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Sensação

• A sensação é um fenómeno passivo, físico, periférico


e objectivo que resulta das alterações produzidas por
estímulos externos sobre os nossos órgãos sensoriais.
• Ou seja, a sensação se define como o reflexo de
qualidades isoladas dos objectos e fenómenos do mundo
material ( externo) que actuam directamente sobre os
órgãos dos sentidos. É um fenómeno psíquico elementar,
que resulta da acção da luz, do som, do calor sobre os
nossos órgãos dos sentidos. São classificados em externas
e internas:
1) Sensação, Percepção e
Representação
• A sensopercepção constitui a primeira etapa da
cognição, ou seja, do conhecimento do mundo externo.
Este se refere aos objectivos reais, que existem fora e
independentes da nossa consciência.
• A sensação e a percepção são, então, processos
psíquicos cognitivos que permitem ao ser humano
apreender a realidade objetiva; ambas actuam
vinculados, de forma tal que na prática é muito difícil
diferenciá-los, por isso chamamos a estes processos em
psicopatologia, senso-percepção.
Externas ou Exteroceptivas

• Sensações que reflectem as propriedades e aspectos


isolados das coisas e fenómenos que se encontram no
mundo exterior e que são recebidos pelos nossos
órgãos dos sentidos (sensações visuais, auditivas,
gustativas, olfactivas e tácteis.
Internas ou Interoceptivas (cenestésicas)

Refletem os movimentos de partes isoladas do nosso


corpo e o estado dos órgãos internos.
A este conjunto dá-se o nome de sensibilidade geral
(Exemplo: fome, fadiga, bem-estar, etc).
Proprioceptivas (cinestésicas)

Movimentos corporais – posição segmentar do corpo,


equilíbrio, sensibilidade à pressão, vibração, etc.
Perceção
Percepção é um fenómeno activo, psíquico, central e
subjetivo, consciente, que resulta da integração das
inpressões sensoriais parciais e da associação destas às
representações.
O termo perceção é empregado correctamente para
designar, em psicologia, o acto pelo qual tomamos
conhecimento de um objecto de meio exterior, considerado
como real, isto é, como existente fora da própria actividade
psíquica ou seja a percepção é um reflexo do conjunto de
qualidades e partes dos objectos e o fenómeno da
realidade objectiva.
A perceção está relacionada à identificação,
reconhecimento e discriminação dos objetos. É o que da
significado às sensações.

Representação

É a reprodução na consciência de percepções passadas.


As impressões sensoriais deixam a marca de sua acção o
efeito mnésico, que pode ser revivido sob a forma de
representação (re-apresentação=reprodução da imagem
de). Chama-se, portanto, representação o “ato de
conhecimento que consiste na reactivação de uma
lembrança ou imagem mnésica, sem a presença real do
objecto correspondente.”
PERCEPÇÃO REPRESENTAÇÃO
- As percepções são corpóreas - As representações têm a natureza
(possuem carácter de objectividade)
da imagem (possuem carácter de
subjectividade)

- As percepções aparecem no espaço - As representações aparecem no


externo
espaço subjectivo interno

- As perceções possuem desenho - As representações têm desenho


determinado, se acham
completamente e com todos os
indeterminado, se acham
detalhes diante de nós incompletamente e apenas em
alguns detalhes diante de nós.
- Nas percepções os diversos
elementos da sensação apresentam - Nas representações só ocasional-
todo o frescor sensorial; por exemplo mente alguns elementos são ade-
as cores brilhantes quados aos elementos da
perceção. Mas quanto à maioria,
dos elementos as representações
não são adequadas.
Muitas pessoas representam,
opticamente, tudo de cor parda.
- As percepções são constantes e - As representações se esvoaçam
podem ser facilmente retidas do e esboroam e devem ser criadas
mesmo modo de novo.

- As percepções são independentes da - As representações dependem da


vontade, não podem ser evocadas vontade, podem ser evocadas e
nem modificadas arbitrariamente. modificadas arbitrariamente. São
São aceitas com o sentimento de produzidas com sentimento de
passividade. actividade.

Características da Imagem Perceptiva: corporeidade, extrojeção, nitidez,


estabilidade, etc.

Características da Representação: ausência de corporeidade, introjecção,


imprecisão, instabilidade, etc.
ALTERAÇÕES
• Alterações Quantitativas, ou seja, na intensidade das
sensações – referem-se ao aumento ou diminuição do
número e da intensidade dos estímulos procedentes dos
diversos campos da sensibilidade. Divide-se em:

• Agnosia – distúrbio no reconhecimento de estímulos


visuais, auditivos ou tácteis, na ausência de deficits
sensoriais. As sensações continuam ocorrer
normalmente mas não são associadas à representações.
Não tem significado. Trata-se de uma lesão de um
órgão sensorial periférico.
Hiperestesia – aumento da intensidade das sensações
• Hipoestesia – diminuição da sensibilidade.
• Anestesia – abolição de todas as formas de sensibilidade
• Analgesia – perda da sensibilidade à dor, com conservação
de outras formas de sensibilidade.
• Alucinação negativa – aparente ausência de registro
sensorial de determinado objeto, sem lesão no órgão
sensorial. Aparece em quadros conversivos.
• Macropsia – os objetos aparecem aumentados de tamanho.
• Microscopia – os objetos parecem menores do que
realmente são.
• Dismegalopsia – os objetos parecem deformados.
Alterações qualitativas – Falsas perceções
Percebe-se falsamente novos objetos.
Desde Esquirol, distingue-se ilusões e alucinações:
Ilusões – todas as perceções originadas por tansformação,
de perceções reais em que os estímulos externos compõem
de tal maneira uma unidade com elementos reproduzidos
que não se podem distinguir os diretos dos produzidos.

Alucinações – são perceções corpóreas que não se originam


de perceções reais por meio de transformações mas de
modo inteiramente novo
Pareidolias

• Consiste numa imagem criada intencionalmente a


partir de perceções reais de elementos sensoriais
imcompletas ou imprecisas, por exemplo: Ver figuras
humanas ou cenas em nuvens e superfícies de murros
antigos, etc; imagens ilusórias com nitidez corpórea.
Alucinações

• Alucinações verdadeiras – são falsas perceções


corpóreas que não se originam por transformação, de
percepções reais e sim de modo inteiramente novo, e
que surgem pararelas e juntamente com percepções
reais (Jaspers).
• As alucinações se classificam de acordo com a sua
complexidade e o órgão sensorial afectado: visuais,
auditivas, etc.
Tipo de Alucinações
Alucinações auditivas: é uma das formas mais frequentes e
significativas das manifestações alucinatórias, sua presença indica
enfermidade e suas características vão influenciar no diagnóstico
diferencial. É muito comumente encontrada na esquizofrenia.
1. Sonorização do pensamento – consiste no facto de o enfermo
ouvir os próprios pensamentos, como se as palavras fossem
pronunciadas por alguém do meio exterior.
2. Audição de vozes sob forma de diálogo – o doente percebe
diálogo entre vozes de duas pessoas, que falam entre si coisas
agradáveis ou desagradáveis, elogiam ou censuram o paciente.
3. Audição de vozes que interferem na própria actividade – vozes
que lhes transmitem ordens ou fazem comentários sobre seus
actos.
Alucinações visuais
Alucinações liliputienses: paciente vê minúsculos
personagens, quase sempre em movimento. É comum em
transtornos tóxicos.
Alucinações em dobro ou autoscopia externa: o sujeito se
observa a si mesmo no espaço externo.
Alucinações cénicas: sujeito vê desfilar uma série de cenas
como se fosse um filme. São comuns nas psicoses orgânicas
e na ingestão de LSD.
Alucinações olfactiva e gustativa: se apresentam com
grande frequência associadas. As olfactivas estão mais
ligadas à epilepsia ou transtornos tumorais. São raras na
esquizofrenia, e, têm em geral, conteúdo desagradável.
Alucinações tácteis: Essas alucinações são relativas ao
sentido do tacto e se classificam em activos e passivas.
Nas activas, o paciente sente que está tocando coisas que
não existem em geral insectos, e, são muito comuns em
psicoses tóxicas, especialmente no delirium tremens. Nas
passivas, o paciente se sente tocado ou percebe animais
que caminham em seu corpo. Também aparecem nas
psicoses tóxicas e na esquizofrenia.

Alucinações cenestésicas: estão relacionadas com


sensações anormais em diferentes órgãos do corpo. Ex:
um enfermo que pensa que seus órgãos estão derretendo
ou se convertendo em pedra.
II) Pensamento
A palavra pensar vem do verbo latino pendere, que
significa ficar em suspenso, examinar, pensar, ponderar.
O processo que o pensamento cursa no cumprimento de
uma finalidade consta das seguintes operações:
comparação, análise, abstracção, generalização e
concretização.
Comparação: é a forma mais elementar do
conhecimento, baseado em qualidades e relações
exteriores; se efectua confrontando igualidade
divergências como uma forma simples de classificação.
Análise: operação pela qual se separam um objecto ou
fenómeno em suas partes.
Síntese consiste em reconstruir de novo o objecto ou fenómeno, utilizando para
isto os elementos e relações essenciais descobertos.
Abstracção: abstracção é a separação de um elemento ou qualidade de um
objecto, ou fenómeno, do resto de seus elementos constituintes.
Generalização: operação pela qual se estende uma qualidade a todos os objectos
de um género dado.
Concretização: é a aplicação das generalizações realizadas, aos casos concretos.
O pensamento se apresenta de diversas formas, entre outras, temos: conceito,
juízo e razão.

Conceito: é a soma de ideias que uma pessoa tem a respeito de qualquer coisa,
pessoa ou processo.
É o resultado de uma separação mental geral dos objectos ou fenómenos, e a
unificação mental destes. O conceito se denomina com a palavra, fora dela não
pode existir. Sem dúvida, a palavra que denomina um conceito está ligada
necessariamente a experiência sensorial, mediante a qual o indivíduo se põe em
contacto com os objectos e os fenómenos da realidade objectiva que têm sido
generalizados por esse conceito.
Alteração dos conceitos
1. Desintegração e condesação dos conceitos – a palavra se desprende,
por completo, de sua significação anterior, ou fundem-se em um
pensamento.
Ex. “tristel”= triste e cruel

2. Perdas das relações conceptuais – consiste na tranaformação dos


sistemas de relações conceptuais estabelecidas antes da enfermidade.

Juízo: a actividade mediante a qual chegamos a uma conclusão


extraida da valorização de uma concretização. Por meio do juízo
afirmamos ou negamos uma relação entre dois conceitos.

Razão/Raciocínio: é o mecanismo que nos permite relacionar


vários juízos e chegar a um novo. É a função que relaciona os juízos.
Modalidades de pensamento
• Lógico – formal – é constituído de 3 princípios:
• - Identidade ou não-contradição (se A é A e B é B, logo
• A não pode ser B)
• - Causalidade (se A causa B, então B não pode ser ao
• mesmo tempo causa de A)
• - Relação da parte com o todo (se A é parte de B, então
• B não pode ser parte de A)
• Dialético – a quantidade pode se transformar em
• qualidade, a afirmação possui em si mesma a sua
• negação, tudo é, ao mesmo tempo, causa e efeito de si
• mesmo.
3) Pensamento mágico – arcaico – baseia-se na lei na
semelhança – se 2 objetos se parecem externamente,
eles têm propriedades idênticas; – e na lei da
contiguidade – se 2 objetos estão próximos, eles se
influenciam mutuamente e trocam propriedades
entre si.
Aspectos do Pensamento

Curso, forma e conteúdo


1. Curso – refere-se à velocidade e ritmo do pensamento, à quantidade de ideias
de ideias ao longo do tempo.

2. Forma – está relacionada à estrutura do pensamento, à relação entre ideias.


3. Conteúdo – refere-se à temática do pensamento, às qualidades ou características das
ideias.

Alterações do Pensamento

Classicamente, divide-se as alterações do pensamento em: alterações da origem, do


curso e do conteúdo.

Transtorno da origem do pensamento: é um dos transtornos mais debatidos dentro da


esfera do pensamento.

1. Pensamento místico ou pré-lógica, ou ainda, fantástico, se caracteriza por construir-se


a partir de associações formais que desconhecem a essência dos fenómenos.
2. Pensamento autista: é o que se nutre em forma predominante de vivências
alucinatórias e imaginativas que não correspondem a situação real em que se
encontra o sujeito, e o separam desta. Esse pensamento autista está
presente nas psicoses, especialmente na esquizofrenia.

Alterações do Curso do Pensamento:


O pensamento normal transcorre desde seu começo com uma ideia directriz
que o guia até alcançar sua finalidade, de forma que se evitam os devios de seu
objectivo. Igualmente essa ideia directriz o conduz pelo caminho mais breve
evitando os detalhes desnecessários.
Alterações quantitativas
1. Aceleração do pensamento ou taquipsiquismo: aumento da
velocidade com que fluem as ideias, o paciente fala mais rápido.
2. Lentidão do pensamento ou alentecimento (retardo ou
bradipsiquismo): o ritmo em que se desenvolve as ideias é
lento e trabalhoso. E o doente expressa-se devagar, como se o
causasse sofrimento o simples esforço de pensar.
3. Inibição do pensamento: diminuição do número de
representações evocáveis na unidade de tempo e pela lentidão
do curso do pensamento
4. Interceptação de pensamento: esse fenómeno é determinado
pela inibição, que se processa de modo súbito sob a influência
de uma excitação, quer interna ou externa
5. Interrupção ou bloqueio do Pensamento: é uma interrupção brusca do curso
do pensamento, como a ausência total de ideias. Muitas vezes se dá no meio de
uma frase ou palavras. É quase exclusiva da esquizofrénia.

Alterações Qualitativas

1. Fugas de ideias: caracteríza-se pela variação rápida e incessante de tema com


preservação da coerência do relato e da lógica na associação de ideias. É o grau
maior da aceleração do pensamento e se caracteriza porque este flui a uma
velocidade tal que o paciênte, por mais rápido que fale, não pode faze-lo ao
rítmo do pensamento e se vê obrigado a dar saltos para alcançá-lo, o que faz
com que as frases fiquem incompletas e sem conexão para os que o escutam.

2. Desagregação do pensamento: caracteríza-se por uma perda do sentido lógico


na associação de ideias. Há a formação de associações novas, que são
incompreensíveis, irracionais e extravagantes. A ideia directriz é incapaz de
conduzir o curso do pensamento até a finalidade proposta, e esse se desvia
continuamente para distintos temas sem chegar a desenvolver nenhum.
Alguns termos possuem significados básicamente semelhantes: desagregado,
dissociado, incoerente, confuso, descarrilado, disparatado, vago e afrouxamento
dos enlances associativos.
3. Pensamento prolixo - sem perder a ideia directriz, o paciente dá inúmeros
rodeios por não poder separar o esencial dos detalhes sem importância
4. Minuciosidade – excesso de detalhes relevantes.
5. Perseveração: recorrência excessiva e inadequada do mesmo tema. Repetição
automática e frequente de representações. Dificuldade para abandonar o tema
que inutilmente procura desenvolver.
6. Concretismo: ou pensamento empobrecido, caracteríza-se por um discurso
pobre em conceitos abstractos, em metáforas e analogias. Há uma intensa
adesão ao nível sensorial e imediato da experiência.
7. Ideias obsessivas – são ideias indesejadas que representam insistentemente ao
indivíduo, mesmo que se lute contra elas. O sujeito as reconhece como suas e
compreende que são absurdas, mais isso cria intensa angústia. São absurdas,
irracionais, desagradáveis, repetitivas e persistentes.
Transtornos do conteúdo do pensamento
(Juízo).
1. Ideia delirante ou Delírio:

Delirar vem do latim declirare (de=fora; liros=sulcos) que significa


literalmente lavrar fora do sulco. É o transtorno mais importante do
conteúdo do pensamento. Consiste em uma ideia errónea,
imodificável pela experiência, incorrigível e com força indutora
capaz de guiar a conduta do doente. Outro conceito de Delírio:
“conjuto de juízos falsos, que se desenvolvem em consequência de
condições patológicas preexistentes e que não se corrige por meios
racionais”. Para Jaspers são juízos patologicamente falsos, que
possuem as seguintes características internas: acompanham-se de
uma convicção extraordinária, não são suceptíveis à influência e
possuem um conteúdo impossível.
Dilírio primário – é a ideia delirante autêntica. Não deriva de nenhuma outra
manifestação psíquica patológica, é incompreensível.

Delírio secundário – também chamada de ideia Deliróide. Se origina de forma


compreensível psicologicamente de outras manifestações psíquicas patológicas, tais
como alterações do humor, da sensopercepção e da consciência. Ex.: culpa na
depressão.

Tipos de Delírio
Delírio de Perseguição – é o mais comum. O doente acredita que o estão vigiando,
querem prejudicá-lo ou mesmo matá-lo.
Delírio de Prejuízo – o indivíduo pensa que as outras pessoas são hostis, zombam
dele, e etc.
Delírio de Reivindicação (querelante) – se julga vítima de terríveis injustiças ou
discriminações.
Delírio de Grandeza – acredita ser muito rico e poderoso, ou possuir habilidades e
talentos especiais.
Delírio de Ciúme- acredita que seu cônjuge está a ser infiel
Delírio de Negação ou Niilista – afirma que já morreu, seus órgãos apodreceram, o
mundo acabou, etc.
Delírio Místico – envolve temas religiosos, espíritos, etc.
2. Ideia sobrevalorizada, supervalorizada ou Ideias
prevalentes: São ideias criadas por um juízo que se
encontra parcialmente imperfeito por estados
emocionais, a partir de crenças e concepções religiosas,
éticas, politicas e sociais. Produz-se um exagero, ou seja,
conjunto de ideias que, em virtude de sua tonalidade
efectiva, adquirem predominância sobre todos os demais
pensamentos e se conservam por longo tempo ou
indefinidamente.
Linguagem
• Sistema de signos fonéticos e gráficos (palavras) que funciona como
um processo intermediário entre o pensamento e o mundo externo.
• Finalidade:
- Comunicação social
- Expressão de vivências internas ( pensamentos, sentimentos)
- Organização da experiência sensorial e dos processos mentais
- Tradução dos estímulos externos
- Indicação e descrição das coisas
- Transmissão de conhecimentos
- Regulação da conduta
Linguagem e Pensamento

• Linguagem e pensamentos estão intimamente relacionandos e, apesar disso


são dois fenómenos distintos.
• O estudo da linguagem tem como objectivo as palavras
• O estudo do pensamento se referem as ideias.
• A linguagem molda o pensamento e é fundamental para a sua elaboração e
expressão.
Prosódia
• Além do componente conjutivo a linguagem possui um componente afectivo -
PROSÓDIA
• A Prosódia é constituida pela:
1. Musicalidade
2. Entoação
3. Inflexões da fala
4. Gesticulação

Alterações da linguagem que não fazem parte da Psicopatologia


Alterações, do aparelho fonador, devidas a causas orgânicas:
• Disartrias (dificuldade na articulação da palavra)
• Dislalias (deformação, omissão ou substituição restrita a determinadas
consoantes)
• Disfemias (tartamudez)
• Disfonias (pertubação da voz, atingindo principalmente as vogais)
Linguagem
Conceito: A linguagem é a capacidade exclusiva do
homem de expressar por meio de sinais convencionais –
a palavra falada, os fatos e fenómenos da realidade
objectiva, abstraídos e generalizados pelo pensamento.
A linguagem é o meio de expressar o que pensamos e
sentimos e também pensamos através da linguagem.

Existe uma estreita relação entre o pensamento e


linguagem, porém, a linguagem também está vinculada
a senso percepções, memória, etc.
Principais funções da linguagem são:
- Função comunicativa – a linguagem é o principal meio de comunicação entre
as pessoas.
- Função nominativa – por meio da palavra o homem nomeia os objectos e
fenómenos da realidade.
- Função reguladora – a linguagem torna possivel o planejamento de actividades,
motiva a acção, a transmissão de normas, etc.
- Função cognitiva – participa direitamente na aquisição de conhecimentos
atravez das informações que recebemos e que transmitimos.

Alterações da linguagem
Para a maior compreensão agruparemos da seguinte forma:
I – Transtornos da articulação:
Afectam a articulação da palavra falada. É o transtorno mais comum. São,
neurológicamente, tangíveis, sendo possível existirem sem distúrbio psíquico.
1) Dislalias
Em geral se apresentam por omissão, distorção, substituição e inconstância na
pronúncia.
Divíde-se em funcionais e orgânicas
Dislalias funcionais – alteração na emissão ou produção de um ou vários sons.
Podem ocorrer por imitação de padrões incorretos usados no meio familiar,
como consequência de doênças infecciosas e por insuficiente desenvolvimento
da percepção de audição.
As dislalias funcionais divide-se, ainda em:
- Transtornos isolados de pronúncia, porém o indivíduo sabe diferenciar o
fonema ao ouvi-lo, o que não interfere no processo de leitura e escreita.
- Transtornos fonéticos-fonemáticos, onde, além da alteração da pronúcia está
afectado também a percepção e audição fonemática. Encontramos alterações
dos fonemas que consistem em substituições e incostâncias na pronúncia.
Ex: tapa no lugar de sapa-troca-se o som, geralmente, por outro do mesmo
nível de articulação.

Dislalias orgânicas – se originam por diferentes anomalias no aparelho


articulatório. Dependendo da localização da afecção orgânica se apresentará
alteração da pronúncia.
Ex: quando o freio lingual impede ou distorce a correcta articulação do som R
ou L, S ou F, etc.
2) Rinolalias

É a mudança patológica no timbre da voz e se faz acompanhar de alterações na


pronúncia dos sons da linguagem. É um transtorno na participação normal das
cavidades nasal e bucal, nos processos de formação da voz e da articulação.
As rinolalias se dividem em abertas ou hiperrrilalia – maior participação da cavidade
nasal. Podem ser orgânicas (fissuras palatinas, etc.) e funcionais (déficit de atenção,
imitação, etc).
Rinolalias fechada ou hiporrilalias – existe um obstáculo na passagem aéria do nariz
que provoca uma diminuição da ressonância nasal. Os sons M – N – Ñ adiquirem
uma matiz horal distorcida.
Ex: em lugar de mama, se diz bbabba.
Normalmente é de origem orgânica.

3) Disartrias

São transtornos na articulação das palavras que afectam a pronúncia, o rítmo e a


fluência verbal. É causada por lesões no sistema nervoso central e o periférico (PC,
traumas, atc).
Produz-se distorções dos sons, omissões e substituições, sendo, ainda, a voz
imprecisa.
Quando o caso é mais grave e a fala é incompreensível pois é inpossivel
articulação dos fonemas, chamamos de anartria.
II- Transtorno no rítmo e fluência verbal.
Neste grupo encontramos duas grandes entidades nosológica: a tartamudez e o
tartaleo.
1) Tartamudez – É uma alteração no rítmo na fluência verbal, que se vê
interrompida por espasmos.
2) Tartaleo – falta de coordenação entre a concepção verbal e a mecânica da
fala. É de índole orgânica constituicional
3) Taquilalia – é a alteração do rítmo da linguagem. Se apresenta em: quadros
de aceleração psicomotora com a mania, a excitação reactiva e outras
síndromas psicomotoras.
4) Bradilalia – lentidão do rítmo da linguagem. Se apresenta em quadros de
lentidão psicomotora como as depressões e os quadros confusionais.

III- Transtornos no aparecimento e desenvolvimento da linguagem


1) Insuficiência geral no desenvolvimento da linguagem
São transtornos que se produz em crianças de inteligência normal que não
apresentam dificuldades auditivas, porém tem alterações nos três componentes
da linguagem: léxico, fonético e gramatical.
2) Retardo oral – quando o paciente apresenta alterações em forma secundária a um
retardo mental.
IV – Transtorno na simbolização
1) Afasias – perda total ou parcial da linguagem condicionada por infecções
cerebrais, transtornos vasculares, enfermidades inflamatórias cerebrais
(encefalítes, abscessos,...) e tralmatismo craneocerebrais. As lesões podem
localizar-se nas áreas de linguagem.
As afasias podem ser:
- Afasia sensorial
- Afasia motora
- Afasia mista
2) Dislexias – É a dificuldade de compreender o símbolo da escrita. Doente não
pode identificar nem reproduzir os símbolos escritos
3) Disgrafia – Dificuldade para expressar a linguagem escrita
V – Transtorno na fonação
1) Disfónias – Deficiência na emissão de voz que pode ser provocada por afecções
funcionais ou orgânica.
2) Transtorno mutacionais – Diferentes transtornos devido uma alteração na
puberdade, no processo normal da maturação da laringe (voz rachada, sobreaguda
ou ultragrave).
3) Fonastenia – É a alteração da voz que se reproduz nos profissionais da voz e que
não tem causas orgânicas. Se manifesta por divestésia, dor, tosse, a voz se
apresenta velada em ocasiões bitonais.
4) Afonias – Alteração que se caracteriza pela alteração da voz. Pode ser funcional,
como na histéria; e orgânica como na laringite, tumores laringeios, paralesia do
nervo recorrente, etc.

VI – Alterações da linguagem secundárias a transtornos psiquiátricos:

1) Mutismo – O doente se nega a falar. Se apresenta nos quadros catatonicos,


histéria, melancolia, sindromes delirantes e oligofrenias.
2) Logoreias –Os doentes falam atabalhoadamente, tudo quanto lhes ocorre, sendo
possível compreender que isso resulte de afectos; nem pretendem eles ser entendidos,
ou comunicar coisa alguma, num fluxo que dura, incessante , o dia inteiro, dias
seguidos

3) Neologismo – o paciente cria palavras que são compreensíveis so para eles.


Estas expressões, experiência emocionais ou cognitivas novas não podem relacionar-
se com os seus esquemas de referência anteriores a patologia ou com o das pessoas
normais.
4) Musitações – O doente murmura de forma confusa, fala baixinho se apresentam
em demencias avançadas, esquizofrenias retardos mentais e psicoses orgânicas
deterioração.
5) Ecolalia – Repetição involuntária, simplizmente repetem impressões acústicas,
como um eco, das frases que o paciente ouve. Se apresentam em quadros
catatonico, demencias e oligofrenia.

6) Verbigeração – repetição monótona e automática de palavras ou frases sem


sentindo, no curso da conversação. Não se percebe o significado algum nessas
repetições, nem em seu conteúdo; como também o paciente parece não vivenciá-
as.

7) Esteriotipia verbal – É a repetição de um vocábulo que se intercala na


conversação

8) Confusão verbal – Modos de falar que resultam, certamente, de fenómenos


muito diversos ; não se comunica, nem se faz compreensível significado algum,
quer sob a forma de falas aparentemente coerentes, quer em frases completas quer
em fragmentos permanentemente interrompidos.

9) Paralogia ou para – resposta – relacionada com uma pergunta, o paciente


responde de forma incorrecta, embora subsista a capacidade intelectual
Ex: 3X3=10
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS

Disfásia e afasia – disfonia é prejuízo ou dificuldade na linguagem. Afasia perda


da linguagem
❖Afasia motora ou afasia de broca – A capacidade de repetição esta
comprometida – lesões na região posterior –inferior do lobo frontal esquerdo.
❖Afasia sensorial ou afasia Wernicke – a capacidade de repetição e de
nomeação estão comprometidas, as palavras são pronunciadas de forma
defeituosa - lesão na região postero-superior o lobo temporal esquerdo
❖Afasia de condução – A capacidade de repetição e de nomeação estão
comprometidas – lesões nas áreas de Wernicke e broca
❖ Afasia transcortical – Preservar a capacidade de repetição
❖ Afasia anonima – Dificuldade somente em nomear objectos
❖ A grafia – Incapacidade para escrever
❖ Alexia – Incapacidade para a leitura
❖ Aprosódia e hipoprosódia – Perda e diminuição da modulação afetiva da fala
❖ Hiperprosodia – Aceitação da inflexão verbal
❖ Mutismo Ausência de fala negativismo inibição psíquica,
depressivo, histérico ou delírio.
❖ Logorréira ou verborréia ou verborragia – expressão verbal
aumentada
❖ Oligolalia ou laconismo Expressão verbal diminuída
❖ Hiperfonia – Elevação do nível da voz
❖ Hipofonia Redução no volume da voz
❖ Taquilalia – Aumento da velocidade da expressão verbal
❖ Bradilalia – Diminuição da velocidade da expressão verbal
❖ Latência da resposta – refere-se ao tempo que o paciente demora
para responder as perguntas. Pode estar aumentada ou diminuída.
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS

❖ Ecolalia – Repetição, com um eco, da ultima ou ultimas palavras faladas pelo


entrevistador
❖ Palilalia – repetição involutária da ultima ou ultimas palavras que o próprio
paciente falou (demência).
❖ Logoclonia – Repetição das ultimas sílabas (demência).
❖ Esteriotipia verbal – Repetição monotona, inadequada e sem sentido de
palavras ou frases (esquizofrenia catatónica e demência)
❖ Mussitação – Fala com o volume baixo e som monótono, quase sem mover os
labios, sussurros incompreensíveis (esquizofrenia)
❖ Neologismos – Palavras novas ou atribução de um novo sentido a palavra ja
existentes (esquizofrenia)
❖ Jargonofasia Ou falada de palavras ou esquizofasia ou confusão de linguagem
– completa desorganização da linguagem, ininteligível (esquizofrenia ou afasia
sensorial)
❖ Parafasias – deformação ou troca de palavras
Ex: faca / vaca ou faca / garfo
❖ Soliloquio – Falar sozinho (indica a lucinação auditiva)
❖Coprolalia – Palavras obscenas, vulgares ou relactivas a
excrementes (tique verbal, comum na sindrome de
Tourette)
❖Glossolalia – Como se estivesse falando outra língua,
sons inteligíveis
❖Maneirismos – Pouco natural, afectada, formalismo
exagerado, etc.
❖Pedolalia – Fala com voz infatilizada
❖Para-respostas – Respostas disparatadas com relação as
perguntas. Qual o seu nome? Acho que vai chuver
(esquizofrenia e demencia)
❖Respostas aproximadas – o paciente compreende a
pergunta e conhece a resposta correcta mas responde
deliberadamente errado. Quantas partes tem um cão?
Cinco.
AFECTIVIDADE E SUAS ALTERAÇÕES
Definição: Chama-se afetividade a capacidade de
experimentar sentimentos e emoções. A afetividade
compreende o estado de ânimo ou humor, os
sentimentos, as emoções, e as paixões.
É através de processos cognitivos, tais como: sensação,
percepção, pensamento, memória, imaginação que o
homem interage com o meio ambiente que o cerca.
Porém, neste processo de conhecimento, afectividade
desempenham um importante papel. Os processos
cognitivos, afetivos e a conduta (que veremos adiante)
estão sempre ligados.
Quando recebemos e processamos a informação produz-se em nós, reações
emocionais. Qualquer percepção, por menor que seja, provoca uma emoção positiva
ou negativa, de prazer ou desprazer, de excitação ou paz.
As vivências que nos fazem sentir bem ou mal, que nos impulsionam a rejeitar
ou aproximarmos de objetos, como reação ao que percebemos e pensamos,
constituem a afetividade.
Os processos afetivos no ser humano são extremamente complexos. A forma
como cada um sente e reage às situações são incontáveis e estarão, de alguma
forma, vinculadas ao mundo exterior e interior, bem como, ao momento da vivência.
Mira y Lopes classifica as emoções em primárias e secundárias, e é essa
classificação que vamos adoptar:
- Primárias: ira, medo e amor
- Secundárias: alegria, tristeza e ansiedade
Emoções primárias
Se o sujeito considera, numa determinada situação, ou objecto como ameaçador
ou frustrador, fugirá ou lutará para destruí-lo, como resposta às emoções de medo ou
ira. Se o objecto implica na realização de necessidades, produzirá uma resposta
emocional positiva de proximidade com o objecto, considerando-se a emoção de
amor. Assim, de forma esquemática, entendemos as emoções primárias.
Emoções secundárias:
- A alegria é uma vivência emocional positiva que leva o indivíduo a sentir-se
cheio de energia e capacidade. Implica na satisfação de necessidade e projecta, no
individuo, optimismo frente ao futuro. Se expressa através do sorriso, eloquência,
sociabilidade, e muita tolerância com os outros. Em geral é de duração breve,
ligada a situação que a originou.

- A tristeza, vivência emocional oposta a alegria, traz consigo um sentimento de


incapacidade e falta de energia, a pessoa vê o futuro de forma sombria e
pessimista, fala sobre o passado e vive lamentando-se. Apresenta expressão de
depressão ou melancolia, diminuição da atividade motora geral. Nos
relacionamentos tende a retirar-se e a falar pouco. A tristeza muitas vezes está
ligada à perda de um ser querido, ou frustrações de qualquer tipo. Normalmente,
também é vivência de pouca duração.
- A ansiedade é uma vivência emocional que deve ser diferenciada do medo, pois
neste o perigo é conhecido e definido, enquanto que na ansiedade o perigo ou
ameaça é desconhecida.

- Além da classificação de Mira y Lopes, existe também a classificação de Max


Scheler (Médico, Filósofo e Sociólogo alemão – 1874-1928)
Segundo Scheler, haveria quatro tipos de sentimentos (afetos):
sensoriais, vitais, psíquicos (anímicos) e espirituais.

• Os sentimentos sensoriais localizam-se em determinadas partes do


corpo e estão relacionados às sensações de prazer e dor.

• Os sentimentos vitais, como os anteriores são sentimentos corporais,


porém não são localizados e relacionam-se com o organismo como um
todo. Por exemplo: as sensações de mal-estar, bem-estar, fadiga,
desânimo, vigor, fome e sede (embora estas duas últimas possuam
também componentes sensoriais, localizados no estômago e na
cavidade oral, respetivamente).

Os sentimentos vitais guardam certa autonomia quanto ao mundo


externo, isto é, não são reativos. Além disso, possuem um caráter de
intencionalidade: a fome provoca a procura pelo alimento; o cansaço
exige o repouso.
• Os sentimentos psíquicos não são sentimentos
corporais. Não se prendem a elementos
sensoperceptivos; estão, sim, ligados ao significado do
que é percebido. Constituem reações a acontecimentos
externos e são dotados de intencionalidade: ficar alegre
ou triste em função de uma notícia; sentir raiva ou
medo de uma pessoa; sentir-se culpado por um pecado.

• Os sentimentos espirituais referem-se a um sistema de


valores compartilháveis influenciável pela cultura. São
sentimentos estéticos (belo, feio), morais (certo, errado)
e religiosos.
Entre as manifestações somáticas da ansiedade notamos o aumento do tônus
muscular, aumento das respostas neuro-vegetativas, como: taquicardia,
taquipnéia, suores, etc...
Sua origem encontra-se normalmente relacionado com situações de conflitos e
geralmente mal definidas, onde o indivíduo teme não poder ou superar.
Além dessas emoções temos os sentimentos, as paixões e o estado de ânimo.
- Sentimentos são vivências afectivas mais estáveis, surgem mais lentamente
que as emoções, porem são menos intensas e mais duradouras. Estão
relacionados com as motivações social e não se fazem acompanhar de
mudanças somáticas.
- Paixões são vivências de grande intensidade e tem a propriedade de
concentrar todas as forças, pensamentos e interesses do indivíduo para uma
finalidade.
- Estado de ânimo, é como o pano de fundo sobre o qual se produzem as
emoções e sentimentos. O estado de ânimo é a afectividade de base.
Denomina-se relação afectiva a tomada afectiva de contacto com os outros.
Um mau contacto pode resultar de retenção afectiva (falta de disposição ou de
capacidade para exprimir os sentimentos) ou de embotamento; ou até de
extinção dos afectos.
Para uma melhor sistematização, classificaremos as alterações da afectividade em
quantidades e qualitativas.

Alterações quantitativas – apresetam um aumento ou diminuição na resposta


afectiva, ou seja, hipertimias ou hipotimias.
- Hipertimias positivas ou prazerosas – o humor é exaltado ou eufórico.
Constituem o sintoma principal da sindrome maníaca: sentimento de alegria e
inflação do eu.
Euforia – é um tipo de alegria em que o factor predominante é a desinibição. O
paciente apresenta garnde jovialidade e tendência a estabelecer relações
interpessoais, com perda ou diminuição das inibições próprias da observação dos
convencionalismos sociais. Pode apresentar-se em trenstornos tóxicos por álcool ou
outras substâncias, em quadros orgânicos como a paralisia geral progressiva, no
retardo mental e nas demências.
Hipomania – constitui uma forma de alegria com caracteriísticas muito similares a
alegria normal, porém a diferênça fundamental é a intensidade e duração ja que
neste caso é mais intensa e se mantém por longo tempo. Se faz acompanhar de uma
discreta aceleração do ritmo e da actividade psicomotora. O sujeito tem grande
energia e habitualmente uma maior capacidade de trabalho, e não se produz, neste
grau, uma desintegração da conduta.
Geralmente se apresenta de forma ciclica.
Em pacientes neuróticos pode constituir uma forma de luta contra
situações difices e estados depressivos. Alguns pacientes a manifestam
durante estados de ansiedade.
Nas psicoses maníaco-depressivas ou distúrbio bipolar, em seu começo,
pode não ser evidente este sintoma, ou seija, pode passar desapercebido.
Mania – consiste em um incremento do sintoma anterior. A alegria
alcança tal intensidade que leva o pasciente a uma perda do sentido da
realidade. A sensação de segurânça e optimismo envolve uma vivência
de poder ilimitado. Se acompanha de uma notável aceleração do
pensamento que pode chegar a uma fuga de ideias. O resto de sua
actividade e psicomotricidade se encontram igualmente acelerados, com
a característica de que sua acções embora no princípio tenham uma
finalidade, quase nunca se afectivam, porque sua atenção é facilmente
dispersa, ou seija, pode ser chamado em outra direcção a que se lança
com o interesse em cada momento. Este sintoma se apresenta na forma
maníaca das psicoses maníaco-depressivas, na excitação reactiva, e, em
algumas psicoses orgânicas.
- Hipertimias deprazerosas
a) Tristeza - a tristeza começa a ser considerada anormal, e portanto, um sintoma, na
medida em que se aparta da resposta habitual a uma situação. A tristeza anormal, tem um
tempo e intesidade razoáveis, o indivíduo começa a adaptar-se de maneira que se
despertam novos interesses.
Quando isso não acontece, o doente experimenta grande desagrado e insatisfação. A
sensação de incapacidade e impotência aumenta a níveis que não se ajustam a realidade.
O pessimismo imprega todos seus pensamentos e chega a vivenciar essa tristeza com
carácter de dor física. Podem surgir ideias desvalorizadas e de culpabilidade, ruína, etc.
A motricidade também se encontra alterada, inibida. Esse sintoma se apresenta nas
depressões de nível neurótico, indivíduos com transtornos de personalidade e sujeitos
normais. No nível psicótico se apresenta sob a forma depressiva das psicoses maniaco-
depressiva, nas psicoses depressiva reactiva, etc.

b) Ansiedade – como no sintoma anterior, a diferênça principal da ansiedade normal é


sua intensidade e duração. Em sua forma patológica, é experimentada de uma maneira
continua, interrompida por crises de angústia intoleráveis e se acompanha de intensas
alterações vegetativas e condutas de intranquilidade e agitação.
O doente vive como se tivesse um medo permanente sem saber qual é sua causa.
Atribuem, frequentemente, essa ansiedade à causas externas.
Irritabilidade – sintoma que se caracteriza por vivências emocionais de
desagrado, muito semelhantes à ira, aparece frente a pequenas.
Frustações ou contratempos ligeiros. O doente tem uma vivência de
insastifação quase que permanece, tudo o irrita. A irritabilidade está presente
nas sindromes depressivas, neurastenia e outras neuroses.
- Hipotimia
O termo hipotimia implica uma diminuição de afectos, diferente da
tristeza que apresenta um aumento de um afecto desagradável.
Consideramos a hipotimia em seu significado psicopatológico, considerando-o
semelhante à Indiferença Afectiva. Esses sintomas se caracterizam por uma
diminuição da resposta afectiva aos fatos e situações da vida. O paciente é
percebido como frio, estranho e indiferente pelo observador. Em suas formas
ligeiras se denomina embotamento afectivo, existe uma carência de
sentimentos: apatia (indiferença) e torpor (stupor).
É um sintoma genuinamente esquizofrénico, embora possa parecer em
outras afectiva.
Existe também autores que nomeiam de:
Sentimentos de falta de sentimentos às queixas de alguns pacientes de que
não experimentam sentimentos de forma alguma;
Sentimentos de insuficiência, aos enfermos que sentem-se inútes para o
mundo real, incapazes para qualquer acção necessária, inaptos para
determinarem-se, e, a indecisão, o sentimento de não ser caopaz , de não
poder pensar causam um profundo sofrimento ao paciente;
Sentimentos sem objecto à angústia indeterminada;
Sentimentos inadequados ou dissociação afectiva (Bleuler) a alteração da
referência dos sentimentos e das emoções às circunstâncias do momento.

Alterações qualitativas

Labilidade afectiva ou Instabilidade Afectiva – se caracteriza por mudânças


bruscas e com pouco, ou sem nenhum motivo. Habitualmente são breves e de
grande intensidade. Labilidade é a incostância dos afectos. É caracterizada pela
brevidade e variabilidade dos afectos; fala-se em labilidade do humor quando há
alteração frequente do estado de humor geral.
Apresenta-se nos retardas mentais, nas demências, nas personalidades
imaturas e nos histéricos.
Incontinência afectiva – consiste na incapacidade para manter o controle
adequado sobre as reacções emocionais, as quais, tomam características
exageradas e tempestuosas. É comum nas imaturidades fisiológicas e
psicológicas.
Tenacidade afectiva – é a persistência anormal de certos estados afectivos,
como ressentimento, o ódio e o rancor, ou seija, uma persistência de uma
vivência emocional durante um tempo exagerado e com uma intensidade
anormal. Se observa principalmente nas epilepsias, em paciente delirantes,
paranóicos e em transtornos de personalidade.
Neotimias ou Qualidades Novas dos Sentimentos – são vivências afectivas
novas, nunca antes expermentadas nem pelo sujeito nem por outras pessoas
amais, na maioria das vezes indefenidos incompreensíveis. Se observam
fundamentalmente no esquizofrénicos e também nos estéricos.
Perplexidade – é u ma reacção afectiva complexa, e resultante da coesistência
do assombro, desconcerto e estraenza que o doente espermenta ao não poder dar
conta da situação em que vive. Pode apresentar-se em psicoses orgânicas,
retardado mentais profundo, em demências e quadros de garnde estrece.
Dissociação ideiafectiva-incongruente, afecto discordante, paratimia – se
produz quando a reacção afectiva responde inadequadamente a situação que a
origina. Pode apresentar-se como uma resposta emocional oposta anormal. Por
exemplo quando alguém ri ao saber de uma notícia ruim. Pode apresentar-se em
demências, retardado mentais profundos em psicoses orgânica e esquizofrénia,
bem como na histéria.
Ambivalência afectiva – consiste na coesistência simultânea de afectos opostos,
ou seja, sentimentos contraditórios (relactivamente a certa pessoa, ideia ou fato)
simultâneamente existentes. A ambivalência torna-se patológica quando os afectos
opostos persistem sem nenhum deles predominar sobre o outro, prolongando
indefinidamente a tensão emocional.
Puerilismo – Alterações mentais caracterizadas pela regressão da perssonalidade
adulta ao nível do comportamento infantil.
Mória – Estado de excitação alegre associado a certos puerilismos mentais, são
inquietos, de humor instáveis e exuberantes.
Irritabilidade patológica – Bleuler considera a irritabilidade patológica como
uma predisposição especial ao desgosto, a ira e ao furor. Caracteríza-se por
impaciência irritabilidade, aumento de capacidade de reacção para determinados
estímulos e intolerância pelos ruídos.
Sentimentos de presença – o enfermo tem a certeza imediata de que alguém está
ao seu lado, atrás dele, sente a presença de alguém que nunca é visto, porém está
certo de que está próximo ou se afasta.

Sugestionabilidade patológica – É uma alteração tanto afectiva como volitiva.


Trata-se de uma pre-disposição psiquica especial, que determina uma
receptividade e uma submissão muito fáces as influências estranhas exercida
sobre o indivíduo.

Pânico – consiste numa vivência de extraordinária repercussão psíquica, tão


intensa que se tem tentado denominar de reacção neurótica de pânico. Estupor
emotivo a uma intensa comoção psíquica originada pelo medo.
Fobia – Temor patológico, insensato, obsessivo e angustiante que certos doentes
se tem em determinadas situações.

Fobia – Temor patológico, insensato, obsessivo e angustiante que certos doentes


sentem em determinadas situações.
Actividade Voluntária – Vontade

A actividade voluntária envolve uma série de processos psíquicos conscientes –


percepção, representação, ideias, sentimentos – que determinam a direcção e a
intensidade da acção.
“O ponto de partida de um alto voluntário é constituido pela representação de uma
finalidade próxima ou remota, que tem por objectivo determinar uma modificação
em nós mesmos ou no ambiente.”
Essa representação é acompanhada de sentimentos que se transformam em
estímulos para a realização do ato. O ato é voluntário quando praticado com
previção e consciência de finalidade.
• Destinguem-se quatro fases no ato voluntário:
• Intenção ou propósito – tendência para a acção e está relacionada aos impulsos
• Deliberação – componente intelectual do ato volitivo, constitui uma das
condições indispensáveis para a realização de um ato verdadeiramente voluntário
• Resolução ou Decisão – a resolução de executar ou de inibir o ato é a principal
característica da actividade voluntária.
• Execução – etapa final do ato voluntário, é a consequência lógica da resolução,
refere-se a actividade psicomotora.
Actos volitivos e actos automáticos

A actividade voluntária ou, pelo menos, a simples realização de um ato nem sempre se
acompanha do mesmo grau de consciência de finalidade. A maior parte dos actos que
executamos na vida diária são relativamente automáticos. Na actividade voluntária intervém
uma série de elementos reflexos, automáticos e instintivos que, na prática, não podem ser
bem diferenciados.

A repetição frequente de um ato voluntário, especialmente se, se deseja aprender uma


profissão, transforma os actos volitivos em actos automáticos.
Na execusão de actos ligados à actividade profissional é indispensável que a acção se
processe de forma mais ou menos automatizada, pois seria prolongar indefenidamente o
tempo de execução se, a todo instante, tivéssemos que refletir sobre os pormenores da acção.
Pensamos, sentimos e agimos, frequentemente, de maneira automática, se a participação da
liberação e da reflexão.
Ex: Dirigir um automóvel
Entre a actividade voluntária e a actividade reflexa, automática, não há limites
bem definidos; ao contrário, entre ambas existem insesiveis gradações. Por isso,
nas enfermidades mentais, havendo enfraquecimento da inibição, observa-se
uma série de automatismos, praticados com insuficiente participação de reflexão
e de noção de finalidade. A natureza e a direcção do acto volitivo dependem do
conteúdo da representação, mas a intensidade da acção está subordinada à
afectividade. A energia da acção está ligada à intensidade dos sentimentos.
Patologia e valor semiológico

As alterações da actividade voluntária são estudadas, nos doentes mentais,


não só através da conduta em seu conjunto como ainda pela observação de actos
isolados. Aqui, não tem nenhuma importância prática a classificação dessass
alterações em “quantitativas”e”qualitativas” ou a destinção que se vem fazendo
ultimamente entre alterações da “acção implicita” e da “acção explicita”. O que
interessa, neste particular, é o estudo da atitude que o enfermo mantém diante
do examinador e sua conduta no meio hospitalar.
Alterações da actividade voluntária:

1. Hiperbuila ou estados de Excitação ou Excitação Psicomotora


São observações em algumas pertubações psicóticas, principalmente
em determinadas fases da enfermidade. Nos transtornos mentais
afectivos, os estados de excitação estão caracterizados pela
multiplicidade de movimentos: o enfermo fala, gesticula, grita, dança,
corre, salta, rasga as vestes e destroi tudo o que encontra ao seu
alcance. O estado de excitação não é caótico; aocontrário, os
movimentos são realizados com determinado objectivo e representam a
expressão de uma necessidade de actividade.

2. Hipobulia ou Debilidade da vontade


Sob a denominação de debilidade da vontade, hipobulia, descréve-se
uma pertubação da vontade caracterizada por afrouxamento e
insuficiência volitica, especialmente na passagem coincidindo com
outros sintomas de alterações da personalidade, e, é mais observada em
todos os estudos de depressão.
3. Estupor
Períodos em que as manifestações da actividade estão reduzidas ao grau
mínimo ou mesmo abolidas.
Bumke assinada que no quadro do estupor há “uma falta mais ou menos
completa de iniciativa e uma fundamental ausência de reacção diante dos
estímulos externos”. Nos estados e estuporosos, o enfermo não reage aos
estímulos do meio exterior, verificando-se habitualmente que ele não faz o
menor movimento no sentido de atender às solicitações de médico.
A pobreza de movimentos e a imobilidade podem ser observadas em
diversos quadros clínicos:

1. Estupor melancólico – Verifíca-se inibição da vida mental: o enfermo fala


em voz baixa, de forma vacilante e monótona. Os movimentos são lentos e de
pequena amplitude. Falta ao enfermo a capacidade de decisão e de estímulos
normais da vontade para superar a inibição. Nos graus mais intensos de stupor,
os pacientes se mantêm completamente imóveis e rígidos.
2. Estupor histérico – Manifesta-se, habitualmente, de modo súbito como
reacção intencional compreensível. O enfermo apresenta a expressão
fisionómica perplexa, pobreza de ideação, desorientação, ausência de iniciativa
e de espontaniedade. O estupor psicogênico não impede que o enfermo
mantenha boas condições de higiene pessoal, mude com frequência de posição
e aceite os alimentos, o que demonstra certo grau de lucidez da consciência.

3. Estupor catatônico – Nesses casos, o enfermo permanece imóvel, não


reage aos estímulos mais intensos nem manifesta movimentos de defesa. A
rápida oclusão das pálpebras ou um leve desvio da cabeça é, na maioria das
vezes, a única resposta a estímulos dolorosos.

O paciente se mantém rígido, nas posições mais incómodas, como, por


exemplo, com a cabeça afastada do travesseiro. Outros conservam os lábios
cerrados convulsivamente, ou as pálpebras da mesma maneira. Manifesta
resistência à mudança de posição, em consequência da rigidez do corpo. E
frequente a retenção de saliva na cavidade bucal, como também a retenção de
urina e de fazes. A rigidez muscular raramente persiste imodificada durante o dia
e é mais comum que se manifeste por acessos, quando se tenta mudar o
enfermo de posição. Na maior parte dos casos, a face se apresenta
congestionada, o pulso acelerado, surgindo periodos de saudação intensa, com
as extremidades frias e cianóticas, e a temperatura do corpo abaixo do normal.
O estupor catatônico pode ser interrompido de maneira súbita, seguindo-se,
algumas vezes, um grande estado de excitação. Em outros casos, o paciente volta
subitamente ao estado normal.

4. Em casos de transtornos mentais epilépticos é possivel observar uma forma de


bloqueio psicomotor estuporoso, acompanhado de obnubilação. Acentuada da
consciência e desorientação. Quadro clínico idêntico pode ser observado em
lesões cerebrais infecciosas ou tóxicas e nas alterações cerebrais senis. A
escassez de movimentos pode ser também um sintomu orgânico directo em lesões
frontais e na hipertensão intracraniana por hidrocefalia interna.

A escassez de movimentos e a limitação da motilidade podem ter causas


patológicas e localizações cerebrais as mais diversas.
Além das pertubações estudadas ate aqui existem um certo número de alterações
da actividade voluntária, que se observam quase exclusivamente na catatonia e
são, por isso, chamados de sintomas catatonicos: acham-se agrupadas sob as
denominações de negativismo, sugestibilidade e esteriotipias.
4. Negativismo

O negativismo é uma “tendência permanente e instintiva a reagir


contra todas solicitação do mundo esterior, qualquer que seja a sua
natureza” (Kahlbam). Essa tendência a resistir as influências
externas, chamada pelos antigos autores loucura de oposição,
manifesta-se não so em relação as ordens transmitidas ao paciente
como ainda aos movimentos que se procura imprimir aos seus
membros. Se o médico manda o enfermo lenvatar-se, deitar-se,
vestir-se ou andara, ele não obedece ou faz exactamente o contrário
daquilo que se lhe ordena. Entre as manifestações de negativismo
encontra-se o mutismo; as para – respostas e a sitiofobia.

Reacção de ultimo momento – desaparecimento súbita de uma


conduta negativista justamente no momento em que o examinador
desiste do seu empenho em fazer com que o paciente atenda a sua
slicitação.
5. Sugestionabilidade patológica volitiva

Tendência geral, permanente e instintiva, adaptar qualquer


solicitação vinda do exterior, seja qual for a sua natureza. É em
inconsequência da sugestibilidade que os catatónicos realizam uma
série de atos por imitação automática. Verifícam-se nesses enfermos
as seguintes formas de repetição automática: Ecopráxia, realização
de um acto por imitação, e eco-cinésia, reprodução automática dos
movimentos executados diante do doente. Em resultado da
sugestibilidade e da lasticidade muscular, os catatónicos podem
manter durante muito tempo as mais estravagantes posições em que
sejam colocados os seus membros. Esta capacidade de conservar
posições impostas é denominada pséudo flexibilidade cérea.
6) Estereotipias

As estereotipias são definidas por Kraepelin como a “duração anormal dos


impulsos motores, quer se trate da contração permanente de um certo grupo de
músculos, quer da repetição frequente de um mesmo movimento”

As estereotipias de atitude (estereotipias acinéticas) consistem na capacidade


do doente conservar, durante um espaço de tempo relativamente longo, a
mesma posição, a mesma atitude. É de observação comum no serviço
hospitalar que alguns enfermos catatónicos mantêm durante horas seguidas a
mesma posição ou permanecem sempre no mesmo lugar (estereotipia de
lugar).

Nas estereotipias de movimento (estereotipias paracinéticas), “O doente


executa, de maneira constante e uniforme, um dado movimento, qualquer que
seja ele, durante meses até anos. Podem variar desde simples movimentos dos
dedos até marchas estereotipadas.
7. Atos Impulsivos

São acções isoladas, súbitas, involuntárias e desprovidas de finalidade. Algumas


vezes, os atos impulsivos representam verdadeiras explosões emocionais,
acompanhadas de acessos de riso ou de lágrimas. Outras vezes, porém, os actos
impulsívos se caracterizam pela “impetuosidade, rapidez e falta de consideração
para com o próprio indivíduo ou para com os demais”

Os atos impulsivos são observados, geralmente, na esquizofrenia. Nesta


enfermidade, os actos são inesperados, não são provocados pelo estímulo do
meio exterior. Por Exemplo: O doente levanta-se e agride alguém, ou realiza
tentativa de suicídio e também de modo inesperado.

Atos automáticos ou Obediência automática.


Consiste em atos praticados pelo indivíduo sem a interferência da vontade e sem
que ele saiba o que esta realizando. Em algumas enfermidades, o doente assiste a
execução do ato como um espectador.
9. Tiques
Os tiques são movimentos reflexos, movimentos de defesa ou
movimentos de expressão que acabaram por degenerar em atos
automáticos. São semi conscientes e só em determinado grau
dependem da vontade. Para Wilheim Stekel, o tique é a expressão
motora de um conflito psíquico. Assegura que o tique “representa um
impulso reprimido, um ato inibido por representações mentais
contrárias, derivadas da perssonalidade do indivíduo”. Pode se
admitir que o sentido original vai-se perdendo, persistindo somente
vestígios do movimento primitivamente intencional. Desse modo, o
tique logo se transforma em algo sem sentido e absurdo. “Mas,
originalmente, o tique é lógico e pleno de sentido”.
Os tiques têm um caracter morbido, porque se repetem sem razão: A
vontade não consegue dominá-los, aparecem geralmente em neuróticos
e em personalidades psicopáticas. Na encefalite, sobre tudo na
encefalite letárgica , observam-se movimentos muito semelhantes aos
tiques. Esses movimentos, porém, têm bases orgânicas.
Ambitendência ou ambivalência volitiva – Consiste
numa incapacidade para decidir em função da presença
na consciência de tendências volitivas opostas.

Atos compulsivos ou compulsões – São atos que o


indivíduo se sente compelido a realizar. Todavia, a
execução não se dá de imediato, e sim somente após
alguma deliberação consciente, havendo, com
frequência, luta ou resistência contra a sua execução.
PSICOMOTRICIDADE
• A motilidade

• Nem todos os movimentos corporais se encontram no âmbito da psicologia e da psicopatologia, mas


somente as acções psicomotoras. Aqueles movimentos corporais involuntários e independentes do
psiquismo interessam apenas à neurologia.
• As acções psicomotoras possuem um conteúdo psicológico, são uma expressão do psiquismo. São
voluntárias: isto é, conscientes quanto à motivação e finalidade. Representam a quarta etapa do
processo volitivo: a execução.
• Na psicomotricidade está incluída a fala.
• ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS

• Apraxia
• A apraxia consiste na dificuldade ou impossibilidade de realizar actos
motores intencionais, voluntários, nas ausências de paresia ou paralisia,
de deficit sensorial e de incoordenação motora. A apraxia representa a
perda do movimento aprendido.
• As apraxias estão relacionadas a lesões corticais, geralmente no
hemisfério dominante, envolvendo doenças vasculares cerebrais,
processos demenciais e neoplasias.

• Hipocinesia / Acinesia
• A hipocinesia (ou inibição psicomotora) caracteriza-se pela diminuição
acentuada e generalizada dos movimentos voluntários. Os movimentos
tornam-se lentos e são realizados com grande dificuldade. Em geral, há
inibição do pensamento e da fala, empobrecimento da mímica
(hipomimia), e diminuição da vontade (hipobuila).
Na acinesia (ou estupor) há abolição dos movimentos voluntários. O paciente pode
ficar por longo período restrito ao leito, sem qualquer reacção ao ambiente,
apresentando mutismo, abolição da expressão facial (amima), recusa de alimentos
(sitiofobia) e incontinência urinária e fecal (gatismo), além de abulia.
O estupor e a hipocinesia podem ocorrer na esquizofrenia catatônica, na depressão
grave, nos estados contusionais simples, em estados dissociativos histéricos, no
parkinsonismo, na encefalite letárgica e, mais rapidamente, em estados demenciais
avançados, no retardo mental e em ataques de pânico (reações de congelamento).

Hipercinesia

A hipercinesia (ou exaltação psicomotora) caracteriza-se por um aumento


patológico da actividade motora voluntária. Essa exaltação da psicomotricidade
pode se dar em três níveis de gravidade: inquietação, agitação e furor (do menos
para o mais intenso).
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS

• Ecopraxia
• A ecopraxia consiste na repetição automática e despropositada das acções
motoras executadas por outra pessoa, que está diante do paciente. São
imitados gestos, a postura, a fala (ecolalia) ou a expressão fisionómica
(ecomimia).
• A ecopraxia está relacionada à sugestionabilidade patológica.
• Estereotipias
• As esteriotipias constituem acções desprovidas de finalidade e de sentido
(para o próprio doente), sendo repetidas de maneira uniforme e com grande
frequência.
• As estereotipias podem ser de gestos ou movimentos
• Flexibilidade Cerácea
• Alguns autores colocam, equivocadamente, flexibilidade cerácea e
catalepsia como sinónimos. Ambas envolvem rigidez muscular, porém a
flexibilidade cerácea é facilmente vencida.
Maneirismos
Maneirismos são movimentos expressivos – isto é, movimentos que servem a um
propósito de comunicação, tais como gestos, mímicas, vocalização – que se tornam
exagerados quanto à sua amplitude, tornam-se afectados, rebuscados, estilizados
ou desarmónicos, perdem a graça natural e parecem extravagantes ao observador.

Interceptação Cinética
A interceptação cinética consiste uma interrupção brusca e incompreensível de uma
acção motora já iniciada, que pára no meio. O paciente muitas vezes atribui a
impossibilidade de completar o movimento a uma influência externa.

Perseveração motora
A perseveração motora representa uma repetição sem sentido de uma acção
motora de início executada adequadamente. Por exemplo: solicita-se ao paciente
que coloque a língua para fora, o que ele faz, e, em seguida, que ele a coloque
para dentro, o que ele também faz: todavia, o paciente agora passa a realizar
repetidamente os mesmos movimentos com a língua.
APARÊNCIA

No exame psíquico e na súmula psicopatológica, o termo aparência tem um


significado restrito, referindo-se basicamente aos cuidados higiénicos e estéticos
relativos ao corpo (incluindo cabelos, barba, \unhas\ dentes) roupas, maquiagem e
adereços (brincos, colares, pulseiras, etc.).
Em geral, a aparência é o primeiro elemento observado no paciente, e o seu exame
oferece indicações sobre o estado de diversas funções mentais.

ALTERAÇÕES NA APARÊNCIA:

A aparência de um paciente ou está cuidada, ou então descuidada (desleixada).


Neste último no caso, ele se apresenta com a higiene corporal comprometida; roupas
sujas, rasgadas ou desalinhadas: mau cheiro: cabelos despenteados e excessivamente
compridos: barba por fazer (em homens) pernas não depiladas (em mulheres);
dentes estragados, ausentes; ou unhas sujas e compridas.
ATITUDE

Na entrevista psiquiátrica, são considerados o relato do paciente (ou de um


familiar) a partir do qual é elaborada a história – e a observação do
comportamento do paciente- base do exame psíquico. Dessa forma, o
comportamento (ou atitude), num sentido amplo – englobando a fala, os gestos,
a mímica e os demais movimentos corporais, seria tudo no exame psíquico.
Todavia, aparece mais interessante, na súmula psicopatológica, restringir o termo
atitude àquela que está especificamente relacionada ao examinador e à
entrevista.

ALTERAÇÕES DA ATITUDE:

Quase não há termos técnicos para descrever as formas de atitude, sendo usadas
basicamente palavras de uso comum. Alguns comportamentos por parte dos
pacientes são considerados desejáveis, no sentido de contribuírem positivamente
para a realização da avaliação psiquiátrica: atitudes desejáveis em geral estão
relacionadas a uma plena consciência de morbidade.
Listaremos, basicamente as formas de atitude mais importantes do
ponto de vista semiológico, porém, essa lista não é fechada e,
provavelmente não abrange todas as maneiras de o doente se portar
diante do médico. Além disso, na prática uma mesma atitude pode
enquadrar-se em mais de uma categoria.
- Atitude não-cooperante: dizer que o paciente não é cooperante é
muito vago, já que há diversas formas de não cooperar.
Atitude de oposição (ou negativista): o paciente se recusa a participar
de entrevista.
- Atitude hostil: o paciente ofende, ameaça ou agride fisicamente o
examinador.
-Atitude de fuga: reflecte o medo por parte do paciente.
-Atitude suspicaz (ou de desconfiança): “você é mesmo médico?”,
Há microfones escondidos aqui?” e “Por que o senhor está
perguntando sobre isso?” são perguntas formuladas pelos pacientes
que apresentam esse tipo de atitude, a qual costuma estar relacionada
a uma actividade delirante.
- Atitude querelante: o paciente discute ou briga com o examinador, por se sentir
prejudicado ou ofendido.
- Atitude reivindicativa: o paciente exige, de forma insistente, que aquilo que julga
ser seu direito seja atendido. Por exemplo: ter alta da internação.
- Atitude arrogante: o paciente sente-se superior e trata com desdém o médico.
- Atitude evasiva: o paciente evita responder a certas perguntas, sem se recusar
explicitamente.
- Atitude invasiva: o paciente deseja saber sobre a vida pessoal do examinador
mexe, sem pedir autorização, nos objectos deste consultório.
Atitude de esquiva: o paciente não deseja o contacto social.
- Atitude inibida ou contida: o paciente não encara o examinador, e demonstra estar
pouco a vontade.
-Atitude desinibida: o paciente apresenta grande facilidade quanto ao contacto
social, não se sente constrangido ao falar até mesmo de sua vida sexual, podendo
violar normas sociais e torna-se inconveniente. Por exemplo: pode assediar
sexualmente o entrevistador.
- Atitude jocosa: O paciente está frequentemente fazendo piadas, ou
brincando com as outras pessoas.
- Atitude irónica: as piadas e o tom de voz refletem sua arrogância e
agressividade.
- Atitude lamuriosa: o paciente queixa-se o tempo todo de seu sofrimento e
demonstra autopiedade.
- Atitude teatral. O paciente parece estar fingindo, exagerando ou querendo
chamar a atenção dos outros.
- Atitude sedutora: o paciente elogia e tenta agradar o examinador, ou tenta
despertar o interesse sexual deste.
- Atitude pueril: o comportamento do paciente é como o de uma criança (faz
pirraça, brinca, chama o médico de tio, etc.).
- Atitude gliscróide (ou viscosa): o paciente é grudento; é difícil encerrar a
conversa com ele.
- Atitude simuladora: o paciente tenta parecer que tem um sintoma (ou
doença) na verdade ausente.
- Atitude dissimuladora: o paciente tenta ocultar um sintoma (ou doênça)
existente, com o objectivo, por exemplo, de receber alta da internação.
- Atitude indiferente: o paciente não se sente sequer incomodado pela entrevista
ou pela presença do médico.
- Atitude manipuladora: o paciente tenta obrigar o médico a fazer o que ele,
paciente, quer, muitas vezes por meio de ameaças ou chantagem emocional.
- Atitude submissa: o paciente, passivamente, atende a todas as solicitações do
examinador.
- Atitude expansiva: o paciente deseja intensamente o contacto social, e trata o
médico como se fosse íntimo deste.
- Atitude amaneirada: o comportamento caricatural. Por exemplo: tratar o médico
de “vossa excelência”, ou curvar-se toda vez em que o vê.
- Reacção de último momento: após intenso negativismo, quando o examinador
já está desistindo do contacto, o paciente começa a cooperar com a entrevista.
O EXAME DA ATITUDE

O examinador não deve provocar activamente qualquer atitude no paciente, a qual,


para unia avaliação fidedigna, deve ser espontânea.

Atenção e suas alterações

A atenção pode ser definida como a direcção da consciência, o estado de


concentração da actividade mental sobre determinado objecto.
A atenção resulta da interação de diversas áreas do sistema nervoso.
Diversas estruturas participam no mecanismo neuronais da atenção, principalmente
o sistema límbico envolvidas com interece afectivo, principalmente à atracção,
motivação e carga emocional que este ou aquele objecto desperta na mente. Neste
sentido, há certo consenso de que aspectos motivacionais e afectivos da atenção
devam interagir com aspectos de seleção e hierarquização da atividade consciente
produzindo um vector final: a actividade atencional do indivíduo.
1) Natureza da Atenção

Tipos de Atenção

- Atenção voluntária – exprime a concentração activa e intencional da


consciência sobre um objecto.

- Atenção espontânea – suscita o interesse momentâneo, incidental, que


desperta esse ou aquele objecto.

2) Direcção da Atenção

- Atenção externa - voltada para o mundo exterior e geralmente de


natureza mais sensorial, utilizando-se dos órgãos dos sentidos.

- Atenção interna – voltada para os processos mentais do próprio


indivíduo.
3) Amplitude da Atenção

- Atenção focal – se mantém concentrada sobre um campo determinado e


relativamente determinado e restrito da consciência.
Denomina-se Atenção Selectiva à capacidade de selecção de estímulos e objectos
específicos.
-Atenção Sustentada refere-se à manutenção da atenção selectiva sobre determinado
estímulo ou objectivo, permitido a execução de tarefas específicas e a obtenção de
objectos fixados.

Tenacidade é a capacidade do indivíduo de fixar sua atenção sobre determinada área


ou objecto. Isto é, a atenção se prende a determinado estímulo, fixando-se sobre ele.

Vigilância é definida como a qualidade da atenção que permite ao indivíduo mudar


seu foco de um objecto para o outro.

Atenção Flutuante é um conceito desenvolvido por Freud, relativo ao estado de


como deve funcionar a atenção do psicanalista durante a sessão, deixando livre a
atenção e suspendendo ao máximo as motivações, os desejos de si próprio. (é um
estado artificias da atenção desenvolvido por necessidade técnica do processo
psicanalítico.
- Atenção dispersa – não se concentra em um campo determinado.

Alterações da Atenção

Hiporprosexia – diminuição global da atenção. É a alteração mais comum.


Aqui se verifica uma perda básica da capacidade de concentração, com fadigabilidade
aumentada, o que dificulta a percepção dos estímulos ambientais e a compreensão.

Hiperproxesia – é um estado da atenção exacerbado no qual há uma tendência incoercível a


obstinar-se, a se manter indefinidamente sobre certos objectos com supreendente
infadigabilidade.

Aproxesia – abolição da capacidade de atenção.

Distracção – é um sinal, não de deficit propriamente, mas de superconcentração activa da


atenção sobre determinados conteúdos ou objectos, com inibição de tudo o mais. Há uma certa
hipertenacidade e hipovigilância.

Distraibilidade – o contrário da Distracção, é um estado patológico que se exprime por


instabilidade marcante e mobilidade acentuada da atenção voluntária, com dificuldade ou
incapacidade para se fixar ou se manter muito facilmente.
A MEMÓRIA
• O termo Memória compreende “um conjunto de actividades que
integram processos biofisiológicos, assim psicológicos, os quais não
se podem produzir actualmente senão porque certos acontecimentos
anteriores, próximos ou distantes no tempo, modificam, de maneira
persistente, o estado do organismo”. (Olerón)
• Existem 3 fazes da memória:
• Fase de aquisição (fixação) – fase em que o indivíduo adquire novos
conhecimentos, em virtude da capacidade de fixar os fatos vividos.
• 2) Fase de retenção (conservação) – compreende o decurso no qual o
que foi memorizado se acha conservado de modo latente.
• Fase de reactivação (evocação) e de actualização do material
adquirido, que pode dar lugar a actos mnemónicos observáveis.
Resumindo podemos citar Lange:” Na memória diferenciamos, em
primeiro lugar, a memória no sentido estrito, como a soma de todas
as lembranças existentes e as aptidões que determinam a extensão e
a precisão dessas lembranças existentes e as aptidões que
determinam a extensão que é a função que acrescenta novas
impressões à memória no sentido estrito, como a soma de todas as
lembranças existentes e as aptidões que determinam a extensão que
é a função que acrescenta novas impressões à memória, graças à
qual é possível adquirir novo material mnemónico, e, finalmente, a
capacidade de evocação, ou reprodução, pela qual revivem os traços
mnémicos e dispomos livremente do material de nossa memória”.
Kraepelin pensa que é condição indispensável para que estabeleça
uma lembrança é a compreensão do objecto observado a qual
depende da atenção e do interesse. Quanto maior o interesse
despertado no indivíduo, melhor se conservará a lembrança. E, as
lembranças são reforçadas pela repetição.
ALTERAÇÕES DA MEMÓRIA:

Alterações Quantitativas:
Hipermnesia – maior facilidade na envocação. São habitualmente limitadas a
periódos específicos. Encontram-se diminuidas e pertubadas a fixação e a
conservação de novos acontecimentos.
Obs: Deve-se fazer a distinção entre a hipermnesia e a hipertrofia a memória
correspondendo esta última ao que se denomina boa memória, podendo ser parcial.

Hipomnesia – “diminuição do número de lembranças evocáveis na unidade de


tempo” (Mira y Lopes).

3) Amnesia – “desaparição completa das representações menémicas


correspondentes a um determinado tempo da vida do indivíduo”.

Tipos de amnesias

Amnesia anterógrada – designa-se a amnesia que se refere aos fatos transcorridos


depois da causa determinante do distúrbio, como sinónimo de perturbação da
fixação.
Os doentes com amnesia anterógrada não podem relembrar os fatos recentes, mas
conservam a capacidade de recordar acontecimentos do passado mais remoto.

Amnesia retrógrada – refere-se à perda da memória dos fatos ocorridos antes de


uma perturbação cerebral e que se estende a dias ou semanas para atrás da lesão.
Pode compreender todos os acontecimentos anteriores. Pode ser reversível ou
irreversível.

Amnesia retroanterógrada ou total – é a que se refere a fatos ocorridos antes e


depois da causa determinante. Trata-se de uma alteração simultânea de fixação e
de evocação.

Amnesia transitória – caracteriza-se pela incapacidade de fixar os acontecimentos


recentes.

Amnesia lacunar – caracteriza-se pela incapacidade de evocar os acontecimentos


num período de tempo. Em geral ocorrem após traumatismo
Alterações Qualitativas, também chamadas de Paramnesias:

Ilusões mnémicas – são constituídas pela formação das lembranças em virtude do


acréscimo de elementos falsos ao núcleo da imagem mnémica, razão pela qual esta
adquire o carácter de lembrança fictícia. É a forma mais frequente de paramnesia.

Alucinações mnémicas – produções psíquicas (lembranças alucinadas) com


características de lembrança reais. Não se trata de alucinações dos sentidos:
auditivas, visuais....)

Fabulações – consistem no relato de coisas fantásticas que, na realidade, nunca


aconteceram. Em geral resultam de uma alteração da fixação e de uma incapacidade
para reconhecer como falsas as imagens produzidas pela fantasia. Pode-se observar a
um especto oniróide.

Obs: “Na fabulação trata-se de uma invenção livre que se toma por acontecimentos
vividos. As fabulações preenchem um vazio da memória e se mostram como que
criadas para este fim. Podemos produzi-las ou governá-las, enquanto que as
alucinações da memória não mudam, tal como a ideia delirante” (Bleuler)
Fenomeno do já visto (deja vu) – consiste no facto de o indivíduo ter a impressão
de que a vivência actual já foi experimentada no passado.
Pode ser observado em pessoas sãs, especialmente nos estados de fadiga.
Pode-se observar o fenómeno oposto, o jamais visto, também com carácter
acessual, no qual o enfermo está incapacitado de reconhecer o ambiente por mais
familiar que este o seja na realidade.

Criptomnesia – é um falseamento de memória em virtude do qual as lembranças


perdem suas qualidades e aparecem ao paciente como fatos novos. Numa
conversação podem contar uma história como nova, quando a mesma, poucos
minutos antes, entre as mesmas pessoas foi relatada por outro. Esse fenómeno
pode ser motivo de muitas acusações de plágio.

Ecmnesia – consiste na revivescência muito intensa, às vezes de duração breve, de


lembranças anteriores que pareciam esquecidas.
ALTERAÇÃO DA CONSCIÊNCIA

A palavra consciência vem do latim, cum scientia, que é uma tradução da palavra grega
syneidesis.
Cum scientia significa uma ciência acompanhada de outra ciência, ou uma relação
cognoscitiva com.

Consciência Psicológica
Segundo Jaspers é “O todo momentâneo da vida psíquica” ou seja, uma síntese ou
integração de todos os processos mentais em determinado momento.
No estudo da consciência é indispensável considerar a conexão causal existente entre todos
os processos psíquicos, sensopercepção, memória, imaginação, pensamento, intelectivos,
que se apresentam na unidade de tempo e que permitem o conhecimento do próprio eu e do
mundo exterior.”Mogli

Características da consciência:
Vivência interna e actual
Está relacionada a distinção eu/não eu
É o conhecimento ( o dar-se conta) que o indivíduo tem de suas vivências
internas, de seu corpo e do mu.'1do externo
Possui intencionalidade, é doadora de significado às coisas
É reflexiva (tem consciência de que tem-consciência)
Vigilância
Capacidade fisiológica que serve de suporte a uma actividade adaptativa, qualquer
que seja a modalidade desta. E uma acepção de consciência mais particular que
corresponde ao conceito de
activação ou atenção tónica. Significa que o indivíduo está vígil, desperto, alerta,
com o sensório claro.

Lucidez de Consciência
Estado de consciência clara ou de vigilância plena. Os processos psíquicos são
experimentados com suficiente intensidade. Em oposição à lucidez estão o sono e o
coma. Entre esses extremos, há diversos
níveis de clareza o que representa a dimensão vertical da consciência.

Campo da Consciência
O campo ou amplitude da consciência refere-se a quantidade de conteúdos que a
consciência abarca em determinado momento; e representa a dimensão horizontal da
consciência.
Alterações quantitativas fisiológicas
• As alterações quantitativas da consciência podem ser
normais ou patológicas dependendo da intensidade
das vivências psíquicas.
• Normal - o indivíduo desperto apresenta pequenas
oscilações na intensidade de sua consciência. Quando
há cansaço ou sono ou ainda na transição da vigília
para o sono
e vice-versa.
• Sono - estado de inconsciência do qual a pessoa pode
ser despertada por estímulos sensoriais. O sono
profundo (sem sonhos) constitui um estado de
abolição da consciência.
Alterações quantitativas patológicas

• Elevação do nível de consciência ou Híperlucidez ou


hipervigilância

Esse fenômeno ocorre na intoxicação por alucinógenos (LSD,


mescalina, etc.) por
Anfetaminas, na mania, no início da esquizofrenia e nas auras
epilépticas. Em contraposição isso daria prejuízo na
concentração, raciocínio, memória de fixação, além da
incoerência, desorganização e hipopragmatismo.
• Rebaixamento do Nível de Consciência

Perda de clareza da consciência: a percepção do mundo externo torna-se


vaga e imprecisa, havendo ainda uma dificuldade para a introspecção,
para a apreensão do próprio eu. Sempre possui uma etiologia orgânica.
Estão afectadas as funções de atenção, orientação alopsíquica,
pensamento. inteligência sensopercepção, memória, afecto e
psicomotricidade.
São empregadas expressões como obnubilação, torpor, estupor, estado
confusional. confusão mental, estado onírico, estado oniróide, estado
confusonírico, estado comatoso, amência, entre outras, Uma opção é
dividir esses estados em confusionais simples e confuso-oniróides

• Estados confusionais simples ou obnubilação simples - caracteriza-se


pela ausência de sintomas psicóticos. Apresenta hipoprosexia,
desorientação no tempo e no espaço, hipomnésia de fixação e de
evocação, entre outros.
Estado confuso-oníróídes ou obnubilação oniróide -
caracteriza-se pela presença de sintomas psicóticos,
especialmente ilusões e pseudo-alucinações visuais,
ideias deliróides, dificuldade de concentração,
desorientação têm poro-espacial , etc. Este quadro
corresponde a amência de Meynert.

Coma – O termo vem do grego e significa sono


profundo. O quadro caracteriza-se por abolição da
consciência. O indivíduo não pode ser despertado.
Ocorre perda total da motricidade voluntária e da
sensibilidade. Embora a vida somática prossiga, não
há sinal de actividade psíquica.
Alterações Qualitativas Fisiológicas
• Sonhos - são vivências subjectivas que se dão durante o sono.
• Caracterizam-se por:
• - predomínio de imagens visuais
• - conteúdos bizarros
• - falsa crença de que se está acordado
• - diminuição da capacidade de reflexão
• - mudanças súbitas quanto a tempo – atemporalidade, lugar e pessoas
- estrutura narrativa
• - forte colorido emocional
• - comportamentos instintivos
• - atenuação da vontade
• - dificuldade de se lembrar de seu conteúdo após ter despertado
(Hobson)
• A consciência no sono é parcial
Alterações Qualitativas Patológicas
• Estreitamente do Campo da Consciência / estados crepusculares - a consciência
estreitada abarca um conteúdo menor do que o normal e está restrita a determinadas
vivências. Ocorre na epilepsia parcial complexa, na intoxicação alcoólica patológica,
nos estados dissociativos histéricos, no estado hipnótico, na reacção aguda ao stress,
no sonambulismo neurológico e no pavor nocturno.

• Consciência do Eu
• A Consciência do EU representa a propriedade psíquica através da qual "o eu faz
consciente de si mesmo" (Jaspers), Contrapõe-se à consciência dos objectos.
Abrange tanto o eu psíquico como o eu corporal, que integram um único e autêntico
eu.
• Características da Consciência do EU:
• Consciência da actividade do EU
• Consciência da unidade do EU
• Consciência da identidade do EU
• Consciência do EU em oposição ao exterior e aos outros (dos limites do Eu)
• Consciência da existência do EU
Alterações quantitativas da Consciência do EU

• Alterações da Consciência da existência do Eu - pode


estar diminuída, abolida ou aumentada.

• Desorientação Autopsiquica - consiste em uma


diminuição ou perda da
consciência da identidade do Eu (não sei quem sou,
não sei meu nome)
Alterações qualitativas da Consciência do EU
• Alterações da Consciência da Actividade do EU - o paciente torna-
se um observador passivo de suas vivências psíquicas, as quais não
reconhece como próprias.
• Alterações da Consciência da Unidade do EU - o indivíduo
vivência uma divisão do seu Eu em duas ou mais partes, as quais
existem de forma simultânea, porém conflituosas, ou sente ser 2 ou
mais pessoas ao mesmo tempo.
• Alterações da Consciência da identidade do EU - o paciente
vivencia uma profunda transformação de sua personalidade ou do seu
corpo. Sente como se não fosse mais a mesma pessoa (transtorno de
personalidade múltipla ).
• Alterações da Consciência dos Limites do EU - caracteriza-se por
uma fusão do eu com o mundo externo
Consciência de Morbidade

A consciência de morbidade se refere ao entendimento que o


indivíduo tem sobre o seu estado

Reconhecimento por parte do paciente de que:

1) determinadas vivências ou comportamentos seus são anormais

2) uma doença o está acometendo

3) sua doença é mental e não física

O paciente pode ter plena consciência de sua mobilidade, não ter


nenhuma consciência de sua morbidade ou ter consciência parcial de
sua morbidade.
ALTERAÇÃO DA ORIENTAÇÃO
• Orientação – complexo de funções psíquicas em virtude
das quais temos consciência, em cada momento de nossa
vida, da situação real em que nos encontramos.
• A orientação está ligada às noções de espaço e tempo
• A orientação depende especialmente da perceção e tem
como funções auxiliares a memória e a atenção. Isto
significa que a orientação não consiste numa função
psíquica isolada; ao contrário, o seu estado normal é o
reflexo de que outras funções se acham em plena
normalidade.
• Distingue-se, geralmente, quatro tipos de orientação:
• Distingue-se, geralmente, quatro tipos de orientação:

• Orientação no tempo e no espaço ou alopsíquica

• Orientação relativa à própria pessoa e ao ambiente ou autopsíquica.

O indivíduo que se encontra em condições psíquicas normais pode, a qualquer


momento, identificar-se, saber perfeitamente onde se encontra, o dia, o mês e o ano em
que se acha e qual a sua situação em relação ao ambiente.
Tanto a orientação alopsíquica quanto a autopsíquica nos oferece indicações muito
precisas sobre o estado global do psiquismo do paciente.

Nas alterações da orientação, estudam-se a desorientação auto e alopsíquica e as falsas


noções sobre a enfermidade e sobre as relações do enfermo com as demais pessoas do
ambiente . Essas alterações dependem estritamente do tipo de perturbação das funções
psíquicas a que se acham subordinadas a orientação no tempo, a orientação no espaço e
a orientação referente à própria personalidade.
• Tipos de Desorientação

• Desorientação Apática – embora o paciente esteja completamente


lúcido e perceba com clareza e nitidez sensorial o que se passa no
mundo exterior, existe falta de interesse, inibição psíquica ou
insuficiente energia psíquica para a elaboração das perceções e do
raciocínio. O enfermo percebe todas as particularidades do ambiente,
mas não tem capacidade para formar um juízo sobre a própria
situação.

• Desorientação Amnéstica – as perturbações da memória que se


acompanham de deficiência ou incapacidade de fixação, determinam
o aparecimento de desorientação no tempo e no espaço. Caracteriza-
se pela incapacidade que o enfermo demonstra para fixar os
acontecimentos e, consequentemente, para orientar-se no tempo e no
espaço e em suas relações com as pessoas do ambiente.
• Desorientação Amencial – perturbação da orientação
observada em sua forma característica no delirium de
abstinência alcoólica onde se verificam alucinações e
transtornos da compreensão que dificultam a
orientação.

• Os casos de obnubilação da consciência acompanham-


se de dificuldades da compreensão e, por
consequência, de alterações da síntese percetiva. As
alucinações e a impressão das perceções, observadas
nesses casos, influem também no aparecimento da
desorientação amencial.
Desorientação delirante- apesar de completa lucidez da consciência,
conservação da orientação e inexistência de alterações
sensoperceptivas, observa-se em alguns enfermos mentais um tipo de
desorientação, resultado da adulteração da situação no tempo e no
espaço Nesses casos é muito frequente observar uma dupla
orientação, a delirante ao lado da orientação normal, de modo que os
doentes, embora orientados no tempo e no espaço, acreditam que se
encontram numa prisão ou no inferno.

Desorientação da personalidade - os casos de desdobramentos da


personalidade, citados na literatura médica, despertaram, em certa
época grande interesse, chegando-se a admitir a possibilidade de
apresentação alternativa, num mesmo indivíduo, de duas
personalidades; em que uma ignorava completamente a existência da
outra.
A investigação científica do assunto mostrou a falta de consistência de tais observações O
próprio Janet, que estudou particularmente casos de desdobramento da personalidade,
chegou à conclusão de que não é fácil encontrar um caso nos moldes como foram
descritos em sua época. Tais casos são hoje considerados como dependentes de sugestão,
tratando-se em geral de indivíduos histéricos, e não tem importância psiquiátrica que lhes
era emprestada no passado.

Despersonalização - caracteriza-se por um inconcebível e inexplicável


sentimento de estranheza que, inicialmente relacionado com o meio exterior, se
estende progressivamente à própria personalidade. O paciente assiste como um
espectador indiferente inerte ao desenrolar de sua vida psíquica, como se tudo
aquilo não estivesse relacionado com sua própria pessoa. Conserva um
invencível estado de apatia.

As perceções, as ideias, assim como os atos que porventura realize lhe são
completamente estranhos. Aparece em alguns casos de reações afetivas muito
intensas ou de súbitas variações do humor. em casos de acessos febris e nas
intoxicações pelas drogas pode ser observado um estado' mental particular, de
natureza paroxística e momentânea ou podendo ter uma longa duração.
Alterações das tendências vitais

Introdução psicológica

A psicologia clássica estudou sob a denominação de "instintos" os “elementos


fundamentais da nossa vida anímica, congénitos e hereditários, intimamente ligados
à personalidade, e que permitem a consecução de certos fins sem conhecimento
nem treinamento prévio. Da mesma forma, muitos psicólogos e neuro-fisio!ogistas
pesquisaram no cérebro humano algo que pudesse ser considerado como o
"instinto”, fator determinante do comportamento dos animais, mas não encontraram
nenhuma estrutura ou centro encefálico que pudesse ser considerado como o
verdadeiro instinto. Isto ocorreu porque, na realidade não existe nada que se possa
chamar de instinto. Este é um conceito antiquado e irrelevante. O que os psicólogos
ou qualquer pesquisador de fenômenos psicológicos observam, são apenas
comportamentos inatos, tendências vitais, caracterizados por actividades
elementares automáticas.

Na impossibilidade de aceitar a conceituação clássica de “instinto” alguns autores


propuseram outras designações para substitui-la, como tendências "'vitais, pulsões.
As tendências vitais consistem numa energia primitiva e autónoma da vida anímica.
Encontra-se presente no homem e desenvolve-se sob forma diferentes, às quais
Lersh engloba sob a denominação de vivências pulsionais da vitalidade. C. G. Jung
propôs o termo “pulsão" para designar a necessidade interna,
que se origina de tensões devidas a necessidades fisiológicas e que se repetem de
maneira periódica. A tendência que impele a pulsão é uma tendência a solucionar
uma tensão; a acção pulsional torna-se especifica na medida em que se acha
adequada a satisfazer a correspondente necessidade fisiológica e retornar assim a
restabelecer o estado não tensional. Os estímulos sensoriais de onde surgem as
pulsões vitais nem sempre se encontram no organismo do indivíduo, senão que em
muitas ocasiões procedem do meio exterior.

Tanto o homem como o anima! estão dotados de um número considerável de


mecanismos reflexos preformados para a satisfação de todas as finalidades que se
apresentam para a conservação da vida e perpetuação da espécie. Mediante as
tendências vitais, indivíduo se adapta ao meio ambiente e satisfaz as necessidades
orgânicas e genésicas. As pulsões têm um desenvolvimento bastante complexo, no
qual intervém o processo natural de maturação e as influências ambientais,
especialmente, as relações interpessoais.
Patologia e valor semiológico

Alterações das tendências vitais mais encontradas no curso dos transtornos


mentais.

Alterações das Pulsões de Auto-conservacão:

a) ANOREXIA - Anorexia psíquica ou falta de apetite ou de desejo de alimentar-se


em muitos casos, corresponde a uma síndrome acompanhada de enfraquecimento
geral e, as vezes, de repugnância pelos alimentos. Tem início com a restrição
progressivamente de alimentos sem
razões plausíveis ou queixa de dores vagas no estômago após as refeições. Esta falta
de alimentos determina o emagrecimento progressivo alcançar em alguns casos a
perda de dois a três quilos de peso por mês
alguns casos a perda de dois a três quilos de peso pôr mês. A ausência completa de
apetite só aparece depois de algum tempo. A resistência das pacientes tende a
aumentar na mesma proporção da insistência e preocupações dos familiares
começam a recusar os alimentos escondê-los, algumas vezes provocam vómitos às
escondidas, tomam laxativos, praticam exercícíos físicos excessivos, tudo isso
levado a cabo com urna determinação Impressionante, de modo que as pacientes
recusam, rejeitam os alimentos ou impedem a sua utilização.
Em geral, a falta de apetite costuma ser acompanhada de diversas manifestações
psicopatológicas, especialmente o empobrecimento afectivo, desinteresse, indiferença,
inquietação e insociabilidade.

Nas enfermas de anorexia psíquica costumam existir três objectivos básicos: desejo
autodestruição e morte; necessidade de espiritualização, isto é, que se refere à vida
espiritual, motivo pelo qual recusam tudo aquilo que signifique algo de material;
desejo de dessexualização, representando uma forma de recusa da própria
feminilidade ou de representar o papel feminino.

Alguns autores chamam a atenção para o fato de que, em nossa época, a anorexia
psíquica se desenvolve em função de uma exigência social, pois costuma aparecer nos
casos em que as mulheres fazem regimes para emagrecer e se manterem esbeltas.
Nesses casos, desempenha papel importante as influências da moda e entram em acção
fenômenos de sugestibilidade coletiva.

• A síndrome completa acompanha-se de amenorreia. Ao mesmo tempo se manifestam


outros sinais corporais: hipotensão arterial, lentidão do pulso e da respiração,
resfriamento das extremidades.
Nos períodos finais, os enfermos apresentam um verdadeiro estado de caquexia,
palidez do tegumento cutâneo, atrofia das mamas, retração do abdómen, queda
dos pêlos pubianos e das axilas e astenia, que levam os enfermos ao
confinamento no leito. A anorexia psíquica é observada comumente nos quadros
histéricos, mas pode ser também encontrada nos transtornos mentais psicóticos:
depressão endógena, estados estuporosos ou de perturbação da consciência.

b) BULIMIA - Denomina-se bulimia à sensação permanente de fome e a


necessidade imperiosa de ingerir grandes quantidades de alimento. É observada
em estados de excitação maníaca, na deficiência mental grave, mais raramente
nas demências, na esquizofrenia é em alguns quadros neuróticos.

c) MALÁCIA - Perversão do apetite que leva o doente a comer coisas


extravagantes. Em clínica psiquiátrica, encontram-se uma série enorme de
perversões do apetite, como comer terra, cinza, madeira, papel, sabão, parafina,
animais repugnantes como lagartixas, baratas, minhocas, vermes e outros
pequenos nos animais vivos, substâncias orgânicas em decomposição,
excrementos.
A alteração é encontrada com mais frequência nos casos de
deficiência mental grave e nos dementes senis. Raramente está
perturbação do apetite é observada em esquizofrénicos, histéricos e
em indivíduos portadores de personalidade anormal.

Em alguns esquizofrénicos verifica-se, de maneira não muito


comum, o impulso a engolir objetos que, por sua natureza, podem
representar um grande perigo para a saúde e para a vida: pedras,
moedas, parafusos, chaves, agulhas e colherzinha.

Como fenómenos psicopatológicos estas alterações podem estar na


dependência de descuido na assistência individual, ou podem existir
outros factores em causa, como demonstra o fato de se observar a
coprofagia como um dos sintomas iniciais de uma crise maníaca.
Durante a gravidez, geralmente em mulheres neuróticas, é possível
a manifestação de apetites extravagantes, como a necessidade
imperiosa de comer conservas avinagradas, determinadas frutas
pelas quais não tinha, anteriormente nenhuma preferência, comer
substâncias como carvão, argila.

Pode ocorrer o fenômeno contrário, como repelir com aversão


certos alimentos como frituras, ovos fritos, café, bebidas
alcoólicas, mesmo quando antes faziam uso frequente destes
alimentos. Pode ocorrer o fenômeno contrário, como repeiír com
aversão
certos alimentos como frituras, ovos fritos, café. bebi,jas
alcoólicas, mesmo quando antes faziam uso frequente destes
alimentos.
d) MERICISMO -- Do grego merkysmós: “ruminação“.
Hábito, em geral resultado de perturbações neuróticas,
que têm muitas pessoas de fazer com que os alimentos
voltem do estômago à boca. Em alguns pacientes, a
regurgitação dos alimentos se repete com tal frequência
que chega a se transformar em algo extremamente
incómodo. O fenómeno é acompanhado, na
maioria dos casos, de grande ansiedade, pelo fato dos
pacientes se sentirem impotentes diante de si mesmos
para inibir a repetição frequente da regurgitação, que
termina perturbando a marcha normal da digestão dos
alimentos. O sintoma é observado em enfermos
neuróticos.
2. Alterações das Pulsões Sexuais

As perversões das tendências sexuais são observadas com maior frequência do que
as das pulsões de autoconservação. Sem dúvida aqui também nem todas as
anormalidades ca vida sexual merecem, a rigor, a designação de perversões, pois
muitas entre elas não são da natureza patológica. Exemplo típico é a masturbação.

Em épocas antigas foi considerada como manifestação patológica, capaz de provocar


o aparecimento de moléstias graves como a tuberculose, demência e estupor. Em
épocas mais recentes passou a ser considerada como um ato normal e fisiológico, na
infância e na adolescência de ambos os sexos. Apesar disso, em muitos adolescentes
a masturbação adquire o carácter de ato obsessivo-compulsivo e pode representar o
sintoma inicial de um transtorno psicótico.

Em outros casos, a masturbação inveterada no adolescente e no adulto pode ser


considerada como expressão de auto-erotismo e significa em muitos casos a
existência de homossexualidade latente ou disfarçada.
De qualquer modo, a masturbação exagerada no adolescente e no
adulto determina um grande desgaste psicofísico, podendo mesmo
determinar um quadro de neurastenia. Em todos os casos,
acompanha-se de um sentimento de culpa e de insatisfação que, já na
adolescência, não pode substituir o ato sexual normal.

a) FRIGIDEZ - A expressão frigidez é empregada, sempre para


designar a indiferença sexual feminina. De modo mais preciso, indica
a incapacidade de experimentar, pelas vias normais as sensações
voluptuosas proporcionadas pelas relações sexuais ou impedimento
para experimentar o orgasmo.

A insensibilidade genital é, em alguns casos, completa e, em outros,


localizada apenas na vagina, conservando-se a excitação normal no
clítoris.
“Parece que o pudor, o temor e os preconceitos da mulher, assim como as
manobras grosseiras do parceiro, representam os motivos mais comuns da
frigidez na mulher normal. Além disso, pode ser devido ao exagero da tendência
defensiva e à propensão à fuga, que é um componente da tendência sexual
feminina. Em mulheres predispostas, tal exagero pode complicar -se com a
aversão aos homens em geral ou ao cônjuge em particular, pelo efeito de
impressões prévias, não sendo raro que se expresse peta contração involuntária
dos adutores das coxas ou pelo vaginismo - que pode ser também reflexo,
despertado pela dor do momento" (H. Delgado).

A frigidez, em nossa época ,atinge um número considerável de mulheres,


admitindo-se que 50% das mesmas são inteiramente indiferentes aos jogos
sexuais. Este fato contribui para a infelicidade de muitos matrimónios, os quais,
por maior que sejam os sentimentos afetivos que facilitaram a formação do
casal terminam, fatalmente, pelo divórcio ou simplesmente pela separação dos
cônjuges.
Em muitos casos, a frigidez só é identificada por acaso, por exemplo, por ocasião
de um exame realizado por outra motivação (ginecológico ou exame psiquiátrico).
Ela é aceita ou ignorada por muitas mulheres ou dissimulada em relação ao
parceiro. Em outros casos ela faz parte de certos comportamentos anormais - o caso
das prostitutas, que inibem o orgasmo de tal maneira e com tamanha frequência,
que terminam pela inibição completa da capacidade de experimentar o prazer
sexual.

b) FETlCHISMO - Alteração das pulsões sexuais, caracterizada pela transferência


do interesse erótico para determinadas partes do corpo feminino: seios, nédegas,
coxas, cabelos, mãos, onde se fixa de maneira persistente. Em outros casos, o
fetichismo se manifesta como interesse de excitação erótica dirigido para alguns
dos componentes do vestuário feminino, como sutiãs, calcinhas, meias ou botas.
Uma forma especial de fetichismo consiste nos chamados cortadores de tranças,
nos quais a posse de uma trança, ansiosamente desejada até alcançá-la, não só
provoca o prazer sexual como desperta sentimentos amorosos de carácter platónico.
. .
O fetiche constitui o elemento por sua vez necessário e suficiente para a excitação
sexual, seja através a perceção directa, por evocação ou pela representação da
imagem mental do objeto.

Ao contrário da frigidez sexual, que é um património do sexo feminino, o


fetichismo pertence exclusivamente ao sexo masculino. Esta modalidade de
anomalia sexual contribui para que muitos fetichistas se transformem em
coleccionadores de objectos que fazem parte do vestuário íntimo das mulheres ou
de uma mecha de cabelo das mulheres com as quais mantiveram relações
íntimas.

O fetichismo é observado com frequência em indivíduos, neuróticos, tímidos,


portadores de ansiedade anormal, obsessivos compulsivos e esquizofrénicos.
admite-se que o fenómeno
anormal seja o resultado de um reflexo condicionado desenvolvido a partir das
primeiras revelações sexuais na infância.
G) EXIBICIONISMO -- Consiste no ato de exibir publicamente órgãos genitais à
distância com tendência à repetição estereotipada às mesmas horas e nos
mesmos locais. Muitos exíbicionistas praticam tal acto nos elevadores, quando
percebem que uma mulher toma o elevador sozinha. A oportunidade é aprovetada
e ele apenas mostra o pénis em erecção, sem realizar nenhum gesto de
aproximação ou de manipulação da vítima.0 exibicionismo como
perversão sexual pura, isto é, a simples exibição do órgão genital, por si só é
capaz de levar o individuo ao orgasmo com exclusão da relação sexual normal.

Características essenciais do exibicionismo:


1) Quase sempre trata-se de homens;
2) O órgão exibido é sempre o pénis em erecção;
2) E um ato furtivo que se efectua em lugares pouco frequentados, com
tendência a serem repetidos mais ou menos periodicamente no mesmo
3) local;
4) Realiza-se diante do olhar de mulheres, especialmente adolescentes. as quais
são encaradas como objectos.
5) Encontra-se associado com frequência a outras aberrações sexuais,
especialmente ao "voyeurismo" e ao homossexualismo. O exibicionista satisfaz
apenas com o olhar feminino, conseguido à força ou de surpresa, para provocar a
reação de horror ou de repulsão. O grito
desferido pela vitima é muitas vezes o sinal desencadeante do orgasmo.
A exibição dos órgãos em público é um ato considerado como ultraje público ao
pudor e punido pela lei penal.

d) MASOQUISMO - O masoquismo representa uma perturbação das pulsões


sexuais e está representado pela necessidade erótica de provocar sensações
dolorosas ou sofrimento morais, sensações provocadas pelo próprio indivíduo ou
pelo companheiro da relação sexual. Alguns psicólogos ampliaram
demasiadamente o conceito de masoquismo, estendendo-o ao sofrimento físico ou
moral. Em muitos casos está associado às práticas humilhantes ou mutiladoras,
como já tem sido descrito por inúmeros especialistas. O masoquismo caracteriza-
se, essencialmente, por submissão e passividade.
O masoquista revela insensibilidade à dor. Se só consegue alcançar a
voluptuosidade sexual quando submetido a violências, humilhações, insultos e
flagelações, que inflige a si próprio ou consegue que a companheira o pratique,
seja durante o ato sexual ou intervenção direta sobre o órgão sexual afim de
provocar o orgasmo. Não se trata de crueldade, mas sim de sofrimento dirigido
especificamente para uma finalidade sexual.

O masoquismo é excecionalmente praticado pela mulher, apesar de sua tendência


natural à passividade. Em geral, o masoquista obtém tais práticas por complacência
venal de prostitutas, que se prestam às mesmas, em alguns casos, com a maior
satisfação.

Do ponto de vista médico-legal, , esta perversão das tendências sexuais tem


consequências graves, pois em alguns casos podem ocorrer ferimentos graves e
até mesmo mutilações. O masoquismo é observado em neuróticos, com profundo
sentimento de culpa.
e) SADISMO - Tendência mórbida a infligir sensações dolorosas, que se
encontra intimamente ligada ao prazer genital. O indivíduo ao qual é imposto o
sofrimento físico pode ser do mesmo sexo que o sádico, ser adulto, criança ou
adolescente. Os sofrimentos e humilhações impostos ao parceiro da relação
sexual representam o traço característico do sadismo.

Nos graus iniciais da perversão, o sadismo é apenas imaginado: o indivíduo se


satisfaz ao imaginar cenas de violência. Em grau mais avançado, o sádico
começa a infligir ao parceiro sexual pequenas praticas de violência reais, tais
como mordeduras, beliscadas, chicotadas. Nos estados extremos, o indivíduo
pratica actos de grande violência como lacerações, mutilações,
estrangulamento, eventração, golpes mortais. Ou apenas sofrimentos morais,
como injúrias e humilhações.

A satisfação que o indivíduo experimenta pode ser apenas de ordem psíquica


mas, habitualmente, os padecimentos infligidos às vitimas são acompanhados de
grande prazer sexual, que aumenta progressivamente até atingir o orgasmo,
através do coito ou da masturbação.
O sádico é geralmente dotado de uma emotividade
embotada , principalmente no plano genital - daí a
necessidade de praticar atos de violência com o objecto de
seus desejos sexuais. No plano moral também há um certo
embotamento, razão pela qual cede facilmente aos seus
impulsos agressivos.

Encontram-se manifestações de sadismo em casos de


psicopatias, os chamados frios de ânimo e em neuróticos
obsessivos compulsivos. O sadismo pode dar origem a
problemas sociais e médico-legais nos casos em que o
indivíduo pratica estupro ou homicídio. Existem
criminosos que sentem um prazer sexual enorme ao
torturar e matar as suas vítimas.

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