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CURSO DE PÓS-

G R A D UA Ç Ã O
LATO SENSU EM
NEUROCIÊNCIAS
APLICADAS–
TURMA 24
(2020.1)
❖ QUEM SOMOS:
Secretaria Acadêmica
Rose
neurociencias_aplicadas@eefd.ufrj.br

Coordenação
Pedro Ribeiro
ribeiropss@yahoo.com.br
Bruna Velasques (@profabrunavelasques)
bruna_velasques@yahoo.com.br
Mariana Gongora
marianabgongora@gmail.com
❖ QUESTÕES PRÁTICAS

✓ Institutos e unidades da UFRJ

✓ Biblioteca

✓ Almoço

✓ Horários – início, término e intervalos

✓ Disciplinas

✓ Diploma e conclusão do curso


❖ FILOSOFIA DA PROPOSTA DO CURSO

Interdisciplinaridade

Visão acadêmica - laboratório

Visão crítica dos temas


❖ INSTITUTO DE NEUROCIÊNCIAS APLICADAS

www.neurocienciasaplicadas.com.br
@neurocienciasaplicadas
❖ PRINCIPAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Princípios da Neurociência
Schwartz, James H.; Jessell, Thomas M.; Kandel, Eric R. /
MANOLE

Neurociências - Desevendando o Sistema Nervoso - 3ª Ed.


Bear, Mark F / ARTMED
Neurociência Cognitiva - A Biologia da Mente - 2ª Ed. 2006
Ivry, Richard B.; Mangun, George R.; Gazzaniga, Michael S. /
ARTMED

Cem Bilhões de Neurônios


Lent, Roberto / ATHENEU
Neurociência - Da Mente e do Comportamento
Lent, Roberto / GUANABARA KOOGAN
❖ MONOGRAFIA

• Motivação

• Orientação

• Estrutura

• Escolha do Tema

• Desafio
❖ Laboratório de Mapeamento Cerebral e Integração Sensório-
Motora
❖Laboratório de Neurofisiologia e Neuropsicologia da Atenção
INTRODUÇÃO ÀS NEUROCIÊNCIAS
“ The task of neural science is to explain behavior in
terms of the activities of the brain. How does the brain
marshal its millions of individual nerve cells to produce
behavior, and how are these cells influenced by the
environment...? The last frontier of the biological
sciences – their ultimate challenge – is to understand the
biological basis of consciousness and the mental
processes by which we perceive, act, learn, and
remember. — Eric Kandel, Principles of Neural Science,
fourth edition
O SISTEMA NERVOSO
Principais estruturas do cérebro

Neurônio Manipula e processa informação

Glia Suporte físico e sustento


Componentes do Sistema
Nervoso
O CÓRTEX CEREBRAL
LOBO FRONTAL –
MOTOR/INTELECTUAL
LOBO TEMPORAL -
AUDITIVO
LOBO PARIETAL –
SENSORIAL/VISUOESPACIAL
LOBO OCCIPITAL - VISÃO
CÓRTEX
SENSORIOMOTOR
Qual o nível de análise?

Comportamento e Cognição

Sistemas e Circuitos

Sinapses e Neurônios

Genes e Moléculas
Diferentes especialidades que se comunicam para ter uma
visão geral.
NEUROCIÊNCIA CONTEMPORÂNEA

• Neurociência Molecular –
– Bioquímica do sistema nervoso
• Neurociência Celular –
– Biologia celular do sistema nervoso
– Estrutura/função no nível individual dos neurônios
• Neurociência dos Sistemas –
– Como os circuitos neurais funcionam?
– Sistema sensorial, sistema motor, etc.
• Neurociência Comportamental –
– Como os sistemas cerebrais interagem para produzir comportamento?
• Neurociência Cognitiva –
– Como a atividade cerebral cria a mente?
• Problema de Descartes - autoconsciência, imagem mental, linguagem.
Neurociência Cognitiva
É um termo novo para o problema antigo de mente e
corpo, que nunca foi solucionado
Neurociência Cognitiva

➢ É um campo acadêmico interessado em investigar os


substratos biológicos subjacentes à cognição, com um foco
específico nos substratos neurais dos processos mentais
➢ Aborda as questões de como as funções
cognitivas/psicológicas são produzidas pelo cérebro.
Estudo da representação neural dos atos mentais.

A neurociência cognitiva é um campo emergente da


ciência neural e cognitiva, base biológica da cognição.
O que é cognição?
► O ato ou processo de conhecer; percepção.

► O produto de tal processo; alguma coisa conhecida,


percebida.

► Faculdade para o processamento da informação

► Processo mental ou intelectual pelo qual um organismo


“toma” conhecimento ou obtém conhecimento.

► Um ato intelectual consciente, o processo mental de saber


aprender, pensar, julgar.
Three States of Cognition
Philosophy : Mind behind Mind

Neuroscience: Brain Psychology : Mind


Neurociência Cognitiva Estudo do cérebro e da mente

Neurociência + Ciência Cognitiva

Cérebro Processos cognitivos - mente


Sistema Nervoso Central

Recepção de Integração Execução Motora


Informação

➢ Complexidades diferentes
➢ Processamento da Informação
Áreas Sensoriais Responsáveis por processar informações que chegam
através dos sentidos (visão, olfato, paladar, audição e tato)

Responsáveis por gerar movimentos – externos (locomoção,


Áreas Motoras
tração, força) e internos (controle dos órgãos ou sistemas
internos)

Áreas de Integração Influência na constituição do produto chamado mente (???)


Funções principais:

Receber estímulo

Integração

Executar - Agir sobre o corpo e o ambiente (regular um órgão ou iniciar


um movimento)
Alexander Luria
Neuropsicólogo e Psicólogo do Desenvolvimento

Importância dos aspectos Culturais

A cognição e o comportamento humano é


resultado da interação de três unidades
funcionais complexas e plásticas, que não
podem ser localizados em áreas específicas.
O desenvolvimento cognitivo dos seres
humanos exige a organização das sensações
para fornecer ao cérebro informações referentes
às condições do corpo como universo extra-
somático, com os quais produz uma motricidade
adaptativa e flexível. Trata-se de uma complexa
integração e associação intraneurossensorial,
que reflete a tendência evolutiva do processo
informativo (Luria, 1966)
❖ Três unidades funcionais:

(1) Unidade de (2) Unidade de (3) Unidade de


atenção – tronco codificação e planificação – lobo
cerebral. processamento - frontal.
Estado de lobos occipital, Intencionalidade,
Consciência. temporal e parietal. planificação e
Sono-vigília; Análise e organização da
ativação e armazenamento de conduta em relação à
prontidão informação percepção e ao
conhecimento do
mundo.
FUNDAMENTOS DAS
NEUROCIÊNCIAS
Por que estudar o cérebro?
Neurociência

É o estudo científico do sistema nervoso. Tais estudos


investigam estrutura, função, história evolutiva,
desenvolvimento, genética, bioquímica, neurofisiologia,
farmacologia, informática, neurociência computacional e
patologia do sistema nervoso.
As origens das Neurociências

Um breve histórico
“ O homem deve saber que de nenhum outro lugar,
mas apenas do encéfalo vem a alegria, o prazer, o riso e
a diversão, o pesar, o luto, o desalento e a lamentação.
E por isso, de uma maneira especial, nós adquirimos
sabedoria e conhecimento e enxergamos e ouvimos e
sabemos o que é justo e injusto, o que é bom e o que é
ruim, o que é doce e o que é insípido… E pelo mesmo
órgão nos tornamos loucos e delirantes, e medos e
terrores nos assombram… Todas essas coisas nós
temos de suportar do encéfalo quando não está sadio…
Nesse sentido, opino que é o encéfalo quem exerce o
maior poder sobre o homem.”
Hipócrates, Sobre a Doença Sagrada (Séc. IV a.c.)
Encéfalo: órgão Os gregos antigos começam a reconhecer
das sensações e
sede da o cérebro como o centro das sensações
inteligências humanas
Hipócrates (460-379 a.c.)

2500 ac 450 ac

Trepanação – procedimento cirúrgico


usado em diversas culturas
Reitera a crença de que o coração é o órgão
superior; o cérebro é o radiador para resfriar o
sangue, o qual é superaquecido pelo coração - o
que explica o temperamento racional humano
Aristóteles (384-322 a.c.)

387 ac 335 ac

Platão acredita que o


cérebro é o centro dos
processos mentais.
Andreas Vesalius (1514 – 1564),
médico belga, publicou o primeiro livro
“moderno” de anatomia com ilustrações
detalhadas do cérebro humano - De
Humani Corporis Fabrica

170 dc 1543

Galeno (130-200 dc)

Lança a teoria de que o temperamento e o caráter


humanos são decorrentes dos quatro “humores”
(líquidos mantidos nos ventrículos do cérebro)

Grande semelhança entre humanos e demais animais


A visão de Galeno prevaleceu por quase 1.500 anos
Thomas Willis (1621 – 1675), médico, escreveu o primeiro
atlas do cérebro, relacionando estrutura e funções -
Cerebri anatome: cui accessit nervorum descriptio et usus

1649 1664
René Descartes – o cérebro é
um sistema hidráulico que
controla o comportamento.
Funções mentais “mais
elevadas” seriam geradas por
uma entidade espiritual, que
interagiria com o corpo pela
glândula pineal
Ao redor do século XVII, o SN já havia
sido completamente dissecado, e sua
anatomia grosseira, descrita em
detalhe.

Divisões: central x periférica

Saliências (giros), sulcos (fissuras) e lobos


Compreensão do SN no fim do século XVIII:

❖ Lesão no encéfalo pode causar desorganização das sensações,


movimentos e pensamentos, podendo levar à morte;

❖ O encéfalo se comunica com o corpo por meio de nervos;

❖ O encéfalo apresenta partes diferentes identificáveis e que


provavelmente executam diferentes funções;

❖ O encéfalo opera como uma máquina e segue as leis da


natureza.

Nos 100 anos que se seguiram verificou-se o maior avanço no


entendimento e estudo do SN
Hermann von Helmholtz (1821 – 1894) mediu a velocidade da
condução neural e desenvolveu a tese de que a percepção depende
de “inferência consciente”

1848 1849

Phineas Gage tem


o cérebro
perfurado por uma
barra de ferro
O HOMEM QUE SE PERDEU
Phineas Gage
Educado e benquisto supervisor de obras ferroviárias
passou por uma enorme transformação, tornando-se
agressivo e desrespeitoso depois que teve parte do
cérebro destruída em um acidente.

Hipótese: juízo moral e social podem estar


localizados nos lobos frontais
Charles Darwin publica “A Origem das Espécies”

1850 1859

Franz Joseph Gall (1758 – 1828)


fundou a cranioscopia
(frenologia)
FRENOLOGIA
Franz Joseph Gall
Gall acreditava que a personalidade
poderia ser verificada apalpando-se
o contorno do crânio; das diversas
faculdades humanas localizadas no
cérebro, as mais fortes eram as mais
protuberantes, possibilitando a
medição das saliências do crânio.
Carl Wernicke publicou seu trabalho sobre afasias
(distúrbios de linguagem após lesão cerebral)

1862-1874 1874

Paul Broca e Carl Wernicke


identificaram as duas áreas
principais da linguagem no
cérebro
ÁREAS DA LINGUAGEM
Broca e Wernicke

1861 – Paul Broca descreveu o caso de um paciente


que chamou de “Tan”. Exames pós-morte Broca
examinou seu cérebro e descobriu uma lesão na
porção inferior do córtex frontal esquerdo.

1876 – Carl Wernicke descobriu que a lesão da porção


posterior do lobo temporal esquerdo também causava
problemas de linguagem.

Foram os primeiros cientistas a definir com clareza


áreas funcionais do cérebro.
Santiago Ramón y Cajal, considerado o
“pai da neurociência moderna”. Em A
Doutrina do Neurônio, propôs que os
neurônios são elementos independentes e
unidades básicas do cérebro. Dividiu o
Prêmio Nobel de 1906 com Golgi.

1873 1889

Camillo Golgi descobriu


o uso do nitrato de
prata, que possibilitou a
observação completa
dos nervos. Ganhou o
Prêmio Nobel em 1906.
Por volta de
1900

Sigmund Freud abandona,


em parte, a neurologia ainda
no início para estudar a
psicodinâmica.
Principais descobertas-chave realizadas
durante o século XIX

❖ Nervos como fios

Os nervos se comunicam com o encéfalo pelo movimento


de fluídos, e sim pela condução de sinais elétricos

❖Localização de Funções Específicas em Diferentes


Partes do Encéfalo

Paul Broca (1861) - lobo frontal esquerdo responsável


especificamente pela produção da fala
❖A evolução do Sistema Nervoso

Charles Darwin (1859) – publico A Origem das Espécies

Teoria da Evolução Natural (Seleção Natural): ancestral


comum

❖ O Neurônio: a Unidade Funcional Básica do


Encéfalo

Por volta de 1900 a célula nervosa individual já era


reconhecida como a unidade funcional básica do SN
1906

Santiago Ramón y Cajal


descreve como os neurônios Alois Alzheimer descreve a
se comunicam – sinapses. degeneração pré-senil.

Células
nervosas no
hipocampo de
roedores
RATOS COMO COBAIA

O cérebro de roedores é muito similar ao de


humanos. Antes do desenvolvimento de técnicas
de imageamento, os cientistas só conseguiam
observar diretamente o tecido cerebral de ratos e
de outros pouco animais.
O Fisiologista Henry Hallet Dale
descobriu a acetilcolina,
importante nos processos de
memória e aprendizagem.

1909 1914

Korbinian Broadman descreve 52


áreas corticais distintas com
base na estrutura neural
Os primeiros
eletroencefalogramas
foram desenvolvidos
por Hans Berger

1919 1924

O neurologista irlandês
Gordon Morgan Holmes
relaciona a visão ao
córtex estriado (o
córtex visual primário)
O italiano Vittorio
Erspamer identifica o
neurotransmissor
serotonina, com papel
essencial na regulação
do humor

1934 1935

O neurologista português
Egas Moniz executou a
primeira operação de
leucotomia (lobotomia).
Ele também inventou a
angiografia, uma das
primeiras técnicas
captaram imagens do
cérebro
Brenda Milner descreve o
paciente HM que perde a
memória após a remoção
cirúrgica de porções de
ambos os lobos temporais

1949 1953

Teoria Hebbiana (Donald


Hebb) descreve um
mecanismo básico da
plasticidade sináptica
no qual um aumento na
eficiência sináptica
surge da estimulação
repetida e persistente da
célula pós-sináptica.
1957

Os neurocirugiões W.
Penfield e T Rasmussen
concebem o s “homúnculos O trabalho de
motor e sensorial” Penfield foi o primeiro
a revelar o papel do
lobo temporal na
memória e a mapear
as áreas do córtex
que controlam o
movimento e
fornecem as
Primeiros mapas detalhados da função sensações corporais.
cerebral humana
1970-1980

Desenvolveu-se a tecnologia de escaneamento do


cérebro, durante essa década surgem o PET, SPECT,
RM.
PET (Tomografia por Emissão de Pósitrons)
e SPECT (Tomografia por Emissão de Fótons) -
injeta-se no paciente uma dose de substância
radioativa, chamada traçadora, que será
absorvida pelo cérebro.

Ressonância Magnética é um método de imagem


que aproveita as propriedades naturais dos átomos
existentes no corpo humano para criar uma imagem de
diagnóstico.
1981

Roger Wolcott
Sperry ganha o
Prêmio Nobel pelo
estudo das
diferentes funções
nos dois hemisférios
cerebrais.
EXPERIÊNCIAS COM CÉREBRO PARTIDO
Roger Sperry (Nobel 1981)

Sperry conduziu as experiências do cérebro bipartido em


pessoas cujos hemisférios foram separados cirurgicamente
durante o tratamento para epilepsia. Elas demonstraram que,
sob determinadas condições, cada hemisfério poderia abrigar
pensamentos e intenções diferentes. Isso suscitou a profunda
questão sobre se a pessoa tem um único “eu”.
António Damásio distingue
partes do cérebro associadas
ao processamento de
emoções e sugere que elas
influem de forma decisiva na
memorização.

1992 1995

Os neurônios-
espelho são
descobertos por
Giacomo Rizzolatti
NEURÔNIOS-ESPELHO

Um grupo de pesquisadores monitorou a


atividade neural do cérebro de macacos que
faziam movimento de se esticar. Um dia o
pesquisador inadvertidamente imitou o
movimento do macaco enquanto este o
observava e descobriu que a atividade
neural no cérebro do macaco deflagrada em
resposta à visão era idêntica à atividade
ocorrida quando o macaco fazia a ação.
Alguns pesquisadores acreditam que os
neurônios-espelho sejam a base da teoria da
mente, da imitação e da empatia
Eric Kandel ganhou o Nobel pela
“revelação de aspectos
fundamentais de formação da
Habituação e sensibilização –
aprendizagem não-associativa

1997 2000

Elizabeth Gold
(Princeton) demonstra
que a neurogênese
ocorre no cérebro de
macacos. Estudos
feitos na década
seguinte demonstram
a neurogênese em
humanos

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