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Alcmeão de Crotona (séc V a.C.

)
Alcmeão ou Alcméon (em grego antigo: Ἀλκμαίων, Alkmaiōn, século V a.C.) foi um
filósofo pré-socrático e médico grego de Crotona (o principal centro de estudo e divulgação do
pensamento pitagórico, hoje na Itália) e um dos mais importantes discípulos de Pitágoras.
Dedicado à medicina e às investigações das ciências naturais, realizou a primeira
dissecação de um cadáver humano e desenvolveu uma teoria acerca da origem e dos processos
fisiológicos das sensações, sugerindo que os sentidos estariam ligados ao cérebro, sendo a vida
psíquica uma mera função cerebral.
Segundo escritos da época foi o primeiro a relacionar o cérebro com as funções psíquicas
ao descobrir, por dissecação, que certas vias sensoriais terminavam no encéfalo e elaborou uma
teoria da desarmonia como causa de enfermidades. Por suas teorias, sendo o precursor da chamada
hoje Psicologia, ele influenciou a Hipócrates, que desenvolveu, com base em seus estudos, a teoria
dos quatro humores.
Pode ter sido o verdadeiro descobridor das trompas de Eustáquio, além de um pioneiro da
embriologia. A ele atribui-se a bela frase:

“Das coisas invisíveis têm clara consciência os


deuses, a nós enquanto humanos, nos é permitido
apenas conjecturar”.

Concebeu a saúde como isonomia do equilíbrio ao afirmar que o que conserva a saúde é o
equilíbrio das qualidades, que se simbolizariam em Posídon.
Da filosofia, transmitida sob forma de comentário, doxografia, principalmente através da
obra de Aristóteles, destacam-se dois pontos importantes:
 a elaboração de uma tabela de pares de opostos, que funcionariam como princípio, arché, da
natureza: limite-ilimitado, ímpar-par, unidade-pluralidade, direito-esquerdo, masculino-
feminino, repouso-movimento, reto-torto, luz-sombra, bom-mau, quadrado-oblongo;
 uma compreensão da imortalidade da alma, por concebê-la em eterno movimento, à
semelhança dos astros e dos entes divinos1.

Referências:
1. Gross (1995). Aristotle on the Brain. The Neurocientist.
Demócrito (460 a.C. a 370 a.C.)
Demócrito de Abdera (em grego antigo: Δημόκριτος, Dēmokritos, "escolhido do povo"; ca.
460 a.C. — 370 a.C.) nasceu na cidade de Mileto, viajou pela Babilônia, Egito e Atenas, e se
estabeleceu em Abdera no final do século V a.C. É tradicionalmente considerado um filósofo pré-
socrático. Cronologicamente é um erro, já que foi contemporâneo de Sócrates, e, além disso, do
ponto de vista filosófico, a maior parte de suas obras (segundo a doxografia) tratou da ética e não
apenas da physis (cujo estudo caracterizava os pré-socráticos).
Demócrito foi discípulo e depois sucessor de Leucipo de Mileto. A fama de Demócrito
decorre do fato de ele ter sido o maior expoente da teoria atômica ou do atomismo. De acordo com
essa teoria, tudo o que existe é composto por elementos indivisíveis chamados átomos (do grego,
"a", negação e "tomo", divisível. Átomo= indivisível). Demócrito avançou também o conceito de
um universo infinito, onde existem muitos outros mundos como o nosso.
Embora amplamente ignorado em Atenas durante sua vida, a obra de Demócrito foi
bastante conhecida por Aristóteles, que a comentou extensivamente. É famosa a anedota de que
Platão detestava tanto Demócrito que queria que todos os seus livros fossem queimados 1,2. Há
anedotas segundo as quais Demócrito ria e gargalhava de tudo e dizia que o riso o torna sábio 3,4, o
que o levou a ser conhecido, durante o renascimento, como "o filósofo que ri". Para Demócrito, a
concepção de ética não tem relação com as concepções físicas. Para ele o mais nobre bem que uma
pessoa pode ter é a felicidade, que mora somente na alma, independente de se possuir bens
materiais. A justiça e a razão é que nos torna felizes.
Na Grécia antiga, Protágoras de Abdera teria sido seu discípulo direto 5 e, posteriormente, o
principal filósofo influenciado por ele foi Epicuro. No renascimento muitas de suas ideias foram
aceitas, e tiveram um papel importante durante o iluminismo. Muitos consideram que Demócrito é
"o pai da ciência moderna"6. Tudo o que se sabe dele vem de citações e comentários de outros
autores. Portanto, de sua imensa obra só restaram fragmentos (que totalizam 300) de suas teorias. A
coletânea de fragmentos mais conhecida é a organizada por Hermann Alexander Diels, em sua obra
Die Fragmente der Vorsokratiker (Os Fragmentos dos Pré-socráticos).

“Convém ao homem dar maior atenção à Alma do


que ao corpo, pois a excelência da Alma corrige a
fraqueza do corpo; a fraqueza do corpo, contudo,
sem a razão, é incapaz de melhorar a Alma.”

Referências:
1. Diógenes Laércio, Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres
2. RUSSELL, BERTRAND (1972). A History of Western Philosophy, Simon & Schuster.
3. Cartas do Pseudo-Hipócrates, IV, XXXII, século I dC
4. Seneca, de Ira, ii.10; Aelian, Varia Historia, iv.20.
5. Encyclopedia.com - FREE online dictionary (ed.). «Democritus – Dictionary definition of Democritus». Consultado em
2 de Abril de 2010
6. Pamela Gossin, Encyclopedia of Literature and Science, 2002.
7. Aristóteles, Da Geração e da Corrupção
8. Aristóteles, Metafísica
9. Michel Onfray, Contra-História da Filosofia, vol 1
10.Pfeffer, Jeremy, I.; Nir, Shlomo (2001). Modern Physics: An Introduction Text. [S.l.]: World Scientific Publishing
Company. p. 183. ISBN 1860942504

Cláudio Galeno (129 d.C. a 217 d.C.)


Cláudio Galeno ou Élio Galeno, em latim Claudius Galenus e grego Κλαύδιος Γαληνός,
(Pérgamo, 129 d.C. - provavelmente Sicília, 217 d.C.), mais conhecido como Galeno de Pérgamo
foi um proeminente médico e filósofo romano de origem grega1 e provavelmente o mais talentoso
médico investigativo do período romano. Suas teorias dominaram e influenciaram a ciência médica
ocidental por mais de um milênio. Seus relatos de anatomia médica eram baseados em macacos,
visto que a dissecação humana não era permitida no seu tempo 2, mas foram insuperáveis até a
descrição impressa e ilustrações de dissecções humanas por Andreas Vesalius em 1543.[3] . Desta
forma Galeno é também um precursor da prática da Vivissecção e experimentação com animais.

Contribuições na Medicina
A maioria de suas obras e de seus estudos se perdeu. Sabe-se, contudo, que Galeno
investigou anatomia, fisiologia, patologia, sintomatologia e terapêutica. Foi o mais destacado
médico de seu tempo e o primeiro que conduziu pesquisas fisiológicas. Galeno fez muitas
importantes descobertas, como distinguir as veias das artérias, o sangue venoso do arterial,
propor pela primeira vez que o corpo fosse controlado pelo Cérebro, dando a distinção entre
nervos sensoriais e motores, descobrindo que os rins processam a urina e demonstrando que a
laringe é responsável pela voz4.
A descrição feita por Galeno das atividades do coração, artérias e veias durou até que o
médico inglês William Harvey estabelecesse que o sangue circula com o coração agindo como uma
bomba em 16285.
Em vista das limitações técnicas (em especial limitações ópticas), Galeno inevitavelmente
acabou cometendo erros. Não era possível ver o que se passava no interior dos órgãos. Seus dois
maiores erros ocorreram em sua teoria da circulação e na sua ideia de que cada órgão realiza sua
função própria devido a uma ação de forças que atuavam sobre os órgãos. Segundo Galeno, o
sangue circulava devido ao impulso ou força atrativa cuja origem era a própria parede da artéria. Tal
concepção foi estendida para todos os órgãos. O respeito pelas teorias de Galeno era tão grande que
levou mais de quinze séculos para que sua teoria das forças fosse contestada (já que os médicos
consideravam suas teorias infalíveis).

PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DE GALENO:

ANATOMIA
 distinguiu os ossos com e sem cavidade medular;
 distinguiu artérias das veias demonstrando que elas conduzem sangue e não ar;
 descreveu a caixa craniana e o sistema muscular;

NEUROLOGIA
 distinção entre os nervos sensoriais e motores;
 controle dos movimentos do corpo feito pelo cérebro e sistema nervoso periférico6;
 Reconheceu os nervos raquidianos, cervicais, recorrentes e parte do sistema simpático;

APARELHO FONADOR
 Demonstrou que a laringe é responsável pela voz;

NEFROLOGIA
 Demonstrou que o RIM é o órgão excretor de urina;
OFTALMOLOGIA
 Desenvolveu a técnica cirúrgica para correção da catarata7.

Contribuições na Filosofia
Galeno escreveu uma pequena obra chamada "O Melhor Médico é Também um Filósofo", [8] e ele via a
si próprio como sendo ambos, o que significava embasar a prática médica no aparente conhecimento
teórico ou "filosofia", como era chamado em seu tempo. Galeno estava muito interessado na disputa
entre as facções médicas racionalistas e empiristas,[9] e sua utilização da observação direta,
dissecação e vivissecção na formação médica e como forma de fundamentar a prática médica pode
ser entendida como tendo considerado ambas as perspectivas e construído um fundamento mais
complexo e mesclado que evitou problemas com cada posição.[10]

Biografia
Ele descreve seus primeiros anos de vida em "Sobre as moléstias da mente". Nascido em setembro de
129 d.C.,[1] seu pai Élio Nicon foi um rico patrício, arquiteto e construtor com interesses ecléticos,
incluindo filosofia, matemática, lógica, astronomia, agricultura e literatura. Galeno descreve seu pai
como um "homem muito afável, justo, bom e benevolente". Naquela época Pérgamo era um grande
centro cultural e intelectual, notável por sua biblioteca (expandida por Eumenes II), só inferior à de
Alexandria[11] [12] e atraía tanto filósofos estoicos como platônicos, a quem Galeno foi apresentado aos
14 anos. Seus estudos também abrangeram cada um dos principais sistemas filosóficos da época,
incluindo o aristotélico e o epicurista. Seu pai tinha planejado uma carreira tradicional para Galeno na
filosofia ou na política e teve o cuidado de expô-lo a influências literárias e filosóficas. No entanto
Galeno afirma que por volta de 145 seu pai teve um sonho em que deus Esculápio apareceu e
ordenou a Nicon que seu filho estudasse medicina. Novamente, nenhuma despesa foi poupada e após
sua inicial educação liberal, aos 16 começou a estudar no prestigiado santuário local ou Asclepeion,
dedicado a Esculápio, o deus da medicina, como um θεραπευτής (auxiliar para tratamento ou
atendente) por quatro anos. Lá, sofreu influências de homens como Aeschrion de Pérgamo,
Stratonicus e Sátiro. Esses santuários funcionavam como spas ou sanatórios onde o doente vinha
procurar ajuda do sacerdócio. O templo de Pérgamo era procurado avidamente pelos romanos em
busca de uma cura. Foi também o refúgio de pessoas notáveis como Cláudio Charax, o historiador,
Aélio Aristeides, o orador, Polemo, o sofista, e Cáspio Rufino, o cônsul.[1]

Galeno iniciou seus estudos em filosofia e medicina por volta de 146 d.C. em Pérgamo, sua cidade
natal. Após dois anos, achou que nada mais tinha a aprender e partiu para outros centros como
Esmirna, Corinto e Alexandria a fim de se aperfeiçoar. Voltou para Pérgamo em 157, julgando
terminada sua instrução. Passou, então, a ocupar o cargo de médico da escola de gladiadores,
especializando-se em cirurgia e dietética.

Sendo Roma o centro do mundo àquela época, Galeno partiu para aquela cidade em 162. Galeno, que
já havia ganho fama ao curar um milionário de nome Eudemo, torna-se ainda mais famoso. Tão
famoso que se tornou médico particular do imperador romano Marco Aurélio. Suas conferências sobre
medicina e higiene eram tão concorridas que Galeno as apresentava em um teatro. As aulas práticas
que conduzia contemplavam vivissecção e necropsia. Permaneceu em Roma até 192, se afastando da
cidade apenas por um curto período em que esteve no Oriente Médio. Ao fim da vida, retornou para
Pérgamo.

Obras
Entre suas obras destacam-se:

 Comentários a Hipócrates
 Sobre as seitas
 Sobre a melhor doutrina
 Sobre a medicina empírica
 De anatomicis administrationibus (em quinze volumes)
 De usu partium corporis humani
 Método terapêutico

Referências
1. ↑ Ir para:a b c Nutton, Vivian. 1973. "The Chronology of Galen's Early Career". Classical Quarterly 23:158-
171.
2. ↑ Arthur Aufderheide, 'The Scientific Study of Mummies' (2003), página 5
3. ↑ O'Malley, C., Andreas Vesalius of Brussels, 1514-1564, Berkeley: University of California Press
4. ↑ Galen on anatomical procedures: De anatomicis administrationibus, de Claudii Galeni Pergameni,
traduzido por Charles Joseph Singer
5. ↑ Furley, D, and J. Wilkie, 1984, Galen On Respiration and the Arteries, Princeton University Press, and
Bylebyl, J (ed), 1979, William Harvey and His Age, Baltimore: Johns Hopkins University Press
6. ↑ Frampton, M., 2008, Embodiments of Will: Anatomical and Physiological Theories of Voluntary Animal
Motion from Greek Antiquity to the Latin Middle Ages, 400 B.C.–A.D. 1300, Saarbrücken:VDM Verlag. pp.
180 - 323
7. ↑ Galen on anatomical procedures
8. ↑ Brian, P., 1979, "Galen on the ideal of the physician", South Africa Medical Journal, 52: 936-938
9. ↑ Frede, M. and R. Walzer, 1985, Three Treatises on the Nature of Science, Indianapolis: Hacket.
10. ↑ De Lacy, P., 1972, "Galen's Platonism", American Journal of Philosophy, pp. 27-39, Cosans, C., 1997,
“Galen’s Critique of Rationalist and Empiricist Anatomy”, Journal of the History of Biology,30: 35-54, and
Cosans, C., 1998, “The Experimental Foundations of Galen’s Teleology”, Studies in History and Philoso-
phy of Science, 29: 63-80.
11. ↑ Brock AJ. Introduction. Galen. On the Natural Faculties. Edinburgh 1916
12. ↑ Metzger BM. New Testament Studies: Philological, Versional, and Patristic. BRILL 1980 ISBN 90-04-
06163-0, 9789004061637

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