"Não há nada na mente que não tenha estado anteriormente nos
sentidos" (Aristóteles)
Bases biológicas dos sentimentos e emoções
Os sentimentos são um componente transcendental dos mecanismos de regulação da vida. Seus substratos anatômicos são encontrados em todos os níveis do sistema nervoso, desde neurônios individuais até núcleos subcorticais e diferentes áreas corticais Sentimentos são experiências mentais de estados corporais. Alterações no estado do corpo provocam reações fisiológicas automáticas e também sentimentos, como fome, sede, falta de ar (o desejo de respirar), nojo, medo, tristeza e alegria, dor ou medo; eles também incluem respostas sociais complexas, como desprezo, vergonha, compaixão e admiração. As alterações corporais manifestam-se topograficamente no sistema nervoso central (SNC), especificamente no tronco encefálico superior e no córtex cerebral. Por outro lado, experiências relacionadas aos sentidos exteroceptivos da visão, audição, tato, paladar e olfato, em geral, provocam emoções, mas não propriamente sentimentos. Quando os sentimentos retratam um estado interno, como fome ou sede, ou se manifestam por uma situação externa, como compaixão ou admiração, seus conteúdos mentais dominantes descrevem um estado do corpo em que a condição das vísceras, do coração, dos pulmões, intestinos e pele desempenham papéis fundamentais. Nessa perspectiva, defende-se que os sentimentos, acessíveis apenas ao organismo em que são produzidos, proporcionam uma experiência subjetiva dos processos de regulação da vida. Eles permitem formar uma imagem do estado de regulação homeostática, desde processos básicos, como processos metabólicos, até processos complexos, como emoções sociais. Entre os processos fisiológicos relacionados a sentimentos e emoções que podem ocorrer no subconsciente estão a regulação da frequência cardíaca, a modulação das funções endocrinológicas, o ajuste da contração do músculo liso, a regulação da imunidade, as alterações autonômicas relacionadas a emoções específicas e sua expressão facial expressões. A BASE BIOLÓGICA DO COMPORTAMENTO O comportamento humano tem suas bases biológicas, em como a informação que é adquirida e assimilada é percebida pelo corpo humano, especificamente pelo cérebro; e como toda essa informação se desenvolve, para determinar os padrões de comportamento que nos permitem sobreviver. A percepção, como processo cognitivo, "é a maneira pela qual os seres humanos podem se relacionar com seu ambiente, descobrir o que acontece fora de seu corpo e cérebro". Juntamente com a capacidade sensorial, que é o que nos permite recolher as informações necessárias do exterior, é o que torna possível a sobrevivência. As informações sensoriais adquiridas por meio de estímulos vêm de milhões de receptores no corpo. Cada receptor é projetado para detectar certos tipos de energia física. Os impulsos neuronais, que nada mais é do que um sinal eletroquímico resultante do processo de estimulação, são transmitidos pelo sistema nervoso ao córtex cerebral. Então, "o córtex cerebral se encarrega de coletar informações sensoriais e agir sobre elas, para depois converter esses impulsos neurais em diferentes experiências psicológicas", nas percepções que se tem do ambiente. Compreender o mundo, para sobreviver nele, por meio de sensações e percepções, pode ser alcançado por meio de dois processos: o processamento bottom-up e o processamento top-down. O processamento de baixo para cima ocorre quando os receptores sensoriais detectam estímulos externos e enviam as informações brutas ao cérebro para análise. O processamento top-down é aquele que agrega as informações que já são conhecidas, o que é lembrado do contexto em que o fenômeno ocorre e como ele é rotulado e classificado. O cérebro humano tende a ver o que espera ver, apenas seleciona uma parte da informação sensorial disponível para atender e processar. Assim, as percepções estão sujeitas a múltiplas influências, tais como: experiências anteriores, expectativas, interesses, predisposições e contexto. O cérebro e todo o sistema nervoso são, portanto, os aspectos fisiológicos internos que explicam o comportamento do ser humano. Os neurônios, as menores unidades do sistema nervoso, são células especializadas em receber e transmitir informações. Existem diferentes tipos de neurônios: Os sensoriais, que transmitem mensagens dos órgãos sensoriais, param a medula espinhal, músculos ou cérebro; as motoras, que são as que levam mensagens da medula espinhal ou do cérebro, aos músculos e glândulas; e os interneurônios, que são os que transmitem informações de um neurônio param outro. A comunicação entre um neurônio e outro ocorre através do impulso nervoso transmitido pelo neurotransmissor. O efeito do neurotransmissor pode ser excitar o neurônio ou inibir a excitação do neurônio. Já o sistema nervoso é constituído pelo sistema nervoso central, "onde estão integradas todas as emoções, memória e aprendizagem"; onde o cérebro governa a maneira como agimos, pensamos e sentimos. E que é o local onde todas as informações transmitidas pelos neurônios são analisadas. O cérebro é composto de três partes: o núcleo central, o sistema límbico e os hemisférios cerebrais. No núcleo central, são regulados a respiração, os batimentos cardíacos, a pressão arterial, os ciclos do sono, o estado de vigília, os reflexos e o equilíbrio do corpo. Nela encontramos o tálamo, onde os lóbulos do córtex cerebral projetam seus resultados uma vez analisada a informação bruta, para depois processar a informação mais abstrata, e onde relacionamos a nova informação com o que já temos em nossa memória. No sistema límbico, as memórias são formadas e as emoções relacionadas à autopreservação são governadas. E no córtex cerebral (os hemisférios cerebrais), dividido em lobos, as funções se distribuem da seguinte forma: •Lobo occipital: Recebe e processa a informação visual. • Lobo temporal: olfato, audição, equilíbrio e equilíbrio, emoção e motivação, compreensão da linguagem e processamento visual complexo. • Lobo parietal: projeção sensorial e áreas de associação. Habilidades visuais e espaciais. • Lobo frontal: Comportamento direcionado a objetivos, concentração, controle emocional e temperamento. Projeção motora e áreas de associação. Coordena mensagens de outros lobos. Solução de problemas complexos e participa de muitos aspectos da personalidade. As emoções influenciam diretamente as percepções que cada pessoa faz do mundo, e é um dos motivos que defendem sua diversidade. A emoção gerada por determinado fenômeno determinará a percepção que se tem dele, mesmo em um futuro em que se repita. Existem dois tipos diferentes de emoções: as básicas, como alegria, tristeza, raiva, medo, surpresa e nojo; e outras mais elaboradas, as cognitivas superiores como o amor, que, ao contrário das básicas, não são tão automáticas e exigem um processamento cerebral maior. Por exemplo, diante do medo, a reação é fugir, e aprendendo e administrando as emoções, é possível aprender a amar. Por muitos séculos, pensou-se que os processos ou estados mentais, como pensamento ou consciência, sentimentos, emoções ou memória, eram atributos de uma substância de natureza espiritual separada do corpo material. Essa concepção "dualista" da natureza humana foi questionada pelas correntes psicológicas modernas ao tentar aplicar a metodologia e os critérios das ciências experimentais ao estudo do comportamento humano. Em decorrência disso, em nossos dias há um amplo reconhecimento da impossibilidade de separar os processos psíquicos ou mentais do funcionamento do corpo biológico. Não existem pensamentos, sentimentos, emoções ou memórias, cuja realização não implique a ativação de alguma área do cérebro, o funcionamento de hormônios, a intervenção do sistema nervoso, entre outros.
Plasticidade cerebral.
Quando recebemos um estímulo, a informação viaja de neurônio a neurônio
até chegar a um centro de processamento. Lá o cérebro decide qual é a ação mais apropriada e envia a informação de volta com instruções. Por exemplo, quando passamos perto de uma padaria e sentimos o aroma de pão acabado de cozer, esse estímulo viaja até uma determinada zona do cérebro e envia a instrução que nos dá fome. Os “caminhos” pelos quais os sinais do sistema nervoso viajam são conhecidos como circuitos neurais. Alguns desses circuitos estão relacionados ao movimento, outros ao sono, outros ao aprendizado e à memória e outros ainda às emoções e ao comportamento, para citar apenas alguns. O bom funcionamento na comunicação dos neurônios é essencial para realizar todas as ações do cérebro, desde ordenar aos músculos que se contraiam ou relaxem para realizar um movimento, até a tarefa intelectual mais complicada, passando também pelas funções que se originam. No entanto, essas redes neurais não são permanentes, o cérebro tem a capacidade de reorganizá-las ao longo de nossas vidas, gerando novas redes neurais com base nas novas experiências ou aprendizados adquiridos. Isso é conhecido como plasticidade cerebral. Essas mudanças nas redes ocorrem, por exemplo, quando aprendemos um novo idioma, a tocar um instrumento ou quando uma pessoa se muda e precisa aprender novas rotas de transporte, familiarizar-se com sua nova localização e com os locais ao redor. Existem dois tipos de plasticidade no sistema nervoso. Aqueles que é funcional e que se refere à remodelação que ocorre no cérebro após a perda de um membro, por exemplo, quando um dedo é amputado, os neurônios do cérebro que representam esse dedo perdem a comunicação sensorial com esse dedo. Parte do corpo e induzem a reorganização neuronal ou plasticidade na qual esses neurônios trabalham para responder a partes próximas do dedo ausente. O segundo tipo de plasticidade é o que se conhece como estrutural. Isso se refere aos mecanismos existentes em nosso cérebro que nos permitem ser flexíveis, reforçar as redes já existentes e formar novas redes neurais e até mesmo eliminá-las. A plasticidade também envolve a geração de novos neurônios em uma área do cérebro conhecida como hipocampo. Entre outros exemplos está, quando aprendemos um novo idioma; Além de ativar e recrutar neurônios já existentes, são gerados novos neurônios, que por sua vez permitem a criação de novas redes ou a modificação das já existentes. Isso permite memorizar e gerar novos conhecimentos em curto prazo, diz o especialista, mas se um estímulo não for mantido, a rede neural pode ser perdida. Por exemplo, se aprendermos a tocar uma música no piano, forma-se uma rede no cérebro e quanto mais a tocamos, mais essa rede é reforçada. Mas se pararmos de praticar, pode ser perdido. Ou seja, o esquecimento está relacionado à eliminação das redes neurais. Quanto menos usarmos uma rede neural, maior a probabilidade de ela ser perdida. Guardamos as memórias que usamos e que são importantes. O pesquisador acrescenta que o sistema nervoso responde a estímulos e a plasticidade do cérebro é a resposta a esses estímulos. Qualquer atividade, desde ler, passear por lugares que não conhecíamos, fazer algum exercício físico, interagir com outras pessoas, desafiar o cérebro fazendo palavras cruzadas, entre muitas outras, permite que o cérebro esteja ativo e estimule a plasticidade.