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RESUMO
Esta pesquisa tem por objetivo apresentar um panorama inteligível da pessoa de Cristo
para a igreja do século XXI. A pesquisa foi realizada com o intuito de esclarecer pontos
elementares da cristologia, proporcionando uma elucidação. Serão abordados temas
centrais da doutrina de Cristo.
CHRISTOLOGY
A perspective for the 21st century Protestant church
ABSTRACT
This research aims to present an intelligible panorama of the person of Christ for the 21st
century church. The research was carried out with the aim of clarifying elementary points
of Christology, providing an elucidation. Central themes of the doctrine of Christ will be
addressed.
1 A PESSOA DE CRISTO
Com relação a sua pessoalidade, é importante ressaltar que não há duas pessoas
em Cristo, mas apenas uma. “[…] não existe absolutamente evidência de haver em Cristo
dupla personalidade”. (HODGE, 2001, p. 767). Com relação a sua natureza,
diferentemente de todos os outros seres humanos, que possuem apenas uma natureza
A doutrina que afirma ter Cristo duas naturezas se chama união hipostática. O
termo vem da palavra grega υπόσταση hypostasis que significa "substância". A união
hipostática estabelece a união das duas substâncias de Jesus: humana e divina em uma
única pessoa.
Essa doutrina é chamada de Hipóstase. Esse vocábulo vem de
duas palavras gregas hypo, “sob”, e istathai, “ficar”. Nas
discussões teológicas sobre a doutrina da Trindade, na era da
patrística, era usada como sinônimo de ousia, “essência, ser”.
Com relação a Jesus, significa a união das duas naturezas de
Cristo: divina e humana. (SOARES, 2008, p. 69-70, grifo do
autor).
A união hipostática se tornou doutrina ortodoxa sobre a pessoa de Cristo no
Concílio de Calcedônia em 451 d.C. Roger Olson (2001, p. 207) afirma que:
Calcedônia é considerada o quarto concílio ecumênico da
Cristandade e produziu uma “definição” doutrinária — às vezes
considerada como outro credo — que declarou o dogma oficial
da pessoa de Jesus Cristo. Esse dogma é chamado “união
hipostática”.
No concílio de Calcedônia, grandes líderes religiosos se reuniram e
estabeleceram o credo de calcedônia. Ele consiste numa declaração por escrito que
determina os fundamentos da doutrina de Jesus Cristo. E, depois que tal credo foi
estabelecido, todo aquele que formulou teorias diferentes a respeito da pessoa de Cristo
foi tido como herege. De acordo com o credo, Jesus é divino e humano, possui alma e
corpo e é uma única pessoa.
Fiéis aos santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes,
ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso
Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito
quanto à humanidade; verdadeiramente Deus e
verdadeiramente homem; constando de alma racional e de
corpo, consubstancial com o Pai, segundo a divindade, e
consubstancial a nós, segundo a humanidade; em tudo
semelhante a nós, excetuando o pecado; gerado segundo a
divindade pelo Pai antes de todos os séculos, e nestes últimos
dias, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação,
nascido da Virgem Maria, mãe de Deus; um e só mesmo Cristo,
Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas
naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis;
a distinção e naturezas de modo algum é anulada pela união,
antes é preservada a propriedade de cada natureza,
concorrendo para formar uma só pessoa e em uma subsistência;
não separado nem dividido em duas pessoas, mas um só e o
mesmo Filho, o Unigênito, Verbo de Deus, o Senhor Jesus
Cristo, conforme os profetas desde o princípio acerca dele
testemunharam, e o mesmo Senhor Jesus nos ensinou, e o
Credo dos santos Pais nos transmitiu. (GRUDEM, 1999, p. 996).
A impecabilidade é a doutrina bíblica que afirma que Jesus, sendo homem, jamais
pecou. “Livre tanto da depravação hereditária como do verdadeiro pecado […]”
(STRONG, 2006, p. 323). Ele foi concebido sem pecado e permaneceu santo durante
todos os dias em que esteve na Terra. Cristo jamais pecou.
Ainda que o Novo Testamento seja claro em afirmar que Jesus
era plenamente humano exatamente como nós, também afirma
que Jesus era diferente em um aspecto importante: ele era
isento de pecado e jamais cometeu um pecado durante sua vida.
(GRUDEM, 1999, p. 440).
Ainda que a Bíblia afirme que ele foi feito “a semelhança do homem pecador” (Rm
8.3), isso não quer dizer que ele se tornou como um dos homens por ter participado do
pecado, mas se refere a sua natureza humana, que em tudo era semelhante à de todos
os homens, porém sem pecado. Na sua humanidade Jesus teve um corpo humano, mas
este corpo jamais cedeu às tentações, sendo assim, não participou do pecado. Jesus
jamais pecou e jamais pecaria, não havia a possibilidade de ele pecar.
Assim, se perguntarmos se de fato era possível Jesus pecar,
parece que precisamos concluir que isso não era possível. A
união de sua natureza humana e divina em uma pessoa o
impedia de pecar. (GRUDEM, 1999, p. 444, grifo do autor).
Mas, se em Jesus não havia a possibilidade de pecado, por que então ele foi
tentado? Se ele jamais poderia ceder ao poder das tentações, qual seria o motivo delas?
Será que de fato, tais tentações eram reais? Sim, as tentações a que Cristo foi submetido
foram reais. Jesus realmente foi tentado. Sua natureza humana realmente foi afligida por
tais tentações. Acerca das Escrituras Wayne Grudem (1999, p. 443) afirma “Elas também
afirmam que Jesus foi tentado e que as tentações foram reais (Lc 4.2)”. Quando o homem
é tentado e resiste à tentação, ele conhece todo o poder daquela determinada tentação
e sabe o quão difícil é vencê-la. Porém, quando o homem é tentado e cede ao poder da
tentação, ele não conhece o seu poder por completo, pois em determinado tempo de
ação da tentação, ele se entrega. Os seres humanos já venceram o poder de muitas
tentações, mas todos os seres humanos já cederam ao poder de muitas tentações e não
conhecem o poder total de todas elas. Cristo, ao contrário dos homens, jamais cedeu ao
poder de tentação alguma, sendo assim, ele conhece todo o poder aflitivo de todas as
tentações, e sabe o qual excruciante é suportar todas elas. Há os que afirmam que só
aquele que conhece a força total das tentações, sabe realmente qual é o poder de todas
elas. “Muitos teólogos destacam que só aquele que consegue resistir à tentação até o
fim sente plenamente a força da tentação”. (GRUDEM, 1999, p. 444).
Cristo conhece as aflições que os homens enfrentam ao serem tentados e devido
a isso, os compreende totalmente e por eles pode se compadecer, pois em tudo o que
os seres humanos são tentados ele também o foi. O que deve ser esclarecido é que
Jesus foi tentado, não para provar se a sua natureza humana poderia pecar ou não, esse
não foi o objetivo das tentações. As tentações vieram sobre Cristo como um teste para
provar aos homens que ele realmente era infalível, vencedor sobre o pecado e
posteriormente sobre a própria morte. “Em sua tentação, Jesus estabeleceu de uma vez
por todas o tipo de Messias que ele seria”. (STEIN, 2006, p. 113).
O homem é tentado em três aspectos: pelo mundo, pela sua natureza pecaminosa
e pelo diabo. Mas Jesus, ainda que tenha sido tentado por esses agentes, não pôde ser
vencido por eles, pois sobre eles já é vencedor.
a) Jesus afirma não ser deste mundo, sendo assim as tentações do mundo não o
podem vencer (Jo 17.14-16).
b) Jesus não possuía natureza pecaminosa, pois foi concebido virginalmente e
não recebeu a herança do pecado herdado, então a carne não podia vencê-lo. (Lc 1.35).
“Cristo estava totalmente livre de uma natureza pecaminosa e de tudo o que a natureza
pecaminosa poderia gerar”. (CHAFER, 2003, p. 80).
c) Jesus afirmou que o diabo não tem poder ou direito sobre ele, sendo assim
suas tentações não podiam subjuga-lo (Jo 14.30).
É importante destacar que Jesus venceu as tentações em sua natureza humana
e não em sua natureza divina. “[…] os testes que vieram a Cristo foram na esfera de sua
humanidade e não dirigidos diretamente à sua divindade […]” (CHAFER, 2003, p. 79).
Prova disso é que ele resistiu à tentação de transformar uma pedra em pão. Se o tivesse
feito, teria lançado mão de sua divindade, e não seria um sumo sacerdote perfeito. Ao
ser tentado Jesus provou que o mundo, a carne e o Diabo não têm poder sobre ele,
sendo assim, todo aquele que está em Cristo também pode vencer as tentações que
diante dele se apresentam, pois sobre todas elas Cristo é vitorioso.
1.5.2 A TEOFANIA
A teoria ou teologia kenótica afirma que quando Jesus encarnou, ele se esvaziou
de sua divindade e de seus atributos divinos. O termo kenosis vem do grego κενόω e
significa “esvaziar, aniquilar”. Essa teoria se baseia no texto de Filipenses 2.7 (A BÍBLIA,
2010) que diz “[…] mas, pelo contrário, esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de
servo e fazendo-se semelhante aos homens”.
Essa nova ideia foi chamada “teoria da kenosis”, e a posição
geral representada por ela foi chamada “teologia kenótica”. A
teoria da kenosis defende que Cristo abriu mão de alguns
atributos divinos enquanto estava sobre a terra como homem.
(A palavra kenosis é tomada do verbo grego kenoo, cujo
significado geral é “esvaziar”, sendo traduzida por “esvaziou-se”
em Fl 2.7.) De acordo com a teoria, Cristo “esvaziou-se” de
alguns atributos divinos, tais como a onisciência, onipresença e
onipotência, enquanto estava sobre a terra como homem.
(GRUDEM, 1999, p. 453, grifo do autor).
Porém, em nenhum versículo bíblico é afirmado que Jesus se esvaziou de sua
divindade nem de seus atributos divinos, nem mesmo Filipenses faz tal afirmação, pois
o texto não fala diretamente “do quê” Jesus se esvaziou. Não é correto afirmar que Jesus
se esvaziou de sua divindade e nem de seus atributos divinos, pois todos eles foram
exercidos em seu ministério terreno. “[…] não encontramos declarado em nenhum outro
lugar que o Filho de Deus deixou de possuir alguns dos atributos de Deus que possuía
desde a eternidade”. (GRUDEM, 1999, p. 455). Dizer que Jesus se esvaziou de sua
divindade é dizer que ele deixou de ser Deus por um tempo, e isso não é verdade. Jesus
sempre foi, é e sempre será Deus. Ele jamais deixou sua divindade para assumir sua
humanidade. Então, do que Jesus se esvaziou? Uma análise dos textos bíblicos mostra
como foi o esvaziamento de Jesus.
a) Jesus se esvaziou da glória que possuía junto ao Pai antes da fundação do
mundo (Jo 17.5).
b) Jesus se esvaziou ao abrir mão da posição que tinha no céu (Fl 2.6).
c) Jesus se esvaziou ao abrir mão das riquezas celestiais (2Co 8.9).
d) Jesus se esvaziou, pois abriu mão de alguns de seus privilégios e colocou os
interesses da raça humana em primeiro lugar (Fl 2.8).
[…] pelo contexto é coerente compreender que ele está
empregando Cristo como o exemplo supremo de alguém que fez
exatamente isso: colocou os interesses dos outros em primeiro
lugar e dispôs-se a abrir mão de alguns de seus privilégios […]
(GRUDEM, 1999, p. 454).
e) Jesus se esvaziou, pois se humilhou e passou a viver como homem (Fl 2.7).
f) Jesus se esvaziou, pois deixou de exercer sua vontade livre e se submeteu ao
Pai em obediência, fazendo somente aquilo que ele o mandava fazer (Jo 12.49, 50).
“Jesus não deixou de ser Deus durante a encarnação. Pelo contrário, abriu mão apenas
do exercício independente dos atributos divinos”. (SOARES, 2008, p. 71).
Sendo assim, a teoria kenótica não tem base bíblica. Pois em nenhum momento
Jesus abandonou sua divindade ou deixou de exercer seus atributos divinos. “A teoria
da kenosis em última análise nega a plena divindade de Jesus Cristo e o torna menor
que Deus pleno”. (GRUDEM, 1999, p. 455).
1.9 A ENCARNAÇÃO
Na encarnação, Jesus esvazia-se de Sua glória e assume a natureza humana,
através do nascimento virginal. Ele é Deus encarnado. Esse é um dos grandes mistérios
da fé cristã. Deus se identifica a tal ponto com o homem criado, que através da
encarnação se torna semelhante ao homem pecador, porém, sem pecado. Quando se
diz que Jesus é “Deus conosco” isso não quer dizer apenas que Jesus está com os
homens, isso quer dizer que ele se tornou homem.
Mateus interpreta o nome Emanuel como o “Deus conosco” (Mt
1.23). A importância deste título é mais do que Deus estando
presente com seu povo; é que, pela encarnação, Deus se tornou
um membro da raça humana. (CHAFER, 2003, p.22, grifo do
autor).
Através da encarnação Jesus assume sua natureza humana. Não que sua
humanidade só passe a existir na encarnação, pois a encarnação é apenas a
consumação do plano traçado pela Trindade desde a eternidade, de que o Filho um dia
viria a terra, pois Jesus é o Cordeiro morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8). É
importante destacar que a encarnação foi real, Deus realmente veio em carne, em um
corpo humano. Era necessário que Cristo fosse humano. “O Logos assumiu a natureza
humana, tanto corpo quanto alma. Caso Cristo não tivesse assumido uma natureza
humana (corpo e alma), não poderia ter salvado corpo e alma”. (BEEKE; JONES, 2016,
p. 491). Cristo não era um fantasma, espírito, ou algo semelhante a um ser humano, ele
realmente assumiu a natureza humana. “Jesus foi revestido do corpo humano porque o
pecado entrou por um homem, e pela justiça de Deus tinha de ser vencido por um
homem”. (SOARES, 2008, p. 48). Na encarnação, Jesus não deixa de ser Deus, assim
como afirma Lewis Sperry Chafer (2003, p. 550): “[…] na encarnação, esta Pessoa reteve
a sua divindade intocada e imaculada”.
2 O Gnosticismo, a maior das ameaças filosóficas, chegou ao máximo de sua influência por volta do ano
150. Suas raízes estão fincadas nos tempos do Novo Testamento. Paulo parece ter enfrentado uma forma
incipiente de gnosticismo em sua carta aos colossenses. A tradição cristã associou a origem do
gnosticismo com Simão Magno, a quem Pedro teve de repreender duramente. O gnosticismo surgiu do
desejo humano natural de criar uma teodiceia, isto é, uma explicação para a origem do mal. Os gnósticos,
que identificavam a matéria com o mal, procuravam uma forma de criar um sistema filosófico em que Deus
como espírito seria livre da influência do mal e no qual o homem seria identificado, no lado espiritual de
sua natureza, com a divindade. Era também um sistema lógico ou racional que ilustrava a tendência
humana de procurar respostas às grandes questões da origem do homem. O gnosticismo tentava fazer
isso através de uma síntese entre o cristianismo e a filosofia helenística. Os gnósticos, a exemplo dos
gregos dos dois primeiros capítulos de 1Coríntios, usavam a sabedoria humana para tentar compreender
as relações de Deus com o homem e evitar o que lhes parecia ser o estigma da Cruz. Se os gnósticos
tivessem vencido, o cristianismo não teria passado de uma mera religião filosófica do mundo antigo.
(CAIRNS, 2008, p. 83).
gnosticismo já dava trabalho às igrejas da época dos apóstolos.
(SOARES, 2008, p. 61-62, grifo do autor).
Como Jesus já havia sido assunto aos céus, e os Doze estavam sendo
martirizados em nome da fé, muitas dúvidas e controvérsias estavam surgindo em torno
desse pressuposto. Teria Jesus realmente possuído um corpo e morrido na cruz? O
apóstolo João é um dos doze apóstolos que ainda estava vivo, e nessa época, combate
essa heresia. Em sua primeira carta ele afirma que aquele que nega que Jesus Cristo
veio em carne não procede de Deus, e sim do anticristo. “[…] não há perigo maior para
a fé cristã que a negação de que Jesus Cristo veio em carne; alias de acordo com 1João
4.3 (A BÍBLIA, 2010) “esse é o espírito do anticristo”.” (WILLIAMS, 2011, p. 282).
O Gnosticismo é um conjunto de correntes filosófico-religiosas sincréticas que
tinham aparência de Cristianismo nos primeiros séculos e que por um tempo teve grande
influência entre os cristãos e intelectuais. O termo vem do grego γνώσης gnosis que
significa “conhecimento”. Desse modo, o gnóstico é aquele que tem o conhecimento.
Eles afirmavam possuir um conhecimento elevado. A filosofia era a instrução que tinha
o poder de revelar as coisas de Deus, que conduzia ao entendimento do mistério da
salvação. “Os membros desse movimento ensinavam a salvação por meio de um
conhecimento místico, e não pela fé em Jesus”. (SOARES, 2008, p. 61). Nesse
conhecimento elevado a humanidade de Cristo era negada, pois era afirmado que Jesus
não possuía um corpo humano, mas possuía algo parecido com um corpo humano. Era
como se Jesus fosse como um espírito ou um fantasma. Para o gnosticismo a matéria é
má e só o espírito é bom. Então a morte era a libertação do mal, pois era deixar o corpo.
“Da mesma forma, os gnósticos, pois ensinavam que Jesus não teve um corpo humano,
mas um corpo docético, isto é, um corpo como um fantasma”. (SOARES, 2008, p. 50).
O Docetismo3, termo que vem da palavra grega doketes, é uma teoria oriunda do
gnosticismo que afirma que Jesus não possuía um corpo físico, mas algo parecido com
um corpo físico. Era um corpo real, mas não material. Tal ensino negava a humanidade
de Cristo e consequentemente todo o plano de salvação, pois era necessário que Jesus
viesse em carne para que a salvação acontecesse. Diante de tais afirmações, fica claro
que todo ensino que nega a humanidade de Jesus Cristo não procede de Deus, pois a
encarnação de Cristo foi algo real.
Assim conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que
confessa que Jesus Cristo veio em corpo é de Deus; e todo
espírito que não confessa Jesus não é de Deus, mas é o espírito
do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que havia de vir,
e agora já está no mundo. A Bíblia (1JOÃO 4:2, 3).
Além do gnosticismo, houve outras falsas teorias sobre a pessoa de Cristo. Das
quais muitas, com o passar do tempo, foram sendo descartadas ou negadas pelos
concílios.
a) Apolinarismo: Apolinário afirmava que Jesus possuía um corpo humano, mas
3 Esta palavra vem do grego doketes, de dokein, que significa “parecer”, “crer numa aparência”, etc. Os
docetas apareceram no ano 70 da era cristã, e existiram, aproximadamente, até o ano 170. Eles negavam
a humanidade de Cristo. Segundo a filosofia dos docetas, as coisas materiais eram, por natureza, más. O
mal residia na matéria, e visto que Jesus não tinha pecado, logo, não tinha também corpo material. Para
os docetas toda a matéria era corrupta. Era a sede do pecado e do mal. Julgavam, por isso, que o corpo
de Jesus era aparente, e não real. Os docetas negavam, portanto, a humanidade de Jesus. Esta doutrina
não era mais que a filosofia grega e pagã, que se introduzira na igreja de Cristo. (LANGSTON, 1999, p.
176, grifo do autor).
que a mente e o espírito de Jesus não eram humanos.
Apolinário, que se tornou bispo em Laodicéia em cerca de 361
a.C., ensinava que a pessoa única de Cristo possuía um corpo
humano, mas não uma mente ou um espírito humano, e que a
mente e o espírito de Cristo provinham da natureza divina do
Filho de Deus. (GRUDEM, 1999, p. 457).
Ensino incorreto, pois Jesus possuía mente e espírito humano.
b) Nestorianismo: Nestório afirmava que havia duas pessoas diferentes em Cristo.
Uma pessoa humana e uma pessoa divina.
O nestorianismo é a doutrina de que havia duas pessoas
distintas em Cristo, uma pessoa humana e outra divina, ensino
diferente da ideia bíblica que vê Jesus como uma só pessoa.
(GRUDEM, 1999, p. 458).
Ensino incorreto, pois Jesus é uma única pessoa e não duas.
c) Monofisismo: Êutico afirmava que em Cristo, a união da natureza humana e
divina gerou uma terceira nova natureza. “[…] monofisismo, a ideia de que Cristo possuía
uma só natureza […]” (GRUDEM, 1999, p. 458, grifo do autor). Ensino incorreto, pois
Cristo possui duas naturezas inseparáveis e indivisíveis.
d) Arianismo4: Ário afirmava que Jesus foi criado por Deus, e que era a primeira
criação de Deus. “Segundo os arianos, Jesus pode ser chamado de Deus, apesar de
não possuir a deidade no sentido pleno”. (SILVA, 2008, p. 126). Ensino incorreto, pois
Cristo não é criatura, ele é o Criador de todas as coisas.
2 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
4 O arianismo surgiu no ano 325. Ário, o seu fundador, negava a integridade e a perfeição da natureza
divina de Cristo. O Verbo, que se fez carne, segundo o Evangelho de João, não era Deus, senão um dos
seres mais altos do Criador. O Verbo não era, afinal, mais que uma criatura de Deus. Esta teoria confunde
o estado original de Jesus Cristo com o estado de humilhação. Ao invés de estudar toda a questão, Ário
estudou apenas a parte que se refere à personalidade de Jesus enquanto estava aqui na terra, e,
naturalmente, a sua ideia era imperfeita e parcial, por isso que confundia o estado de humilhação com o
estado original. Ário negava a integridade, a perfeição da natureza divina de Cristo. (LANGSTON, 1999,
p. 176).
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