Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Que bom que você abriu este e-book. Sinal que o tema NEUROECONOMIA chamou a sua atenção!
Confesso que da primeira vez que ouvi este termo, e isso não faz muito tempo, ele me dispertou
estranheza e curiosidade ao mesmo tempo. Isso me estimulou a conhecer do que se tratava e, logo
na sequência, a aprofundar os meus estudos na área.
Não são muitas as publicações sérias (sim, existem várias que não são sérias e apenas se
aproveitam de uma palavra que chama a atenção) sobre NEUROECONOMIA. Por isso resolvi
compilar os conceitos básicos bem como alguns exemplos de aplicação neste e-book.
Espero que você aprecie este conteúdo e que seja uma boa introdução neste maravilhoso mundo da
neurociência aplicada aos negócios. Que sua leitura seja repleta de GRANDES MOMENTOS!
FUNDAMENTOS DE
NEUROCIÊNCIAS
Neurociência
De uma forma bem objetiva, a neurociência é a ciência que estuda o cérebro e tem a tarefa de
fornecer explicações do comportamento em termos da atividade cerebral, de explicar como
milhões de células neurais individuais atuam para produzir o comportamento. Ou seja, para
entender as decisões humanas é necessário entender o cérebro e a neurociência é a responsável por
isso.
O cérebro humano tem cerca de 100 bilhões de neurônios (mais ou menos a quantidade de estrelas
na Via Láctea), cada um com cerca de 10 mil entradas sináptica de outros neurônios, produzindo
cerca de um quadrilhão de sinapses. Tudo isso em apenas 1,36 kg, que representa 5% do peso
corporal, mas que consome cerca de 20% da energia produzida pelo metabolismo do corpo.
imagem ou multimídia :D
Outra teoria psicológica bastante difundida é a que relaciona as funções cerebrais e as características
comportamentais com os hemisférios cerebrais. Apesar de difundida e replicada intensamente, esta
teoria vem sendo desbancada por estudos mais aprofundados. A base da teoria é que algumas
funções do cérebro se encontram localizada em uma determinada região.
Por exemplo, é sabido que a área de Broca, localizada no hemisfério esquerdo é onde se processa
grande parte da linguagem. As regiões envolvidas na realização de cálculos, no reconhecimento da
linguagem (área de Wernicke), a lógica, a memória verbal, a organização e o planejamento também
estão concentradas no lado esquerdo. Por outro lado, o hemisfério direito está mais relacionado com
as faculdades não verbais, a integração dos sentimentos, percepções e habilidades artísticas e
musicais.
O hemisfério esquerdo controla principalmente o lado direito do corpo, sendo especializado para a
linguagem, o raciocínio baseado em regras e as habilidades analíticas. Já o hemisfério direito lida
com o lado esquerdo do corpo e é melhor em reconhecimento de padrões visuais e tipos de
percepção mais holística.
Entretanto, também existem contestações com relação a estabelecer de forma simplificada que uma
ou outra região seja mais desenvolvida em uma determinada pessoa ou que homens e mulheres têm
características diferentes por usarem mais um ou outro hemisfério. A verdade é que cada vez mais
surgem evidências a favor da tese que os hemisférios estão interconectados para a maioria das
funções que realizam e não trabalham de maneira individual.
Os principais neurotransmissores com interface nos processos decisórios, tratados pela NEUROECONOMIA, são:
– Dopamina: Sintetizada no tronco do cérebro, especialmente pela substância negra e na área tegmental ventral, sua função
é excitatória, estando envolvida na motivação, euforia, foco, funções motoras e compulsão. Está ligada a comportamentos
de dependência de jogo, sexo, álcool e também o consumo
– Serotonina: A serotonina é produzida em grande parte pelo sistema digestivo, daí autores relacionarem o intestino como o
segundo cérebro. Tem forte efeito sobre o humor, memória e aprendizado, melhora o ritmo cardíaco e facilita a tomada de
decisões.
– Acetilcolina: Regula a atividade de áreas cerebrais relacionadas com a atenção, aprendizagem e memória, com o despertar,
recompensa e controle motor. É liberada pelo sistema autônomo parassimpático.
– Noradrenalina: Induz a excitação física e mental e o bom humor. A produção ocorre no tronco encefálico. É mediadora dos
batimentos cardíacos, pressão sanguínea e também é responsável pela conversão da glicose em energia. Reduz o estresse,
mantém o corpo alerta e facilita os processos cognitivos de aprendizagem, criatividade e memória.
– Endorfina: Modula a dor e o estresse. Melhora o sistema imunológico, a memória e reduz os efeitos do envelhecimento.
- Adrenalina: Produzido pelas glândulas suprarrenais, em momentos de stress prepara o organismo para grandes esforços físicos,
estimula o coração, eleva a tensão arterial, relaxa certos músculos e contrai outros. Age sobre o sistema de alerta, controlando o
despertar e alerta, regulação da pressão sanguínea e controle do humor.
- Cortisol: É produzido pela parte superior da glândula suprarrenal e está relacionado com o estresse. Ativa respostas do corpo ante
situações de emergência para ajudar a resposta física aos problemas, aumentando a pressão arterial e o açúcar no sangue, propiciando
energia muscular.
- Oxitocina: Considerado por alguns autores como um neurohormônio, é produzida principalmente no hipotálamo e nos ovários e
testículos. É chamado “neurônio do amor” pois está intimamente ligada à sensação de prazer e de bem-estar físico, emocional e à
sensação de segurança e fidelidade. Tem relação com a atração sexual, cuidado parental, afetividade e empatia, além de atuar sobre a
modulação do medo.
NEUROECONOMIA:
UMA NOVA VISÃO
SOBRE O PROCESSO DE
DECISÃO
Origem
O termo Neuroeconomia foi cunhado em meados da década de 1990, e teve como primeiros estudiosos Shizgal & Conover (1996) e
Platt & Glimcher (1999) que apesar de não tratarem explicitamente de Neuroeconomia, descrevem o substrato neurobiológico do
comportamento de escolha. Já no início deste século os estudos de Camerer, Lowestein & Prelec começam, através de uma
perspectiva da economia comportamental argumentam a favor da construção de uma abordagem neurobiológica para compreender
fenômenos econômicos, a Neuroeconomia.
Neuroeconomia não é apenas a fusão da Neurociência com a econômica como pode parecer aos leitores iniciantes. É, em verdade,
uma nova área do conhecimento que engloba e integra conceitos de muitas disciplinas como a biologia, a química, a psicologia, a
matemática, dentre outras, e tem como principal objetivo alcançar resultados mais confiáveis acerca das decisões econômicas das
pessoas.
Reforçando este pensamento a Neuroeconomia é uma ciência nova que está voltada para os estudos do comportamento do
consumidor com foco nos processos neurofisiológicos, algumas vezes conscientes e outras muitas vezes não conscientes, que motivam
o consumidor. A premissa básica é que o ser humano é basicamente irracional e movido por vieses cognitivos derivados do
inconsciente, e a neuroeconomia vem tentar preencher as lacunas na compreensão do comportamento na tomada de decisões.
Para alcançar este objetivo, a Neuroeconomia analisa as relações entre a organização cerebral e o comportamento das pessoas
utilizando técnicas de avaliação neurocientíficas para identificar a atividade neural associada aos processos de decisão. Um
conhecimento mais aprofundado sobre a especialização funcional e sobre a contribuição de cada região cerebral em diferentes tarefas
podem contribuir para a compreensão do comportamento humano econômico.
Os estudos de Daniel Kannemann, Prêmio Nobel de Economia em 2002, já Maximiza lucros e minimiza perdas Sente medo, raiva, alegria, surpresa,
demonstraram que dois sistemas regem o cérebro humano: o sistema 1, que opera
automática e rapidamente, com pouco ou nenhum esforço e nenhuma percepção de nojo e atua por impulso
controle voluntário, e o sistema 2, que aloca atenção às atividades mentais
laboriosas, incluindo cálculos, escolhas e concentração. Segundo ele, e diversos Memória implacável Esquece fatos com facilidade e na
outros estudos, demonstram que a decisão é tomada, fundamentalmente pelo maioria das vezes repete seus erros
sistema 1 (Eu intuitivo), sendo posteriormente, justificada pelo sistema 2 (Eu
consciente). Capacidade de raciocínio Está sujeito ao viés cognitivo
formidável
E aqui surge o conflito entre a economia tradicional e a neuroeconomia, que pode ser
personalizado através do homus ecomonicus e o homo neuroeconomicus. O primeiro é
um ser advindo da capacidade humana de tomar decisões racionais, maximizando Dinheiro em primeiro lugar O “eu” biológico em primeiro lugar
ganhos e minimizando perdas. Do outro lado, o homo neuroeconomicus, é
caracterizado pela capacidade limitada de tomar decisões econômicas que venham
Racionalidade preservada Racionalidade limitada
otimizar os resultados para si, tomando decisões com base em informações
incompletas, de caráter emocional e susceptível a vieses cognitivos.
CAMARGO, Pedro
Ambas são partes integrantes do sistema de recompensa cerebral, porém tem funções diferentes.
O córtex pré-frontal está relacionado com as decisões racionais enquanto o núcleo accumbens está
relacionado com a decisões emocionais. Assim, quando se analisa uma situação econômica, o
córtex pré-frontal e o núcleo accumbens darão informações distintas: o primeiro se ativará e
analisará as possibilidades de conseguir a recompensa, enquanto o segundo se ativará com a
quantidade da recompensa.
Por exemplo, ao ir em um cassino, o núcleo accumbens é muito ativado e pouco o córtex pré-
frontal, pois a possibilidade de ganhar é pequena, a quantidade que se pode ganhar é grande. Ao
contrário, ao encontrar uma nota de R$ 10 no bolso do casaco, o córtex pré-frontal será ativado,
pois a possibilidade da recompensa é 100%, mas ativará pouco o núcleo accumbens, pois são
apenas R$ 10.
MÉTODOS DE PESQUISA
EM NEUROECONOMIA
Pelos diversos conceitos apresentados na seção anterior, pode-se perceber que as métricas tradicionalmente utilizadas para estudos do
comportamento do consumidor, como as pesquisas qualitativas e quantitativas, passam por filtros que podem desviar significativamente os
resultados. Em contrapartida, experimentos a partir das métricas da neurociência aplicadas a tomada de decisão, podem ser aplicadas nos estudos
sobre neuromarketing ou neuroeconomia, pois possibilitam a análise de respostas fisiológicas do organismo a um determinado estímulo externo. A
segui são apresentadas as principais técnicas de pesquisa em Neuroeconomia.
alguma imagem ou
hora do estímulo.
multimídia :D
imagem ou multimídia :D
dominância social.
BERMEJO, Pedro. Neuroeconomía: Cómo piensan las empresas. Madri: LID Editorial
Empresarial, 2014.
CESAR, Ana Maria Roux Valentini Coelho; BOGGIO, Paulo Sergio; CAMPANHÃ, Camila.
Neuroeconomia: uma visão geral sobre o tema. In: ÁVILA, Flávia; BIANCHI, Ana Maria
(Org.). Guia de Economia Comportamental e Experimental. São Paulo:
EconomiaComportamental.org, 2015.
CHAVAGLIA NETO, José; FILIPE, José António; FERREIRA, Manuel Alberto M..
Neuroeconomia: uma nova perspectiva sobre o processo de tomada de decisões
econômicas. Rio de Janeiro: Atlas Books, 2017.
KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva,
2012.
KORB, Alex. The upward spiral: using neuroscience to reverse the course of depression, one
small change at a time. Oakland: New Harbinger Publications, 2015.
MOREIRA, Bruno C.M., PACHECO, Ana Flávia A., BARBATO, Andreia M.. Neuroeconomia e
neuromarketing: imagens cerebrais explicando as decisões humanas de consumo. Ciência &
Congição 2011: Vol 16(1): 099-111.
ÁLVARO FLORES é Engenheiro Químico e Mestre em Engenharia pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com Pós-graduação
em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e
MBA em Neurobusiness pela Infinity/Famaqui. Coach Pessoal e
Profissional e Coach Executivo pela Sociedade Gaúcha de Coaching.
Treinador comportamental pelo IFT. Pratictioner em PNL. Prosci® Change
Management Pratictioner. Tem mais de 30 anos de atuação nas áreas de
Tecnologia, Gestão, Marketing e Desenvolvimento Humano, atuando em
empresas em instituições de ensino e entidades setoriais. É Professor e
Coach Trainer. Autor do livro “A Revolução dos Nichos: do Big Bang à
Personalização em Massa”. Coautor dos livros “Foco: ação & resultado na
vida & carreira” e “Coaching: mude seu mindset para o sucesso”.
Colunista e articulista. Palestrante.