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INTRODUÇÃO ÀS SAGRADAS

ESCRITURAS
AULA 3

Prof. Raimundo Nonato Vieira


CONVERSA INICIAL

Anteriormente focamos no aspecto humano da produção das Escrituras


Sagradas, obviamente sem negar que mesmo naquele terreno há uma condução
divina para trazer à existência humana a sua Palavra. Na presente abordagem,
mudaremos o foco para a autoria divina das Escrituras. Vamos tratar de temas
ligados à subjetividade e à necessidade do relacionamento de fé ao aproximar-
se do texto sagrado.
Quando se fala da necessidade da fé para aproximar-se da Bíblia como
Palavra de Deus, não estamos afirmando que se trata de um livro místico e que
somente pessoas evoluídas na experiência religiosa podem acessá-lo com
compreensão, pois a Bíblia tem a seu favor os testemunhos internos e externos
sobre o seu valor permanente como Revelação de Deus para a sua criação,
sendo acessível a todos. Porém segundo a ortodoxia, Cristo é revelado nas
páginas das Escrituras por meio da fé.

TEMA 1 – CONCEITO DE REVELAÇÃO

A revelação de Deus se deu de várias maneiras no passado, mas a


maneira ordinária foi pelos profetas no Antigo Testamento, e agora pelo filho de
Deus, encarnado nas Escrituras Sagradas, conforme atesta o escritor aos
Hebreus (Hb 1.-4). Essa perspectiva sempre dominou o entendimento da Igreja
ao longo dos séculos, mesmo havendo embates teológicos a esse respeito. Mas,
com base em textos bíblicos, foi também majoritário o pensamento de que a
revelação se dá de duas maneiras.

1.1 Revelação geral

Revelação geral é o conceito retirado a partir de textos como Salmos 8;


19; Romanos 1.20, entre outros, que declaram que Deus se revela na sua
criação, fazendo ser vista sua beleza, sabedoria e cuidado. Harris (2018, p. 11-
2) diz o seguinte a esse respeito:

Uma criação tão vasta dá testemunho da existência de um Deus Todo-


Poderoso. As maravilhas de nosso mundo dão prova da sabedoria
infinita de Deus. Nossa própria consciência aponta para a existência
de um Deus santo e benevolente. A essas provas de sua presença
através da criação chama-se revelação geral.

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A revelação geral é vista como suficiente para atestar, anunciar a
existência de um Deus pessoal, poderoso e sábio, mas é insuficiente para revelar
o amor de Deus pela sua criação, enquanto salvador. Ela é capaz de fazer o ser
humano se questionar se um ser poderoso e sábio está por trás de toda beleza
e esplendor, mas não é capaz de conduzir o ser humano a buscar um
relacionamento pessoal com esse, Deus admitido e admirado pelas obras das
suas mãos.
Deus deixa essas pisadas revelacionais na criação, a fim de que ele narre
a sua Glória. Seria até possível que o homem buscasse a Deus e o encontrasse
por este meio de revelação, mas trata-se de um ponto de vista minoritário no
estudo teológico.

1.2 Conceito da revelação especial

Vimos antes que a revelação geral tem a possibilidade de apontar para


um Deus criador e sábio, mas não é suficiente para lhe fazer desejar um
relacionamento pessoal com esse Deus. Agora, passamos a descrever um outro
aspecto da revelação de Deus – a autorrevelação de Deus por meio das
Escrituras.
A revelação especial se baseia na decisão de Deus de se fazer conhecido
entre os seres humanos, de tal forma que os seres humanos pudessem amá-lo
e entrar em relacionamento com o Todo-Poderoso. Fernandes (2015) faz uma
excelente conceituação quanto ao que venha a ser a revelação de Deus:

Por revelação entende-se o ato pelo qual o próprio Deus, em sua


bondade infinita, dignou-se a se fazer presente e atuante na história,
palco dos acontecimentos, para dar-se a conhecer ao ser humano,
elegendo-o seu interlocutor, através de fatos e palavras conexos entre
si. Deus, adotando e fazendo uso dessa metodologia, permitiu que o
ser humano pudesse encontrá-lo e experimentar a sua presença e
ação de forma perceptível, pelos sentidos, e inteligível, pela razão. Se
a experiência dos fatos fundamenta as palavras, as palavras
preservam e explicam os fatos.

No entendimento do autor, Deus se revela para ser encontrado. Por essa


razão, as Escrituras Sagradas são vistas como um mapa que pode levar o ser
humano a enxergar Deus, no que tem sido chamado de revelação progressiva –
ou seja, Deus vai se desvendando dentro de um processo pedagógico à medida
que cria condições para ser compreendido, até que, finalmente, mostra a sua
face de glória na pessoa de Jesus Cristo (Jo 1.14).

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Portanto, aquilo que é chamado de revelação especial, pela teologia
sistemática, é a própria Escritura Sagrada.

TEMA 2 – O CONCEITO DE INSPIRAÇÃO

Há conceitos variados a respeito da inspiração das Sagradas Escrituras.


Geisler e Nix (2016) dissertam sobre o desenvolvimento histórico desse tema,
apontando para três principais teorias, como se verá resumidamente em
seguida. Também vamos relacionar a abordagem dos dois autores
supramencionados com as conceituações de Fernandes.

2.1 Modernismo e neo-ortodoxia

Primeiramente, pontuamos o conceito de modernismo. Mas o que foi o


modernismo, quanto ao campo bíblico? O modernismo é um movimento cultural,
visto antes, e ali chamado de criticismo e historicismo. Para esta aula,
manteremos o termo cunhado por Geisler e Nix – modernismo.
Esses mesmos autores resumem assim a teoria dessa escola de
pensamento que, segundo eles, ensinava que a Bíblia contém a Palavra de
Deus:

Certas partes dela são divinas, expressam a verdade, mas outras são
obviamente humanas e apresentam erros. Tais autores acham que a
Bíblia foi vítima de sua época, exatamente como acontece a quaisquer
outros livros. Afirmam que ela teria incorporado muitos das lendas, dos
mitos e das falsas crenças relacionadas à ciência. (Geisler; Nix, 2016,
p. 17)

Segundo essa maneira de olhar as Escrituras Sagradas, a autoria divina


está limitada a pequenas partes do que conhecemos atualmente. Por isso, a
necessidade de eliminar os mitos e deixar apenas a Palavra de Deus. Um
problema sério, aqui, é que toda experiência de milagre é vista como mito;
portanto, o conteúdo da revelação estaria completamente comprometido.
O que foi a neo-ortodoxia? Os autores fazem um resumo do que seria,
historicamente, e quais as suas principais afirmações:

No início do século XX, a reviravolta nos acontecimentos mundiais e a


influência do Pai dinamarquês do existencialismo, sØren Kierkegaard,
deram origem a uma nova reforma na teologia europeia. Muitos
estudiosos começaram a voltar-se de novo para as Escrituras, a fim de
ouvir nelas a voz de Deus. Sem abrir mão de suas opiniões críticas a
respeito da Bíblia, começaram a levar a Bíblia a sério, por ser a fonte
da revelação de Deus aos homens. Criando um novo tipo de ortodoxia,

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afirmavam que Deus fala aos homens mediante a Bíblia; as Escrituras
tornam-se a Palavra de Deus num encontro pessoal entre Deus e o
homem. (Geisler; Nix, 2016, p. 17)

Se o modernismo dizia que a Bíblia contém a Palavra de Deus, agora se


diz que a Bíblia se torna a Palavra de Deus. As duas soluções desprestigiam o
conceito ortodoxo de revelação e inspiração, pois em ambas a inspiração só se
dá naquilo que se torna Palavra de Deus na experiência religiosa.

2.2 Ortodoxia

Por ortodoxia, se entende o influxo histórico do ensinamento dos Pais da


Igreja, formando uma tradição cristã sobre os ensinamentos das Escrituras e
sobre elas em si, que serve de base para a crença, discipulado e cosmovisão
cristã para a Igreja ao longo dos séculos. Essa maneira de olhar e entender as
Escrituras se divide em duas, segundo Geisler e Nix (2016, p. 16):

 Ditado verbal: sustenta “que Deus ditou sua Palavra mediante a


personalidade do autor humano. [...] O resultado final, então, foi um ditado
palavra por palavra da parte de Deus, as Escrituras Sagradas”.
 Conceitos inspirados: Nas palavras dos autores supracitados: “Deus
teria inspirado apenas os conceitos, não as expressões literárias
particulares com que cada autor recebeu seus textos”. Este conceito
relaciona a coautoria como sendo algo dinâmico; Deus usa a
personalidade de cada autor, bem como sua formação, contexto social e
religioso. Deus é autor das Sagradas Escrituras, mas a ideia de inspiração
se dá no dinamismo contextual, sem comprometer seu conteúdo, porque
Deus é quem dirigirá a definição dos oráculos inspirados.

Um conceito pontuado por Fernandes (2015) abrange uma ideia dinâmica,


sem tirar de Deus o papel de inspirador total e absoluto das Sagradas Escrituras:

Por inspiração divina da Sagrada Escritura entende-se, então, o influxo


particular e especial de Deus, exercido na vida e nas capacidades de
todos os que, de forma direta ou indireta, estiveram envolvidos no
processo da elaboração dos livros sagrados. Ao lado disso, admite-se
que a inspiração foi o que definiu Deus e os seres humanos envolvidos
nesse processo como verdadeiros “autores” dos textos bíblicos.

Este pensamento está de acordo com a ortodoxia, porém com um enfoque


no caráter dinâmico da inspiração, pois considera a importância dos autores
humanos e de seus contextos, personalidades e história.

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TEMA 3 – O CONCEITO DE UNIDADE

O conceito de unidade das Sagradas Escrituras é de fundamental


importância para sua sustentação teológica, pois tem implicações mais
abrangentes, se relacionando diretamente com a ideia de uma Meta-Narrativa,
cujo foco é como Deus resolveu exaltar o seu Filho na salvação dos seres
humanos distantes da comunhão com o seu criador. Na teologia, isso é chamado
de História da Salvação.

3.1 Evidências da unidade

Já mencionamos anteriormente que os estudiosos localizam os


argumentos em favor de a Bíblia ser um livro coerente em duas frentes: os
chamados argumentos externos e os argumentos internos. Argumentos internos
são aqueles em que o próprio influxo das narrativas se lhes impõem. Isso pode
ser chamado de unidade orgânica (Fuller, 2014, p. 24). Esta perspectiva prefere
olhar na direção de autores que falam no fluxo de um desenvolvimento
revelacional-histórico.
Quando Fuller trata da importância de perceber um desenvolvimento
concatenado da revelação, exemplifica:

da mesma forma como soldados em batalha ficariam confusos se,


depois de soar o “avanço”, imediatamente a trombeta tocasse a
“retirada”, assim os cristãos se tornariam enfraquecidos se suas
exposições sobre a mensagem bíblica apresentassem noções
contraditórias a respeito de Deus e de seu propósito para a
humanidade. (Fuller, 2014, p. 23)

Este mesmo autor, ao dar exemplos bíblicos da evidência interna da


unidade das Escrituras, cita dois textos do Novo Testamento e argumenta a partir
deles para a demonstração de tal unidade. O primeiro é Atos 20.27: “Pois não
deixei de proclamar-lhes [todo o propósito] de Deus”. Para o autor, todo o
propósito indica a relação das mensagens pregadas com o sentido de unidade
com o todo do plano de Deus narrado nas Escrituras Sagradas (Fuller, 2014, p.
24). Fuller também cita Galátas 1.8 a 9: “mas ainda que nós ou um anjo dos céus
pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja
amaldiçoado”. Por fim, a ideia de “nós” ou “um anjo dos céus” implica admitir
uma tradição da revelação que está em sintonia ao longo do desenrolar ou
desvendar da revelação bíblica.

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3.2 A narrativa bíblica tem um fim a ser alcançado

Se diz que a Bíblia tem unidade, e o que aponta para tal afirmação é o
seu caráter teleológico. Essa palavra vem do termo grego telov (telos), que se
refere à relação de um fato com a sua causa final. Isso aponta para a realidade
de que as narrativas e os ensinamentos bíblicos fazem parte de uma peça
escriturística que aponta para um fim.
Vejamos uma citação valiosa sobre o caráter de unidade das Escrituras
percebido internamente:

Sendo constituída de 66 livros escritos ao longo de 1 500 anos, por


cerca de 40 autores, em diversas línguas, com centenas de tópicos, é
muito mais que mero acidente que a Bíblia apresente espantosa
unidade temática – Jesus Cristo. Um problema – o pecado – e uma
solução – o Salvador Jesus – unificam as páginas da Bíblia, do Gênesis
ao Apocalipse. Se compararmos ao um Manuel médico redigido sob
tão grande variedade, a Bíblia apresenta marcas notáveis de unidade
divina. (Geisler, 2016, p. 55)

O termo História da Salvação aponta para essa realidade unificadora das


Sagradas Escrituras. Os livros da Bíblia, mesmo sendo escritos por autores
distintos, contextos diversos, em tempos enormemente distantes um do outro,
em muitos casos, tratam com um sentido de teleológico – apontam para um fim
desejado pelo autor divino, que dirige todo o processo de produção dos sagrados
textos.

TEMA 4 – O CONCEITO DE INERRÂNCIA

O conceito de inerrância das Sagradas Escrituras foi uma afirmação cara


a muitos ortodoxos ao longo dos séculos, a exemplo do que afirmou o Concílio
Ecumênico Vaticano II: “havemos de crer que os Livros da Escritura com certeza,
fielmente e sem erro a verdade relativa à nossa salvação” (Costa, 1997, p. 356).
Porém, tem havido muitos debates sobre esse aspecto das Sagradas Escrituras.
Por ora, vamos descrever conceitualmente esse pensamento, que se constitui
doutrina na maioria dos círculos cristãos.

4.1 Inerrância estrutural

Como inerrância estrutural se pensa na compilação do texto, sua


transmissão, sua relação com a escrita e seus autores. Já citamos a declaração
da Dei Verbum, termo utilizado para referir-se ao artigo do Concílio Ecumênico

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Vaticano II, quando trata da revelação de Deus nas Escrituras. O escritor e
pesquisador católico Fernandes (2015) considera a declaração do citado
Concílio da seguinte forma:

A inerrância, então, comporta a admissão de que a Sagrada Escritura


ensina a verdade, não obstante possam ser encontrados vários tipos
de erros que ocorreram na transmissão escrita dos textos. Disto se
ocupa a Crítica Textual, como passo metodológico fundamental para
se reconstruir um texto danificado ou para se determinar que texto seria
o mais próximo do que saiu das mãos do hagiógrafo. Nota-se, mais
uma vez, que a natureza da possibilidade do erro não contradiz a
doutrina afirmada, porque admitir um erro de transmissão escrita não
significa negar a posição da Igreja no que diz respeito à inerrância
bíblica, vinculada à comunicação da verdade que se refere,
exclusivamente, à salvação do gênero humano e não a verdades de
cunho histórico ou científico, no sentido moderno desses termos.

Esta tem sido a posição adotada por muitos cristãos ortodoxos,


confessando que, na relação com transmissão, cópias, meios de preservação,
entre outras coisas, se encontrará erros estruturais no texto, com os quais se
depara atualmente; porém, como será visto adiante, isso não compromete a
revelação dos propósitos de Deus, nem as doutrinas bíblicas, quanto ao meio de
salvação, como viver nessa salvação, a esperança escatológica, e a sustentação
de Deus com a providência de todas as coisas criadas.

4.2 Inerrância teológica

Antes, tratamos da relação da inerrância com a estrutura que envolveu o


Texto Sagrado até os dias de hoje. Percebe-se que ali não se tem uma tensão
muito grande, pois é facilmente admissível que, no processo de produção e
transmissão dos livros bíblicos, falhas estruturais poderiam acontecer, em
relação direta com as pessoas envolvidas.
Nesta parte da nossa construção, temos uma tensão maior, pois conforme
vimos em pontos anteriores, tivemos escolas do pensamento cristão que
julgaram que a inspiração não é absoluta; segundo o modernismo e a Neo-
ortodoxia, ou a Bíblia contém a Palavra de Deus ou se torna a Palavra de Deus.
Isso tem implicação na concepção da inerrância, em relação à produção inicial
das Escrituras.
Há, no entanto, quem afirme o contrário (inclusive, vale dizer que se trata
da maioria dos estudiosos):

A Bíblia não é só inspirada; é também, por causa de sua inspiração,


inerrante, i.e., não contém erro. Com efeito, as Escrituras afirmam ser

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a declaração (aliás, as próprias palavras) de Deus. Nada do que a
Bíblia ensina contém erro, visto que a inerrância é consequência lógica
da inspiração divina. (Geisler; Nix, 2016, p. 24)

Percebe-se que a ênfase da inerrância bíblica não é, para esses autores,


resultado dos processos de transmissão ao longo dos séculos, mas sim do
ensino. O ensino do Texto Sagrado aponta para os aspectos teológicos e
apresenta Deus e suas relações com o seu Conselho divino, com a sua criação,
com a redenção da sua criação, com o seu Reino de redimidos, com o mundo
em geral, e com o fim que ele preparou para a criação. Quando a Bíblia ensina,
não há erros – sua mensagem é toda coerente.

TEMA 5 – O CONCEITO DE AUTORIDADE

Vamos considerar o conceito de autoridade em duas perspectivas: a


primeira quanto ao testemunho de coerência das Sagradas Escrituras, quando
ela comprova a si mesma; a segunda quanto à suficiência revelacional para a
salvação e o consolo da criação de Deus.

5.1 Autoridade por ser comprovada

Como alguém adquire autoridade? Em se tratando de liderança, é comum


se considerar que alguém tem autoridade por imposição ou por carisma.
Imposição é quando alguém que está hierarquicamente acima outorga a
autoridade para algum ofício; carisma é quando alguém vive de tal forma
alinhado ao ideal da sua posição que ganha credibilidade, que então se traduz
em autoridade.
Este é o caso das Escrituras. Deus, o seu autor, inspirou os textos
produzidos e lhe conferiu autoridade (Geisler; Nix, 2016, p. 21): “Fica, pois,
saliente o fato de que a inspiração concede autoridade indiscutível ao texto ou
documento escrito”. Neste ponto, primeiramente pode ser notado que a Escritura
recebe a anuência de Jesus, lhe comprovando e, portanto, dando-lhe crédito: “a
Escritura não pode ser anulada” (Jo 10.35); “está escrito” (Mt 4.4,7,10); “o
argumento de Jesus para a purificação do templo veio das Escrituras” (Mc
11.17).
Outras vezes, Jesus diz: “era necessário que se cumprisse tudo o que de
mim estava escrito na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos (Lc 24.44).
Olhando para as Cartas do Novo Testamento, a base do entendimento teológico

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e da interpretação da História da Salvação pelos apóstolos se dá com base nas
Sagradas Escrituras de então, como é o caso da construção sobre o mistério de
Deus em Cristo, conforme Efésios 3.1-13.

5.2 Autoridade e suficiência

Um importante assunto dentro do tema autoridade é a suficiência das


Sagradas Escrituras. A pergunta é: a Bíblia tem tudo que o ser humano precisa
saber para a sua salvação e para viver nessa salvação? Apesar desse curso ser
interconfessional, será feita uma citação de um documento confessional das
Igrejas Reformadas do século XVII, principalmente pelo seu valor histórico:
“Cremos que a Sagrada Escritura contém perfeitamente a vontade de Deus e
que ensina suficientemente tudo aquilo que o homem precisa saber para ser
salvo. Nela está detalhado e escrito cabalmente o modo de adoração que Deus
requer de nós” (Confissão Belga, 2009, p. 16).
Quando se trata da unidade da Bíblia, apontamos que ela traz elementos
que dão coerência em torno do tema geral das Escrituras – A História da
Salvação. Ela é suficiente para tudo que o ser humano precise saber para confiar
em Deus e na sua providência, viver uma vida digna neste mundo, e ter a
espectativa de que tudo caminha para uma redenção final de gozo pleno e vida
plena diante de Deus.

NA PRÁTICA

Se uma pessoa deseja estudar a Bíblia sozinho ou com outras pessoas


com o fim de encontrar nela um propósito real, a leitura dessas considerações
será importante, de modo a se perceber um Deus sábio e poderoso que inspirou
os textos produzidos, e que por esta razão existe unidade, coerência,
confiabilidade na sua suficiência, para revelar a Deus e o seu plano para a sua
criação.

FINALIZANDO

Esta aula fez uma descrição conceitual de elementos pertinentes ao fato


de a Bíblia ser a Palavra de Deus. A partir disso, descrevemos a sua revelação,
uma revelação inspirada, que por sua vez tem impactos claros para que ela

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apresente unidade, seja inerrante, e também autoridade em matéria de fé e nas
relações com o ser humano.

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REFERÊNCIAS

CONFISSÃO Belga. In: Reformed Churches. As Três Formas de Unidade das


Igrejas Reformadas. Recife: CLIRE, 2009.

COSTA, L. (Org.) Documento do Concílio Ecumênico Vaticano II. São Paulo:


Paulus, 1997. v. 1. Documentos da Igreja.

FERNANDES, L. A. Bíblia como Palavra de Deus. Estudos Bíblicos, 2015.


Disponível em: <http://www.estudosbiblicos.teo.br/?p=303>. Acesso em: 15 jun.
2019.

FULLER, D. P. A unidade da Bíblia: o desenvolvimento do plano de Deus para


a humanidade. São Paulo: Shedd Publicações, 2014.

GEISLER, N.; NIX, W. Introdução bíblica: como a Bíblia chegou até nós. 1. ed.
São Paulo: Vida, 2016.

HARRIS, R. L. Introdução à Bíblia. Academia, 2018. Disponível em:


<https://www.academia.edu/5660633/Curso_Vida_Nova_de_Teologia_Básica_-
_Volume_01_-_Introdução_à_Bíblia_-_R._Laird_Harris>. Acesso em: 15 jun.
2019.

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