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Nomes: Gabrielli e Mariã

A neuropsicológica é uma ciência do século XX, mas as raízes da sua história remontam a
Antiguidade.
Pré-história: O sistema nervoso tal como o conhecemos hoje surgiu há cerca de 30.000- 35.000
anos.

Antiguidade: O povo Egípcio acreditava que a alma e a mente eram sinônimos. Essa ideia
durou por muito tempo dentro da medicina e da filosofia entre o século IV e II a.C. Para eles a
sede da alma estava no coração e não no cérebro, que era jogado fora cada vez que um deles
falecia.

Entre as mais antigas informações escritas sobre o sistema nervoso, destaca-se o papiro
descoberto no Egito por Edwin Smith, no século XIX. Esse papiro é um verdadeiro tratado de
cirurgia e contém a descrição clínica detalhada de pelo menos 48 casos com os respectivos
tratamentos racionais e prognósticos.
Durante o período pré-medieval, a medicina de Cláudio Galeno, (cerca de 130-203), teve
enorme projeção.
580-510 a.C.: Pitágoras admitia que no encéfalo estava situada a mente, enquanto no coração
localizavam-se a alma e as sensações.
500 a.C.: Alcmeon descreveu os nervos ópticos e investigou os distúrbios funcionais do
encéfalo, considerando-o a sede do intelecto e dos sentidos.

460-370 a.C.: Hipócrates, na Grécia considerado o pai da medicina lidava diretamente com seus
pacientes e por isso tinha uma visão bastante diferente: o cérebro era a fonte dos prazeres, das
tristezas, do riso e do choro. Ele conferia razão e julgamento ao cérebro, o que foi confirmado
pouco tempo depois.
Hipócrates discutiu a epilepsia como um distúrbio do encéfalo, e o considerava como sede da
inteligência e das sensações (tese cefalocentrista).
427-347 a.C.: Platão considerava o encéfalo como sede do processo mental e julgava a alma
tríplice, sendo o coração a sede da alma afetiva, o cérebro da alma intelectual, e o ventre da
concupiscência (apetite sexual).
335-280 a.C.: Herófilo, médico de Alexandria, que efetuou grandes avanços anatômicos,
estudando com minúcias, entre outros, o sistema nervoso central e o periférico .
384-322 a.C.: Aristóteles admitia ser o coração o centro das sensações, das paixões e da
inteligência (tese cardiocentrista), enquanto o encéfalo tinha como função refrigerar o corpo e a
alma.

V- II a.C: Galeno lidava com os pacientes gladiadores que sobreviviam às arenas do Coliseu


com sérias lesões cerebrais. Na sua concepção, a mente era atribuída ao cérebro, mas mais
especificamente aos fluídos, que controlariam o corpo por meio de energias espirituais.

(1596- 1650): René Descartes, que foi um dos principais marcos da história da mente e do
cérebro humano. Para ele, mente e corpo seriam entidades separadas, porém interligadas e
mutuamente influentes. Esta ideia ficou conhecida como dualismo mente-corpo cuja pergunta
central era: a mente e o corpo são distintos, ou seja, são feitos de “materiais” diferentes, ou a
mente é a experiência de um cérebro físico? Para Descartes, sim. O principal problema dessas
ideias reside no erro lógico de considerar um fator causal entre uma substância imaterial (a
mente) e uma material (o cérebro).

( 1800- 1820): Franz Gall acreditava que a mente não era unificada, mas sim composta por
múltiplos componentes em diferentes partes do cérebro. Suas ideias ficaram conhecidas como a
ciência da Frenologia cuja prática era relacionar traços de personalidade com as medidas das
saliências do crânio. Valores humanos como benevolência, obediência e justiça eram
considerados neste “cálculo”.

(1820- 1848) Flourens foi o principal opositor dessas ideias, para ele as partes do córtex tinham
uma contribuição igualitária para todas as habilidades mentais. O que auxiliou a deduzir isso,
era que ele lançava mão de métodos científicos com animais: removia partes do cérebro e
observava os comportamentos. Também cometeu erros porque confiava demais nos seus
estudos.

( 1848- 1861): Phineas Gage, sofreu um grave acidente numa construção ferroviária na
Inglaterra. Ele tinha apenas 25 anos e lesionou uma importante região do cérebro, o córtex pré-
frontal que ajuda a regular nossos comportamentos e emoções, sobreviveu porém ficou com
sequelas cognitivas e comportamentais. Este acidente foi considerado uma grande tragédia
porque os recursos médicos naquela época ainda não eram tão desenvolvidos como hoje. Por
isso, apenas séculos mais tarde descobriu-se a importância do córtex pré-frontal, visto que
pacientes com lesões nessa mesma região apresentavam grandes alterações de personalidade. O
córtex pré-frontal é responsável pelo nosso senso de julgamento crítico, raciocínio, tomada de
decisão etc.

( 1861- 1920) Paul Broca, um neurocirurgião observou o cérebro post mortem de um paciente


que só conseguia pronunciar a palavra “tan”. Ele encontrou uma enorme lesão no lado anterior
esquerdo do cérebro e relacionou essa área a dificuldade na produção da fala. Hoje, essa região
é conhecida como Área de Broca, sendo um importante avanço no estudo clínico de pacientes
neurológicos e no entendimento da relação região-função.

(1920- 1957) Karl Lashley afirmou que o córtex cerebral teria igual participação de todo
pensamento. Essa ideia ficou conhecida como Lei da ação das massas, que diferia das ideias
localizacionistas, pois atribuía regiões cerebrais a funções específicas.

( 1920- 1957) Alexander Luria que é considerado por muitos o pai da Neuropsicologia


direcionou seus esforços para o entendimento de uma relação mais estreita entre cérebro e
comportamento. Seus principais objetivos eram identificar lesões cerebrais que levavam a
dificuldades comportamentais com o objetivo de diagnosticar precocemente o local onde
ocorriam as lesões e oferecer reabilitação adequada. Para que isso fosse possível, ele tratou
cerca de 800 soldados com lesão cerebral no período pós-guerra. Seus estudos contribuíram
muito para o pouco que se conhecia sobre a natureza dos processos cognitivos.
( 1945- 1957) Brenda Milner, uma psicóloga que lidava com pacientes neurológicos iniciou
atendimento ao paciente Henry Molaison. Um quadro de epilepsia grave cujo foco das crises
iniciava em parte dos lobos temporais mediais (hipocampo, região responsável por guardar
informações). Este paciente foi submetido a remoção cirúrgica bilateral do hipocampo e
adquiriu um quadro de amnésia retrógrada, mas principalmente anterógrada.

( 1960- 1990) Três anos mais tarde, dois grandes pesquisadores Sperry & Gazzaniga dando
continuidade aos seus estudos sobre de secção do corpo caloso (o maior feixe de fibras do
cérebro que une os dois hemisférios), descobriram que de certa forma a separação dos
hemisférios “divide a mente”. Cada um com suas percepções, pensamentos e consciência
independentes. Este estudo conferiu o prêmio Nobel a dupla de cientistas.

Recentemente, artigos têm sido produzidos refletindo acerca dos obstáculos envolvidos no
crescimento da neuropsicologia no mundo, de forma geral, e na América Latina. Na perspectiva
de J. Ponsford (2017), avaliando os últimos 25 anos da neuropsicologia em diferentes
continentes (Ásia, África, América Central, América do Sul e Nova Zelândia), os maiores
obstáculos à expansão da neuropsicologia incluem: restrições econômicas à prestação de
serviços de saúde, limitação da disponibilidade de métodos adequados de avaliação e
tratamento, a diversidade linguística e o analfabetismo, o estigma e/ou falta de conhecimento
acerca das alterações neurológicas, a ausência de formação especializada nos cursos de
graduação e supervisão, ausência de credenciamento nos planos de saúde de neuropsicólogos,
os baixos salários e a reduzida visibilidade do campo na maioria dos países (Ponsford, 2017).
REFERÊNCIAS:
HAZIN, Izabel; FERNANDES, Isabel; GOMES, Ediana; GARCIA, Danielle. Dossiê Historia
Social da Psicologia. Neuropsicologia no Brasil: passado, presente e futuro, Rio Grande do
Norte, Brasil, ano 2018, v. 18, n. 4, ed. 4, p. 1137-1154, 1 fev. 2019. Disponível em:
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/42228/29274. Acesso em: 3
mar. 2021.
PINHEIRO, Marta. Dossiê: Educação-saúde: Diferentes olhares. Aspectos históricos da
neuropsicologia: subsídios para a formação de educadores, [s. l.], 12 jan. 2005. DOI
https://doi.org/10.1590/0104-4060.372. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?
pid=S0104-40602005000100011&script=sci_arttext. Acesso em: 3 mar. 2021.

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