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Consubstancialidade

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(Dezembro de 2008)
Consubstancialidade é um conceito da teologia cristã a respeito da identidade das pessoas da
Santíssima Trindade.[1] O conceito cristológico foi introduzido na profissão de fé pelo Primeiro
Concílio de Niceia e que diz respeito à divindade de Cristo, por ser da mesma substância do Pai.

Etimologia
O termo consubstancialidade é o correspondente ao termo grego ὁμοούσιος (homoousios), termo
original que designa essa realidade. Este termo provém da junção de ὁμός (homos')', que significa “o
mesmo”, e ούσιος (ousios), proveniente de οὐσία (ousía), que significa substância ou essência. Assim,
o termo tem o sentido de “da mesma substância, com a mesma essência”.
O correspondente em latim é consubstantialis, do qual deriva o termo em português, consubstancial.
No entanto, podemos entender que tal tradução não exprime perfeitamente o sentido do termo grego. O
vocábulo latino é composto por cum e substantia. Ora, cum, com o sentido de “com”, simultaneidade,
não exprime rigorosamente o mesmo que o grego homos. Do mesmo modo, substantia pode não
corresponder perfeitamente a ousía, na medida em que cada um dos termos pressupõe determinado
sistema ontológico, que varia conforme a cultura em que se insere.
Origem
O vocábulo foi introduzido na confissão da fé católica pelo Primeiro Concílio de Niceia, em 325. A sua
adopção está directamente ligada à heresia dos arianos. Este grupo de hereges, cujo precursor foi Ário,
presbítero de Alexandria, negava a divindade de Jesus Cristo. O Verbo de Deus, para ele, merecia esse
nome apenas segundo a nossa forma de pensar, pois era uma criatura, tal como nós, mas criada antes de
tudo. Por ser uma criatura perfeita, Deus colocou-o acima de todos, pois sabia que ele jamais pecaria.
Assim, a filiação de Jesus Cristo era apenas adoptiva, do que resultava que o Pai o era apenas em
sentido figurado.
A isto, a Igreja respondeu reafirmando a divindade do Filho e o carácter próprio da paternidade de Deus
Pai. Para isso, serviu-se de várias expressões, mas todas elas foram contestadas pelos arianos, que as
interpretavam sempre como uma ofensa ao monoteísmo. Face a isto, para exprimir o conceito que
descrevia a natureza da divindade de Jesus e a sua relação com a divindade do Pai, o Concílio de Niceia
aplicou o termo homoousios.
O vocábulo não existe na Bíblia, mas foi tomado da filosofia grega. A sua adopção marca o início duma
linguagem teológica própria e oficial da Igreja.

Significado teológico
O termo significa, portanto, que o Filho é da mesma substância (ousía) do Pai. Além disso, esclarece de
que modo se pode entender a relação mútua entre as duas Pessoas. O Filho é gerado pelo Pai, o que
equivale a dizer que não se trata da produção de algo distinto de Deus, como sucede na criação, em que
Deus é causa eficiente (gerado, não criado, afirma o Credo). Por outro lado, não se pode entender esta
geração divina de modo material, como se o Filho fosse parte do Pai ou tivesse havido uma divisão da
substância divina.
O termo homoousios foi adoptado para exprimir um conceito muito sujeito a distorções e compreensões
defeituosas. Pretendeu-se apresentá-lo como linguagem rigorosa. No entanto, o vocábulo presta-se a
ambiguidade. Ousía, no sentido de essência, tanto pode designar a essência individual como a essência
do género. Além disso, não se aplica a Deus do mesmo modo que se pode aplicar aos entes corpóreos.
Esta diversidade de interpretações teve o efeito de tornar o termo aceitável para os vários quadrantes da
Igreja, que apresentavam matizes diferentes na compreensão da mesma realidade. A precisão teológica
foi sendo procurada ao longo do tempo, de modo a unificar a compreensão trinitária no seio da Igreja.
O conceito de homoousios foi também aplicado ao Espírito Santo, para exprimir a sua relação com o
Pai e o Filho: a mesma essência divina, sem divisão. No entanto, enquanto que o Filho é gerado, o
Espírito Santo existe por processão.
O termo é também aplicado à simultaneidade das três pessoas, que constituem uma só substância.

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