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CENTRO UNIVERSITÁRIO FRASSINETTI DO RECIFE

CURSO DE PSICOLOGIA

DISCIPLINA: FISIOLOGIA HUMANA

PROFESSORA: ANA MARIA ATAÍDES

A LOBOTOMIA E O CÉREBRO HUMANO

ANA CLARA DE MELO ARAÚJO


ANNE ROBERTA DA SILVA
DÉBORA APARECIDA DA SILVA
FLÁVIA BEATRIZ AZEVEDO DA SILVA
RAYANE KAROLYNE E SILVA MELO
RAYSSA SUELLEN DA SILVA OLIVERIRA

RECIFE

SET. / 2023
O Sistema Nervoso é uma das primeiras partes formadas no corpo. Três semanas após
a fecundação, o cérebro e a medula estão no início de seu desenvolvimento com a formação
da placa neural e do tubo neural. A partir de dois a quatro meses, as células nervosas são
produzidas pelo cérebro até ser desenvolvida a quantidade necessária para nos acompanhar
por toda a vida. No nascimento ainda faltam conexões vitais entre essas células, a partir disso
os aprendizados do bebê vão moldando as estruturas cerebrais, programando o cérebro através
de conexões mais fortes.

O Sistema Nervoso (SN) constitui um dos sistemas corporais. Ele mantém a


homeostasia do corpo, ou seja, o equilíbrio e funcionamento de todas as nossas estruturas e é
responsável também por nossos pensamentos, comportamentos, percepções e memórias. O SN
é composto por bilhões de células nervosas conhecidas como neurônios e a neuróglias que
sustenta e nutre essas células e é dividido em Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso
periférica.
O Sistema Nervoso Central é fundamental para a percepção do ambiente externo e
também para o funcionamento interno do corpo e a realização de atividades, como
locomoção, raciocínio e memória. Ele é constituído pelo encéfalo, que está localizado dentro
da cavidade craniana, e em medula espinhal, que está localizada dentro da coluna vertebral. É
possível perceber, na região anterior do tubo, três regiões diferentes chamadas de:
prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo. No processo de desenvolvimento embrionário,
apenas o mesencéfalo não apresenta diferenciação, ao passo que o prosencéfalo se divide em
telencéfalo e diencéfalo, enquanto o rombencéfalo se subdividi em metencéfalo e
mielencéfalo. É possível verificar também a presença de dois tipos de substâncias no SNC: a
branca e a cinzenta. A substância branca recebe essa denominação por causa da presença de
mielina nos axônios. Essa substância não apresenta corpos celulares, que estão presentes
apenas na substância cinzenta. No encéfalo, observa-se a substância cinzenta mais
externamente, e a branca está mais internamente. Já na medula espinhal, a substância cinzenta
localiza-se mais internamente em relação à branca.

O mesencéfalo, juntamente com o rombencéfalo, desempenha um papel essencial na


composição do tronco encefálico, que inclui a ponte e o bulbo. Sua principal função é a
integração de diversas informações sensoriais, tais como visão, audição, movimento dos olhos
e movimento do corpo. A ponte está localizada entre o bulbo e o mesencéfalo, influenciando o
controle da respiração e a transmissão de impulsos para o cerebelo, além de facilitar a
passagem das fibras nervosas que conectam o cérebro à medula. Além disso, o bulbo está
diretamente conectado à medula espinhal, situando-se acima da ponte. Ele desempenha um
papel fundamental no controle das funções autônomas do corpo, como os batimentos cardíacos,
a respiração, a regulação da pressão sanguínea, reflexos como a tosse e o espirro, entre outras
funções vitais.

O diencéfalo é uma área estabelecida entre o tronco encefálico e cérebro. Ele é


constituído pelo tálamo, hipotálamo, além das estruturas endócrinas, glândula pineal e hipófise.
O tálamo é uma estação de retransmissão, em que informações atravessadas podem ser
modificadas por ele. Sua estrutura é um composto de substância cinzenta e ovóide, tendo seus
dois lados conectados pela aderência Intertalâmica. Ele é necessário para processamentos do
SNC que envolvem controle motor voluntários, a sensibilidade, questões comportamentais,
além de auxiliar também na ativação do córtex. O Hipotálamo fica abaixo do tálamo recebendo
múltiplos comandos sensoriais, primeiro recebidos pelo tálamo. Ele é a parte central da
homeostasia, controlando comportamentos motivados como sede e fome.
O cérebro é o órgão que processa todos os sentidos. O cérebro humano em específico,
é a parte mais desenvolvida do encéfalo que permite o raciocínio e a construção da cognição,
acumula experiências através de memórias profundas e compreende situações complexas. Ele
precisa de bastante energia, sendo o órgão que mais gasta glicose no corpo. O cerebelo
humano é uma das áreas mais complexas do reino animal, ele fica na parte inferior do cérebro
e é responsável pelo equilíbrio. As divisões cerebrais são denominadas como córtex, núcleos
da base e sistema límbico. O telencéfalo é a parte mais desenvolvida e externa do cérebro
humano. Ele abriga estruturas essenciais para funções superiores, como pensamento, emoção,
memória, linguagem e tomada de decisões. Duas das estruturas mais proeminentes do
telencéfalo são os hemisférios cerebrais direito e esquerdo, que controlam funções específicas
em cada lado do corpo. Os hemisférios cerebrais são compostos por camadas de substância
cinzenta chamadas córtex cerebral. Cada hemisfério é dividido em quatro lobos, sendo eles:
lobo frontal, lobo parietal, lobo occipital e lobo temporal.
O lobo frontal é uma das regiões mais importantes do cérebro humano, localizado na
parte anterior do cérebro, logo atrás da testa. Uma das funções primárias do lobo frontal é o
controle executivo, que envolve processos de tomada de decisão, planejamento, organização,
controle de impulsos e flexibilidade mental. Além disso, o lobo frontal está intimamente
relacionado ao controle motor, com a área pré-motora e a área motora primária
desempenhando papéis-chave na coordenação dos movimentos voluntários do corpo. O córtex
pré-frontal, uma parte importante do lobo frontal, está envolvido em funções como memória
de trabalho, atenção, concentração e julgamento social. Também desempenha um papel
significativo na regulação das emoções e no reconhecimento de recompensas e punições,
influenciando o comportamento e as interações sociais. Lesões ou disfunções no lobo frontal
podem levar a uma variedade de problemas cognitivos e comportamentais, incluindo
dificuldades de tomada de decisão, impulsividade, falta de controle emocional e dificuldade
em planejar e organizar tarefas.

O lobo parietal está localizado na parte superior e posterior da cabeça, logo atrás do
lobo frontal. Ele desempenha um papel fundamental na integração sensorial e processa
informações sensoriais de diferentes partes do corpo, incluindo tato, temperatura e dor. Além
disso, o lobo parietal está envolvido na percepção espacial e na orientação. Ele nos ajuda a
construir uma representação mental do ambiente e a navegar por ele. Outra função importante
é a memória de curto prazo, que é fundamental para a retenção temporária de informações.
Além disso, o lobo parietal desempenha um papel crucial na atenção espacial e na linguagem.
Ele nos ajuda a direcionar nossa atenção para objetos ou áreas específicas em nosso campo de
visão e está envolvido na compreensão da linguagem escrita.

O lobo temporal é uma região do cérebro localizada nas laterais, acima dos ouvidos, e
desempenha um papel fundamental em várias funções incluindo a audição, a compreensão da
linguagem, e a memória, pois dentro dele, encontramos a estrutura chamada hipocampo, que
desempenha um papel crucial na formação e recuperação de memórias de longo prazo. Além
disso, o lobo temporal é responsável pelo processamento auditivo. Contém áreas dedicadas à
audição, permitindo-nos perceber sons e compreender a linguagem falada. Isso é facilitado
pela sua conexão com áreas cerebrais responsáveis pela produção da fala e pela interpretação
de informações visuais. Além dessas funções, o lobo temporal está envolvido em processos
emocionais e na regulação das respostas emocionais. Isso se deve à sua relação com a
amígdala, uma estrutura do cérebro que desempenha um papel crucial na avaliação de
estímulos emocionais e na geração de respostas emocionais.

O lobo occipital é uma região do cérebro localizada na parte posterior da cabeça, e


desempenha um papel crucial no processamento visual. É a principal área responsável por
interpretar as informações que chegam aos nossos olhos, permitindo-nos perceber e
compreender o mundo visual que nos rodeia. Além disso, o lobo occipital também está
envolvido em funções mais complexas, como o reconhecimento facial. Há áreas específicas
dedicadas a identificar rostos humanos e a distinguir entre diferentes expressões faciais.
Lesões ou danos no lobo occipital podem resultar em distúrbios visuais, afetando a
capacidade de uma pessoa de ver claramente, reconhecer objetos ou interpretar informações
visuais.

O sistema nervoso periférico (SNP) é uma parte essencial do sistema nervoso humano
que se estende além do sistema nervoso central (SNC), composto pelo cérebro e pela medula
espinhal. Aqui está um resumo do sistema nervoso periférico: 1. Função: O SNP atua como
uma rede de comunicação entre o SNC e o resto do corpo. Ele é responsável por transmitir
informações sensoriais dos órgãos sensoriais para o cérebro e medula espinhal (sensação) e
por enviar comandos motores dos SNC para os músculos e glândulas (movimento e resposta).
2. Componentes: O SNP é composto por nervos e gânglios nervosos. Os nervos são feixes de
fibras nervosas que conectam órgãos, músculos e tecidos ao SNC. Os gânglios nervosos são
aglomerados de corpos celulares de neurônios localizados ao longo dos nervos. 3. Divisões: O
SNP é dividido em duas principais subdivisões: - SNP somático: Controla movimentos
voluntários, transmitindo informações sensoriais do corpo para o SNC e comandos motores
do SNC para os músculos esqueléticos. - SNP autônomo (ou vegetativo): Controla funções
involuntárias, como frequência cardíaca, digestão e respiração. É subdividido em sistema
simpático (ativação) e sistema parassimpático (relaxamento). 4. Funcionamento: O SNP
somático utiliza um único neurônio motor para transmitir sinais do SNC para os músculos
esqueléticos. O SNP autônomo utiliza dois neurônios (pré-ganglionar e pós-ganglionar) para
regular funções involuntárias. 5. Resposta a Estímulos: O SNP permite que o corpo responda
a estímulos do ambiente, como calor, dor, pressão e luz. Ele também regula funções
automáticas, como a pressão arterial e a digestão. Em resumo, o sistema nervoso periférico
desempenha um papel crucial na comunicação entre o cérebro, a medula espinhal e o resto do
corpo, permitindo a percepção sensorial e o controle motor, além de regular funções
autônomas essenciais para a sobrevivência.

A operação dos neurônios é central no funcionamento do sistema nervoso. O tecido


nervoso é composto por dois tipos de células: neurônios e células da glia. Os neurônios, como
a unidade funcional do sistema nervoso, consistem em três partes principais: 1. Dendritos:
Esses finos e frequentemente ramificados prolongamentos conduzem estímulos captados do
ambiente ou de outras células em direção ao corpo celular. 2. Corpo celular: Esta é a parte
mais volumosa da célula nervosa, onde se localiza o núcleo e a maioria das estruturas
citoplasmáticas. 3. Axônio: Este prolongamento fino, geralmente mais longo que os dendritos,
desempenha a função de transmitir impulsos nervosos para outras células, que se originam no
corpo celular.

As células da glia desempenham papéis essenciais no suporte e manutenção dos


neurônios. Existem várias variações de células gliais no sistema nervoso central (SNC) e no
sistema nervoso periférico (SNP): No SNC: 1. Oligodendrócitos: Semelhantes às células de
Schwann, eles envolvem os axônios de certos neurônios, criando envoltórios isolantes. 2.
Astrócitos: Alinhados ao longo dos capilares sanguíneos no encéfalo, controlam a passagem
de substâncias do sangue para as células do sistema nervoso. 3. Micróglia: São células
fagocíticas que desempenham um papel na defesa do sistema nervoso. 4. Ependimárias:
Revestem as cavidades do sistema nervoso central. No SNP: 1. Células de Schwann:
Responsáveis pela formação da bainha de mielina ao redor dos neurônios presentes no sistema
nervoso periférico. 2. Células satélites: Promovem o isolamento elétrico ao redor do neurônio
e facilitam as trocas metabólicas. Essas células da glia desempenham funções cruciais, como
fornecer suporte estrutural, proteção e manutenção do ambiente adequado para o
funcionamento dos neurônios no sistema nervoso.

Os neurônios formam uma rede interconectada que transmite informações por meio de
impulsos nervosos, que são correntes elétricas que percorrem a célula. A transmissão desse
impulso ocorre quando a membrana do neurônio sofre despolarização, resultando na saída de
íons Na+ (sódio) a cada dois íons K+ (potássio) que entram, um processo chamado de bomba
de sódio e potássio. Esse estímulo gera uma onda de despolarizações e repolarizações que se
propaga ao longo da membrana do neurônio. Os dendritos conduzem o impulso em direção ao
corpo celular, enquanto o axônio o conduz em direção às suas extremidades, em uma única
direção. A velocidade de propagação do impulso nervoso na membrana de um neurônio varia
de 10cm/s a 1m/s. A rápida propagação dos impulsos nervosos é possível devido à presença
da bainha de mielina que envolve as fibras nervosas. Essa bainha consiste em camadas
concêntricas de membranas plasmáticas de células da glia, incluindo células de Schwann e
oligodendrócitos, que atuam como isolantes elétricos e aceleram a condução dos impulsos
nervosos.

Há uma região entre os neurônios onde ocorre a transmissão do impulso nervoso por
meio de neurotransmissores é conhecida como sinapse. A fenda entre as membranas das
células envolvidas é chamada de fenda sináptica. A membrana do axônio que origina o sinal e
libera vesículas contendo neurotransmissores na fenda sináptica é chamada de pré-sináptica.
Por outro lado, a membrana que recebe o estímulo por meio dos neurotransmissores é
chamada de pós-sináptica. A sinapse desempenha um papel fundamental na comunicação
entre neurônios e na transmissão de informações para células musculares ou glandulares.
LOBOTOMIA

A lobotomia é uma técnica médica desenvolvida no século XX, com o objetivo de tratar
doenças mentais graves. Envolve a remoção ou destruição de partes do cérebro, geralmente
por meio de um procedimento cirúrgico. Havia algumas técnicas diferentes de lobotomia, mas
a mais conhecida foi a lobotomia pré-frontal, desenvolvida pelo neurocirurgião português
António Egas Moniz e pelo médico Walter Freeman, nos Estados Unidos. Essa técnica
envolvia a inserção de um objeto cortante através dos crânios, geralmente via buracos
perfurados nos crânios, e a desconexão ou destruição das fibras nervosas que conectam a parte
frontal do cérebro (o córtex pré-frontal) a outras áreas do cérebro, em outras palavras,
cortavam os nervos que ligam o lobo frontal ao tálamo, convictos de que o tálamo era
responsável pela origem das emoções humana e que os sintomas associados às doenças
mentais eram resultado de impulsos nervosos que saíam do tálamo para os lobos frontais.

Logo após a segunda guerra mundial, Freeman sentiu a necessidade de simplificar a técnica
para que alcance mais pessoas, surgindo, a partir de então, a lobotomia transorbital. Nesta,
eram usadas máquinas de choques eletroconvulsivos para manter o paciente em estado de
inconsciência, o que durava um curto período de tempo. Após isso, os enfermeiros tampava a
boca e o nariz do doente, enquanto o médico levantava as pálpebras do mesmo e introduziu
um objeto nomeado de "picador de gelo", utilizava a ajuda de um martelo para penetrar o
cérebro, movendo o objeto de um lado para o outro, fazendo com que atingisse os lobos
frontais, então, eles o retiravam. Essa cirurgia durava de 3 a 4 minutos, com ela Watson
Freeman conseguiu alcançar grande números de operações realizadas, mas começou a ser
visto de forma diferente, por alguns profissionais e familiares de seus pacientes.

" Mais fácil do que curar dor de dente "


Era realizada em pessoas que sofriam de esquizofrenia, depressão grave, transtorno obsessivo
compulsivo (ofamoso TOC) Mas, também,pessoas com dificuldades de aprendizagem ou
controle da agressão. Enquanto a minoria apresentou alguma melhora em seus sintomas, após
o procedimento, algumas ficaram grogues e incapazes de se comunicar, de andar ou de se
alimentar. Mas levou anos para que os profissionais reparassem que os efeitos negativos
superam os benefícios, e de enxergarem que os medicamentos produzidos na década de 50
eram mais eficazes, e muito mais seguros.
A lobotomia era um procedimento cruel e terrível, mas que obteve sucesso durante algum
tempo. Os lobotomistas eram conhecidos como médicos progressistas que desejavam a
melhora dos pacientes." Na década de 1940 não existia tratamento eficaz para os doentes
mentais graves. Os médicos haviam experimentado terapia de choque com insulina, terapia
eletroconvulsiva com sucesso limitado, e asilos estavam lotados com pacientes que não
tinham esperanças de serem curados, ou voltarem para casa. Foi neste momento que o
neurologista português Egas Moniz, foi responsável pelo desenvolvimento da leucotomia pré
frontal(mais tarde chamada de lobotomia,) que possibilitou o surgimento da psicocirurgia,
pela qual ganhou o prêmio Nobel de fisiologia ou medicina em 1949, partilhado com o
fisiologista suíço Walter Rudolf Hess.

" Ele se baseava nessa visão terrivelmente rude e simplista do cérebro, que o via como um
mecanismo simples no qual você poderia colocar coisas. A ideia era que pensamentos
obsessivos e angustiantes giravam e giravam e, ao interromper o circuito, era possível parar
esses pensamentos" , explica o neurocirurgião e escritor Henry Marsh. " Na verdade, o
cérebro é absolutamente complicado e nem começamos a entender como tudo está
interligado." Acrescenta. Moniz afirmou que os seus primeiros 20 pacientes tiveram uma
grande melhora, e o jovem neurologista americano, Walter Freeman, ficou muito
impressionado. Com seu parceiro colaborador, James Wattes, realizou a sua primeira
lobotomia nos Estados Unidos em 1836, e no ano seguinte no jornal americano The New York
Times se referiu a operação como uma nova cirurgia de alma, mas no início o procedimento
era complicado e muito demorado.
Ele tinha o objetivo de tornar a lobotomia mais rápida e barata. Em 1946 ele concedeu a
lobotomia transorbital. Com o sucesso de procedimento brutal, Freeman dirigiu pelos Estados
Unidos durante as longas férias de verão para realizar as suas lobotomias com picador de
gelo, às vezes levando seus filhos com ele. Embora esse recurso fosse apenas para ser
utilizado como um último recurso, quando todos os outros tratamentos falharem, Freeman
começou a promover a lobotomia como a cura para tudo, a doença mentais graves, a
depressão pós parto, fortes dores de cabeça, dor crônica, indigestão nervosa, insônia e
dificuldades comportamentais. Muitos pacientes e suas famílias ficaram muito gratos a
Freeman, chegando a encher a caixa de correio do mesmo com muitas cartas de
agradecimento, e cartões de Natal. Mas em outros casos, foram desastrosos, os pacientes
começaram a apresentar recaídas e os mesmos eram submetidos a novas cirurgias, às vezes
por duas ou três vezes. Ainda nesse período, o médico surge com a ideia de operar os
indivíduos ainda conscientes e se guiava pelas suas reações. Muitas vezes, Walter pedia que
fizessem tarefas mentais enquanto eram lobotomizados, como contar até 100, dizer nomes de
políticos e cantar.

Rosemary Kennedy, irmã do futuro presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, que
ficou com incontinência e incapaz de falar, após uma lobotomia aos 23 anos. Rosemary
precisou fazer essa lobotomia, pois desde pequena apresentava dificuldades no aprendizado, e
quando foi crescendo se tornou um pouco agressiva, os pais com medo que a irmã
atrapalhasse o caminho político do seu irmão, John F. Kennedy, decidiram fazer uma
lobotomia. Ao longo de sua carreira Freeman realizou lobotomia em mais 3 mil pacientes,
incluindo 19 crianças, a mais nova tendo apenas 4 anos de idade.
A lobotomia não era apenas utilizada para casos de problemas mentais, esse procedimento
também era feito em mulheres que tinha um comportamento temperamental, pois naquela
época não se tinha consciência de que a mulher produzia bastante hormônio, e que de alguma
forma aquilo afetava o seu humor, naquela época era visto com algo fora de ética, então elas
eram expostas a fazer isso.
Da mesma forma que pessoas LGBT eram diagnosticadas com transtornos de apego, que
significa que o paciente estava apegado a desejos eróticos e sexuais inadequados. Os médicos
acreditavam que o uso de choque elétrico e perfuração no crânio podiam modificar o
comportamento e levar a heterossexualidade e a recuperação. A promulgação da lei da saúde
mental de 1983 introduziu controles mais rígidos e mais supervisão. Hoje as operações psico
cirúrgicas raramente são realizadas. A lobotomia teve seus críticos desde o início, mas a sua
oposição foi ficando cada vez mais forte à medida que os seus resultados ficaram aparentes.
Descobriu que Walter Freeman, que inicialmente alegava uma taxa de sucesso de 85% , tinha
na verdade uma taxa de mortalidade de 15% e quando os médicos investigaram os resultados
de seus pacientes descobriu que, apenas um terço havia experimentado melhora, enquanto o
outro terço estava pior.
"A lobotomia não era menos sutil do que um tiro na cabeça."
Disse um ex defensor da lobotomia dos Estados Unidos.

15 anos atrás médicos e familiares das vítimas que passaram pela lobotomia fizeram uma
campanha para que Walter Freeman perdesse o seu prêmio Nobel, mas infelizmente esse
pedido foi negado depois que a lobotomia foi vista como algo terrível, logo foi abolida, e
pacientes bipolares, depressivos, hiperativos, ou crianças desobedientes, passaram a utilizar
remédios tarja preta.

As áreas anatômicas afetadas pela lobotomia são principalmente as partes frontais do cérebro,
incluindo o córtex pré-frontal. O córtex pré-frontal é responsável por funções cognitivas
superiores, como tomada de decisões, planejamento, controle de impulsos, empatia e
comportamento social. Ao remover ou desconectar essa região, os pacientes muitas vezes
obtiam alterações significativas em seu comportamento e personalidade. Depois da lobotomia
alguns deles apresentavam comportamentos semelhantes ao de crianças, tendo até que
reaprender a caminhar, assim como, a perda de memória, do intelecto superior e da
capacidade de ler e escrever. A inatividade dessas práticas estão associadas aos impactos da
cirurgia agindo diretamente nos giros do lobo frontal, além disso, a lobotomia também
implicava em efeitos colaterais fisiológicos graves, incluindo aumento da temperatura
corporal, vômitos, incontinência urinária e intestinal e problemas oculares, além de apatia e
letargia
No Brasil, grande parte das lobotomias aconteceu na cidade de Barbacena, em Minas Gerais,
que em 1903 chegou a ser apelidada de “Cidade dos Loucos”, por conta da inauguração de
sete instituições psiquiátricas. A mais famosa delas foi o Hospital Colônia. No entanto, 70%
dos internados não apresentavam simplesmente nenhum registro de doença mental.

Eram homossexuais, alcoólatras, militantes políticos, mães solteiras, mendigos, negros,


pobres, índios, pessoas sem documento. Os internos viviam mal, nus, forçados a trabalhar
como suposta terapia em pátios ou em celas. Faltavam água encanada e alimentos. Muitos
internos bebiam e se banhavam no esgoto a céu aberto. Cerca de 60 mil internos morreram de
fome, frio ou diarreia durante nove décadas até o fechamento do Hospital Colônia, que
aconteceu na década de 90. Os "tratamentos" envolviam choques e torturas
físicas/psicológicas.
A popularidade da lobotomia diminuiu na década de 1950, à medida que seus efeitos
colaterais se tornaram mais conhecidos. As críticas aos procedimentos também cresceram
entre os profissionais da medicina, que denunciavam negligências, uma vez que boa parte dos
médicos que realizavam o procedimento não era formada por neurocirurgiões. Ainda pior:
alguns pacientes eram lobotomizados sem consentimento. Foi justamente nessa época que os
cientistas desenvolveram medicamentos psicoterapêuticos, muito mais eficazes e seguros no
tratamento de transtornos mentais do que a lobotomia. Em 1960, o psiquiatra italiano Franco
Basaglia revolucionou o tratamento relacionado a transtornos mentais, investindo uma
abordagem de reinserção territorial e cultural do paciente na comunidade, em vez de isolá-lo
num manicômio à base de fortes medicações, vigilância ininterrupta, choques elétricos e
camisas de força. Devido aos resultados positivos que alcançou na Itália, a abordagem de
Basaglia passou a ser recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a partir de
1973. A posição da OMS tornou o debate mundial. Atualmente, as operações psicocirúrgicas
ainda existem, mas são realizadas raramente. A remoção de áreas cerebrais específicas é
reservada para o tratamento de pacientes para os quais todos os outros tratamentos falharam.
REFERÊNCIAS:

SILVERTHORN, A.C. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 7° edição. São Paulo:
Ed. Artmed, 2017.

http://bio-neuro-psicologia.usuarios.rdc.puc-rio.br/assets/livro_sem_exercicios.pdf

https://brasilescola.uol.com.br/biologia/estruturas-encefalo-suas-funcoes.htm

https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/sistema-nervoso-central.htm

https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/sistema-nervoso-central.htm

https://www.infoescola.com/sistema-nervoso/neuronios/

https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/neuronios.htm

https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/tecido-nervoso.htm#:~:text=O%20tecido%20nerv
oso%20%C3%A9%20composto,c%C3%A9lulas%20da%20neur%C3%B3glia%20ou%20glia
.
https://www.todamateria.com.br/sinapses/

https://www.significados.com.br/sinapse/

Mundo curioso (YouTube)


Canal História e Tu (YouTube)
O lobotomista (Documentário)
https://www.scielo.br/
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/amp/noticias/reportagem/historia-lobotomia-tecnica-me
dieval-que-ganhou-o-nobel.phtml

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