao
aumento exagerado do estresse, além de ocasionar inúmeras patologias físicas
e mentais. Esse é o distress, que é anormal e patológico (SILVA, 2005).

Segundo (OLIVEIRA, 2013), no estresse, a resposta neuronal da


amígdala estimula a resposta hormonal do hipotálamo induzindo a liberação do
fator liberador de corticotropina (CRH) que, por sua vez, estimula a hipófise ou
pituitária a liberar outro hormônio, o adrenocorticotrópico (ACTH), na corrente
sanguínea, que estimulará as glândulas adrenais (zona fasciculada) a liberar o
hormônio cortisol que atuará na resposta corporal ao estresse.
O corpo é então preparado para a reação de luta ou fuga através de
uma via dupla: uma resposta nervosa de curta duração e uma resposta
endócrina (hormonal), de maior duração (BEAR; CONNORS; PARADISO,
2017; OLIVEIRA, 2013).
Portanto as percepções de dor causadas pelo estresse físico ou
lesões nos tecidos são, inicialmente, transmitidas centralmente por meio do
tronco cerebral para a eminência mediana do hipotálamo, onde o CRH é
liberado para o sistema porta-hipofisário. Rapidamente, toda a sequência de
controle provoca a liberação de grande quantidade de cortisol no sangue. O
estresse psicológico pode ocasionar elevação igualmente rápida da secreção
de ACTH. Aceita-se que isso resulte do aumento no funcionamento do sistema
límbico, particularmente na região da amígdala e do hipocampo, que
transmitem, então, estímulos para o hipotálamo.
Percebe-se e comprova-se em toda literatura que dor e emoção
caminham juntas, pois há todo um percurso do organismo humano que em
desequilíbrio levam a doenças , dores, que em muitos casos não são
diagnosticáveis através de exames mecânicos e sim por avalição plena de toda
a história do indivíduo, levando-o a qualidade de vida e um novo despertar de
sua história.
Visando que todo este processo estressante, causado por correria
ou bloqueios emocionais, o individuo deve ser avaliado e tratado de forma
plena e amorosa, levando a aumentar sua energia vital, e liberando hormônios
do bem como: Serotonina, Endorfina, Oxitocina e a Dopamina.
A serotonina é um neurotransmissor que é gerado a partir do
triptofano, e age em todo o corpo influenciando em vários aspectos, desde as
nossas emoções até nossas habilidades motoras.
O tratamento a base de psicoterapia buscando o equilíbrio das
emoções, unida a técnicas das Terapias integrativas complementares como:
aromaterapia, Reiki, florais de bach, técnicas de relaxamento, mindfutness, e
auriculoteraapia com sementes, segundo a OMS (organização Mundial da
Saude) e o Sistema Único de Saúde (SUS) são considerados tratamentos
relevantes na inclusão social, na diminuição do uso de remédios, na melhoria
da qualidade de vida e na melhoria da autoestima dos indivíduos, (PNPIC,
2006).
As Técnicas integrativas são usadas desde a antiguidade, mais de
6.000 anos para o equilíbrio da saúde, por antigas civilizações chinesas,
mesopotâmicas e indianas. Essas terapias estão em ascensão tanto nos
países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento, assim, segundo
dados da OMS (2021) com este crescimento, tem-se gerado quesitos positivos
referente a segurança, eficácia, eficiência, e qualidade destas práticas.

REFERENCIAL BIBLIOGRAFICO

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Jornal Dor (Publicação da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor -


Ano XVIII - 2° Trimestre de 2020 - edição 74, 11-8.

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