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EMOÇÃO - FENÔMENOS E PROCESSOS PSICOLÓGICOS C

O Cérebro Emocional e Motivado


Algumas estruturas cerebrais específicas como o hipotálamo e a amígdala, por exemplo, geram reações
motivacionais e emocionais na pessoa. Ou seja, a estimulação de um ponto específico do cérebro gera a experiência
de um estado motivacional específico. Se ocorrer algo que danifique a estrutura cerebral (um acidente ou uma
cirurgia), a capacidade da pessoa de experimentar um estado motivacional ou emocional pode ser comprometida.

Em outros casos, não será a estimulação de uma estrutura específica que irá gerar a experiência
motivacional, e sim a estimulação de um circuito neural, que se caracteriza por um grande número de estruturas
cerebrais interconectadas, que geram o estado motivacional. Por exemplo, muitas estruturas do sistema límbico
estão interconectadas.

Os agentes bioquímicos como neurotransmissores e hormônios ativam regiões e estruturas cerebrais. As


estruturas cerebrais possuem receptores localizados que as dotam de potencial para serem estimuladas, de forma
que os agentes bioquímicos consigam realizar a estimulação. Os neurotransmissores são mensageiros de
comunicação do sistema nervoso, habilitando um neurônio a se comunicar com outro, e os hormônios são
mensageiros de comunicação do sistema endócrino, habilitando as glândulas a se comunicarem com os órgãos do
corpo.

Os eventos cotidianos fazem os agentes bioquímicos entrarem em ação, de forma que enfatizam a
importância da relação entre o contexto social e a motivação da pessoa; ou seja, são nesses acontecimentos do dia-
a-dia que o cérebro emocional e motivado é estimulado para entrar em ação.

Ex: 1.Ambiente - 2.Agente Bioquímico - 3.Estrutura Cerebral Ativada - 4.Estado Emocional Excitado
1. evento prazeroso inesperado; 2. dopamina; 3. estruturas límbicas, FPM; 4. sensação de bem-estar

Áreas e estruturas cerebrais que recebem maior ênfase no capítulo: córtex cerebral pré-frontal, córtex
cerebral dos lobos frontais, área septal, feixe prosencefálico medial, hipotálamo, amígdala, hipocampo, formação
reticular.

• A aproximação versus a evitação geradas no cérebro


Aproximação:
Estrutura Cerebral Experiência Motivacional ou Emocional Associada
Hipotálamo controla o ambiente corporal interno, sensações prazerosas “primárias” (comer, beber, sexo),
regulador do sistema nervoso autônomo e do sistema endócrino - controla a hipófise (“grande
mestra”).
Feixe Prosencefálico Medial centro de prazer e de sensações positivas, papel no reforço. *O FPM é uma coleção de fibras
que une o hipotálamo as demais estruturas límbicas. *
Área Septal centro de prazer associado à sexualidade e à sociabilidade.
Córtex Cerebral – L. Frontal elaboração de planos, estabelecimento de objetivos e intenções.
Córtex Cerebral – Pré- tendências motivacionais e emocionais de aproximação
Frontal Esquerdo

Excitação:
Estrutura Cerebral Experiência Motivacional ou Emocional Associada
Formação Reticular excitação e despertar das preocupações motivacionais e emocionais.
Evitação:
Estrutura Cerebral Experiência Motivacional ou Emocional Associada
Amígdala processa informação emocional (raiva, medo, ansiedade), influencia a formação de
comportamentos de defesa, percepção de expressões faciais, aprendizagem de novas
associações emocionais, envia informações para várias regiões cerebrais e recebe poucas.
Lesões: neutralidade afetiva, falta de responsividade emocional, isolamento social,
aproximação a situações ameaçadoras, dificuldade de aprender se um estímulo levará a
reforço ou punição.
Córtex Cerebral – Pré-Frontal tendências motivacionais e emocionais de afastamento.
Direito
Hipocampo sistema de inibição comportamental durante eventos inesperados.

Neurotransmissores – Vias Importantes


Via Ação
Dopamina produz sensações agradáveis relacionadas à recompensa, possui papel na aprendizagem da significância
emocional de um evento, gera sensações positivas pela detecção de eventos significantes - estimula o
comportamento de aproximação orientada para uma meta, ativação artificial da região (drogas, estimulação
elétrica) gera aumento da motivação - necessidade de repetir o evento que causou a infusão de dopamina,
comunicação com o sistema motor do corpo (“nucleus accumbes”).
Serotonina vinculada ao humor e emoções.
Noraepinefrina associada a excitação e ao estado de alerta.
Endorfina inibe a dor, a ansiedade e o medo produzindo sensações agradáveis que podem contrabalancear as
“sensações negativas”

• Circuito Septo-Hipocampal
Área Septal + Hipocampo + Giro Cingulado + Fórnix + Hipotálamo + Corpos Mamilares ---- possuem
interconexão com o córtex cerebral.
A sua função se consiste em prever a emoção associada a eventos futuros, ou seja, antecipação de
prazer e/ou ansiedade. O hipocampo é responsável por comparar as informações sensoriais recebidas aos
eventos esperados (registro memória).

Se uma pessoa, enquanto dá conta de suas atividades diárias, encontra eventos e circunstâncias
equivalentes àqueles que são esperados pela memória, então o hipocampo funciona de um modo “ok”; se os
eventos não ocorrem de acordo com o que esperamos, o hipocampo passa a funcionar em um modo “não-ok”,
de maneira que passa a ativar o sistema septo-hipocampal, gerando um aumento da ansiedade (aumento da
atenção e da excitação), de forma que esse estado motivacional ansioso passa a controlar o comportamento.

Drogas ansiolíticas (álcool, barbitúricos) devem seus efeitos calmantes ao fato de que desligam o modo
de checagem “não-ok” do sistema septo-hipocampal; são as endorfinas (substâncias ansiolíticas naturais do
cérebro) que desligam essa checagem.

Decepção, fracasso, punição e novidade são experiências que estimulam o hipocampo, aumentando a
ansiedade, fazendo com que o circuito funcione de modo “não-ok”, e o enfrentamento ativo de estressores
ambientais desliga o modo “não-ok” a partir das endorfinas liberadas ao ser bem-sucedido.

Essa ação complexa, pela qual a ansiedade e a expectativa de punição são contrabalançadas com o
prazer e a expectativa de recompensa, requer o funcionamento integrado de um circuito límbico, uma vez que
algumas estruturas do circuito regulam a ansiedade (hipocampo), enquanto outras estruturas desse mesmo
circuito regulam o prazer e os afetos positivos associados ao sexo e à sociabilidade (área septal).
Emoção
Natureza da Emoção
As emoções são multidimensionais, existem como fenômenos subjetivos, biológicos, sociais e com um
propósito.

“Fenômenos expressivos e propositivos, de curta duração, que envolvem estados de sentimento e


ativação, e nos auxiliam na adaptação às oportunidades e aos desafios que enfrentamos durante eventos
importantes da vida” - Reeve, 2006

• Os Quatro Componentes
Sentimentos - experiência subjetiva, consciência fenomenológica, cognição.
Excitação Corporal - ativação fisiológica, preparação do corpo para a ação, respostas motoras.
Social-Expressivo - comunicação social, expressão facial, expressão vocal.
Sentido do Propósito - estado motivacional direcionado para uma meta, aspecto funcional.
As funções se consistem em preparar para ação, de forma a oferecerem uma ligação entre eventos
ambientais e respostas humanas, influenciar ações futuras, promovendo a consciência que ajuda a dar respostas
apropriadas, e ajudar na interação afetiva com os outros.

Existem dois modos de se entender a motivação e a emoção: a emoção seria um tipo de motivo
(energizando e mobilizando o comportamento, “sistema motivacional primário”), e o sistema de leitura – readout
– que fornece a leitura do status da motivação do indivíduo (emoções + : envolvimento e satisfação motivacional;
emoções – : abandono e frustração de nossos motivos).

• O que causa uma Emoção?


Quando nos deparamos com um evento significativo, surge a emoção. A mente (processos cognitivos)
e o corpo (processos biológicos) das pessoas reagem de forma adaptativa a acontecimentos significativos da
vida; ou seja, o encontro com um evento significativo da vida ativa processos biológicos e cognitivos que ativam
em conjunto os componentes fundamentais da emoção, inclusive os sentimentos, a excitação corporal, o
propósito direcionado a uma meta e a expressão.

• Biologia versus Cognição


Uma visão mais influenciada por aspectos biológicos se afirma como focada nos aspectos fisiológicos
da emoção, e a visão mais cognitiva apresenta que a emoção surge após uma avaliação cognitiva do evento
gerador da emoção.
Na perspectiva biológica, os autores reconhecem as contribuições cognitivas, sociais e culturais, porém,
a biologia está no núcleo causal da emoção. Se caracteriza por ter um início de forma rápida, uma curta duração,
podendo ocorrer de forma automática e involuntária. Algumas descobertas importantes acerca do assunto
englobam que alguns estados emocionais são difíceis de verbalizar (origem não cognitiva), a experiência
emocional pode ser provocada por estímulos elétricos no cérebro ou na musculatura facial, e que bebês e
animais não-humanos apresentam estados emocionais.

Na perspectiva cognitivista, a atividade cognitiva é um pré-requisito para uma emoção, na qual os


estímulos avaliados como não relevantes não geram reações emocionais. O processo emocional nessa
perspectiva se inicia com a avaliação cognitiva (significação), não com o evento e nem com a reação biológica.

Com isso, pode-se ser apresentada a perspectiva integrada, na qual é proposta a visão dos dois
sistemas com ressalvas, pois ambos influem um no outro. Algumas emoções surgem primeiramente do sistema
biológico enquanto outras surgem do sistema cognitivista, A emoção é um processo que envolve um sistema
complexo de retroalimentação.

− Circuito de Retroalimentação da Emoção: pressupõe uma cadeia de eventos retroalimentados.


Evento de Estímulo ---> Ativação, Preparação para Ação, Sentimentos, ---> Emoção

Significativo Expressões, Ativ. Comportamental Manifesta, Cognição

O sistema de retroalimentação começa com um evento de vida significativo e conclui com a emoção e,
situada entre evento e emoção existe uma cadeia interativa de eventos. Para agir na emoção, pode-se interferir
em qualquer ponto do circuito.

• Quantas emoções existem?


Qualquer resposta a essa pergunta depende da preferência de orientação dada. Na orientação biológica,
as emoções primárias (básicas, “inatas”) são priorizadas, de forma a minimizar a importância das emoções
secundárias. Na perspectiva cognitiva, há o reconhecimento da importância das emoções básicas, porém afirmam
que muitas das coisas interessantes sobre as experiências emocionais surgem das experiências individuais,
sociais e culturais, ou seja, a parte interessante se encontra nas emoções complexas, consideradas como emoções
secundárias (“adquiridas”).

*Pagina 196, capitulo 11 – tradições de pesquisa na orientação biológica para o estudo de emoções,
fig 11.6 (8 tradições de pesquisa no estudo biológico da emoção*

1as —> persp bio —> entre 2 e 10 —> caract básicas —> divergências (o que constitui o núcleo bio?)

2as —> persp cogn —> =reação bio (+ emoções) —> interp evento —> resultam de av cognitiva

• Perspectiva “Meio Termo”: as emoções básicas podem resultar em famílias emocionais, que são definidas
como um “partilhamento” de características de classes como fisiologia, estado subjetivo do sentimento,
características da expressão facial, etc.

Emoções Básicas
As características gerais das emoções básicas abrangem reações globais ligadas a padrões de respostas
distintos e previsíveis, de forma que devem aparecer na evolução das espécies (inatas), sendo universais, não
podendo serem divididas em outras reações globais, mas sim combinadas com outras e, por fim, devem
constituir uma experiência subjetiva distinta qualitativamente das outras. De forma geral, são expressas de forma
distinta e própria, e provocam um padrão de respostas fisiológicas altamente previsível.
- Medo: apresenta a situação de estímulo na qual existe ameaças físicas ou psicológicas, vulnerabilidade
percebida; dessa forma, a sua ação emocional acaba se dando por fugir, correr e estratégias de coping (o que
já funcionou uma vez ou que pode funcionar); sua função motiva a defesa e proteção.

- Raiva: situação de estímulo se consiste em obstáculos, restrições, traição de confiança, ideia de que a
situação não é a que deveria; a ação emocional é mais passional e perigosa, como discutir, gritar, bater, morder,
bater, etc. A função se afirma como dar a necessidade de dar força e persistência, destruição.

- Tristeza: apresenta a situação de estímulo na qual existe perda de pessoa ou de objeto valorizado,
vivências de separação e/ou de fracasso; dessa forma, a sua ação emocional acaba se dando por chorar, energiza
o comportamento de assumir ações para suavizar as circunstâncias que geram a emoção; sua função engloba
reunião/coesão e afastamento.

- Repugnância: situação de estímulo de livrar-se de um objeto horrendo, contaminado ou estragado, de


forma que existe uma forte influência da cultura e do desenvolvimento; a ação emocional engloba o ato de
vomitar, repelir e, devido à sua natureza pode ajudar na aprendizagem de comportamentos de manejo (como
evitar o objeto repugnante). Possui função de rejeição.

- Alegria: apresenta a situação de estímulo na qual envolve resultados desejáveis, realizações pessoais,
sensações agradáveis, companheiro potencial, etc.; a ação emocional engloba aproximação, facilitação da
interação social, possibilita a manutenção de relacionamentos; funçãozinha união e de reprodução.

- Interesse / Curiosidade: as situações de estímulo se consistem em novidades, incertezas, curiosidades,


desafios, vontade de aprender, de forma que possuem uma intensa importância no dia a dia; a ação emocional
direciona as ações de forma a energizar comportamentos. Função de motivar, aproximar e realizar.

• Quais as utilidades das emoções?


Dentro das funções de enfrentamento das emoções, é apresentada a teoria de que todas as emoções
são benéficas pois dirigem a atenção e canalizam o comportamento para onde é necessário, de forma que são
consideradas como organizadoras positivas, funcionais, propositivas e adaptativas do comportamento, de acordo
com a necessidade da circunstância a ser enfrentada.

Apresenta-se também, por pesquisadores de orientação biológica, o coping, que possui maior
flexibilidade nos modos de manejo. As emoções preparam para a ação, possibilitando uma resposta automática,
rápida e historicamente bem-sucedida às tarefas fundamentais da vida; dessa forma, as emoções podem ampliar
nossas capacidades adaptativas. Com isso, afirmam que as emoções servem para pelo menos 8 propósitos, sendo
eles: proteção, destruição, reprodução, reunião, afiliação, rejeição, exploração e orientação.

Por exemplo, enquanto o medo basicamente motiva o comportamento protetor, também nos prepara
para ações adicionais e mais flexíveis, inclusive evitando que o evento perigoso ocorra em primeiro lugar ou
suprimindo a atividade até passar a ameaça.
Emoção Situação de Estímulo Comportamento Emocional Função da Emoção
Medo Ameaça correr, fugir proteção
Raiva Obstáculo morder, bater destruição
Alegria companheiro potencial cortejar, acasalar reprodução
Tristeza perda de pessoa valorizada chorar por ajuda reunião
Aceitação membro de grupo limpar um ao outro, compartilhar afiliação
Repugnância objeto horrendo vomitar, repelir rejeição
Antecipação novo território examinar, mapear exploração
Surpresa objeto novo súbito parar, alertar orientação
Além de as emoções servirem às funções de enfrentamento (coping), elas possuem funções sociais como
possibilitar a comunicação de nossos sentimentos, afetar a forma como os outros nos tratam, causar e promover
a interação social e gerar, conservar e anular relacionamentos.

As expressões emocionais são poderosas mensagens não-verbais que comunicam aos outros os nossos
sentimentos. As demonstrações emocionais influem no modo como as pessoas interagem, assim como a
expressão emocional de uma pessoa pode promover reações comportamentais seletivas de outras pessoas;
dessa forma, a expressão emocional comunica aos outros, de maneira não-verbal, o provável comportamento
futuro da pessoa.

No contexto de interação social, as emoções servem a múltiplas funções, inclusive informativas (“é assim
que eu me sinto”), de advertência (“é isso o que vou fazer”) e diretivas (“é isso que eu quero que você faça”).
Desse modo, as expressões emocionais comunicam incentivos sociais, repressões sociais e mensagens tácitas
que facilitam e coordenam a interação social. Com isso, muitas expressões emocionais são motivadas
socialmente, e não biologicamente.

Num todo, as emoções existem como soluções para os desafios, estresses e problemas da vida humana,
de forma que coordenam e orquestram sentimentos, ativação, propósito expressão; as emoções estabelecem
nossa posição diante do nosso ambiente e nos equipam com respostas específicas e eficientes, direcionadas
sob medida para problemas de sobrevivência física e social.

• Qual a diferença entre emoção e humor?

Os principais critérios de distinção apresentados são: diferença nos antecedentes, diferença na


especificidade de ação, diferença no decurso de tempo.
- Antecedentes: as emoções e os estados de humor possuem causas diferentes, de forma que as
emoções surgem de situações de vida significativas e de avaliações do seu significado para o nosso bem-estar,
enquanto os estados de humor emergem de processos maldefinidos e frequentemente desconhecidos.
- Especificidade de ação: as emoções geralmente influem no comportamento e dirigem cursos
específicos de ação, tendo como objetivo captar a atenção e dirigir ações específicas (coping, enfrentamento); os
estados de humor influem principalmente na cognição e dirigem o pensamento da pessoa.
- Decurso de tempo: as emoções emanam de eventos breves que duram segundos, ou talvez minutos,
enquanto os estados de humor emanam de eventos mentais que duram horas, ou talvez dias – estados de humor
são mais duráveis do que as emoções.

O estado de humor é uma forma de sentimento que quase sempre existe como efeito posterior de um
episódio emocional experienciado anteriormente. O humor é considerado como um estado emocional duradouro.

O humor envolve estados emocionais difusos e duradouros que influenciam, em vez de interromper, o
pensamento e o comportamento; envolve também dois modos independentes de sentir: afeto positivo (“bom
humor”) e afeto negativo (“mau humor”). É possível em alguns contextos sentir afetos positivos e negativos
simultaneamente – como em entrevistas de emprego, por exemplo – havendo a presença de entusiasmo e
nervosismo.

O afeto positivo apresenta um envolvimento agradável, possuindo a presença de energia e otimismo,


sendo considerado como um sistema motivacional dirigido por recompensas. É caracterizado por abranger um
estado de bem-estar, sem picos emocionais, influencia o PI, a flexibilidade cognitiva, decisões, criatividade,
julgamentos, memórias, afeta a socialização, expressão de afeição, generosidade, assumir riscos e, por fim,
apresenta um substrato neural (vias dopaminérgicas)
O afeto negativo apresenta um envolvimento desagradável, possuindo a presença de letargia, apatia e
tédio, sendo considerado como um sistema motivacional dirigido por punições (aversivos). É caracterizado por
pessoas que costumam se sentir insatisfeitas, nervosas, irritáveis, favorecendo comportamentos de fuga e de
afastamento, apresentando um substrato neural que envolve as vias serotonérgicas e noradrenérgicas.

• Aspectos da Emoção
Biológicos Cognitivas, Culturais e Sociais
sistema nervoso autônomo (coração, pulmão, músculos). avaliações
sistema endócrino (hormônios, órgãos e glândulas). conhecimentos
circuitos neurais do cérebro (sistema límbico). atribuições
taxa de disparo neural (afeta rapidez do PI). história de socialização
feedback facial (padrões da musculatura facial). identidades culturais

• Teorias de James-Lange: propôs uma forma diferenciada de entender as reações emocionais – que na opinião
deles surgiriam após uma ativação corporal. Em uma contradição a visão até então aceita, na qual a reação
corporal seria consequência de uma vivência emocional.

Estímulo/ Reação Corporal Emoção


Evento (evento interno) (exp. emocional)

❖ Crença mais comum: Estímulo Emoção Reação Corporal

A ativação de um padrão específico de resposta corporal produz a identificação de uma vivência


emocional. As experiências emocionais seriam formas de atribuir sentido aos padrões diferentes de reações
corporais.

- Críticas: as reações corporais que Lange apontava não variam tanto de uma emoção para outra; a
experiência emocional é mais rápida do que as reações fisiológicas.

• Estudos Contemporâneos sobre a ideia de James-Lange: nem todas as emoções tem padrões distintos de
ativação; relação com a sobrevivência – para padrão específico de atividade do SNA.
Emoção Frequência Cardíaca Temperatura Corporal
raiva aumenta aumenta
medo aumenta diminui
tristeza aumenta estável
alegria estável aumenta

• Teoria de Cannon-Bard: Walter Cannon e Philip Bard; foco nas lesões cerebrais. Sua ideia consiste em um
evento significativo que gera um impulso nervoso que atinge o tálamo, que seguiria simultaneamente para
o córtex cerebral (vivência subjetiva da emoção) e para o hipotálamo (alterações neurovegetativas periféricas
– sintomas).
Evento Tálamo Córtex Cerebral: vivência emocional de medo,
raiva, alegria, etc.

Hipotálamo: ativação fisiológica – batimento


cardíaco, sudorese, etc.
• Teoria Diferencial das Emoções – Izard: ênfase em emoções básicas que tem propósitos motivacionais
exclusivos ou distintos.
- Postulados desta teoria:
1. existiriam 10 emoções básicas – sistema principal de motivação.
2. cada emoção teria uma qualidade única e subjetiva e, também um padrão exclusivo de expressão facial.
3. atividade neural única.
4. motivação e propósitos exclusivos – papel na adaptação ao meio.

As emoções possibilitam ao indivíduo uma heurística organizada para lidar de forma eficiente com
atividades e conflitos importantes e recorrentes na vida humana.

• Paul Ekman
1. existem famílias de emoções.
2. emoção difere de atitude (discutir – ódio)
3. emoção difere de humor (discutir – irritação)
4. emoção difere de traços de personalidade (discutir – hostilidade)
5. alguns termos usados como emoções são transtornos (discutir – depressão)
6. emoções combinadas ou complexas (discutir – amor, saudade, ciúme, etc.)

- Regras de manifestação ou regras de exibição (Ekman): regras de uma cultura que determinam – ou pelo
menos influenciam – como e quando as emoções são exibidas.

• Hipótese do Feedback Facial: aponta que as expressões faciais refletem uma experiência emocional e
também, ajudam a determinar como os indivíduos sentem e nomeiam as emoções.

- Versão “mais forte”: a manipulação da musculatura corresponderia a uma expressão de emoção.


- Versão “mais fraca”: o feedback modificaria a intensidade da emoção, mas não seria a causa da emoção.

1. evento interno ou externo.


2. disparo neural: ativação de estruturas neurais (sistema límbico, hipotálamo, gânglios basais).
3. córtex motor gera impulsos que são enviados à fase.
4. ativação do nervo facial e nervo craniano.
5. mudanças faciais (temperatura, glândulas e musculatura).
6. cérebro interpreta a estimulação proprioceptiva facial retroalimentada.
7. padrão de feedback facial é integrado corticalmente, ocorre a atribuição de sentido, temos o surgimento
de um sentimento subjetivo.
8. lobo frontal tem a percepção do estado emocional em um nível consciente.

Músculo Facial Raiva Medo Repugnância/Nojo


Frontal – Testa – contrai testa (rugas) –
Corrugador – Sobrancelhas repuxa p/ dentro e p/ eleva canto interno dos

baixo olhos
Orbicular da Pálpebra – Olhos pálpebras inferiores p/ eleva pálpebras
cima – tensão superiores, tensão nas –
inferiores
Nasal – Nariz – – franzido
Zigomático – Maçãs do Rosto – – elevadas
Orbicular da Boca – Lábios lábios comprimidos – lábios superiores elevados
Quadratus Labii – Mandíbula – repuxa lábios para trás –
Depressor – Boca – – –
Músculo Facial Tristeza Alegria Surpresa
Frontal – Testa – – –
Corrugador – Sobrancelhas eleva e aproxima o canto
– –
interno das pálpebras
Orbicular da Pálpebra – Olhos eleva os cantos relaxa (rugas abaixo dos pálpebras elevadas
superiores das pálpebras olhos – pés de galinha)
Nasal – Nariz – – –
Zigomático – Maçãs do Rosto repuxa os cantos para
– –
trás e acima; eleva maçãs.
Orbicular da Boca – Lábios movimento para as
– aberto
laterais.
Quadratus Labii – Mandíbula – – aberto
Depressor – Boca repuxa o canto da boca – –

• Aspectos Cognitivos da Emoção


As emoções ocorrem devido a uma avaliação prévia; a avaliação e não o evento em si é a causa da
emoção; estudam emoções como gratidão, orgulho, decepção, etc.; consideram que as emoções também
surgiriam do processamento de informação, da interação social e do contexto cultural.

- Para Arnold:
Evento Avaliação Ativação das Emoção Ação
estruturas límbicas (gostar ou (aproximação
(bom x mal) (amígdala), depois não, etc.) x
ativação cortical. afastamento)
Expressão facial

• Visão Cognitiva de Lazarus: ampliou a visão de Arnold de bom e mau para uma conceituação mais complexa
do processo de avaliação; enfatizou a importância de uma avaliação do bem-estar pessoal (existe algo em
jogo) e das capacidades de enfrentamento.

Tipo Emoção Qualidade


Benefício felicidade progredir para uma meta
orgulho receber crédito, melhorar condição angústia
esperança acreditar em algo
amor desejar ou estar em relação afetuoso
compaixão comover-se com sofrimento alheio
gratidão apreciar uma dádiva altruísta
Dano raiva ser diminuído por ofensa pessoal
culpa transgredir algo com significado moral
vergonha deixar de cumprir um ideal de ego
tristeza sofrer perda irreversível
repugnância tomar um objeto ou ideia intragável
Ameaça ansiedade enfrentar ameaça incerta e não específica
pavor enfrentar perigo
inveja querer o que outra pessoa tem
ciúme ficar ressentido rival/perda de privilégio
- Avaliação Complexa de Lazarus
Avaliação Primária Avaliação Secundária
envolve uma estimativa sobre ter ou não algo “em envolve alguma reflexão e avaliação sobre possibilidades
jogo” frente ao evento (saúde, autoestima, meta, de ação (coping) para lidar com a situação (benefício,
situação financeira, respeito, bem-estar de alguém). dano ou ameaça).

- Outras avaliações possíveis: expectativa (eu esperava o evento?), legitimidade (há justiça/merecimento?),
compatibilidade com os padrões da pessoa, da sociedade (é moralmente aceito?).

exemplo: Raiva; para a relevância pessoal, há uma meta valorizada em jogo; para a desagradabilidade,
perde-se a meta; para a irresponsabilidade, alguém impediu o alcance da meta; para a iligitimidade, o
não merecimento da perda.

• Dificuldades para Explicar as Reações Emocionais


Existem outros processos que contribuem para uma emoção; uma emoção específica ativa um padrão
próprio de avaliação associada, mas alguns padrões de avaliação – para muitas emoções – se sobrepõem criando
confusão; existem diferenças desenvolvimentais entre as pessoas, de forma que as crianças possuem emoções
básicas e os adultos apresentam uma variedade de emoções muito mais rica; por último, o conhecimento das
emoções e a atribuição também afetam a emoção, além da avaliação.

• Aspectos Culturais e Sociais das Emoções


Algumas emoções surgem das interações sociais e do contexto cultural, de maneira que o repertório
emocional do indivíduo é influenciado por uma cultura, de forma que as pessoas criam suposições acerca de
quais emoções podem vivenciar em diferentes ambientes, de maneira a influenciar a vivência emocional da
pessoa.

Cada pessoa é uma fonte de experiências emocionais, atribuindo um maior enfoque para a interação
emocional, que consiste na captação da emoção por meio de um contágio social (contexto e cultura), que engloba
partilhar e reviver emoções por meio de conversas com os outros, levando em conta o fato de que a partir da
forma como a uma reage sobre outra, conta-nos um pouco sobre ela mesma. Com a soma de todos esses fatores
pode-se enfatizar também que – a partir disso tudo – buscamos comunicar nossos sentimentos e influenciar a
maneira como as pessoas nos tratam, de forma a criar, manter e também acabar com relacionamentos.

Deve-se então, em meio a este tema, apresentar a questão da alexitimia, um transtorno que causa uma
ausência de experiência subjetiva da emoção – possivelmente as mensagens fisiológicas ligadas às emoções não
atingem os centros cerebrais de interpretação. Dessa forma, a pessoa fica “sem palavras para as emoções”.

-Características Relevantes: dificuldade em identificar e descrever emoções e afetos; pobreza imaginativa


e dificuldade em fantasiar; pensamento concreto voltado para o exterior; estilo de vida voltado para a ação.

-Dificuldades: estabelecer empatia; relacionamento interpessoal (déficit na compreensão e


experimentação das emoções dos outros); manter relacionamentos próximos, considerar as outras pessoas como
fonte de conforto ou apoio.

Podem ser mais suscetíveis ao estresse, mais vulneráveis a doenças somáticas e mais agressivos, de
forma que a dificuldade em identificar e elaborar as emoções podem resultar em sensações não controláveis que
aumentam a possibilidade de comportamentos aditivos. Pode ser entendida como um sintoma e não uma doença
ou transtorno, podendo ser resultante de traumas afetivos, violência na infância, abusos, alienação parental, etc.

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