Você está na página 1de 11

EXAME PSÍQUICO

FUNÇÕES CARACTERÍSTICAS
É o estado de lucidez em que a pessoa se encontra. Inclui o reconhecimento da
realidade externa ou de si mesmo em determinado momento, e a capacidade de
responder a estímulos.
Vigil: Apresenta abertura ocular espontânea, estado alerta e responsivo.
Sonolência: Lentificação dos processos ideacionais.
Torpor: Está dormindo, exceto quando estimulado
CONSCIÊNCIA Coma: não pode ser acordado.
Obnubilação: rebaixamento geral da capacidade de perceber o ambiente
Confusão: dificuldade de compreensão, desorientação e dificuldade de
compreensão.
Delírium: aparentemente despertos, mas perplexos e com dificuldade de
apreensão do ambiente.
Estreitamento: perda da percepção do todo com uma concentração em um único
objetivo paralelo à realidade.
A atenção pode ser definida como a direção da consciência, o estado de
concentração da atividade mental sobre determinado objeto.

Vigilância: compreende a manutenção de um foco de atenção para estímulos


externos.
* Hipovigilante: diminuida.
* Hipervigilante: aumentada.
ATENÇÃO Tenacidade: capacidade de manter-se em uma tarefa específica.
* Hipertenacidade: a atenção se adere em demasia a algum estímulo ou tópico;
concentração num estímulo.
* Hipotenacidade: a atenção se afasta com demasiada rapidez do estímulo ou
tópico.
Concentração: capacidade de manter a atenção voluntária, em processos internos
de pensamento ou em alguma atividade mental.

A capacidade de situar-se quanto a si mesmo e ao ambiente.

ORIENTAÇÃO
Orientação autopsíquica: em relação à pessoa.

Orientação alopsíquica: orientação quanto ao tempo e espaço.


Somatopsíquica: alterações do esquema corporal.

Designa a capacidade de perceber e interpretar os estímulos que se apresentam


aos órgãos dos cinco sentidos. Quando alterada pode manifestar-se através de:

* Ilusões: Ocorrem quando os estímulos sensoriais reais são confundidos ou


interpretados erroneamente.
* Alucinações: Ocorrem quando há percepção sensorial na ausência de estímulo
externo (percepção sem objeto).

SENSOPERCEPÇÃO * Pseudo-alucinações: mais representação do que realmente percepção; os


relatos são vagos.
SENSOPERCEPÇÃO

Alucinações auditivas, auditivo-verbais, visuais, olfativas, gustativas.


* Alucinação cenestésicas: corpórea, sensibilidade visceral.
* Alucinação cinestésicas: movimento.
* Despersonalização: alteração na percepção de si próprio, manifestada por
sentimentos de estranheza ou irrealidade
* Desrealização: alteração na percepção do meio ambiente.
A afetividade revela a sensibilidade intensa da pessoa frente à satisfação ou
frustração das suas necessidades.
HUMOR: estado emocional de longa duração, interno, não dependente de
estímulos externos. É a tonalidade de sentimento predominante. Pode influenciar a
percepção de si mesmo, e do mundo ao seu redor.
AFETO: experiência imediata e subjetiva das emoções sentidas em relação à
situação. Inclui a manifestação externa da resposta emocional do paciente a
eventos. Avalia-se o humor/afeto pela expressão facial, gestos, tonalidade afetiva
da voz, conteúdo do discurso e psicomotricidade, choro fácil, risos imotivados, etc.
Avaliar:
* Qualidade do afeto: tristeza, culpa, alegria, vergonha, etc.

Modulação do afeto:

* Hipermodulação: oscilações bruscas no humor.


AFETIVIDADE
* Hipomodulação: rigidez afetiva.
* Embotamento: sem expressão afetiva, rigidez.
Tonalidade afetiva:

* Hipotimia: sintomas depressivos.

* Hipertimia: euforia.

* Disforia: tonalidade afetiva desagradável, mal-humorada.

* Distímico: quebra súbita da tonalidade do humor durante o atendimento.

* Eutímico: normal.

* Ideação suicida: ideias de auto destruição.


* Labilidade afetiva: são os estados nos quais ocorrem mudanças súbitas e
imotivadas do humor, sentimentos e emoções.
Está relacionada aos atos voluntários. É uma disposição (energia) interior que tem
por princípio alcançar um objetivo consciente e determinado.

Normobúlico: vontade normal.

Hipobúlico: vontade rebaixada.

Hiperbúlico: exaltação patológica.


VOLIÇÃO
Obediência automática: responder a solicitações repetidas e exageradas.
Sugestionabilidade patológica: concordar com tudo o que é dito, mesmo que
sejam juízos contraditórios.
Compulsão: realizar atos contra a sua vontade.

Negativismo: opor-se de forma passiva ou ativa, às solicitações.


Integração das funções motrizes e mentais sob o efeito da educação e do
desenvolvimento do sistema nervoso.
Velocidade e intensidade da mobilidade geral na marcha, quando sentado e na
gesticulação
Agitação ou retardo.

Acatisia: movimento de “amassar barro”.

Maneirismos: movimentos involuntários estereotipados.

PSICOMOTRICIDADE Tiques: movimentos involuntários e espasmódicos.


Estereotipias posturais: repetições automáticas e uniformes de determinado ato
motor complexo,indicando geralmente marcante perda do controle voluntáriosobre
a esfera motora.
Ecopraxia: repetição involuntária ou a imitação dos movimentos de outras
pessoas.
Flexibilidade cérea: uma acentuação exagerada do tônus postural,com grande
redução da mobilidade passiva dos vários segmentos corporais.

Presença de sinais de catatonia: obediência automática, flexibilidade cérea.


É o modo de se comunicar. Envolve linguagem verbal, gestos, olhar, expressão
facial e escrita. A linguagem é considerada como um processo mental
predominantemente consciente, significativo, além de ser orientada para o social. É
um processo dinâmico que se inicia na percepção e termina na palavra falada ou
escrita e, por isso, se modifica constantemente.
Quantidade: pode demonstrar um indivíduo em mutismo, monossilábico, prolixo,
não espontâneo, etc.
Velocidade: pode ser rápida, lenta, hesitante, latência para iniciar respostas.
Qualidade: conteúdo do discurso (pobre, elaborado), alterações na articulação das
palavras.
Volume: alto ou baixo.

Disartrias: má articulação de palavras.


LINGUAGEM Afasias: perturbações por danos cerebrais que implicam na dificuldade ou
incapacidade de compreender e utilizar os símbolos verbais.
Verbigeração: repetição incessante de palavras ou frases.

Parafasia: emprego inapropriado de palavras com sentidos parecidos.

Neologismo: criação de palavras novas.

Jargonofasia: "salada" de palavras.

Mussitação: voz murmurada em tom baixo.

Ecolalia: repetição da última ou das últimas palavras dirigidas ao paciente.

Logorréia: fluxo incessante e incoercível de palavras.


Para-respostas: responde a uma indagação com algo que não tem nada a ver
com o que foi perguntado.
Capacidade de registrar, fixar ou reter, evocar e reconhecer objetos, pessoas,
experiências ou estímulos sensoriais.

Está intimamente relacionada com o nível de consciência, atenção e afetividade.

As dimensões principais do seu funcionamento são:


* Percepção: maneira como o sujeito percebe os fatos e atitudes em seu cotidiano
e os reconhece psiquicamente.
* Fixação: capacidade de gravar imagens na memória.
* Conservação: refere-se tudo que o sujeito guarda para o resto da vida; a
memória aparece como um todo e é um processo tipicamente afetivo.
MEMÓRIA * Evocação: atualização dos dados fixados – nem tudo pode ser evocado.
Tipos:
* Imediata: que cobre os últimos 5 minutos.
* Recente: engloba os últimos dias e horas.
* Remota: desde os primeiros anos de vida.
Amnésia orgânica: menos seletivas, retroanterógrada; com mais prejuízos dos
mecanismos de fixação do que de evocação.
Amnésia psicogênica: mais seletivas, mais conteúdos autobiográficos.
Hipermnésia: capacidade aumentada de registrar e evocar os fatos.
Hipomnésia: diminuição da capacidade de registrar e evocar os fatos.
Conjunto de funções integrativas capazes de associar conhecimentos novos e
antigos, integrar estímulos externos e internos, analisar, abstrair, julgar, concluir,
sintetizar e criar. O pensamento é avaliado, por meio da linguagem, nos seguintes
aspectos:
Curso: velocidade com que o pensamento é expresso e pode ir do acelerado ao
retardado, passando por variações:
PENSAMENTO * Fuga de idéias: paciente muda de assunto a todo instante, sem concluí-los ou
dar continuidade, numa aceleração patológica do fluxo do pensamento; é a forma
extrema do taquipsiquismo (comum na mania).

* Interceptação ou bloqueio: há uma interrupção brusca do que vinha falando e o


paciente pode retomar o assunto como se não o tivesse interrompido (comum no
esquizofrenia).
* Prolixidade: é um discurso detalhista, cheio de rodeios e repetições, com uma
certa circunstancialidade; há introdução de temas e comentários não-pertinentes
ao que se está falando.

* Descarrilamento: há uma mudança súbita do que se está falando.

* Perseveração: há uma repetição dos mesmos conteúdos de pensamento


(comum nas demências).
Forma: é a maneira como o conteúdo do pensamento é expresso. O pensamento
abriga um encadeamento coerente de ideias ligadas a uma carga afetiva, que é
transmitida pela comunicação. Há um caráter conceitual. As alterações podem
ocorrer:
Perdas (orgânicas) ou deficiência (oligofrenia) qualitativas ou quantitativas de
conceitos ou por perda da intencionalidade (fusão ou condensação, desagregação
ou escape do pensamento, pensamento imposto ou fabricado): pode se
compreender as palavras que são ditas, mas o conjunto é incompreensível,
cessando-se os nexos lógicos, comum na esquizofrenia.
Conteúdo: As perturbações no conteúdo do pensamento estão associadas a
determinadas alterações, como as obsessões, hipocondrias, fobias e
especialmente os delírios.
O delírio é uma convicção íntima e inemovível, contra a qual não há argumento.
Alteração do juízo. Classificação das ideias delirantes:
* Incorrigibilidade: não há como modificar a idéia delirante por meio de correções.

* Ininfluenciabilidade: a vivência é muito intensa no sujeito, chegando a ser mais


fácil o delirante influenciar a pessoa dita normal.

* Incompreensibilidade: não pode ser explicada logicamente.


* Delírios primários: núcleo da patologia.
* Delírios secundários: são conseqüentes a uma situação social, a uma
manifestação afetiva ou a uma disfunção cerebral.

* Idéia delirante: também chamada de delírio verdadeiro; é primário e ocorre com


lucidez de consciência; não é conseqüência de qualquer outro fenômeno. É um
conjunto de juízos falsos, que não se sabe como eclodiu.

* Idéia deliróide: é secundária a uma perturbação do humor ou a uma situação


afetiva traumática, existencial grave ou uso de droga. Há uma compreensão dos
mecanismos que a originaram.
Ideias delirantes e temas típicos:

* Expansão do eu:grandeza, ciúme, reivindicação, genealógico, místico, de


missão salvadora, deificação, erótico, de ciúmes, invenção ou reforma, idéias
fantásticas, excessiva saúde, capacidade física, beleza...
* Retração do eu: prejuízo, auto-referência, perseguição, influência, possessão,
humildades, experiências apocalípticas.

* Negação do eu:hipocondríaco, negação e transformação corporal, auto-


acusação, culpa, ruína, niilismo, tendência ao suicídio.
Referências
Botega NJ, Dalgalarrondo P. Avaliação do paciente. In: Botega NJ. Prática psiquiátrica no hospital geral:
interconsulta e emergência. 2nd ed. Porte Alegre: Artmed; 2002. p.155-82.

Dalgalarrondo P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. RS: Artmed, 2000.

Gabbard, GO. Psiquiatria Psicodinâmica na Prática Clínica (4ª ed.). Porto Alegre: Artmed, 2006.

Você também pode gostar