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História da neuropsicologia

Introdução
• Funções do Cérebro:
o O cérebro desempenha um papel significativo no corpo humano, não
apenas na manutenção da vida, mas também no pensamento,
comportamento e raciocínio.
o É o único órgão completamente protegido por tecido ósseo, o crânio, e
não pode ser transplantado mantendo a identidade da pessoa.
• Neuropsicologia:
o A neuropsicologia é uma subárea da psicologia.
o Estuda como as propriedades complexas do cérebro permitem o
comportamento.
o Examina as relações entre funções cerebrais e comportamento, focando
em mudanças no pensamento e comportamento relacionadas à
integridade estrutural ou cognitiva do cérebro.
• Evolução da Neuropsicologia:
o Tem raízes nas filosofias de Plato, Descartes e Kant.
o Evoluiu a partir de diversas disciplinas, como psicologia, neurologia,
neurociência, biologia e filosofia.
• Células do Cérebro e Conexões:
o O cérebro contém bilhões de células, ou neurônios, e inúmeras conexões
possíveis entre eles.
o Essas conexões determinam as atividades e funções cerebrais, sendo o
foco central da neuropsicologia.
• Crescimento da Neuropsicologia:
o Experimentou crescimento significativo desde os anos 1970, tornando-
se a subspecialidade de mais rápido crescimento na psicologia nos anos
1990.
o Neuropsicólogos lideram o estudo das relações entre cérebro e
comportamento, contribuindo para o desenvolvimento de tecnologias
para tratar doenças cerebrais.
• Doctrinas e História:
o A história da neuropsicologia é moldada por duas doutrinas opostas:
vitalismo e materialismo.
▪ Vitalismo
• Corrente filosófica que defendia a existência de uma força
vital, ou alma, que era essencial para a vida.
o Essa força vital era considerada inacessível à
investigação científica e, portanto, não podia ser
explicada por meio de leis físicas ou químicas.
• sugere que comportamentos, como o pensamento, são
parcialmente controlados por forças não mecânicas ou
lógicas.
▪ Materialismo
• favorece uma visão mecanicista do cérebro.
• Papel Atual da Neuropsicologia:
o A neuropsicologia está moldando a compreensão de todos os
comportamentos.
o Neuropsicólogos desempenham um papel crucial na pesquisa,
tratamento de doenças cerebrais e estão envolvidos em várias
instituições, incluindo universidades, hospitais psiquiátricos, prisões e
prática privada.

O cerebro na antiguidade
• Conhecimento Antigo sobre o Cérebro:
o Evidências, como desenhos em cavernas, indicam que as pessoas têm
consciência há muito tempo das relações entre o cérebro e o
comportamento.
• Investigações Neuropsicológicas Iniciais:
o Primeiras investigações neuropsicológicas reconheceram como doenças
e lesões cerebrais afetam o comportamento.
o Trepanação é uma operação antiga que envolve cortar, raspar, cinzelar
ou perfurar uma peça em forma de tampa do crânio para aliviar a pressão
relacionada ao inchaço cerebral.
• Trepanação na Antiguidade:
o Arqueólogos encontraram milhares de crânios trepanados em todo o
mundo.
o Muitos pacientes sobreviveram à trepanação, mostrando evidências de
cicatrização, enquanto outros crânios não mostram sinais de cura,
indicando que os pacientes morreram durante ou logo após a operação.
• Variedade nas Trepanações:
o Alguns crânios foram trepanados mais de uma vez, evidenciando uma
prática repetida.
o Existe um crânio com sete perfurações, feitas em ocasiões diferentes.
• Razões Médicas ou Mágicas:
o Algumas trepanações podem ter sido motivadas por razões médicas,
como fraturas cranianas devido a combates ou quedas.
o Em alguns casos, trepanações foram realizadas em crânios íntegros sem
sinais de violência, sugerindo uma possível abordagem "mágica" de cura.
• Teorias sobre Trepanação:
o Teorias variam, incluindo propostas de que a trepanação era usada para
tratar comportamentos bizarros, como epilepsia ou esquizofrenia.
o Alguns sugerem que os praticantes evitavam certas áreas do cérebro
devido ao conhecimento de possíveis problemas comportamentais
permanentes ou morte.
• Paralelos com a Neurocirurgia Moderna:
o Algumas operações semelhantes são realizadas na neurocirurgia
moderna.
o Procedimentos incluem perfuração para facilitar a remoção de
fragmentos ósseos ou drenagem de sangramento interno após um golpe
na cabeça.
• Uso Controverso de Técnicas Antigas:
o Cirurgiões modernos usam técnicas antigas, como perfuração,
destacando mal-entendidos sobre o contexto histórico dessas práticas.
o Destaca a necessidade de considerar o contexto societal e cultural ao
interpretar ideias antigas sobre o cérebro e procedimentos específicos.

O cerebro na grécia antiga


• Primeiros Registros Gregos sobre Relações Cérebro-Comportamento:
o Filósofos gregos clássicos escreveram as primeiras explicações das
relações cérebro-comportamento.
o Heraclitus, do século VI a.C., descreveu a mente como um espaço
enorme com limites inatingíveis.
• Pitágoras (580–500 B.C):
o Sugeriu que o cérebro está no centro do raciocínio humano,
o hipótese cerebral: a ideia de que o cérebro é a fonte de todo
comportamento.
• Hipócrates (460–377 B.C):
o Acreditava que o cérebro controla todos os sentidos e movimentos.
o Reconheceu a relação entre paralisia e lesões na cabeça, destacando a
influência dos hemisférios cerebrais.
o As emoções como prazer, riso, dor e ansiedade têm origem no cérebro,
desafiando a visão de que o comportamento era controlado
principalmente por forças divinas.
o Argumentou que a epilepsia, anteriormente vista como uma "doença
sagrada", tem causas médicas específicas, não divinas.
• Platão (420–347 B.C.):
o Platão propôs que a alma tem três partes:
▪ apetite,
▪ razão e
▪ temperamento
o Acreditava que a parte racional da alma reside no cérebro, por ser o
órgão mais próximo aos céus.
o Introduziu a ideia de que a saúde está relacionada à harmonia entre
corpo e mente, sendo creditado como o primeiro a propor o conceito de
saúde mental.
• Aristóteles (384–322 B.C.):
o Acreditava que o coração era a fonte de todos os processos mentais.
o Hipótese Cardíaca:
▪ Argumentava que, por ser quente e ativo, o coração era o local
da alma.
▪ O cérebro era um "radiador" sem sangue, resfriando o sangue
quente que subia do coração.

Doutrina celular
• No Egito, nos séculos III e IV a.C., a chamada escola alexandrina atingiu seu
auge, com cientistas renomados focados em fisiologia e anatomia.
o Conhecimento do sistema nervoso e neuroanatomia por meio de
dissecações públicas incentivadas pelos governantes ptolemaicos.
o Vivissecção em criminosos condenados,
o Formular hipóteses sobre o controle do comportamento pelo cérebro.
▪ Distinguiram entre nervos ascendentes (sensoriais) e
descendentes (motores)
o Teoria ventricular o celular
▪ IDEIA ERRÔNEA (As cavidades ventriculares no cérebro
controlavam habilidades mentais e movimentos)
• A alma ficava nos ventriculos
▪ Foi cientificamente importante, pois direcionou os estudos da
comunidade médica no cérebro, estimulando discussões sobre
comportamento, processos mentais e anatomia cerebral.
o Galeno (130-201 d.C.), anatomista e médico romano, destaca-se junto a
Hipócrates como uma figura supremamente importante na medicina
antiga.
▪ Cirurgião de gladiadores.
• Identificou muitas das principais estruturas cerebrais e
descreveu mudanças comportamentais resultantes de
traumatismos cerebrais.
• O cérebro é uma massa de fleuma, da qual uma bomba
empurra o pneuma psíquico pelos nervos.
• Os humores, líquidos corporais
o Termos como "bom humor" ou "mau humor" para
descrever o estado mental de alguém e
expressões como "melancólico" e "colérico" ainda
fazem parte do vocabulário atual.
Descobertas anatômicas e o papel da alma espiritual

• Albertus Magnus (século XIII)


o O comportamento resulta de uma combinação de estruturas cerebrais
que inclui o córtex, o mesencéfalo e o cerebelo
• Andreas Vesalius (1514–1564)
o Corrigiu os erros anatômicos de Galeno, especialmente relacionados ao
papel dos ventrículos e seu efeito no comportamento.
o Enfatizou a massa cerebral geralmente maior dos humanos como
responsável pelos processos mentais.
o Realizou as primeiras dissecações sistemáticas de seres humanos na
Europa
• René Descartes (1596–1650)
o Propondo uma separação estrita entre processos mentais e habilidades
físicas.
o Dualismo corpo-mente
▪ Teorizou que a mente e o corpo são distintos e interagem
▪ Colocou os processos mentais na glândula pineal no centro do
cérebro.
▪ Acreditava que os reflexos eram resultado de processos
nervosos, enquanto as ações voluntárias requeriam uma alma
racional.
• Thomas Willis (1621–1675)
o Trabalho na circulação sanguínea cerebral,
▪ teorizou que todas as faculdades mentais residem no corpus
striatum, uma estrutura profunda nos hemisférios cerebrais.
• Giovanni Lancisi (1654–1720)
o O corpo caloso (substância branca) como o local das funções mentais.

Influência não-ocidentais
• Egito,
o A vida era vista como um equilíbrio entre forças internas e externas,
levando ao tratamento de muitos distúrbios mentais integrando fatores
físicos, psíquicos e espirituais.
o Conceituavam o cérebro de forma diferente da mente, considerando o
coração como o centro da mente, sensação e consciência.
• Índia,
o Atharva-Veda (700 a.C.) propunha que a alma é não material e imortal.
• Chineses
o Discutiam conceitos psicológicos e sintomas psiquiátricos, adotando uma
visão mecanicista dos processos mentais.
o Distúrbios de saúde mental como doenças ou distúrbios vasculares
o Escritos confucianos
▪ as funções mentais não são distintas das funções físicas e não
residem em nenhuma parte específica do organismo, embora
dessem especial importância ao coração como guia para a mente.
• África,
o a trepanação era praticada tão cedo quanto 4000 a 5000 a.C..

TEORIA LOCALIZACIONISTA
• Franz Gall (1758–1828)
o Anatomista austríaco
o O cérebro consiste em órgãos separados, cada um responsável por
traços psicológicos básicos, como coragem, amizade ou combatividade.
o As faculdades mentais são inatas e dependem das estruturas
topográficas do cérebro,
▪ Explica diferenças de personalidade e traços cognitivos pelo
tamanho de áreas cerebrais individuais.
o Craniologia,
▪ Estudo da capacidade craniana em relação ao tamanho do
cérebro,
• Utilizada para indicar inteligência.
o A psicologia de faculdade,
▪ dominante na época, limitou o trabalho de Gall ao afirmar que
habilidades como leitura, escrita ou inteligência eram faculdades
independentes e indivisíveis, realizadas de forma isolada no
cérebro.
▪ A psicologia de faculdade e a teoria de localização discreta
continuaram a se desenvolver por um século, com ênfase no
córtex como tecido neural funcional e o reconhecimento do
cérebro como central no estudo do comportamento e da mente.
o Frenologia,
Afirmava que o tamanho de uma área cerebral correspondia ao tamanho
da área craniana correspondente.
o Declarações generalizadas sobre os cérebros e mentes de homens e
mulheres.
o Os Frenologistas sugeriram diferenças culturais nas comparações entre
raças e nações, erroneamente afirmaram a superioridade dos crânios de
pessoas brancas e associaram virtudes morais e intelectuais a
características cranianas específicas.
▪ Ainda persiste sobre se os cérebros de assassinos e gênios são
indistinguíveis ou diferentes.
o Johann Spurzheim
▪ continuou as lições de frenologia, tornando-a popular nos Estados
Unidos.

• LOCALIZAÇÃO CORTICAL
o Antes do século XIX, pouco se sabia sobre o córtex cerebral e suas
funções.
▪ As convoluções cerebrais eram consideradas pouco
interessantes e praticamente inexploradas.
o Paul Broca (1861) anunciou que a fala motora estava localizada na região
posterior e inferior do lobo frontal esquerdo.
▪ Identificou a condição de afasia de Broca
• caracterizada por dificuldade em falar devido a lesões na
região frontal esquerda.
▪ A fala expressiva é controlado por áreas específicas do cérebro,
indicando uma separação funcional entre os hemisférios
esquerdo e direito.
▪ Esse marco indicou a existência de funções cerebrais específicas
em locais particulares do cérebro.
▪ Pesquisas que demonstrem a relação entre função específica e
um regiao neuroanatomica devem atender duas condições:
• Associação
o A destruição de uma área localizada do cérebro
prejudica uma função específica, como a fala
articulada.
• Dupla dissociação,
o Danos a outras áreas do cérebro não deveriam
resultar na mesma deficiência.
▪ Sintoma A aparece em decorrencia de uma
lesão na estrutura A, mas não em lesões
na estrutura B, e o sintoma B aparece em
lesões da estrutura B, mas não da de A.
o Carl Wernicke identificou que a compreensão da fala estava localizada
nas regiões superiores e posteriores do lobo temporal.
▪ A perda da compreensão da fala não vinha acompanhada de
déficits motores;
▪ apenas a capacidade de entender a fala estava comprometida.
▪ Afasia fluente:
• o paciente pode falar, mas sua fala não faz sentido.
▪ Teorias de localização estrita tornaram-se menos viáveis devido
à descoberta de Wernicke
• A fala está em duas áreas corticais distintas.

• Críticas ao localizacionismo
o Sigmund Freud
▪ Buscou a investigação do sistema nervoso central.
▪ Em sua obra "An Understanding of Aphasia" (1891), Freud critica
a doutrina de localização de afasia de Wernicke e Broca.
▪ Introduziu a distinção entre a capacidade de reconhecer um
objeto e a incapacidade de nomeá-lo, conhecida hoje como
agnosia.
o Pierre Flourens
▪ Argumentou que o cérebro opera de maneira integrada e que as
funções mentais dependem do cérebro como um todo.
▪ Ablação
• A perda de função depende da extensão do dano, não da
localização específica.
▪ Equipotencialidade
• Se material cortical suficiente estiver intacto, o material
restante assumirá as funções de qualquer tecido cerebral
ausente.
• O tamanho da lesão, e não sua localização, determina os
efeitos da lesão cerebral
o As funções corticais superiores são muito
complexas para serem confinadas a uma área
específica.
• Hermann Munk (1881)
o Lesões no córtex de associação resultavam em
cegueira mental temporária.
• Joseph Babinski (1914)
o introduziu o termo "anosognosia"
o A falta de conhecimento ou recusa em reconhecer
uma doença ou distúrbio, observando pacientes
com lesões na associação cortical do hemisfério
direito.
• Karl Lashley (1890–1958)
o O prejuízo do desempenho de ratos em correr em
labirintos estava diretamente relacionado à
quantidade de córtex removido,
independentemente da área específica removida.
• Lashley
o Princípio da ação em massa: o grau de prejuízo
comportamental é diretamente proporcional à
massa do tecido removido.
o multipotencialidade do tecido cerebral:
▪ Cada parte do cérebro participa em mais
de uma função.

TEORIAS INTEGRADAS DA FUNÇÃO CEREBRAL


• Modelo alternativo do Jackson
o Hughlings Jackson (1835-1911)
▪ Neurologista inglês
▪ Criou um modelo hierárquico e evolutivo no final do século XIX,
publicado nos EUA na década de 1950.
▪ Focou em epilepsia,
▪ conexões entre movimentos e áreas cerebrais.
▪ As funções mentais superiores são habilidades não unitárias, mas
composições de habilidades mais básicas.
▪ A combinação de habilidades básicas que forma
habilidades superiores.
▪ Lesões em áreas específicas causam perda ou
comprometimento de habilidades superiores dependentes
daquela área.
o Visão mais holística da função cerebral
▪ Comportamentos complexos resultam da interação de todas
as áreas do cérebro
▪ Visão quase equipotencial e localizacionista (áreas especificas no
sistema nervoso contribui para o sistema geral)
o Sua influência foi notada na neurologia britânica do início do século XX,
mas muitos interpretaram erroneamente seu trabalho como mais
favorável à equipotencialidade.
o Pós-Segunda Guerra Mundial, teóricos apresentaram visões compatíveis
com a abordagem de Jackson, destacando a falta de destruição completa
de habilidades cognitivas por lesões limitadas e a contribuição desigual
de diferentes áreas cerebrais em funções específicas.
• Modelo do Luria
o Alexander Luria (1902–1977)
▪ Neuropsicólogo russo
▪ Desenvolveu uma adaptação detalhada do princípio proposto por
Hughlings Jackson.
o Concebeu o sistema nervoso central como composto por três unidades
básicas:
▪ Primeira:
▪ Regula o nível de alerta e a tonicidade muscular,
▪ Segunda
▪ Lida com a recepção e análise de informações sensoriais
▪ Terceira
▪ Envolvida em planejamento e execução de
comportamento.
o Todas as formas de comportamento exigem a interação dessas três
funções básicas, refletindo o cérebro como um todo, mas com cada área
desempenhando um papel específico.
▪ Introduziu o conceito de sistemas funcionais
▪ Representa os padrões de interação entre as áreas
cerebrais necessárias para completar um comportamento.
o Pluripotencialidade
▪ Qualquer área do cérebro pode estar envolvida em poucos
ou muitos comportamentos.
▪ O comportamento resulta da interação entre várias funções
ou sistemas de áreas cerebrais, não de áreas cerebrais
unitárias ou discretas.
o Uma lesão em qualquer estágio é suficiente para imobilizar um
sistema funcional, mas cada sistema funcional tem alguma
plasticidade e pode ser alterado por treinamento ou reorganização.
o Sistemas funcionais alternativos
▪ Habilidades cerebrais de nível superior podem compensar
habilidades de nível inferior após lesões cerebrais.

NEUROPSICOLOGIA MODERNA
• Herman Ebbinghaus (1850–1909) afirmou que a psicologia tem uma longa
história, mas uma história curta, o que se aplica à neuropsicologia moderna.
• Desde a descoberta de Broca nos anos 1860, a neuropsicologia evoluiu como
disciplina devido a conquistas significativas e conceitos influentes.
• Em 1933, Kleist publicou trabalho sobre lesões cerebrais na guerra, mas sua
abordagem de localização era conhecida principalmente na Alemanha.
• Nos EUA e no Reino Unido, Lashley, Marie e Jackson estabeleceram uma
tendência antilocalização, especialmente na área de afasia.
• A psicocirurgia moderna começou em 1935 com Moniz e Lima operando os lobos
frontais para aliviar sofrimento mental.
• Neuropsicologia clínica surgiu em cenários médicos, inicialmente na
neurocirurgia e neurologia, com pesquisas focadas em função cortical e
diagnóstico de distúrbios neurológicos.
• Wilder Penfield (1891–1976) foi pioneiro na estimulação elétrica direta do
cérebro durante cirurgias, relacionando anatomia cerebral e comportamento.
• Na década de 1930, psicólogos, como Molly Harrower, desempenharam papel
importante em diagnosticar lesões cerebrais usando testes psicológicos.
• Na década de 1930, a neuropsicologia era pouco organizada, mas
pesquisadores trabalhavam em questões cruciais para o campo.
• O primeiro laboratório de neuropsicologia nos EUA foi fundado por Ward
Halstead em 1935, desenvolvendo avaliações para diferenciar pacientes com e
sem lesões cerebrais.
• O termo "neuropsicologia" foi possivelmente cunhado por Sir William Osler em
1913, mas foi popularizado por Hans-Leukas Teuber em 1948 e Donald Hebb
em 1949.
• A década de 1960 marcou a transição da neuropsicologia do laboratório para a
clínica, com a criação de organizações e revistas científicas específicas.
• Entre 1960 e 1990, houve um movimento de pesquisa experimental para prática
clínica em neuropsicologia, com o estabelecimento de organizações e revistas
especializadas.
• Henry Hécaen (nascido em 1912) fundou a revista Neuropsicologia, fazendo
contribuições importantes para as relações cérebro-comportamento em saúde e
doença.
• Uma de suas descobertas notáveis foi a demonstração das propriedades
funcionais do hemisfério direito, desafiando a crença predominante na década
de 1940 e 1950 de que o hemisfério esquerdo dominava o cérebro devido ao
seu papel na linguagem.
• Hécaen e sua equipe apresentaram evidências irrefutáveis de que o hemisfério
direito desempenha um papel crucial em processos visuoperceptuais e
visuoconstrutivos.
• Grande parte do trabalho de Hécaen só foi traduzida para o inglês na década de
1970, e até o início dos anos 1960, poucos cientistas discutiam ou pesquisavam
sobre o papel do hemisfério cerebral direito.
• O neuropsicólogo dos EUA, Arthur Benton, continuou a explorar o papel do
hemisfério direito na década de 1960, estabelecendo um dos primeiros
laboratórios de neuropsicologia na Faculdade de Medicina da Universidade de
Iowa na década de 1940.
• Benton supervisionou dissertações em neuropsicologia, desenvolveu
instrumentos de teste neuropsicológico, incluindo o Benton Visual Retention Test
(BVRT), e contribuiu significativamente para a compreensão do papel do
hemisfério direito no comportamento.
• Oliver Zangwill (nascido em 1913) fundou a neuropsicologia na Grã-Bretanha,
tornando-se um neuropsicólogo clínico enquanto trabalhava na Unidade de
Lesões de Edimburgo dos serviços militares britânicos durante a Segunda
Guerra Mundial.
• Zangwill desempenhou papel fundamental na avaliação de centenas de
pacientes com lesões cerebrais traumáticas e desafiou a ideia então aceita de
dominância do hemisfério direito para a fala em canhotos.
• Norman Geschwind (1926–1984) foi outro neuropsicólogo importante,
contribuindo significativamente para o desenvolvimento da neurologia
comportamental e enfatizando a importância da neuroanatomia na
neuropsicologia.
• Geschwind propôs que perturbações comportamentais são baseadas na
destruição de vias cerebrais específicas, chamadas de desconexões,
destacando isso em seu artigo clássico "Disconnexion Syndromes in Animals
and Man" (1965).
• Seu trabalho incluiu estudos morfológicos que identificaram uma tendência de
um córtex de associação auditiva maior no hemisfério esquerdo, apoiando a
base anatômica da dominância do hemisfério esquerdo para a fala.
• A década de 1990 até o presente testemunhou um crescimento sem precedentes
na neuropsicologia moderna, com contribuições importantes de neuropsicólogos
como Muriel Lezak.
• Lezak pioneirou a abordagem de avaliação na neuropsicologia clínica, com
avaliações neuropsicológicas desempenhando um papel crucial no diagnóstico
e na compreensão do impacto das limitações do paciente.
• Neuropsicologia tornou-se popular, relacionada ao desenvolvimento em outras
áreas, incluindo ciências clínicas (neurologia comportamental, psiquiatria
biológica e radiologia) e ciências experimentais (neurociências e neuroquímica).

LINHA DO TEMPO
2000 a.C.: Primeiras Hipóteses sobre o Cérebro

• Culturas peruanas e europeias centrais praticam a trepanação

Séculos VI a IV a.C.: Influências da Grécia Antiga

• Heráclito (século VI a.C.): A mente é um espaço inatingível e vasto


• Pitágoras (580–500 a.C.): O cérebro é o centro do raciocínio humano
• Hipócrates (460–377 a.C.): O cérebro controla todos os sentidos e
movimentos
• Platão (420–347 a.C.): O cérebro é o órgão mais próximo dos céus
• Aristóteles (384–322 a.C.): O coração é a fonte de todos os processos
mentais

Século III a.C. à Idade Média: A Doutrina Celular

• Escola Alexandrina (séculos III a IV a.C.): Avanços em fisiologia e anatomia


• Galeno (italiano, d.C. 130–201): Sugeriu a hipótese dos ventrículos e o
papel dos humores na saúde

Europa Medieval e Renascentista: Descobertas Anatômicas e a Alma Espiritual

• Alberto Magno (alemão, cerca de 1200): Desvalorizou o papel dos


ventrículos
• Andreas Vesalius (italiano, 1514–1564): Corrigiu muitos equívocos
históricos sobre a anatomia cerebral
• René Descartes (francês, 1596–1650): Propôs uma separação estrita entre
processos mentais e físicos
• Thomas Willis (inglês, 1621–1675): Contribuiu para a compreensão da
estrutura vascular do cérebro
• Giovanni Lancisi (italiano, 1654–1720): Destacou o papel do corpo caloso

Séculos XVIII e XIX: Frenologia

• Franz Gall (austríaco, 1758–1828): Personalidade está relacionada a


diferentes tamanhos de áreas específicas do cérebro
• Johann Spurzheim (austríaco, 1776–1832): Capacidade intelectual está
relacionada ao tamanho do cérebro
Século XIX na Europa: A Era da Localização Cortical

• Paul Broca (francês, 1824–1880): A fala motora está localizada em uma


pequena região do lobo frontal esquerdo.
• Carl Wernicke (Alemão, 1848–1904): A compreensão da fala está
localizada no lobo temporal.

Críticos da Localização Cortical nos Séculos XIX e XX

• Sigmund Freud (Austríaco, 1856–1938): Cunhou o termo agnosia


• Pierre Flourens (Francês, 1794–1867): Defensor inicial de teorias
alternativas à localização.
• Hermann Munk (Alemão, 1839–1912): Cunhou o termo "mind-
blindness"
• Joseph Babinski (Inglês, 1857–1932): Introduziu o termo
anosognosia
• Karl Lashley (Americano, 1890–1958): Formulou o princípio da
ação em massa na equipotencialidade

Teorias da Função Cerebral nos Fins do Século XIX e XX

• Hughlings Jackson (Inglês, 1835–1911): Afirmou que o


comportamento existe em diferentes níveis no sistema nervoso
• Alexander Luria (Russo, 1902–1977): Formulou o conceito de
sistemas funcionais de comportamento.

Neuropsicologia Moderna

• Karl Kleist (Alemão, 1879–1960): Refinou a abordagem de


localização na neuropsicologia
• Wilder Penfield (Canadense, 1891–1976): Neurocirurgião que
descobriu a estimulação elétrica direta do cérebro
• Ward Halstead e Ralph Reitan (Americanos, cerca de 1940):
Pioneirizaram os testes neuropsicológicos
• Donald Hebb (Canadense, 1904–1985): Publicou o clássico "The
Organization of Behavior"
• Henry Hécaen (Francês, cerca de 1950): Pioneirizou o papel do
hemisfério direito na neuropsicologia
• Arthur Benton (Americano, nascido em 1909): Continuou a
avançar o papel do hemisfério direito
• Oliver Zangwill (Britânico, cerca de 1960): Examinou a
neuropsicologia com lesões cerebrais traumáticas
• Norman Geschwind (Americano, 1926–1984): Fundou a
neurologia comportamental
• Edith Kaplan (Americana, década de 1970): Pioneirizou a
abordagem de processo
• Muriel Lezak (Americana, década de 1970): Refinou a avaliação
clínica na neuropsicologia

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